Aproveche la traducción, pero confíe en la próxima

Transcripción

Aproveche la traducción, pero confíe en la próxima
APROVECHE LA TRADUCCIÓN, PERO CONFÍE EN LA
PRÓXIMA: reflexiones acerca de traducciones
de la oda I.11 de Horacio al portugués
APROVEITE A TRADUÇÃO, MAS CONFIE NA PRÓXIMA:
reflexões acerca de traduções da
ode I.11 de Horácio1
Rodolfo CARAVANA 2
Rodolfo CARAVANA
recepção: 20/01/2014
aprovação: 10/02/2014
recepção: 20/01/2014
aprovação: 10/02/2014
Resumen
Resumo
Horacio fue un poeta y filósofo romano de la época de Augusto cuyas obras son
conocidas e influyentes hasta la actualidad. De sus “Odas” (Carminas), proviene
una expresión latina muy utilizada: Carpe Diem. Gracias a su notoriedad, ese
poema tuvo innúmeras traducciones, en innúmeras lenguas, a lo largo de los
siglos. Esa oda latina presenta algunos desafíos al lector de lengua portuguesa.
En primer lugar, no es una lengua comúnmente entendida y estudiada. En
segundo lugar, no hay hablantes nativos a los cuales se pueda recurrir ante
dudas. En tercer lugar, el poema fue escrito hace dos milenios, lo que de por sí
solo ya representa una dificultad de entendimiento. ¿Cómo superar, entonces,
esas características y traérselo al lector contemporáneo de lengua portuguesa?
¿Cómo traducirlo? Lo que intentamos es analizar algunas de sus traducciones al
portugués a la luz de algunos conceptos de la traducción, haciendo apenas un
rápido ejercicio reflexivo. Hay diversas interpretaciones sobre qué es o no es
traducción: la teoría de la traducción es un campo interesante y provechoso.
Todas las traducciones del poema reunidas en el trabajo tratan de lo mismo y,
en mayor o menor grado, remiten a sus raíces latinas, al sentido, a la literalidad,
a lo poético. Todas las traducciones son tan “correctas” o “buenas” como las
otras. Aproveche una traducción, pero también confíe en la próxima.
Horácio foi um poeta e filósofo romano da época de Augusto cujas obras são
conhecidas e influentes até os dias de hoje. De suas “Odes” (Carminas), vem uma
expressão latina muito usada: Carpe Diem. Graças à sua notoriedade, esse poema
teve inúmeras traduções, em inúmeras línguas, ao longo dos séculos. Essa ode
latina apresenta alguns desafios ao leitor de língua portuguesa. Em primeiro
lugar, não é uma língua comumente entendida e estudada. Em segundo lugar,
não há falantes nativos os quais se possa recorrer com dúvidas. Em terceiro
lugar, o poema foi escrito há dois milênios, o que por si só já representa uma
dificuldade de entendimento. Como ultrapassar, então, essas características e
trazer o poema ao leitor contemporâneo de língua portuguesa? Como traduzi-lo?
O que tentamos é analisar algumas de suas traduções, para o português, à luz
de alguns conceitos da tradução, fazendo apenas um rápido exercício reflexivo.
Há diversas interpretações sobre o que é ou não tradução: a teoria da tradução
é um campo interessante e profícuo. Todas as traduções do poema reunidas no
trabalho falam da mesma coisa e, em maior ou menor grau, remetem às suas
raízes latinas, ao sentido, à literalidade, ao poético. Todas são traduções tão
“corretas” ou “boas” quanto as outras. Aproveite uma tradução, mas também
confie na próxima.
112
Palabras-llave
Palavras-chave
Horacio; teoría de la traducción; latín.
Quintus Horatius Flaccus, en latín, u Horacio, fue un poeta y filósofo romano
de la época de Augusto, cuyas obras son conocidas e influyentes hasta los días
de hoy. De sus “Odas” (Carminas), proviene una expresión latina muy usada,
incluso en la época contemporánea (gracias a obras como la película El club de
los poetas muertos, de 1989, dirigida por Peter Weir): Carpe Diem. En el poema,
el decimoprimero del primer libro de las “Odas”, el poeta le dice a Leuconoe que
“coseche” el día, no fiándose en el próximo. Gracias a su notoriedad, ese poema
tuvo innúmeras traducciones, en innúmeras lenguas, a lo largo de los siglos.
Lo que intentaremos aquí es analizar algunas de sus traducciones, al portugués,
a la luz de algunos conceptos de la traducción. No pretendemos agotar aquí ni
las traducciones, ni los conceptos, ni el asunto, sino apenas hacer un rápido
ejercicio reflexivo.
He aquí el poema, en su original en latín:
Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. Vt melius, quicquid erit, pati.
Seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. Dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.
Esa oda latina presenta algunos desafíos al lector de lengua portuguesa. En
primer lugar, aunque él pueda inferir algunas palabras (y también hay ahí una
temeridad), no es una lengua comúnmente comprendida y estudiada. En segundo
lugar, es una lengua muerta, o sea, no hay hablantes nativos a los cuales se pueda
recurrir ante dudas. En tercer lugar, se escribió el poema hace dos milenios, por
Horácio; Teoria da Tradução; Latim.
Quintus Horatius Flaccus, em latim, ou Horácio, foi um poeta e filósofo romano
da época de Augusto, cujas obras são conhecidas e influentes até os dias de hoje.
De suas “Odes” (Carminas), vem uma expressão latina muito usada, inclusive
na época contemporânea (graças a obras como o filme Sociedade dos Poetas
Mortos, de 1989, dirigido por Peter Weir): Carpe Diem. No poema, o décimo
primeiro do primeiro livro das “Odes”, o poeta diz a Leuconoe que “colha” o dia,
não se fiando no próximo. Graças à sua notoriedade, esse poema teve inúmeras
traduções, em inúmeras línguas, ao longo dos séculos.
O que tentaremos aqui é analisar algumas de suas traduções, para o português,
à luz de alguns conceitos da tradução. Não pretendemos esgotar aqui nem
as traduções, nem os conceitos, nem o assunto, mas fazer apenas um rápido
exercício reflexivo.
Eis aqui o poema, em seu original em latim3:
Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. Vt melius, quicquid erit, pati.
Seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. Dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.
Essa ode latina apresenta alguns desafios ao leitor de língua portuguesa.
Em primeiro lugar, embora ele possa inferir algumas palavras (e aí também
há uma temeridade), não é uma língua comumente entendida e estudada. Em
segundo lugar, é uma língua morta, ou seja, não há falantes nativos os quais
se possa recorrer com dúvidas. Em terceiro lugar, o poema foi escrito há dois
113
una sociedad que no existe más; lo que por sí solo ya representa una dificultad
de entendimiento.
¿Cómo traspasar, entonces, esas características y traer el poema al lector
contemporáneo de lengua portuguesa? ¿Cómo traduzirlo?
Una de las formas utilizadas es simplemente la traducción (semi) literal de las
frases, tal como adolescentes que estudian en cursos de idiomas que quieren
saber tan solo el significado de las canciones que les gustan (quizá en un intento
de hacer lo que Schleiermacher llama de “dejar al autor en paz y llevar al autor
hacia él”). Una de esas traducciones posibles es:
milênios, por uma sociedade que não mais existe; o que por si só já representa
uma dificuldade de entendimento.
Como ultrapassar, então, essas características e trazer o poema ao leitor
contemporâneo de língua portuguesa? Como traduzi-lo?
Uma das formas utilizadas é simplesmente a tradução (semi) literal das
frases, tal qual adolescentes que fazem cursos de línguas que querem saber
apenas o significado de músicas que gostam (talvez numa tentativa de fazer o
que Schleiermacher chama de “deixar o autor em paz e levar o autor até ele” 4).
Uma dessas traduções possíveis é:
Tu não indagues (é ímpio saber) qual o fim que a mim e a ti os deuses
tenham dado, Leuconoé, nem recorras aos números babilônicos.
Tão melhor é suportar o que será! Quer Júpiter te haja concedido
muitos invernos, quer seja o último o que agora debilita o mar
Tirreno nas rochas contrapostas, que sejas sábia, coes os vinhos
e, no espaço breve, cortes a longa esperança. Enquanto estamos
falando, terá fugido o tempo invejoso; colhe o dia, quanto menos
confiada no de amanhã.
Tu não indagues (é ímpio saber) qual o fim que a mim e a ti os
deuses tenham dado, Leuconoé, nem recorras aos números
babilônicos. Tão melhor é suportar o que será! Quer Júpiter
te haja concedido muitos invernos, quer seja o último o que
agora debilita o mar Tirreno nas rochas contrapostas, que
sejas sábia, coes os vinhos e, no espaço breve, cortes a longa
esperança. Enquanto estamos falando, terá fugido o tempo
invejoso; colhe o dia, quanto menos confiada no de amanhã.5
Esa es, sin embargo, una de las formas más criticadas de traducción,
especialmente en el caso de obras artísticas (en ese caso, la poesía). El propio
Horacio es autor de la frase nec verbum verbo curabis reddere fidus interpres,
que se puede traducir como: “ni traduzca palabra por palabra, (como un) fiel
intérprete”. O sea, la traducción literal tiene sus críticos desde los tiempos de
la antigüedad (lo que también incluye una vasta discusión sobre fidelidad al
original que no trataremos aquí).
