António Carreto Fidalgo - Universidade da Beira Interior

Transcripción

António Carreto Fidalgo - Universidade da Beira Interior
Universidade
da
Beira
Interior
UBI
UM
NOVO
PATAMAR
PROGRAMA
DE
ACÇÃO
PARA
2009‐2013
Candidatura
a
Reitor
de
António
Carreto
Fidalgo
Covilhã
e
UBI,
28
de
Fevereiro
de
2009
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
Índice
0‐
Introdução
3
1‐
Onde
estamos
4
2‐
Onde
queremos
chegar
6
3‐
O
que
devemos
fazer
8
3.1‐
Promover
um
ambiente
de
estudo
8
3.2‐
Fortalecer
a
identidade
da
UBI
10
3.3‐
Garantir
as
áreas
científicas
nucleares
14
3.4‐
Investir
na
pós‐graduação,
2º
e
3º
ciclos
15
3.5‐
Dinamizar
o
Instituto
Coordenador
de
Investigação
17
3.6‐
Criar
uma
equipa
reitoral
coesa,
com
uma
distribuição
clara
de
tarefas
18
3.7‐
Elaboração
atempada
dos
regulamentos
19
3.8‐
Reforçar
o
papel
do
administrador,
reorganizar
os
serviços
20
3.9‐
Cooperação
estreita
e
leal
com
a
AAUBI
e
o
Provedor
dos
Estudantes
22
3.10‐
Dar
o
máximo
apoio
aos
Serviços
de
Acção
Social
da
UBI
23
3.11‐
Empenho
no
Parkurbis
23
4‐
Como
o
devemos
fazer
25
2
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
Introdução
UBI,
UM
NOVO
PATAMAR
Um
programa
de
acção
requer,
antes
de
mais,
que
se
saiba
onde
estamos
e
que
determinemos
onde
queremos
chegar.
Se
não
se
conhecer
a
rea‐
lidade
de
onde
partimos,
fácil
se
torna
cair
em
irrealismos,
que
podem
ser
muito
prejudiciais
à
instituição.
Por
outro
lado,
não
menos
importante
é
a
definição
clara
dos
objectivos
que
se
pretendem
alcançar
no
longo,
médio
e
curto
prazo.
Sem
essa
definição
corre‐se
o
risco
de
cair
numa
gestão
rotineira,
de
amodorrar
no
quotidiano
e
até
de
desalentar
os
que
tra‐
balham
na
instituição.
Conhecido
o
ponto
de
partida
e
definido
o
ponto
de
chegada,
trata‐se
de
elencar
e
organizar
os
passos
a
dar,
as
medidas
a
tomar.
Ou
seja,
delinear
o
caminho,
de
forma
a
não
se
perder
no
percurso
e
a
não
des‐
baratar
recursos.
Cada
passo
dado,
cada
medida
tomada,
deve
ter
o
seu
momento
próprio
no
caminho
a
percorrer.
Tem
de
haver
uma
sequência
pensada
do
que
se
vai
fazer;
há
medidas
que
têm
de
ser
preparadas;
outras
medidas
que
têm
de
ser
ponderadas
nas
consequências
ou
efeitos
colaterais;
e,
por
fim,
tem
de
haver
sempre
margem
para
correcções.
O
caminho
exige
ousadia,
e
sobretudo
persistência,
mas
sem
nunca
esquecer
as
devidas
cautelas
a
tomar.
Com
isto
pretendo
dizer
que
ao
fazer
o
caminho
há
que
necessariamente
proceder
a
aferições
do
rumo
tomado.
É
que
medidas
tomadas
em
função
de
objectivos
unânimes
podem
vir
a
revelar‐se
contraproducentes
e
então
há
que
corrigi‐las.
Não
basta
dizer
o
que
se
vai
fazer,
também
há
que
dizer
como
se
vai
fazer.
Há
efectivamente
grandes
diferenças
nos
modos
como
se
levam
coisas
a
efeito.
Entre
impor
e
conseguir
consensos
no
que
respeita
a
medidas
a
tomar
pode
significar
uma
diferença
radical
e
até
vital
para
a
saúde
de
uma
instituição.
Trabalhar
com
a
participação
de
todos,
cada
um
assumindo
as
devidas
responsabilidades,
será
certamente
a
melhor
forma
de
levar
a
cabo
as
acções
previstas.
Um
novo
ciclo
se
abre
na
vida
da
UBI.
Os
novos
Estatutos
e
a
alteração
do
modelo
de
governação
académica
a
isso
obrigam.
Não
basta,
contudo,
alterar
as
formas
e
manter‐se
tudo
o
mais
na
mesma.
É
preciso
que
o
novo
ciclo
introduza
uma
mudança
de
atitude,
de
mais
trabalho,
de
mais
coesão
e
de
mais
profissionalismo.
