EL DÓMINE CABRA DEL BUSCÓN

Transcripción

EL DÓMINE CABRA DEL BUSCÓN
EL DÓMINE CABRA DEL
LECTURA D E LASCLAVES
BUSCÓN:
SIMBÓLICAS
A Elizabeth Wilhelmsen
y Michael Ewbank, maximis cum gratiis
E n Virtud militante. Contra las quatro pestes del mundo, inuidia, ingratitud, soberbia, avarizia, Quevedo, valiéndose de las autoridades bíblicas, patrísticas y escolásticas, ataca estos vicios c o n el
r i g o r ético que distingue l a cara austera de su personalidad. E l
escritor asigna a l a avaricia l a posición postrera p o r q u e constituye, conforme al pensamiento cristiano, u n a especie de summa
vitiorum: "Siendo c o n t r a Dios, es soberbia, siendo c o n t r a sí
ingratitud, siendo contra el próximo invidia. Beisla peste... Q u e
n o solamente es l a quarta sino todas q u a t r o " . L a célebre figu1
E d . A . Rey, U n i v e r s i d a d , Santiago de C o m p o s t e l a , 1985, p. 168. T o d a s
las citas de esta o b r a se r e f i e r e n a esta edición. E n e l capítulo d e d i c a d o a l a
última "peste", Q U E V E D O , después d e l e x o r d i o , describe l a avaricia, u t i l i z a n d o c o m o fuente l a Summa Theologice de S A N T O T O M Á S DE A Q U I N O . Según d e c l a ra e l m i s m o d o n F r a n c i s c o : "Sigamos e n su definición l a escuela scholástica,
i o i g a m o s l a d e l d o c t o r ánxel Sancto T h o m á s " (p. 167). E l escritor n o se atien e a l o r d e n r i g u r o s o de las a r g u m e n t a c i o n e s tomistas sino q u e ensarta u n a
serie de aserciones, sacadas d e l texto o r i g i n a l (exactamente l a 2a2ae, qucestio 118 d e l a Summa), q u e c o n s i d e r a relevantes p a r a e l fin ético y didáctico
q u e se p r o p o n e . L a p r i m e r a afirmación — " A u a r i z i a es d e s o r d e n a d o a m o r de
t e n e r " (pp. 167-168)— es l a traducción l i t e r a l de u n a frase de H u g o de S a n
Víctor (De Sacramentis, l i b r o 2, parte 13, cap. 1) q u e Santo T o m á s r e c o g e e n
el articulus 1 de l a qucestio 118 de su o b r a . A c o n t i n u a c i ó n escribe Q u e v e d o :
" L a a u a r i c i a p r o p i a m e n t e s i e m p r e es p e c c a d o . Es p e c c a d o s p i r i t u a l " . Estas
palabras p r o c e d e n d e l articulus 6 de l a qucestio a n t e d i c h a , e n cuya responsio e l
A q u i n a t e n s e sostiene q u e "avaritia est p e c c a t u m s p i r i t u a l e " ya q u e e l avaro
" d e l e c t a t u r e n i m . . . i n h o c q u o d considerat se possessorem d i v i t i a r u m " . Q u e v e d o sigue p r e c i s a n d o l a n a t u r a l e z a de ese v i c i o : " L a a u a r i z i a según q u e se
o p o n e a l a j u s t i z i a deste m o d o , de s u j é n e r o es p e c c a d o m o r t a l " , casi u n a versión i n t e r l i n e a l de l a responsio d e l articulus 4 d e l c o m p e n d i o t e o l ó g i c o t o m i s 1
NRFH, X L V I (1998), núm. 1, 47-65
NRFH,
FRANCESCO TARELLI
XLVI
ra d e l dómine C a b r a d e l Buscón representa la personificación
literaria d e l avaro, el cual, p o r pertenecer al clero secular, aparece, a través de las lentes implacables de d o n Francisco, más
aborrecible aún. L e o Spitzer, e n su ensayo de 1927 titulado " Z u r
Kunst Quevedos i n seinem Buscón", había notado que el n o m bre Cabra "hat etwas W i l l e n t l i c h - H i n d e u t e n d e s " , pero tal observación había quedado sin desarrollarse. E l presente trabajo
parte de esta anotación spitzeriana y trata de investigar las razones de l a elección del apellido caprino mediante el análisis de
los valores simbólicos, subyacentes e n el texto, de los c o m p o nentes intratextuales y su relación c o n otras obras quevedianas.
Creemos que el autor se sirve del signo cabra c o m o el foco d o n de converge u n haz de elementos heterogéneos, procedentes
de los campos religioso, mitológico, literario y científico, y de
las tradiciones populares. Este conjunto de enlaces es lo que
vamos a examinar.
L a cabra, en la mitología griega, estaba ligada sobre todo con
el culto a Dionisos, el Baco de los romanos, d i v i n i d a d de la v i d ,
2
ta: " D i c e n d u m q u o d , sicut d i c t u m est avaritia d u p l i c i t e r d i c i t u r . Uno modo
secundum quod opponitur justitice, et hoc modo ex genere suo est peccatum mortale".
D o n F r a n c i s c o añade q u e l a avaricia "es m e d i o entre los peccados p u r a m e n t e spirituales, i los p u r a m e n t e carnales", pasaje q u e r e p r e s e n t a u n a c o n densación de l a responsio 1 d e l articulus 6 de l a quaestio 11%: " R a t i o n e m tarnen
o b j e c t i medium est inter peccata pure spiritualia, quse quaerunt d e l e c t a t i o n e m
s p i r i t u a l e m c i r c a objecta s p i r i t u a l i a . . . et vaia pure carnalia, quae quserunt
d e l e c t a t i o n e m p u r e c o r p o r a l e m c i r c a o b j e c t u m c o r p o r a l e " . L a formulación
q u e v e d i a n a de l a exposición tomista de l a avaricia t e r m i n a de l a m a n e r a
siguiente: " E s c o n t r a D i o s , c o n t r a sí, i c o n t r a e l p r ó x i m o " (p. 168), n u e v o
caso de c o n d e n s a c i ó n y adaptación d e l o r i g i n a l , p r e c i s a m e n t e l a responsio 2
d e l articulus 1 : " E t s e c u n d u m h o c est d i r e c t e peccatum in proximum, q u i a i n
e x t e r i o r i b u s divitiis n o n potest u n u s h o m o s u p e r a b u n d a r e n i s i alter defic i a t . . . E t sic avaritia est peccatum hominis in seipsum, q u i a p e r h o c d e o r d i n a t u r
ejus affé c tus, licet n o n d e o r d i n e t u r c o r p u s sicut p e r vi tia c a r n a l i a . E x c o n s e q u e n t i a u t e m est peccatum in Deum, sicut et o m n i a p e c c a t a m o r t a l i a ,
i n q u a n t u m h o m o p r o p t e r b o n u m t e m p o r a l e c o n t e m n i t aeternum". L a s c u r sivas e v i d e n c i a n las c o r r e s p o n d e n c i a s exactas entre l a Summa Theologice y Virtud militante. L a s citas de l a Summa q u e figuran e n esta n o t a p r o c e d e n d e l
texto p u b l i c a d o p o r Blackfriars e n O x f o r d e n 1972.
Romanische Stil- und Literaturstudien, N . G . E l w e r t ' s c h e V e r l a g s b u c h h a n d l u n g ( G . B r a u n ) , M a r b u r g A . L a h n , 1931, t. 2, p. 75. E l ensayo fue p u b l i c a d o p o r p r i m e r a vez e n ARom, 11 (1927), 511-580. L a versión a l castellano,
" S o b r e el arte de Q u e v e d o e n e l Buscón, está i n c l u i d a e n Francisco de Quevedo, e d . G . S o b e j a n o , T a u r u s , M a d r i d , 1978, p p . 123-184. S o b e j a n o , a u t o r de
d i c h a versión, t r a d u c e l a frase c o n "algo de a d r e d e i n d i c a t i v o " (p. 144).
2
NRFH,
XLVI
E L D O M I N E CABRA D E L " B U S C Ó N
49
a q u i e n se i n m o l a b a el a n i m a l durante las fiestas de p l e n o verano. Según la leyenda, el mismo Zeus, de niño, se alimentó de la
leche de l a cabra A m a l t e a , que tenía u n cuerno rebosante del
líquido nutritivo y todo tipo de frutas, cuerno que se convirtió
e n el símbolo de l a a b u n d a n c i a , la cornucopia . Esta puede leerse c o m o subtexto irónico del episodio del licenciado Cabra:
la única cosa que a b u n d a en su pupilaje es, paradójicamente, la
p e n u r i a , así que el dómine podría encarnar l a cornu-inopia.