Yendo en el camino opuesto, tenemos la versión de André Falcão de Resende,
que coge su interpretación del poema, o de su mensaje, y lo reconstruye:
Essa é, entretanto, uma das formas mais criticadas de tradução, especialmente
no caso de obras artísticas (nesse caso, a poesia). O próprio Horácio é autor da
frase nec verbum verbo curabis reddere fidus interpres, que pode ser traduzida
como: “nem traduza palavra por palavra, (como um) fiel intérprete” 6. Ou seja, a
tradução literal tem seus críticos7 desde os tempos da antiguidade (o que também
inclui uma vasta discussão sobre fidelidade ao original que não trataremos aqui).
Indo no caminho oposto, temos verso de André Falcão de Resende, que pega
sua interpretação do poema, ou de sua mensagem, e o reconstrói:
114
A Leucótoe
Não queiras saber quando
Terão fim, ó Leucótoe, nossas vidas,
Por números contando
As babilônias sortes proibidas,
Quais hão-de ser, se curtas, se compridas;
Se o escuro lago Averno
Havemos de ir passar, se tarde ou cedo,
Se neste hórrido inverno
Que quebra o mar no duro e alto rochedo,
E seu rigor nos põe espanto e medo.
Será melhor aviso
O são vinho gastar e a vã esperança
Da vida em festa e riso:
E pois que a idade e o tempo faz mudança,
Logra o presente e no porvir não cansa.
A Leucótoe
Não queiras saber quando
Terão fim, ó Leucótoe, nossas vidas,
Por números contando
As babilônias sortes proibidas,
Quais hão-de ser, se curtas, se compridas;
Se o escuro lago Averno
Havemos de ir passar, se tarde ou cedo,
Se neste hórrido inverno
Que quebra o mar no duro e alto rochedo,
E seu rigor nos põe espanto e medo.
Será melhor aviso
O são vinho gastar e a vã esperança
Da vida em festa e riso:
E pois que a idade e o tempo faz mudança,
Logra o presente e no porvir não cansa.
(André Falcão de Resende)
(André Falcão de Resende)
Apunta Francisco Achcar sobre Resende:
Diz Francisco Achcar sobre Resende:
“‘A los poetas del siglo XVI les gustaba interpretar, incluso cuando se
proponían traducir’, dice Américo da Costa Ramalho. ‘Interpretar’
debe ser tomado también en sentido teatral, y en ese caso la
interpretación es la escenificación del viejo texto en la nueva lengua,
en la nova poética y en la nueva ideología”.
“Os poetas do século XVI gostavam de interpretar, mesmo quando se
propunham a traduzir’, diz Américo da Costa Ramalho. ‘Interpretar’
tem de ser tornado também em sentido teatral, e nesse caso a
interpretação é a encenação do velho texto na nova língua, na
nova poética e na nova ideologia”.8
José Agostinho de Macedo, escritor portugués del final del siglo XVIII, también
hizo su traducción de esa oda. Su poema tiene tres estrofas de seis versos, dos largos
y uno corto, al revés de los ocho versos bien largos de Horacio (no creemos que
aquí haya necesidad de entrar en términos técnicos específicos, lo que importa es
la percepción de métricas distintas). O sea, el poeta portugués creó no una versión
de un poema latino, sino un poema portugués (y no solamente en portugués),
métricamente igual a un poema que sus contemporáneos podrían haber producido.
José Agostinho de Macedo, escritor português do final do século XVIII, também
fez sua tradução dessa ode. Seu poema tem três estrofes de seis versos, dois longos
e um curto, ao invés dos oito versos bem longos de Horácio (não achamos aqui a
necessidade de entrar em termos técnicos específicos, o que importa é a percepção de
métricas diferentes). Ou seja, o poeta português criou não uma versão de um poema
latino, mas sim um poema português (e não apenas em português), metricamente
igual a um poema que seus contemporâneos poderiam ter produzido.
115
A LEUCÓNIDIS
Ah! Não procures indagar que termo
Tenha prescrito o Fado a nossos dias;
Vedado é saber tanto;
Dos Vaticínios Babilônios deixa,
Para aprender a suportar constante
Os acintes da Sorte.
Ou Jove te destine mais Invernos
À curta Idade, ou seja o derradeiro,
Este, que ao Mar Tirreno
As fúrias quebra nas opostas Rochas,
E nele a Parca inexorável feche
O círculo da vida.
Se és prudente, se és cauta, arrasa as Taças
De doce vinho, apouca as Esperanças
Em duração tão breve.
Enquanto assim discorro, a Idade foge:
Aproveita o presente, e não confies
Crédula no Futuro.