O
novo
reitorado
é
a
oportunidade
de
a
UBI
atingir
um
novo
patamar
de
qualidade
académica.
3
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
1‐
Onde
estamos
1.1‐
A
carta
enviada
pelo
Reitor
Santos
Silva
em
9
de
Janeiro
de
2009
ao
Ministro
da
Ciência
e
do
Ensino
Superior
sobre
o
Orçamento
da
UBI
para
2008/2009,
cuja
cópia
distribuiu
gentilmente
aos
Presidentes
das
Faculdades
em
reunião
de
29
de
Janeiro,
traça
um
quadro
preciso
do
estado
da
UBI.
Dos
6164
alunos
matriculados
80%
são
deslocados
e
38%
(2300)
são
bolseiros.
Para
os
6000
alunos
de
1º
e
2º
ciclos
a
UBI
dispõe
apenas
de
443
docentes
ETI.
Em
quadros
anexos
à
carta
o
Reitor
mostra
como
nos
últimos
anos,
em
particular
de
2006
para
cá,
o
“Orçamento
de
Estado
transferido
se
tem
afastado
cada
vez
mais
do
cumprimento
com
as
despesas
de
pessoal”.
A
UBI
dispõe
de
um
financiamento
por
aluno
de
3679
euros
“que
é
dos
mais
baixos
a
nível
nacional”.
A
UBI
transitou
de
2008
para
2009
com
um
saldo
negativo
de
1,6
milhões
de
euros
e
no
orçamento
de
2009
faltam
cerca
de
5
milhões
de
euros.
Mas
a
carta
do
Reitor
não
se
limita
a
expor
dificuldades,
mostra
também
o
quanto
a
UBI
cresceu,
se
consolidou
e
se
tornou
num
importante
factor
de
desen‐
volvimento
para
a
região.
De
facto,
as
dificuldades
orçamentais
que
a
UBI
atravessa,
aliás
como
todo
o
ensino
superior
em
Portugal,
não
podem
obliterar
o
enorme
sucesso
que
a
UBI
constitui.
Ao
invés
de
outras
universidades,
a
UBI
soube
crescer
sempre
no
número
de
alunos
e
nas
áreas
de
saber
leccionadas.
Com
as
5
Faculdades
cobre
as
áreas
mais
relevantes
do
ensino
e
da
inves‐
tigação
universitários
e
apresenta‐se
como
uma
universidade
bem
dimen‐
sionada
e
de
configuração
harmoniosa.
Não
existem
faculdades
de
enorme
dimensão
ao
lado
de
outras
de
reduzida
dimensão.
Existe
entre
elas
um
bom
equilíbrio
de
número
e
a
sua
divisão
epistemológica
também
se
apresenta
em
sintonia
com
a
arquitectura
tradicional
das
áreas
univer‐
sitárias,
tal
como
se
verifica
nas
universidades
de
referência
pelo
mundo
fora.
A
UBI
é
uma
universidade
na
acepção
plena
do
termo,
tal
como
este
vem
sendo
cunhado
ao
longo
de
8
séculos
de
história.
A
UBI
continua
a
ser
a
universidade
pública
mais
pequena,
com
menor
número
de
alunos
no
Portugal
continental,
e
isso
é
eo
ipso
uma
fraqueza.
A
sua
voz
junto
das
instâncias
ministeriais
nunca
poderá
ter
a
mesma
força
que
têm
as
grandes
universidades.
A
sua
situação
numa
região
desertificada
com
apenas
9
deputados
(Castelo
Branco
+
Guarda)
confere‐
lhe
também
pouco
peso
político
a
nível
parlamentar.
É
verdade
que
a
pequena
dimensão
possibilitou
à
UBI
uma
maleabilidade
e
capacidade
de
adaptação
invejáveis,
nomeadamente
na
criação
e
encerramento
de
4
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
cursos.
Porém,
continuar
a
crescer
é
de
vital
importância
para
a
conso‐
lidação
institucional
e
científica.
A
UBI
também
tem
fragilidades,
que
não
se
traduzem
em
números,
e
que,
em
parte,
se
prendem
com
as
suas
origens
de
politécnico
e
com
a
sua
juventude.
Em
certos
sectores
mais
antigos
da
UBI
estabeleceu‐se
um
clima
de
falta
de
exigência,
sobretudo
no
que
concerne
à
investigação,
que
só
aos
poucos
vai
desaparecendo.
E
também
a
juventude
da
UBI
explica
certas
fragilidades,
como
seja
não
ter
o
quadro
de
catedráticos
preenchido
sequer
a
50%,
ou
não
haver
ainda
equipas
consolidadas
de
investigação.