L a descripción d e l personaje se caracteriza, a nivel lingüístico,
precisamente p o r l a presencia de la partícula negativa " n o " y de
la preposición "sin", que expresa falta o carencia, y estos privativos reflejan la miseria m o r a l y material d e l p u p i l e r o : las
"búas" que desfiguran su hiperbólica nariz "no fueron de vicio",
es decir, no son l a consecuencia de u n a enfermedad venérea,
porque el sexo cuesta d i n e r o , sino de u n simple "resfriado" no
curado, p o r q u e las medicinas también cuestan d i n e r o . E n t o n ces el no-vicio de l a lujuria deriva de otro vicio que C a b r a no
confiesa, el de la avaricia; al clérigo, observa el n a r r a d o r , le faltan "no sé cuántos" dientes (p. 33), su sotana "no se sabía de qué
color era" y aparece "sin pelo", "sin ceñidor" y no tiene n i "cuello ni puños" (p. 34); C a b r a n u n c a se corta l a barba " p o r no gastar" (p. 33) y en l a cama duerme siempre de u n lado " p o r no
gastar las sábanas" (p. 34) y es, incluso, avaro de palabras: "nos
hizo u n a plática corta, que a u n p o r no gastar tiempo no duró
más" (p. 35). A causa de la escasez de c o m i d a los estudiantes
están reducidos a esqueletos andantes y u n o de ellos muere literalmente de inanición. E l clérigo, obsesionado p o r el "no gastar", gasta su m i s m a salud y de ahí que los órganos de su cuerpo
causan l a impresión de que q u i e r e n comerse a sí m i s m o s , e n
u n desesperado i m p u l s o de autofagia: "las barbas descoloridas
de m i e d o de l a boca vecina, que, de p u r a h a m b r e , parecía que
amenazaba a comérselas"; "el gaznate... c o n u n a nuez tan salida, que parecía se i b a a buscar de comer forzada de l a necesidad" (p. 33).
E n l a Sagrada Escritura la cabra se encuentra muchísimas veces y tal profusión se debe a l a i m p o r t a n c i a que ese mamífero
tenía en l a economía de las poblaciones del Cercano O r i e n t e an3
4
L a narración aparece e n los Fasti de O v i d i o , l i b r o 5, w . 115-128.
FRANCISCO DE Q U E V E D O , La vida del Buscón llamado don Pablos, e d . F . Lázar o G a r r e t e r , U n i v e r s i d a d , S a l a m a n c a , 1980. E n adelante i n d i c o l a página; las
cursivas s i e m p r e s o n mías.
3
4
XLVI
NRFH,
FRANCESCO T A R E L L I
50
tiguo. Según las normas del A n t i g u o Testamento se considerab a c o m o a n i m a l de sacrificio: durante el día de la Expiación se
escogían dos cabras, u n a para la purificación de los pecados y l a
otra, u n macho cabrío, representaba el chivo expiatorio que llevaba simbólicamente sobre sí todas las culpas del pueblo de Israel y se abandonaba en el desierto (Levitico, 16, 6-26). Si tenemos en cuenta ese subtexto bíblico, Quevedo realiza u n a nueva
inversión de valores: el licenciado no es u n capro espiatorio, no es
sacrificado n i se sacrifica p o r a m o r de Dios; al contrario, los estudiantes son las víctimas designadas que expían el pecado de
la avaricia de su preceptor. Cabra come apenas lo suficiente para
alimentar el cuerpo; es avaro consigo m i s m o y, a la vez, conden a hipócritamente el vicio de l a gula: " C i e r t o que no hay tal cosa
c o m o la o l l a . . . todo lo demás es vicio y gula" (p. 36) . L a "dieta"
(p. 40) que el clérigo alaba procede d e l appetitus inordinatus d e l
avaro, e n c o n f o r m i d a d c o n l a definición de Santo Tomás , y n o
d e l ejercicio virtuoso de la abstinencia y penitencia.
E l n o m b r e Cabra es l a expresión de l a fisiognómica y etopeya del personaje quevediano. James Iffland recalca que " h u m a n a n i m a l comparison is one o f the many ways i n w h i c h Quevedo
degrades his characters" y prosigue: "Such comparisons at Q u e vedo's time received an extra impulse t h r o u g h the circulation
of the doctrine... which said that one c o u l d tell m u c h about the
character of a m a n by d e t e r m i n i n g the p r o x i m i t y of his physi o g n o m y to that of some m e m b e r o f the a n i m a l k i n g d o m " . L a
cabra tiene pies delgados y largos y u n a barba que le cuelga de
la mandíbula inferior. C u a n d o examinamos el aspecto físico d e l
p u p i l e r o , su caprinidad se hace patente: " E l era u n clérigo cerbatana, largo sólo en el talle... las barbas descoloridas... los brazos secos, las manos c o m o u n manojo de sarmientos cada u n a , . . c o n
dos piernas largas y flacas" (pp. 32-33). E l l e x e m a cerbatana i n d i ca, traslaticiamente, según el Dice. Aut., "todo lo que es hueco,
estrecho, y l a r g o " y p o r lo tanto conlleva, simbólicamente, la
oquedad, l a vacuidad m o r a l d e l dómine. Las manos, órganos
5
6
7
8
Q U E V E D O expresa l a m i s m a i d e a e n e l " t r a t a d o " sobre l a avaricia: " A su
c u e r p o q u e se sustenta c o n las viandas se las n i e g a p o r a h o r r a r , i a su a l m a
q u e n o c o m e , l a r u e g a c o n los m a n t e n i m i e n t o s . . . E l a u a r o a u n a sí m i s m o
se d e s t r u i e " (Virtud militante, p p . 1 8 7 - 1 8 8 ) .
Summa Theologice, B i a c k f r i a r s , O x f o r d , 1 9 6 3 , p. 6 0 . L a cita p r o v i e n e d e
l a la2ae, queestio 8 4 , articulas 1, responsio.
Quevedo and the grotesque, T a m e s i s , L o n d o n , 1 9 7 8 , p. 1 1 0 .
E d . facs., G r e d o s , M a d r i d , 1 9 7 6 , s.v.
5
6
7
8
NRFH,
XLVI
E L D Ò M I N E CABRA D E L " B U S C Ó N "
51
prensiles e imagen emblemática d e l avaro que se agarra a sus
posesiones, h a n adquirido la apariencia de tallos vegetales, nueva inversión de valores. L a referencia a los "sarmientos" cae dentro d e l campo semántico de la v i d , asociada, c o m o hemos visto,
c o n los ritos dionisíacos y la inmolación de l a cabra. U n refrán
p o p u l a r también presenta la correlación cabra-vid, debido a la
voracidad insaciable del rumiante: "Cabras e n viña, peor que
l a p e o r pedrisca" . E n l a visión cristiana, l a v i d es la efigie de
Cristo y los vastagos l a de los apóstoles: "Ego sum vitis, vos palm i t e s " , afirma Jesús en el Evangelio de San J u a n (15, 5). Q u e vedo invierte otra vez los valores, deshumanizando al p u p i l e r o
c o n u n a metáfora vegetal y aplicándola a l a parte de su cuerpo
que es e l instrumento d e l pecado; dice San G r e g o r i o M a g n o ,
" A r m a quippe peccantium sunt m e m b r a corporis, quibus perversa desideria quae c o n c i p i u n t e x s e q u u n t u r " . E n este caso, l a
v i d p u e d e ser l a avaricia, los vastagos físicos, las manos, y los
metafóricos, todos los vicios que aquélla engendra. E l j u e g o de
palabras conseguido mediante l a h o m o n i m i a entre l a f o r m a
f e m e n i n a d e l adjetivo " r o m o " y l a c i u d a d italiana ("la nariz,
entre R o m a y Francia") se relaciona también c o n el aspecto cab r u n o , según l a explicación de Covarrubias: " A l a cabra le dier o n e l epícteto de sima o r o m a , p o r tener las narizes chatas...
Este epícteto de sima le da V i r g i l i o en el lugar alegado, Égloga
1 0 " . Los huesos d e l licenciado, cuando se d e s c o m p o n e n , suen a n " c o m o tablillas de San Lázaro", símil auditivo de carácter
irónico puesto que estas últimas p r o d u c e n u n sonido conectado c o n el p e d i r limosna, mientras que aquellos crujen p o r razones n a d a caritativas. L a avaricia es i n c o n c i l i a b l e c o n l a caridad,
virtud fundamental en la ética cristiana. Las piernas "largas y flacas" se parecen a u n "tenedor o compás"(p. 33); el p r i m e r objeto contiene otro matiz irónico tratándose de u n utensilio que
9
10
11
12
Refranero general ideológico español, c o m p . L . Martínez Kleiser, M a d r i d ,
1953, p. 93.