A LEUCÓNIDIS
Ah! Não procures indagar que termo
Tenha prescrito o Fado a nossos dias;
Vedado é saber tanto;
Dos Vaticínios Babilônios deixa,
Para aprender a suportar constante
Os acintes da Sorte.
Ou Jove te destine mais Invernos
À curta Idade, ou seja o derradeiro,
Este, que ao Mar Tirreno
As fúrias quebra nas opostas Rochas,
E nele a Parca inexorável feche
O círculo da vida.
Se és prudente, se és cauta, arrasa as Taças
De doce vinho, apouca as Esperanças
Em duração tão breve.
Enquanto assim discorro, a Idade foge:
Aproveita o presente, e não confies
Crédula no Futuro.
(José Agostinho de Macedo)
(José Agostinho de Macedo) 9
En un tono más contemporáneo, tenemos la doble traducción del poema por Paulo
Henriques Britto, cuya primera parte sonaría más como la versión de la antigüedad, y
cuya segunda parte remitiría al mismo consejo de la bohemia carioca de los días actuales.
ODES I, 11
Não me perguntes, pois é proibido,
que fim darão, Leocono, a ti e a mim
os deuses; nem em adivinhações
ao modo babilônico confies.
Enfrenta o que cruzar o teu caminho.
Quer tenhas pela frente ainda muitos
invernos, quer fustigue já a costa
do mar Tirreno o último que Júpiter
116
Num tom mais contemporâneo, temos a dupla tradução do poema por Paulo
Henriques Britto, cuja primeira parte soaria mais como a versão da antiguidade, e cuja
segunda parte remeteria o mesmo conselho à boemia carioca dos dias atuais.
ODES I, 11
Não me perguntes, pois é proibido,
que fim darão, Leocono, a ti e a mim
os deuses; nem em adivinhações
ao modo babilônico confies.
Enfrenta o que cruzar o teu caminho.
Quer tenhas pela frente ainda muitos
invernos, quer fustigue já a costa
do mar Tirreno o último que Júpiter
há de te dar, sê sábio, bebe vinho,
e espera pouco. Neste mesmo instante
em que falamos, o invejoso tempo
de nós já foge. – Aproveita o dia,
confia no amanhã somente o mínimo.
há de te dar, sê sábio, bebe vinho,
e espera pouco. Neste mesmo instante
em que falamos, o invejoso tempo
de nós já foge. – Aproveita o dia,
confia no amanhã somente o mínimo.
Horácio no Baixo
(Odes I, 11)
Horácio no Baixo
(Odes I, 11)
Tentar prever o que o futuro te reserva
não leva a nada. Mãe de santo, mapa astral
e livro de autoajuda é tudo a mesma merda.
O melhor é aceitar o que de bom ou mau
acontecer. O verão que agora inicia
pode ser só mais um, ou pode ser o último vá saber. Toma o teu chope, aproveita o dia,
e quanto ao amanhã, o que vier é lucro.
Tentar prever o que o futuro te reserva
não leva a nada. Mãe de santo, mapa astral
e livro de autoajuda é tudo a mesma merda.
O melhor é aceitar o que de bom ou mau
acontecer. O verão que agora inicia
pode ser só mais um, ou pode ser o último vá saber. Toma o teu chope, aproveita o dia,
e quanto ao amanhã, o que vier é lucro.
(Paulo Henriques Britto)
(Paulo Henriques Britto)
El sentido, sin embargo, puede no ser suficiente para ciertos traductores, ni la
opción de parecer que fue escrito originalmente de la lengua de llegada. Hay los
que no están de acuerdo con ese abordaje, como, por ejemplo, Walter Benjamin,
en su seminal ensayo “La Tarea-Renuncia del Traductor” (vide bibliografía), en
que él dice que
O sentido, porém, pode não ser o suficiente para certos tradutores, nem
a opção de parecer que foi escrito originalmente da língua de chegada. Há os
que discordam dessa abordagem, como, por exemplo, Walter Benjamin, em
seu seminal ensaio “A Tarefa-Renúncia do Tradutor” (vide bibliografia), onde
ele diz que
“[...] el mayor elogio a una traducción, sobre todo en la época de su
aparición, no es poder ser leída como un original en su lengua. [...]
La verdadera traducción es transparente, no encubre el original, no
lo saca de la luz [...]”. También que “[...] en la traducción literalidad
y libertad deben obligatoriamente unirse, sin tensiones, en la forma
de la versión justalinear”.
“[...] o maior elogio a uma tradução, sobretudo na época de seu
aparecimento, não é poder ser lida como um original em sua língua.
[...] A verdadeira tradução é transparente, não encobre o original,
não o tira da luz [...]” 10. Também que “[...] na tradução literalidade
e liberdade devem obrigatoriamente unir-se, sem tensões, na forma
da versão justalinear” 11.