Biblia SacraJuxta Vulgatam Clementinam, Desclée, París, 1938. T o d o s los
pasajes bíblicos p r o c e d e n d e esta e d i c i ó n y las cursivas s o n mías.
Moralium Libri sive Expositio in Librum B.Job, a l c u i d a d o d e j . P. M i g n e ,
París, 1844-1864, t. 75, p . 913.
Tesoro de la lengua castellana o española, e d . facs., T u r n e r , M a d r i d , 1979,
p. 255. E l pasaje v i r g i l i a n o a l q u e se refiere C o v a r r u b i a s es e l siguiente: " s o l l i citos G a l l i d i c a m u s amores, / d u m teñera a t t o n d e n t simae u i r g u l t a capellán"
9
1 0
1 1
12
( É g l o g a X , w . 6-7), cf. P U B L I O V I R G I L I O M A R Ó N , Opera, e d . R . A . B . M y n o r s ,
C l a r e n d o n , O x f o r d , 1969, p . 25.
NRFH,
FRANCESCO TARELLI
XLVI
sirve para c o m e r aplicado a u n h o m b r e que encarna " l a h a m bre viva" (p. 32); en cuanto al segundo instrumento, en la Iconología (1611) de Cesare R i p a simboliza T o r d i n e , & misura i n
tutte le cose" y, j u n t o c o n u n a bolsa, f o r m a parte d e l e m b l e m a
de la parsimonia, l a cual " n o n eccede[ndo] i l m o d o d e l l ' h o nesto, & del r a g i o n e u o l e " , se contrapone p o r su moderación
a la avaricia.
E l narrador anota que los ojos de C a b r a están "avecindados
e n el cogote" y parece que m i r a n "por cuévanos, tan h u n d i d o s
y oscuros, que era b u e n sitio el suyo para tiendas de mercaderes" (pp. 32-33). E l p u p i l e r o m i r a c o m o a través de u n túnel
p r o f u n d o y lóbrego, y p o r consiguiente el c a m p o visual que
puede abarcar es estrecho, y el enfoque de l a r e a l i d a d c i r c u n dante muy l i m i t a d o . Y a que e n Virtud militante Quevedo sostiene que el avaro "haze volsa su a l m a " (p. 188), aquí podríamos
extender la metáfora y decir que, de f o r m a paralela, el avaro
hace bolsa sus ojos p o r q u e n o ve más que los bienes materiales.
Cabra, observa acertadamente B . W . Ife, "has a m e r c a n tile
outlook o n life, seeing everything i n terms of its c o m m e r c i a l
valué..." . San Isidoro de Sevilla refiere que los griegos llamaban a algunas cabras salvajes dorkás p o r l a gran agudeza de su
percepción, que les permite ver, desde las más elevadas m o n tañas, a todo el que se a p r o x i m a . Los bestiarios medievales
i n c o r p o r a n tal c u a l i d a d al simbolismo cristiano: e n De Bestiis et
Alus Rebus, o b r a a t r i b u i d a a H u g o de San Víctor, esa facultad
visiva del a n i m a l se configura c o m o el símbolo de l a omnisciencia de Dios y Cristo, el cual previo la traición de Judas: " N a m
sicut caprea venatorem praevidet, i ta D o m i n u s noster Jesús
Christus longe prospiciens J u d a m p r o d i t o r e m , sic aiebat: Unus
ex vobis me traditurus est (Matth. x x v i ) " . L a vista d e l licenciado
carece de luz m o r a l y espiritual; sus ojos son oscuros "cuévanos"
(p. 32), palabra e n que resuena el l e x e m a cueva, y que, p o r ser
cestos h o n d o s usados generalmente para l a v e n d i m i a , se v i n c u l a n semánticamente c o n l a vid, lo cual, j u n t o c o n "sarmientos"
(p. 33), refuerza el simbolismo caprino. L a clarividencia de l a
cabra se h a transformado e n la visión m i o p e d e l C a b r a .
13
14
15
16
E d . facs., G a r l a n d , N e w Y o r k , 1976, p. 410.
A n o t a c i ó n a La vida del Buscón llamado don Pablos, P e r g a m o n Press,
O x f o r d , 1977, p. 202.
Etimologías, eds. J . O r o z R e t a y M . A . M a r c o s C a s q u e r o , BAC, M a d r i d ,
1982, t. 1, p p . 58-59.
P L , t. 177, p p . 63-64.
1 3
1 4
15
1 6
NRFH,
XI y 1
E L D Ó M I N E CABRA D E L " B U S C Ó N "
53
L a fisiognómica d e l p u p i l e r o muestra otros dos animales
emblemáticos: el avestruz y la rana. E l p r i m e r o es el término de
comparación d e l garguero d e l personaje quevediano: " e l gaznate largo c o m o de avestruz' (loe. cit). Este último es a n i m a l
voraz, capaz de tragar cualquier cosa, comestible y n o comestible, y tal voracidad contrasta irónicamente c o n la "dieta"
autoimpuesta de C a b r a y que él i m p o n e a los estudiantes de su
pupilaje. E n el l i b r o de J o b (39, 13-18), el avestruz es el vivo
ejemplo de l a c r u e l d a d maternal, porque a b a n d o n a los huevos
que h a puesto después de haberlos cubierto de arena. Los Moralium Libri de San G r e g o r i o M a g n o glosan minuciosamente el
texto bíblico antedicho y descubren u n valor simbólico del avestruz que se adapta a la etopeya de Cabra: la hipocresía. Esa actitud de falsedad, de ocultamiento de las verdaderas intenciones,
es sinónimo de l a fallada de l a cual habla H u g o de San Víctor
y que f o r m a parte d e l comitatus de la a v a r i c i a . E l comentario
gregoriano hace hincapié e n que el avestruz, aunque tiene p l u mas semejantes a las de l a garza y del gavilán, no p u e d e alzarse
del suelo a causa d e l peso de su cuerpo. A l igual que el ave
corredora, los hipócritas "alas per figuram sanctitatis extendunt, sed c u r a r u m saecularium pondere praegravati, nullatenus
a térra sublevan tur". C a b r a s i m u l a la " b o n o r u m v i t a m " pero no
posee la "veritatem sánete a c t i o n i s " . C u a n d o d o n Diego y
Pablos tratan de c o m u n i c a r su condición de hambrientos, el
clérigo, hipócritamente, oculta l a verdad: "Quejábamonos nosotros a d o n A l o n s o , y el C a b r a le hacía creer que lo hacíamos
p o r n o asistir al estudio" (p. 45). E l clérigo muestra también su
hipocresía al r e p r e n d e r el vicio de l a gula, siendo él m i s m o
esclavo de u n vicio m u c h o más reprensible, y en las irónicas,
casi sarcásticas, exhortaciones que dirige a sus famélicos estudiantes: " C o m a n , que me huelgo de verlos comer", " C o m a n ,
que mozos son y me h u e l g o de ver sus buenas ganas" (p. 37),
" C o m a n como hermanos, pues Dios les da con qué" (p. 38). Santo Tomás de A q u i n o , al interpretar u n pasaje d e l Evangelio de
17
18
De Fructibus Carnis et Spiritus, P L , t. 176, p. 1001. Esta o b r a c o n t i e n e
también los dibujos d e l " a r b o r v i t i o r u m " y d e l " a r b o r v i r t u t u m " . U n a de las
ramas d e l p r i m e r árbol, cuya raíz es l a " s u p e r b i a " , t e r m i n a p r e c i s a m e n t e e n
l a "avaritia", r o d e a d a de siete hojas más pequeñas e iguales q u e s i m b o l i z a n
los siete vicios que aquélla e n g e n d r a , es decir: 1) philargyria (en griego " a m o r
al d i n e r o " ) , 2) perjurium, 3) violentia, 4) usura, 5) fraus, 6) rapiña y 7) fallada. Véanse las p p . 1007-1008.
P L , t. 76, p. 578.
17
1 8
54
NRFH, X L V I
FRANCESCO T A R E L L I
San Mateo, e n el que Cristo lanza u n a invectiva contra los fariseos, comenta que l a hipocresía c o m p r e n d e también el pecado
de l a avaricia . Además, se p u e d e n establecer interesantes p u n tos de contacto entre l a De Humana Physiognomonia (1586) de
D e l l a P o r t a y la descripción d e l licenciado C a b r a d e l Buscón.
Asevera el erudito italiano en el l i b r o segundo de su obra: " E x i g u u m caput, c u m i n c o n c i n n a figura, et ei par debilitas colli, et
dorsi, defectum signifìcat virtutis m o r a l i s . . . et ob i d h o m o ille
perfidus, velocis irae"; y continúa: " E g o a d struthiocamelum
referrem: n a m inter animalia e x i g u u m retinet caput, ceruix
p r o c e r a est, corporis e x i m i a m a g n i t u d o " . A l g u n o s rasgos
fisiognómicos y temperamentales d e l personaje quevediano son
muy parecidos a los que señala D e l l a Porta: C a b r a tiene " u n a
cabeza pequeña" (p. 32, el " e x i g u u m caput" dellaportiano) ; su
aspecto físico y m a n e r a de hablar — " l a h a b l a ética" (p. 33)—
i n d i c a n falta de elegancia y armonía ( " i n c o n c i n n a figura"); él
carece de virtud ("defectum... virtutis moralis") ; es desleal y falso ("perfidus") y es propenso a enfadarse ("velocis irae"), c o m o
se deduce de los ejemplos siguientes: "Enojóse m u c h o , y díjome
que aprendiese modestia" (p. 37), "Enojóse C a b r a conmigo, y
dijo que él me echaría de su casa" (p. 44), " C a b r a se enojó de que
se lo preguntase" (p. 42). D e l l a P o r t a ilustra sus teorías c o n el
busto de u n h o m b r e de cabeza pequeña j u n t o c o n la imagen
entera de u n avestruz y los dos elementos figuran en el retrato
del dómine. N o se trata de meras coincidencias ya que el índice del Monasterio de San Martín de M a d r i d (1788) registra unas
obras d e l italiano que Quevedo poseía e n su biblioteca privada,
i n c l u y e n d o u n ejemplar de Della fisionomia dell'huomo . C o n viene recordar que Quevedo, e n La providencia de Dios (1642),
se refiere a su encuentro e n Ñapóles c o n Giambattista D e l l a
Porta, a q u i e n j u z g a " h o m b r e curiosamente d o c t o " .
19
20
21
22
"Post h o c e x p o n i t sic et vos foris quidem apparetis hominibus iusti, idest
h o m i n e s vos i u d i c a n t iustos, intus autem pieni estis hypocrisi et iniquitate. C o m p i el íendit peccata c a r n a l i a , avaritiam et g u l a m . . . sub q u a v a n a g l o r i a c o n t i n e t u r " (Super Evangelium S. Matthcei Lectura, c u r a R . C a i , M a r i e t t i , T o r i n o ,
1 9 5 1 , p. 2 9 1 ) .
E d . facs., A u x A m a t e u r s de L i v r e s , París, 1 9 9 0 , p. 3 2 .
A L E S S A N D R O M A R T I N E N G O , La astrologia en la obra de Quevedo: una clave de
lectura, A l h a m b r a , M a d r i d , 1 9 8 3 , p. 1 7 9 .
FRANCISCO D E Q U E V E D O Y V I L L E G A S , Obras completas, ed. F . Buendía, A g u i lar, M a d r i d , 1 9 6 7 - 1 9 7 4 , 1 . 1 , p. 1 5 6 8 . E U G E N I O A S E N S I O l l a m a l a atención sobre
este e n c u e n t r o e n su o b r a Itinerario del entremés: desde Lope de Rueda a Quiñones de Benavente, G r e d o s , M a d r i d , 1 9 6 5 , d o n d e observa también que: " S i n
1 9
2 0
2 1
2 2
NflFH, X L V I
E L D Ò M I N E CABRA D E L " B U S C Ó N "
55
E l otro a n i m a l , la rana, es u n vehículo de representación
simbólica de la sotana "milagrosa" (nótese la ironía d e l adjetivo) d e l p u p i l e r o , l a cual, a consecuencia d e l "no gastar", se h a
convertido casi e n el tegumento que cubre su p i e l h u m a n a :
" U n o s , viéndola tan sin pelo, la tenían por de cuero de rana'
(p. 34). Según el relato del Éxodo (8, 1-15), la segunda plaga de
E g i p t o fue efecto de u n a invasión de ranas, que los judíos consideraban c o m o criaturas i n m u n d a s , y Whittlesey agrega que
" i n Christian art, the frog is a symbol of repulsive s i n . . . " . L a
suciedad física d e l clérigo es u n a de sus características, desde el
bonete "ratonado con m i l gateras y guarniciones de grasa... con
los fondos e n caspa", hasta " l a sotana mísera y corta" (p. 34) y
la carne que se le pega a las uñas. E l asco que todo ello c o m u n i c a a l lector va acompañado de l a repulsión p o r l a avaricia,
evocada a través de l a sensación táctil de l a p i e l húmeda de la
rana, y su naturaleza de plaga o, mejor d i c h o , de "peste" del
m u n d o , según la definición de Virtud militante. Es digno de interés que l a descripción de u n o de los emblemas de l a codicia,
c o n t e n i d o en l a Iconologia de R i p a , presenta otro anfibio, el
sapo, c o m o símbolo de tal vicio: " L e si dipinge i l rospo, nella destra m a n o , i l quale, tutto che h a b b i a grandissima copia della
terra, della quale si pasce, n o n d i m e n o sempre teme, & si astiene d i quella, desiderandone sempre p i ù " . E l Apocalipsis de
23
2 4
25
a b a n d o n a r e l viejo r e p e r t o r i o , el entremés, i g u a l q u e l a sátira, e m p l e a b a
diferentes estratagemas p a r a captar las m i l facetas d e l h o m b r e e n c u b i e r t o
tras sus m i m e t i s m o s . Q u e v e d o usó, p a r a reflejar esta d u p l i c i d a d d e l h o m b r e ,
diversos p r o c e d i m i e n t o s l i t e r a r i o s . . . L a a n i m a l i d a d e s c o n d i d a tras l o h u m a n o h a servido de n o t a sugestiva a Q u e v e d o e n n u m e r o s o s pasajes, especialm e n t e e n El Buscón y e l entremés de La venta (p. 180).
L o u i s C H A R B O N N E A U - L A S S A Y , Le bestiaire du Christ, Desclée, D e B r o u w e r ,
B r u g e s , 1940, p. 826.
Symbols and legends in Western art. A museum guide, S c r i b n e r ' s , N e w Y o r k ,
1972, p. 119. D A V I D P . Russi o p i n a l o m i s m o : " T h i s d e s c r i p t i o n carries i m p l i c itly the i d e a o f the cassock w h i c h , b e i n g ' s i n p e l o ' , was so w o r n by use that
it s e e m e d as s m o o t h as a frog's s k i n . B u t q u i t e besides the l i t e r a l , the frog
adds a c o n n o t a t i o n o f repulsiveness to this m a n , d e s c r i b e d i n s u c h a n ext r e m e l y grotesque m a n n e r " ("The a n i m a l - l i k e w o r l d o f the Buscón', PhQ 66,
1987, p. 441).
2 3
2 4
2 5
Op. cit, p. 34. A D O L F K A T Z E N E L L E N B O G E N nos i n f o r m a e n u n a n o t a que
"snakes a n d toads... also served i n a g e n e r a l way to t o r m e n t sinners, the avar i c i o u s m a n f o r instance, as s h o w n i n a n i l l u s t r a t i o n o f h e l l i n the Beatus
A p o c a l y p s e f r o m Santo D o m i n g o de Silos, c o m p l e t e d 1109" {Allegories of the
virtues and vices in Mediaeval art from Early Christian times to the thirteenth century,
N o r t o n , N e w Y o r k , 1964, p. 58).
56
FRANCESCO TARELLÍ
NRFH,
XLVI
San J u a n vincula el carácter i n m u n d o de las ranas a u n elemento
que, desde nuestro p u n t o de vista, es fundamental: lo satánico.
E l pasajejuanino reza así: " E t vidi de ore draconis, et de ore bestiai, et de ore pseudoprophetae, spiritus tres i m m u n d o s in
modum ranarum. Sunt e n i m spiritus dcemoniorum facientes signa"
(16, 1 3 4 4 ) .