117
Walter Benjamin quiere ir más allá de las palabras (de la imitación y de la
creación), y traducir lo “poético”, “[...] liberar la lengua del cautiverio de la obra
por medio de la recreación - esa es la tarea del traductor. Por ella, el traductor
rompe las barreras podridas de la propia lengua: Lutero, Voss, Hölderin, George
ampliaron las fronteras del alemán” [destaque nuestro]. La traducción amplía y
fuerza las fronteras de la lengua de llegada, no solamente se conforma con ella.
El concepto de Umdichtung, destacado arriba como “recreación”, sería
traducido con más apuro por transcreación, o transpoetización (como lo llama
Haroldo de Campos). La poesía no sería destruida y después recreada, pero sí
transpuesta a otra lengua, una idea de movimiento.
Augusto de Campos, poeta concreto, también tiene su traducción para
Horacio, y en ella podemos percibir lo que, en el “Manifiesto del arte Concreto”,
sus poetas definieron como
“funciones-relaciones gráfico-fonéticas (‘factores de proximidad
y semejanza’) y el uso sustantivo del espacio como elemento
de composición entretienen una dialéctica simultánea de ojo
y aliento, que, aliada a la síntesis ideográmica del significado,
crea una totalidad sensible ‘verbivocovisual’, de modo a
yuxtaponer palabras y experiencia en un estrecho pegamento
fenomenológico, antes imposible”.
não me perguntes
- é vedado saber o fim
que a mim
e a ti
darão os deuses
Leucônoe
nem babilônios
118
Walter Benjamin quer ir além das palavras (da imitação e da criação), mas traduzir
o “poético”, “[...] liberar a língua do cativeiro da obra por meio da recriação - essa é a
tarefa do tradutor. Por ela, o tradutor rompe as barreiras apodrecidas da própria língua:
Lutero, Voss, Hölderin, George ampliaram as fronteiras do alemão” [grifo nosso]12. A
tradução amplia e força as fronteiras da língua de chegada, não apenas se conforma a ela.
O conceito de Umdichtung, grifado acima como “recriação”, seria traduzido com
mais apuro por transcriação, ou transpoetização (como chama Haroldo de Campos13).
A poesia não seria destruída e depois recriada, mas sim transposta para a outra língua,
uma ideia de movimento.
Augusto de Campos, poeta concretista, também tem sua tradução para Horácio, e
nela podemos perceber o que, no “Manifesto Concretista”, seus poetas definiram como
“funções-relações gráfico-fonéticas (‘fatores de proximidade e
semelhança’) e o uso substantivo do espaço como elemento de
composição entretêm uma dialética simultânea de olho e fôlego,
que, aliada à síntese ideogrâmica do significado, cria uma totalidade
sensível ‘verbivocovisual’, de modo a justapor palavras e experiência
num estreito colamento fenomenológico, antes impossível”14.
não me perguntes
- é vedado saber o fim
que a mim
e a ti
darão os deuses
Leucônoe
nem babilônios
números consultes
antes
o que for
recebe
quer te atribua Júpiter muitos invernos
quer o último
que o mar tirreno debilita com abruptas
números consultes
antes
o que for
recebe
quer te atribua Júpiter muitos invernos
quer o último
que o mar tirreno debilita com abruptas
r
o
c
h
a
s
bebe o vinho
sabe a vida
e corta
a longa esperança
enquanto falamos
foge
invejoso
o tempo:
curte o dia
desamando amanhãs
(Augusto de Campos)
El Movimiento Concreto, que tuvo como algunos de sus exponentes a los
hermanos Haroldo y Augusto de Campos, tenía como una de sus banderas una
extrapolación lingüística, una nueva manera de lidiar con el lenguaje.
Como dice Augusto de Campos, “Lo que [...] pretende es rejuvenecer el lenguaje y
explorar, con mayor flexibilidad de lo que permiten las estructuras entorpecidas de los
sistemas convencionales, el universo complejo de la percepción y de la sensibilidad”,
usando recursos como, por ejemplo, el método ideográmico, comprendido “como
un proceso consecuente de superación de la linealidad lógico-discursiva del verso”.
Una de sus actividades fue la recolecta y la traducción/recreación de “poetas
inventores” (no de “cualquier” poesía), como Ezra Pound y E. E. Cummings, muchas
veces solamente como ejercicio lingüístico, y no necesariamente poético. Según
r
o
c
h
a
s
bebe o vinho
a longa esperança
sabe a vida
e corta
enquanto falamos
foge
invejoso
o tempo:
curte o dia
desamando amanhãs
(Augusto de Campos)
O Movimento Concretista, que teve como alguns de seus expoentes os
irmãos Haroldo e Augusto de Campos, tinha como uma de suas bandeiras uma
extrapolação linguística, um jeito novo de se lidar com a linguagem.