Reanudando u n h i l o precedente, es o p o r t u n o añadir que
otro texto bíblico, el de Isaías, p o n e al avestruz en relación c o n
el d e m o n i o : "Sed requiescent i b i bestiae, et replebuntur domus
e o r u m draconibus, et habitabunt i b i struthiones, et pilosi saltab u n t i b i " (13, 21); "et erit cubile d r a c o n u m , et pascua struthionum (34,13). C o n el vocablo "pilosi", explica San Jerónimo e n
su comentario al l i b r o profético, se i n d i c a n los "incubones" o
"satyros", pertenecientes al género de los d e m o n i o s y que,
según la interpretación de J o h n M ' C l i n t o c k y James Strong,
designan las cabras, especialmente los machos cabríos . San
G r e g o r i o M a g n o nos ofrece más detalles: los miembros de los
"pilosi ' empiezan en f o r m a h u m a n a pero "bestiali extremitate
termina[n] tur" y, metafóricamente, representan l a "peccati asperitas" , lo cual nos hace pensar en el pelo áspero de la cabra.
L a onomástica d e l dómine C a b r a no sólo refleja su fisiogn o m i c a , sino que revela también su índole demoníaca. E n l a
antigüedad clásica se e n c u e n t r a n demonios cabrunos y divinidades mitad hombres y m i t a d animales, como el dios griego P a n ,
el Fauno r o m a n o , a q u i e n se i m a g i n a b a provisto de piernas,
cola, cuernos y barba de cabra, y de las demás partes d e l cuerp o de n a t u r a l e z a h u m a n a . E l s i m b o l i s m o c a p r i n o , desde l a
vertiente cristiana, se expresa c o n la mayor claridad e n el Evangelio de San Mateo d o n d e Dios separa las ovejas ("oves") de las
cabras ("haedos"), respectivamente losjustos de los condenados
a l a perdición eterna: " E t congregabuntur ante e u m omnes
gentes, et separabit eos ab invicem, sicut pastor segregai oves ab
haedis; et statuet oves q u i d e m a dextris suis, haedos autem a sinistris" (25, 32-33). Charbonneau-Lassay destaca que el m a c h o
m
26
27
28
Commentariorum in Isaiam Prophetarn, P L , t. 24, p. 159.
"SATYR, the r e n d e r i n g i n Isa. x i i i , 21; x x x i v , 14, o f the H e b . w o r d . . . sàir\
w h i c h p r o p e r l y means hairy; h e n c e a goat, especially a he-goat... A c c o r d i n g to
the o l d versions, a n d n e a r l y a l l the c o m m e n t a t o r s , o u r o w n t r a n s l a t i o n is
c o r r e c t , a n d satyrs — t h a t is, d a e m o n s o f w o o d s a n d desert places, h a l f m e n
a n d h a l f goats— are i n t e n d e d " ( Cyclopaedia of biblical, theological and ecclesiastical literature, H a r p e r , N e w Y o r k . 1884-1896, s.v.).
Moralium libri, P L , t. 75, p. 786.
2 6
2 7
2 8
NRFH,
XLVI
E L DOMINE CABRA DEL "BUSCÓN"
57
cabrío es e l e m b l e m a del m o n a r c a d e l i n f i e r n o y los d e m o n ó logos medievales representaban a Satanás casi exclusivamente
bajo ese aspecto animal (p. 185). L a creencia de que el diablo
tenía u n pie e n f o r m a de pezuña de cabra y e n los aquelarres
aparecía c o m o cabrón, estaba profundamente arraigada e n l a
cultura p o p u l a r de toda E u r o p a durante l a E d a d M e d i a . Covarrubias recoge esa tradición y así define al cabrón: "Es symbolo
d e l d e m o n i o , y e n su figura cuentan aparecerse a las bruxas y
querer ser reverenciado dellas" (p. 256). Cervantes también dedica u n a parte relevante d e l Coloquio de los perros a las artes mágicas de la Cañizares, la cual, creyendo que Berganza es el hijo
de l a M o n t i e l a transformado e n perro, le n a r r a sus experiencias de hechicera y sus relaciones c o n las potencias infernales:
Muchas veces he querido preguntar a mi cabrón qué fin tendrá vuestro suceso, pero no me he atrevido, porque nunca a lo q u e le preguntamos responde a derechas, sino con razones torcidas y de muchos sentidos. Así, que a este nuestro amo y señor no hay que
preguntarle nada, porque con una verdad mezcla mil mentiras...
Vamos a verle. . . a u n gran campo, donde nos juntamos infinidad
de gente, brujos y brujas, y allí nos da de comer desabridamente,
y pasan otras cosas que en verdad, y en Dios y en mi ánima, que
no me atrevo a contarlas, según son sucias y asquerosas, y no quiero ofender tus castas orejas .
29
Y a al p r i n c i p i o d e l Buscón se alude a l diablo cuando Pablos
recuerda las actividades brujeóles de su madre: "Sólo diz que se
dijo n o sé qué de u n cabrón y volar, l o cual l a puso cerca de que
la diesen plumas c o n que l o hiciese e n público" (p. 17). E l
h e c h o de que e l cabrón se m e n c i o n e e n los primeros párrafos
de l a o b r a es significativo ya que n o sólo constituye u n a anticipación d e l clérigo cabruno, sino que ofrece también l a clave
interpretativa d e l personaje mismo. E l capítulo siete d e l l i b r o
p r i m e r o d e l Buscón reitera las prácticas de l a madre del protagonista, a través de las palabras de A l o n s o Ramplón, el tío verdugo: "Dícese que daba paz cada n o c h e a u n cabrón e n el ojo
que n o tiene niña" (pp. 92-93) .
30
Novelas ejemplares, e d . J . Rodríguez-Luis, T a u r u s , M a d r i d , 1983, t. 2,
p. 2 6 7 .
Este v u l g a r acto d e demoniolatría l o ilustra u n g r a b a d o d e Francesco
M a r i a G u a z z o , autor d e l Compendium Maleficarum (1608 y 1626), r e p r o d u c i d o
2 9
3 0
e n l a f i g . 7 d e Las brujas y su mundo d e J U L I O C A R O B A R O J A , Revista de O c c i -
d e n t e , M a d r i d , 1961, q u e c o n t i e n e también l a descripción de los ritos de
58
NRFH, XLVI
FRANCESCO TARELLI
Volviendo al dómine Cabra, si su n o m b r e está estrechamente u n i d o con la idea d e l demonio, n o nos basamos solamente en
este factor para afirmar que el personaje tiene características
diabólicas. Otros componentes textuales c o r r o b o r a n l a lectura
que proponemos. E m p e c e m o s p o r l a escena d e l refectorio,
cuya angostura espacial — " u n m e d i o celemín" (p. 35)— se conf o r m a b i e n c o n l a estrechez m o r a l d e l p u p i l e r o : "Sentóse el
licenciado C a b r a y echó l a bendición. C o m i e r o n u n a c o m i d a
eterna, sin p r i n c i p i o n i fin" (p. 36). E l clérigo bendice pero su
acción n o entraña n i n g u n a significación sagrada; cae más b i e n
sobre los estudiantes hambrientos como u n a maldición. E n efecto, cuando C a b r a vuelve a bendecir los mezquinos restos d e l
pasto, destinados a los criados —"unos mendrugos... dos pellejos
y unos güesos" (p. 37)— el n a r r a d o r , c o n u n perfecto contrap u n t o de voces, le echa a él precisamente u n a maldición: "¡Mal
te haga Dios y lo que has c o m i d o , lacerado... que tal amenaza
has h e c h o a mis tripas!" (loe. ext.).
L a c o m i d a , que se califica de "eterna", d u r a el lapso de tiemp o de u n alimento desprovisto de cualquier sustancia, prácticamente inexistente y, p o r ende, "sin p r i n c i p i o n i fin". U n crítico
interpreta l a frase final en el sentido de que "no tenía n i entrante, o ante —principio—, n i postre —fin—, a pesar de que los p u p i leros estaban obligados a incluirlos en el m e n ú " . E n nuestra
opinión, debajo d e l nivel denotativo que acabamos de citar, se
hallan unas connotaciones teológicas que i n f o r m a n todo el discurso quevediano y le confieren cohesión semántica. Es
menester subrayar que tales connotaciones están d o c u m e n t a das en otros textos d e l Siglo de O r o . E l ejemplo más pertinente
es u n o de los cuentos recogidos p o r J u a n de A r g u i j o , exactamente el núm. 318 de l a edición de Beatriz C h e n o t y Máxime
Chevalier: "Farfán: diéronle u n día el caldo y l a ración a comer,
sin ante n i postre, y dijo: — S i n ser Dios, n o ten[go] p r i n c i p i o n i
fin" . E l chiste d e l maestro agustino, corriente entre los frailes
31
32
adoración d e l d e m o n i o de u n a s o c i e d a d secreta a l e m a n a d u r a n t e l a E d a d
M e d i a . Véanse las p p . 117-119.
Anotación de F e r n a n d o C a b o A s e g u i n o l a z a a su edición de La vida del
Buscón, Crítica, B a r c e l o n a , 1993, p. 69. E l crítico cita l a e n t r a d a ante d e l Tesoro de la lengua castellana o española, p. 124.
Cuentos recogidos por Juan de Arguijo y otros, Diputación P r o v i n c i a l , Sevilla, 1979, p. 142. L a c o n e x i ó n e n t r e e l c u e n t o de A r g u i j o y e l pasaje d e l Buscón h a sido señalada p o r M Á X I M E C H E V A L I E R e n su ensayo " C u e n t e c i l l o s y
chistes t r a d i c i o n a l e s e n l a o b r a de Q u e v e d o " , NRFH, 25 (1976), 17-44. V e a 3 1
3 2
NRFH, XLVi
EL DOMINE CABRA DEL "BUSCÓN"
59
y los estudiantes, c o m b i n a lo c u l i n a r i o y l o teológico mediante
la utilización ingeniosa de la dialogía.
L a noción de eternidad del Ser divino, a l a que aluden los textos de Quevedo y el de A r g u i j o , se atestigua ya e n l a Sagrada
Escritura y se desarrolla a través de algunos pensadores de l a
antigüedad (sobre todo San Agustín y Boecio) hasta encontrar
su síntesis doctrinal más p r o f u n d a en la Summa Theologiœ, tomista. Durante el siglo xvi, la idea se reelabora e n las Disputationes
Metaphysicce de Francisco Suárez . Básicamente, la eternidad de
Dios hay que entenderla c o m o u n a duración inmutable e interm i n a b l e , caracterizada p o r la perfecta posesión de la p l e n i t u d
del Ser, de la cual queda excluida l a sucesión que, al contrario,
m a r c a la trayectoria de la existencia terrenal. A h o r a b i e n , dado
que a l recibir las especies sacramentales los fieles asimilan, de
acuerdo c o n l a teología católica, l a presencia real de Cristo, es
lícito afirmar que l a comunión constituye u n a " c o m i d a eterna".
E l Evangelio de San J u a n nos p r o p o r c i o n a las bases de esta
interpretación cuando pone en b o c a del Salvador las siguientes
palabras: "Ego sum pañis vivus... Si quis manducaverit ex h o c
pane, vivet i n aeternum... Q u i manducat m e a m carnem, et bibit
m e u m sanguinem, habet vitam aeternam" (6, 51-52, 5 5 ) . H a y
33
34
se también d e l m i s m o autor, Quevedo y su tiempo: la agudeza verbal, Crítica,
B a r c e l o n a , 1 9 9 2 , y e n p a r t i c u l a r las p p . 1 2 0 - 1 2 1 .
S o b r e e l c o n c e p t o de eternidad consúltense las siguientes obras: B O E CIO, De Consolatione Philosophice, l i b r o 5 , p r o s a 6 , P L , t. 6 3 , p p . 8 5 8 - 8 6 2 ; S A N
A G U S T Í N , De Civitate Dei, l i b r o 1 1 , cap. 6 y l i b r o 1 2 , cap. 1 5 , P L , t. 4 1 , p p . 3 2 1 3 3
322
y 3 6 3 - 3 6 5 ; S A N T O T O M Á S DE A Q U I N O , Summa Theologiœ, l a , quœstio 1 0 , y
F R A N C I S C O SUÁREZ, Disputaciones metafísicas, eds. S. R a b a d e R o m e o , Salvador
C a b a l l e r o Sánchez y A n t o n i o P u i g c e r v e r Z a n ó n , G r e d o s , M a d r i d , 1 9 6 6 , t. 7 .
Léanse las secciones 3 y 4 de l a disputatio L .
U n f r a g m e n t o d e l E v a n g e l i o d e San J u a n se m e n c i o n a e n l a Introduction à la vie dévote d e S a n F r a n c i s c o d e Sales, q u e Q U E V E D O tradujo d e l f r a n cés p a r a restituir a ese "tesoro", " d e s f i g u r a d o " p o r u n a versión a n t e r i o r a i
castellano, su " p u r e z a " o r i g i n a l , c o m o d e c l a r a e l m i s m o escritor dirigiéndose
" a l p u e b l o católico c r i s t i a n o " ( Obras completas, t. 1, p. 1 7 4 2 ) . R e p r o d u c i m o s
a c o n t i n u a c i ó n e l texto salesiano y l a traducción d e d o n F r a n c i s c o : a) " L e
S a u v e u r a institué ce S a c r e m e n t très auguste d e l ' E u c h a r i s t i e q u i c o n t i e n t
réellement sa c h a i r et s o n sang, afin que qui le mange vive éternellement, c'est
p o u r q u o i , q u i c o n q u e e n use souvent avec dévotion affermit t e l l e m e n t l a santé et l a vie d e s o n âme, q u ' i l est p r e s q u e i m p o s s i b l e q u ' i l soit e m p o i s o n n é
d ' a u c u n e sorte d e mauvaise a f f e c t i o n " ( S A N FRANCISCO DE S A L E S , Œuvres, a l
c u i d a d o d e A n d r é Ravier, c o n l a colab. d e R o g e r Devos, G a l l i m a r d , B r u g e s ,
1 9 6 9 , p . 1 1 6 , las cursivas se r e f i e r e n a l pasaje d e S a n J u a n ) ; b) " E l Salvador
h a i n s t i t u i d o e l s a c r a m e n t o d e l a Eucaristía, q u e c o n t i e n e r e a l m e n t e su car3 4
60
FRANCESCO TARELLI
NRFK
XLVÍ
que advertir que la expresión "sin p r i n c i p i o n i fin" d e l Buscón
contiene u n eco de dos libros bíblicos, u n o veterotestamentario
(Isaías, 41, 4; 44, 6 y 48, 12) y el otro novotestamentario (Apocalipsis, 1, 8; 21, 6 y 22, 13). E n el p r i m e r o , a Dios se le atribuyen las cualidades de "primus et novissimus" y en el segundo, las
de " A l p h a et O m e g a , p r i n c i p i u m et finis". L a última f o r m u l a
quiere indicar, mediante las letras inicial y final del alfabeto
griego, que el Señor, siendo infinito, abarca la realidad entera:
para citar la glosa de San A l b e r t o M a g n o , E l es el principium "a
quo sunt o m n i a creata" y el finis "ad q u e m o m n i a sunt o r d i n a t a " . Estos subtextos nos p e r m i t e n d i l u c i d a r el mecanismo de
l a ironía quevediana: el adjetivo "eterna", aplicado a l a c o m i d a
del pupilaje, contrasta marcadamente c o n el pasto consagrado
de la comunión y el uso d e l privativo " s i n " y de l a conjunción
negativa " n i " , antepuestos p o r lo general a " p r i n c i p i o " y " f i n "
para definir el concepto de eternidad, revelan aquí la ausencia
completa de lo escatologico (en l a acepción elevada d e l términ o ) . E l simbolismo eucaristico, que el episodio d e l refectorio
encierra de m a n e r a algo hermética, se evidencia e n otra escen a paralela, c o m o veremos más adelante.
Después de tal episodio, ocurre u n incidente e n apariencia
trivial pero que a l a luz de lo d i c h o adquiere cierto relieve. Nos
referimos al m o m e n t o e n que Pablos pide de beber y j u r r e , el
vizcaíno, le i m p i d e satisfacer l a sed: "y diéronme u n vaso c o n
agua; y no le hube b i e n llegado a la boca, cuando, c o m o si fuera lavatorio de comunión, me le quitó el m o z o espiritado que dije"
(pp. 38-39). E l fragmento m e n c i o n a explícitamente l a ceremonia del lavatorio que consiste en l a ablución de los dedos que practica el sacerdote después de haber preparado el cáliz, durante
el ofertorio de l a misa. Aquí l a persona que interfiere es u n
"mozo espiritado", es decir, "posseído d e l espíritu m a l i g n o " , expresión equivalente a "estar endiablado u e n d e m o n i a d o " según
el Diccionario de Autoridades^.
35
n e y su sangre, p a r a q u e q u i e n le c o m e viva e t e r n a m e n t e . P o r esto c u a l q u i e r a que le usa a m e n u d o y c o n d e v o c i ó n fortalece de m a n e r a l a s a l u d y
l a v i d a de su a l m a , q u e es casi i m p o s i b l e sea e m p o n z o ñ a d o de n i n g u n a suerte de m a l a afición o d e p r a v a d o i n t e n t o " (pp. 1794-1795).
A L B E R T O M A G N O , Opera Omnia, a l c u i d a d o de A u g u s t e B o r g n e t , L .