Como diz Augusto de Campos, “O que [...] pretende é rejuvenescer a linguagem
e explorar, com maior flexibilidade do que permitem as estruturas entorpecidas dos
sistemas convencionais, o universo complexo da percepção e da sensibilidade”15,
usando recursos como, por exemplo, o método ideogrâmico, entendido “como um
processo consequente de superação da linearidade lógico-discursiva do verso”16.
Uma de suas atividades foram o levantamento e tradução/recriação de “poetas
inventores” (e não de “qualquer” poesia), como Ezra Pound e E. E. Cummings,
muitas vezes apenas como exercício linguístico, e não necessariamente poético.
Segundo Augusto de Campos, “a poesia concreta brasileira deveu muito a
Pound, menos como influência poética direta [...] do que como instigação crítica
e ético-estética”17. Os “problemas fundamentais”18 da obra poundiana tiveram
sua influência na poesia concreta (incluindo aí a tradução/recriação do livro
119
Augusto de Campos, “la poesía concreta brasileña debió mucho a Pound, menos
como influencia poética directa [...] que como instigación crítica y ético-estética”.
Los “problemas fundamentales” de la obra poundiana tuvieron su influencia en
la poesía concreta (incluyendo ahí la traducción/recreación del libro “Cantares”,
trabajo que fue hecho en equipo).
E. E. Cummings fue un poeta cuyo uso fragmentado de las palabras, o poco
usual de la tipografía, puede dar la impresión de desorganización, pero en realidad
“no son meras flores de un día o gratuidades”. Lo que él pretendía era ir más allá
de lo ortodoxo, dándole nuevos usos a palabras “modificadoras”, “relativas” o
“dependientes”, como prefijos y sufijos, y la conversión de partículas en sustantivos.
Esa “tortografía”, esa intercalación de palabras, esa influencia del ideograma, sirven,
en el límite, para una desautomatización del lenguaje, “tan rica en sugerencias”,
pero “tan difícil de emprender”, como resalta Augusto de Campos.
Los poetas concretos tenían como características la traducción como (re/trans)
creación, técnicas poéticas de montaje del poema y de un mosaico idiomático
(el uso de palabras de varias lenguas distintas), el método ideográmico (“la
figuralidad de origen pictórico y el pensamiento por analogía”).
Ellos fueron más allá de las restricciones lingüísticas, sea de forma, sea de
contenido, vigentes; no hay separación entre forma y contenido. Para ellos,
solamente la recreación consigue traducir con el mínimo de “pérdida poética”.
En la propia transpoetización de Horacio por Augusto de Campos podemos ver
ese “ir más allá del lenguaje” (quizá una extrapolación extrema de la extrañeza
necesaria de la que Benjamin habla), usando la forma y el contenido del poema
de forma intrínseca, como un ideograma chino o japonés. En su relación físicavisual con la palabra, podemos, por ejemplo, ver la palabra “rocha” como el
paredón “rochoso” sobre el cual el mar Tirreno se derrama incólume.
Quizá un intento de traducción recreativa más “equilibrada” (entre
la forma y contenido) sea la de Guilherme Gontijo Flores, pues, como
él mismo escribe, “[...] intenté recrear el poema con un verso más
120
“Cantares”, trabalho que foi feito em equipe).
E. E. Cummings foi um poeta cujo uso fragmentado das palavras, ou pouco
usual da tipografia, pode dar a impressão de desorganização, mas na realidade
“não são meros fogos de palha ou gratuidades”19. O que ele pretendia era ir além
do ortodoxo, dando novos usos para palavras “modificadoras”, “relativas” ou
“dependentes”, como prefixos e sufixos, e a conversão de partículas em substantivos.
Essa “tortografia”20, essa intercalação de palavras, essa influência do ideograma,
servem, no limite, para uma desautomatização da linguagem21, “tão rica de
sugestões”22, mas “tão difícil de empreender”23, como ressalta Augusto de Campos.
Os poetas concretistas tinham como características a tradução como (re/
trans) criação, técnicas poéticas de montagem do poema e de um mosaico
idiomático (o uso de palavras de várias línguas diferentes), o método ideogrâmico
(“a figuralidade de origem pictórica e o pensamento por analogia”24).
Eles foram além das restrições linguísticas, seja de forma, seja de conteúdo,
vigentes; não há a separação entre forma e conteúdo. Para eles, somente a
recriação dá conta da tradução com o mínimo de “perda poética”.
Na transpoetização de Horácio por Augusto de Campos mesmo podemos ver
esse “ir além da linguagem” (talvez uma extrapolação extrema do estranhamento
necessário de que Benjamin fala), usando a forma e o conteúdo do poema de
forma intrínseca, como um ideograma chinês ou japonês. Na sua relação físicavisual com a palavra, podemos, por exemplo, ver a palavra “rocha” como o
paredão rochoso sobre o qual o mar Tirreno se derrama incólume.