Vives, París, 1890, t. 38, p. 488.
E d . cit., t. 2, p p . 607-608. Q U E V E D O u t i l i z a e l término espiritado c o n e l
significado de " e n d e m o n i a d o " también e n e l C a n t o s e g u n d o d e l " P o e m a
h e r o i c o de las necedades y locuras de O r l a n d o " : ' Y d i c i e n d o , y h a c i e n d o , y
3 5
3 6
NRFH, X L V I
E L D O M I N E CABRA D E L " B U S C Ó N "
61
E l pasaje de l a cena contiene de nuevo l a referencia a l a comunión desacralizada y esta vez el protagonista es el m i s m o l i cenciado cabruno: "Llegó l a h o r a de cenar... cenamos m u c h o
menos, y no carnero, sino u n p o c o d e l n o m b r e d e l maestro: cabra
asada' (p. 40). A l clérigo, "maestro" de gramática, se le describe c o m o si fuera Cristo, el "Maestro", rodeado de sus discípulos; l a cena nos trae inmediatamente a l a m e m o r i a l a U l t i m a
C e n a bíblica y el acto de c o m e r l a carne d e l "maestro", l a Eucaristía, e n que ocurre l a transubstanciación, o sea el cambio d e l
pan y d e l vino en el cuerpo y sangre de Jesucristo. Pero aquí el
banquete místico está completamente invertido: el alimento que
se come es l a "cabra asada" d e l d e m o n i o , l a carne d e l r u m i a n te cocida c o n el fuego, que evoca l a imagen d e l infierno. A r n o l d
R o t h e , además de notar las alusiones eucarísticas que hemos
escudriñado y su f o r m a "abiertamente blasfémica", concluye:
"Pero c o m o el licenciado C a b r a m i s m o participa en l a cena, él
se come e n cierta m a n e r a a sí m i s m o . . . " . Nótese que el narrad o r p o n e el acento en que l a c o m i d a no es carnero, a n i m a l que
en el simbolismo cristiano es el e m b l e m a d e l sacrificio de Cristo p a r a l a salvación de l a h u m a n i d a d , ya que "le bélier sacrifié
à l a place d u Fils obéissant devienne u n e figure d u divin C r u cifié; q u ' o n symbolise j u s q u ' a u buisson o ù l ' u n embarasse ses
cornes, p o u r y voir les branches d'épines d o n t l'autre daigna se
laisser c o u r o n n e r . . . " . H a y otra referencia al carnero en u n
pasaje anterior d e l Buscón d o n d e C a b r a distribuye a cada u n o
3 7
38
e n v o l a n d a s , / salta sobre e l c a b a l l o y a r r e m e t e / c o n acciones furiosas y
n e f a n d a s , / y c o m o espiritado matasiete" ( Obra poética, e d . J . M . B l e c u a , Castalia, M a d r i d , 1969-1981, t. 3, p. 443, w . 345-348). E l v e r b o espiritar aparece
e n La culta latiniparla: " C o n q u e e n m u y p o c o t i e m p o , s i n maestro, p o r sí sola,
c u a l q u i e r m u j e r se p u e d e espiritar de l e n g u a j e y hacerse enfadosa, c o m o si
t o d a s u v i d a l o h u b i e r a sido, q u e los p r o p i o s d i a b l o s n o l a p u e d a n sufrir; y
es p r o b a d o " (Obras completas, t. 1, p. 4 2 1 ) ; y e l sustantivo espíritus se e m p l e a
e n La fortuna con seso y la hora de todos: " A l r u i d o salió e l m a r i d o , y viéndola,
creyó q u e e r a n espíritus q u e se le habían revestido, y partió de c a r r e r a a l l a m a r q u i e n l a c o n j u r a s e " (Obras completas, t. 1, p. 262, las cursivas s o n mías).
" C o m e r y b e b e r e n l a o b r a de Q u e v e d o " , Quevedo in perspective, e d . J .
I f f l a n d j u a n de l a C u e s t a , N e w a r k , D E , 1982, p. 213.
M . L ' A B B É A U B E R , Histoire et théorie du symbolisme religieux avant et depuis
le christianisme, F e c h o s et L e t o u z e y , Paris, 1884, t. 2, p. 86. L o u i s B R É H I E R t a m b i é n señala q u e "à l a place de l ' a g n e a u o n trouve parfois le bélier q u i a sa
d o u b l e s i g n i f i c a t i o n . U n s a r c o p h a g e r o m a i n représente l a séparation des
b o u c s et des béliers, mais le bélier est aussi l a figure d u C h r i s t et c'est le rôle
q u ' i l a déjà dans le sacrifice d ' A b r a h a m ; ses c o r n e s s o n t c o m p a r é e s à l a c o u 3 7
3 8
NRFH, X L V I
FRANCESCO TARELLI
62
de los estudiantes: "tan p o c o carnero, que, entre lo que se les
p e g ó a las uñas y se les quedó entre los dientes, pienso que se
consumió todo, dejando descomulgadas las tripas de participantes" (p. 37). Américo Castro explica que "la excomunión de
participantes era l a que caía sobre quienes trataban c o n u n excom u l g a d o " y B . W . Ife precisa que "the e x c o m m u n i c a t e may
not take part i n H o l y C o m m u n i o n a n d so will receive n o t h i n g
t h r o u g h the m o u t h , a n d , as Quevedo says, all the meat went n o
further than the teeth a n d fingernails" . L a mención de l a "descomunión" y l a n o ingestión d e l carnero reafirman l a naturaleza diabólica d e l dómine. L a continuación de l a segunda
escena d e l refectorio es significativa: " M i r e v. m . si inventara el
diablo tal cosa. —«Es cosa saludable» —decía— «cenar poco, para
tener el estómago desocupado»; y citaba u n a retahila de médicos infernales' (p. 40). Aquí el texto asocia claramente a C a b r a
con el d e m o n i o , asociación que se repite p o c o después: "Mas
ordenólo el diablo de otra suerte, p o r q u e tenía u n a [melecina]
que había heredado de su padre, que fue boticario" (pp. 43-44).
San J u a n Crisóstomo, u n o de los Padres de l a Iglesia a q u i e n
Quevedo cita c o n m u c h a f r e c u e n c i a , e n varios sermones c o n d e n a el pecado de l a avaricia y p a r a n g o n a a los avaros a los
"daemoniaci", c o m o p o r ejemplo e n l a homilía 81: "Vultis i n
médium adducamus d e m o n i a c o s et avaros, et utrosque c o m p a r e m u s ? " . San G r e g o r i o M a g n o d i c t a m i n a que e l "antiquus
hostis", alias el diablo, tentó a l p r i m e r h o m b r e c o n l a "gula,
vana gloria et a v a r i t i a " y para describir l a c o d i c i a usa l a metáfora d e l f u e g o .
39
40
41
42
43
44
r o n n e d'épines et c'est p o u r cette r a i s o n q u ' i l o r n e les m o n u m e n t s les plus
d i v e r s . . . " (L'art chrétien: son développement iconographique des origines à nos jours,
H . L a u r e n s , Paris, 1918, p. 70).
A n o t a c i ó n a El Buscón, Espasa-Calpe, M a d r i d , 1967, p. 36.
A n o t a c i ó n a su e d i c i ó n c i t a d a d e La vida del Buscón, p. 205.
Véase SAGRARIO L Ó P E Z P O Z A , " Q u e v e d o y las citas patrísticas", BBMP, 67
(1991), 75-156
Commentarius in Sanctum Nlatthœum Evangelistam, a l c u i d a d o de J . P .
M i g n e , París, 1857-1866, t. 58, p. 734.
Homiliarum in Evangelia, P L , t. 76, p. 1136.
" V e n t e r q u i p p e i n i q u i avaritia est, q u i a i n ipsa c o l l i g i tur q u i d q u i d
perverso d e s i d e r i o g l u t i t u r . L i q u e t v e r o q u i a avaritia desideratis r e b u s n o n
e x s t i n g u i t u r , sed a u g e t u r . N a m m o r e ignis c u m l i g n a quae consumât accep e r i t , accrescit; et u n d e v i d e t u r a d m o m e n t u m fiamma c o m p r i m i , i n d e p a u lo post c e r n i tur d i l a t a r i " (Moralium Libri, P L , t. 75, p. 1093).