Talvez uma tentativa de tradução recreativa mais “equilibrada” (entre a forma
e conteúdo) seja a de Guilherme Gontijo Flores, pois, como ele mesmo escreve,
“[...] tentei recriar o poema com um verso mais longo, [...] que
pudesse recriar o efeito de estranheza que o metro original devia
ter gerado num romano, pouco acostumado aos metros que
Horácio incorporou dos gregos em suas odes [...]. Além disso, tentei
passar um pouco da secura do poema, seu tom austero e moral,
sem penduricalhos (ou, como diria Horácio, persicos apparatus)”.
largo, [...] que pudiera recrear el efecto de extrañeza que el metro
original debía haber generado en un romano, poco acostumbrado
a los metros que Horacio incorporó de los griegos en sus odas [...].
Además de eso, intenté pasar un poco de la sequedad del poema,
su tono austero y moral, sin perendengues (o, como diría Horacio,
persicos apparatus)”.
Não perguntes (saber nefasto) o fim que a mim e a ti
os deuses concederam, ó Leucônoe; Babilônios
números não procures. Vai, aceita o que vier,
mesmo que Jove envie mais invernos, ou só este,
que agora contra as rochas debilita o mar Tirreno:
vai, sabe, saboreia, coa o vinho e em curto espaço
poda a tua esperança. Se falamos, foge o tempo
de inveja: colhe o dia, mas não creias no amanhã.
(Guilherme Gontijo Flores)
“Cuál de esas tantas traducciones es fiel? tal vez quiera saber mi lector. Repito que
ninguna, o que todas”. A partir de la lectura de los textos, pensando sobre la Teoría de
la Traducción, comprendemos que toda traducción puede tanto ser una reescritura
literal de las palabras, como una adaptación radical del sentido. La traducción puede
involucrar creación; puede hacer una re-creación, una trans (“más allá de”) creación
de la obra original, manteniendo no solamente algo de la extrañeza de la lengua del
autor, sino yendo más allá, forzando las fronteras de la lengua de llegada.
Concluyendo, hay diversas interpretaciones sobre qué es o no traducción, lo que
hace que la teoría de la traducción sea un campo tan interesante y provechoso para las
ciencias humanas. Todos los poemas aquí reunidos hablan de la misma cosa, en mayor
o menor grado, remiten a sus raíces latinas, al sentido, a la literalidad, a lo poético.
Aproveche una traducción, pero también confíe en la próxima.
Não perguntes (saber nefasto) o fim que a mim e a ti
os deuses concederam, ó Leucônoe; Babilônios
números não procures. Vai, aceita o que vier,
mesmo que Jove envie mais invernos, ou só este,
que agora contra as rochas debilita o mar Tirreno:
vai, sabe, saboreia, coa o vinho e em curto espaço
poda a tua esperança. Se falamos, foge o tempo
de inveja: colhe o dia, mas não creias no amanhã.
(Guilherme Gontijo Flores)
“Qual dessas muitas traduções é fiel? talvez queira saber meu leitor. Repito
que nenhuma, ou que todas”25. A partir da leitura dos textos, pensando sobre
a Teoria da Tradução, compreendemos que toda tradução pode tanto ser uma
reescrita literal das palavras, como uma adaptação radical do sentido. A tradução
pode envolver criação; pode fazer uma re-criação, uma trans (“para além de”)
criação da obra original, mantendo não só algo da estranheza da língua do autor,
mas indo além, forçando as fronteiras da língua de chegada.
Concluindo, há diversas interpretações sobre o que é ou não tradução, o que faz
que a teoria da tradução seja um campo tão interessante e profícuo para as ciências
humanas. Todos os poemas aqui reunidos falam da mesma coisa e, em maior ou
menor grau, remetem às suas raízes latinas, ao sentido, à literalidade, ao poético.
Aproveite uma tradução, mas também confie na próxima.
121
Referencias (Referências)
ACHCAR, Francisco. Lírica e Lugar-Comum: Alguns Temas de Horácio e sua
Presença em Português. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
WIKIPÉDIA. Carpe Diem. En: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Carpe_diem>.
Accedido el 18 de enero de 2013.
BENJAMIN, Walter. A tarefa-renúncia do tradutor. Trad. Susana Kampff Lages.
In: HEIDERMANN, Werner (org.). Clássicos da Teoria da Tradução. Florianópolis:
UFSC, 2001. p. 188-215
WIKIPÉDIA. Horácio. En: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Horácio>. Accedido el
18 de enero de 2013.
BORGES, Jorge Luis. As versões homéricas. Trad. Josely Vianna Baptista. In:
______. Obras Completas, I. São Paulo: Globo, 1988. p. 255-260
CAMPOS, Augusto de. Pound made (new) in Brazil. In: À margem da margem.
São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
CAMPOS, Haroldo de. Paul Valéry e a poética da tradução. In: COSTA, Luis
Angélico da (org.). Limites da traduzibilidade. Salvador: EDUFBA, 1996, p. 201-216.
CUMMINGS, E. E. Poem(a)s. Edição revista e ampliada. Campinas: Editora
UNICAMP, 2011. Traducción de Augusto de Campos.
FLORES, Guilherme Gontijo. Escamandro poesia tradução crítica. En: <http://
escamandro.wordpress.com/2012/06/08/horacios-na-ode-1-11-a-leuconoe/>.
Accedido el 16 de enero de 2013.
MAR OCIDENTAL. Manifesto Concretista. En: <http://marocidental.blogspot.com.
br/2012/02/o-manifesto-concretista.html>. Accedido el 18 de enero de 2013.
SAID, Fabio M.… nec verbum verbo curabis reddere fidus interpres… . En: <http://
fidusinterpres.com/nec-verbum-verbo-curabis-reddere-fidus-interpres/>.
Accedido el 18 de enero de 2013.
SCHLEIERMACHER, Friedrich. “Sobre os diferentes métodos de tradução”.
Trad. Margarete von Mühlen Poll. In: HEIDERMANN, Werner (org.). Clássicos
da Teoria da Tradução. Florianópolis: UFSC, 2001. p. 26-85
122
Notas
1
Versão em lingua espanhola por Amanda Mesquita.
2
[email protected] Doutorando UFF
Orientador: Franklin ALVES (UFF)
[email protected]
3
Todos os poemas e versões, salvo dito em contrário, foram retirados do blog Escamandro: poesia
– tradução – crítica, de Guilherme Gontijo Flores (vide bibliografia).
4.
Cf. (SCHLEIERMACHER: 2001, p. 45).
5.
Retirado de (ACHCAR: 1994, p. 88).
6.
Frase, de De arte poética liber, e tradução retirados do blog Fidus Interpres, de Fabio M. Said
(vide bibliografia).
7.
Entre eles Walter Benjamin (BENJAMIN: 2001, p. 207).
8.
Retirado de (ACHCAR: 1994, p. 106).
9.
Retirado de (ACHCAR: 1994, p. 231).
10. Cf. (BENJAMIN: 2001, p. 209).
11. Cf. (BENJAMIN: 2001, p. 215).
12. Cf. (BENJAMIN: 2001, p. 211).
13. Cf. (CAMPOS: 1996, p. 204).
14. Cf. Manifesto Concretista, vide bibliografia.
15. Cf. (CUMMINGS: 2011, p. 14).
16. Cf. (CAMPOS: 1989, p. 102).
17. Cf. (CAMPOS: 1989, p. 102).
18. Cf. (CAMPOS: 1989, p. 102).
19. Cf. (CUMMINGS: 2011, p. 14).
20. Cf. (CUMMINGS: 2011, p. 16).
21. Cf. (CUMMINGS: 2011, p. 18).
22. Cf. (CUMMINGS: 2011, p. 18).
23. Cf. (CUMMINGS: 2011, p. 18).
24. Cf. (CUMMINGS: 2011, p. 14).
25. Cf. (BORGES: 1988, p. 260).
ENJOY THE TRANSLATION BUT TRUST ON NEXT: REFLECTIONS ABOUT
TRANSLATIONS I.11 ODE OF HORACE
Abstract:
Horace was a Roman poet and philosopher during the time of Augustus whose works
are known and influential to this day. His “Odes” (Carmina) have a Latin phrase often used:
Carpe Diem. Thanks to its reputation, this poem had numerous translations in several
languages over the centuries. This Latin poem presents some challenges to the Portuguese
speaking reader. First, it is not a language commonly understood and studied. Second,
there are no native speakers that can be called upon for any questions. Third, the poem
was written two thousand years ago, which itself poses a difficulty for its understanding.
How to overcome these characteristics and bring the poem to the contemporary reader
Portuguese? How to translate it? What we try here is to analyze some of its translations
into Portuguese in light of some concepts of translation, making only a quick reflection
exercise. There are several interpretations about what is or is not translation: the theory
of translation is an interesting and prolific field. All translations of the poem gathered
here speak of the same thing and, to a greater or lesser extent, refer to its Latin roots, its
meaning, its literalism, its poetry. All translations are as “right” or “good” as the others.
Enjoy a translation, but also trust the next one.
Key words:
Horace; translation theory; Latin.
123

Documentos relacionados