3 9
4 0
4 1
4 2
4 3
4 4
NRFH,
XLVI
EL DÓMINE CABRA D E L "BUSCÓN"
63
E l n a r r a d o r t e r m i n a el retrato de C a b r a c o n u n a definición
conceptista que da al personaje u n valor arque típico: el l i c e n ciado "era archipobre y protomiseria" (p. 34). E n cuanto al
segundo epíteto, l a palabra miseria significa n o sólo l a pobreza
extremada, amplificación semántica d e l p r i m e r término, sino
también l a codicia, c o m o nos i n f o r m a Covarrubias: " E n nuestro
castellano algunas vezes vale estrecheza o a v a r i c i a " . E n Virtud
militante el avaro es definido "discípulo de J u d a s " (p. 172), el
cual, para Quevedo, continuador de la tradición bíblica y patrística, es el "maestro" de ese vicio, el protoavaro. E l Evangelio de
San J u a n establece l a conexión entre el apóstol y el diablo: Cristo revela l a traición d e l Iscariote dándole el p a n mojado y, en
las palabras d e l evangelista, "post b u c c e l l a m , introivit i n e u m
Satanás" (13, 27). San J u a n Crisóstomo también i m p u t a a Judas
el ser e l exemplum de la avaricia y así amonesta a los avaros:
" A u d i t e omnes avari, quijudae m o r b o laboratis; audite et cavete vobis ab illo m o r b o " y en l a homilía 28 asimila a los endemoniados a Judas: " Q u i d e n i m tale faciunt daemoniaci omnes,
quale ausus est Judas, extremam aggressus i n i q u i t a t e m ? " .
Entonces, l a figura de Judas reúne e n sí, de m a n e r a particularmente marcada, l a avaricia y lo demoníaco y esta doble pecul i a r i d a d sugiere l a p o s i b i l i d a d de que haya sido el m o d e l o para
la creación d e l licenciado C a b r a . Quevedo m e n c i o n a n u m e r o sísimas veces al apóstol traicionero, tanto e n sus obras e n prosa c o m o e n su poesía, p r u e b a de su p r o f u n d o interés p o r los
aspectos emblemáticos de l a personalidad d e l Iscariote. A l g u nos pasajes r e m i t e n directamente al Evangelio de San J u a n , p o r
ejemplo los siguientes:
45
46
¿Queréis ber quán sumamente perverso es el avariento? Pues atended a que luego que reziuió de la mano de Christo el regalo en
la zena al instante reziuió a Satanás en su alma... Mirad lo que
junta en su corazón: disposición halageña para el arrepentimiento, i la grazia, i demonio, i infierno. Literalmente entiendo
deste lugar que abren la voca a la mano de Dios, i juntamente el
corazón a Satanás (Virtud militante, p. 173).
Y con ser Cristo el señor del banquete, y él mismo la comida, y sus
apóstoles los convidados —en la mesa más sagrada y de mayores
Op. cit, p. 807. E l Dice. Aui. también a f i r m a q u e m i s e r i a " s i g n i f i c a assim i s m o avaricia, m e z q u i n d a d y d e m a s i a d a p a r s i m o n i a " .
Commentarius in Sanctum Matthceum Evangelistam, P G , t. 58, p. 727 y
t. 57, p. 356.
4 5
4 6
64
NRFH,
FRANCESCO TARELLI
XLVI
misterios, y donde se instituyó el Sacramento por excelencia, la
Eucaristía, que es don de la gracia, se entró Satanás en el corazón
de Judas (Política de Dios y gobierno de Cristo).
E l más sagrado convite que vieron la tierra y el cielo fue el de la
cena de Cristo; y cuando Dios y Hombre sacramentado se entraba por las bocas de sus discípulos, se entró Satanás en el corazón
de Judas (La constancia y paciencia del Santo Job) .
47
Judas aparece también e n el Buscón, a propósito de los robos
de Pablos: ' Y o era el despensero Judas, que desde entonces
hereda no sé qué a m o r a l a sisa este oficio" (p. 76). Además,
uno de los rasgos fisiognómicos d e l licenciado Cabra es el "pelo
bermejo" (p. 32), color que e n l a sociedad española de los siglos
xvi y X V I I daba a u n a persona u n a "caracterización m o r a l . . . globalmente perversa" c o m o escribe F e r n a n d o González O l l é , y
que la tradición p o p u l a r atribuía a Judas: " R u b i c u n d o era Judas
el traidor: n i m u j e r n i h o m b r e , n i p e r r o n i gato de aquella
c o l o r " . E l m i s m o Q u e v e d o , e n u n soneto titulado " A Judas
Iscariotes, ladrón n o de p o q u i t o " , observa c o n sarcástica c o m placencia: " B i e n está l o bermejo a lo a h o r c a d o " . S i l a avaricia
y e l a m o r al d i n e r o p o r parte d e l apóstol f u e r o n los móviles de
l a traición y l a consiguiente muerte de Cristo, el dómine C a b r a
es el más fiel "discípulo" de Judas ya que su ciega c o d i c i a determ i n a el fallecimiento de u n "pobre mozo". E l "platicante", llam a d o para asistir al m o r i b u n d o , c o n f i r m a que " l a h a m b r e le
había ganado p o r l a m a n o e n matar aquel h o m b r e " (p. 46). Esa
hambre que, según e l narrador, C a b r a "parecía que tenía p o r
pecado el matarla" (p. 50), mata a u n a víctima inocente de l a
avaricia. P o r consiguiente se podría afirmar que el clérigo es el
verdadero "despensero Judas" d e l Buscón, y no Pablos, que r o b a
para sobrevivir. C u a n d o e l estudiante ve l a hostia sacramenta48
49
50
Obras completas, t. 1, p p . 619 y 1488.
48 "Fisiognómica d e l c o l o r r o j i z o e n l a l i t e r a t u r a española d e l S i g l o de
O r o " , RLit, 43 (1981), p. 153.
Refranero general ideológico español, p. 646.
Obra poética, t. 2, p . 22, v. 5. Q U E V E D O se refiere a l c o l o r " b e r m e j o " y su
asociación c o n J u d a s también e n El sueño del infierno o Las zahúrdas de Plutón.
C u a n d o u n o de los alguaciles p r o t e s t a c o n t r a e l castigo q u e le i n f l i g e n los
d i a b l o s p o r h a b e r v e n d i d o " a l j u s t o " , e l n a r r a d o r d i c e e n t r e sí: "—¿Al j u s t o
vendistes? Este es J u d a s . Y llegúeme c o n c o d i c i a de ver si e r a b a r b i n e g r o o
bermejo, c u a n d o le c o n o z c o , y e r a u n m e r c a d e r , q u e p o c o antes había m u e r t o " (Obras completas, t. 1, p. 164).
4 7
4 9
5 0
NJRFH, X L V I
E L DÒMINE CABRA DEL "BUSCÓN"
65
da — " e l Sacramento"— que alguien le administra, p r o n u n c i a
unas palabras reveladoras: "Señor mío Jesucristo, necesario h a
sido el veros entrar e n esta casa para persuadirme que n o es e l
infierno" (p. 46). Estas palabras insisten e n l a antítesis entre los
aspectos infernales d e l pupilaje y d e l p u p i l e r o que lo dirige y l a
Eucaristía, de m o d o que l a parte conclusiva d e l capítulo 3 d e l
l i b r o p r i m e r o del Buscón representa lo sagrado versus lo satánico, lo cual es el leitmotiv de todo el episodio del licenciado Cabra.
A l c o n c l u i r nuestro análisis, resulta evidente que l a elección
del n o m b r e Cabra tiene m u c h o más que ese "algo de adrede i n dicativo" señalado p o r Spitzer. L a lectura de las isotopías denotativas y connotativas d e l texto nos h a p e r m i t i d o descubrir l a
presencia de claves simbólicas subyacentes, cuyo desciframiento es esencial para c o m p r e n d e r a f o n d o el personaje quevedian o y l a compleja estrategia narrativa d e l escritor. E l intento
artístico de Quevedo n o h a sido simplemente caricaturizar l a
figura del avaro, sino más b i e n mostrarnos l a naturaleza diaból i c a de la "peste" de l a avaricia, p o r m e d i o de u n proceso de
inversiones de símbolos y valores, sobre todo de los de l a tradición cristiana. A l a m a n e r a de los emblematistas d o n Francisco h a pintado el retrato d e l arquetipo d e l avaro e n d e m o n i a d o ,
que h a h e c h o de l a enseñanza de Judas su única religión y
m o d e l o de vida.
51
FRANCESCO TARELLI
T h e U n i v e r s i t y o f N e b r a s k a at L i n c o l n
Véase e l artículo de H É C T O R E . C I O C C H I N I , " Q u e v e d o y l a c o n s t r u c c i ó n
d e imágenes emblemáticas", RFE, 48 (1965), 393-405.
5 1

Documentos relacionados