1.2‐
A
convulsão
legislativa
que
o
ensino
superior
português
tem
vivido
nos
últimos
anos,
nomeadamente
a
adaptação
abrupta
a
Bolonha
e
a
apli‐
cação
do
RJIES,
bem
como
a
extinção
do
modelo
de
avaliação
do
CNAVES
e
a
criação
da
Agência
de
Avaliação
e
Acreditação
do
Ensino
Superior,
bem
assim
como
os
constrangimentos
financeiros
a
que
as
universidades
e
os
politécnicos
têm
sido
sujeitos
nos
últimos
anos,
em
particular
o
paga‐
mento
de
11%
para
a
Caixa
Geral
de
Aposentações,
criaram
factores
de
instabilidade
e
de
perturbação
ao
normal
funcionamento
académico
das
instituições.
Não
será
exagerado
dizer
que
o
ensino
superior
tem
vivido
nos
anos
mais
recentes
um
autêntico
PREC.
Ora
isso
é
prejudicial
à
pros‐
secução
dos
fins
próprios
das
instituições,
o
estudo,
o
ensino
e
a
inves‐
tigação.
Por
outro
lado,
ao
ciclo
de
crescimento
explosivo
da
década
de
90
em
número
de
alunos,
de
instituições
e
de
cursos,
seguiu‐se
na
primeira
déca‐
da
deste
século
um
decréscimo
significativo
de
candidatos
ao
ensino
supe‐
rior,
que
conduziu
ao
encerramento
de
cursos
e
até
de
várias
instituições
privadas.
Ou
seja,
o
contexto
geral
em
que
a
UBI
se
encontra
é
o
de
uma
fase
longa
e
perturbada
de
evolução
do
ensino
superior
em
Portugal.
1.3‐
Mesmo
a
nível
mundial
encontramo‐nos
numa
fase
de
mudanças
pro‐
fundas
no
ensino
superior.
Se
neste
se
jogava
e
ainda
joga
uma
importante
cartada
de
afirmação
nacional,
hoje
ele
representa
também
uma
importantíssima
actividade
económica
à
escala
mundial.
Centenas
de
milhares
de
estudantes
deslocam‐se
hoje
por
todo
o
mundo,
buscando
as
melhores
universidades
e
investindo
nessa
busca
enormes
recursos
financeiros
e
energias
pessoais.
A
competição
por
professores
e
alunos
está
a
deixar
de
ser
simplesmente
nacional,
para
passar
a
ser
inter‐
nacional.
Junto
à
fronteira
de
Espanha
a
UBI
compete
já
hoje,
sobretudo
5
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
nos
doutoramentos,
com
universidades
espanholas
como
Salamanca
e
Extremadura.
Aqui
importa
que
o
fluxo
não
seja
apenas
de
um
sentido
só,
de
Portugal
para
Espanha,
mas
que
a
internacionalização
inclua
também
o
sentido
de
Espanha
para
Portugal.
2‐
Onde
queremos
chegar
A
meta
a
atingir
é
a
de
uma
universidade
de
grande
qualidade,
com
depar‐
tamentos
e
unidades
de
investigação
reconhecidos
e
respeitados
pelos
congéneres
nacionais
e
estrangeiros,
com
um
ensino
exigente
e
uma
inquestionável
formação
cultural,
científica
e
tecnológica
dos
estudantes.
A
UBI
que
pretendemos
é
uma
UBI
que
seja
a
primeira
escolha
de
muitos
dos
melhores
alunos
de
Portugal,
do
Interior
e
do
Litoral,
de
alunos
com
elevadas
médias
de
ingresso.
Uma
UBI
que
tenha
professores
associados
e
catedráticos
de
outras
universidades
portuguesas
e
estrangeiras
a
con‐
correr
aos
seus
lugares
de
professores
associados
e
catedráticos,
é,
enfim,
uma
UBI
que
seja
ela
mesmo
meta
para
estudantes
e
professores.
Sonhar
é
fácil
e
podemos
sonhar
a
UBI
como
um
MIT,
ou
outra
univer‐
sidade
de
referência
mundial,
com
milhares
de
milhões
de
fundos
finan‐
ceiros
e
com
prémios
Nobel
entre
os
seus
professores,
mas
já
não
será
sonho,
antes
objectivo
bem
concreto,
adoptar
os
princípios
e
as
regras
seguidos
nas
melhores
universidades:
garantir
a
liberdade
de
ensinar
e
investigar,
premiar
o
mérito
científico
e
pedagógico,
estabelecer
critérios
transparentes
e
públicos
de
avaliação
de
alunos
e
professores,
recusar
qualquer
tipo
de
paroquialismo
e
compadrio
em
concursos
e
nomeações,
combater
a
endogamia.
O
que
queremos,
pois,
de
forma
clara
e
simples,
é
uma
universidade
que
paute
a
sua
acção
pelos
mais
elevados
critérios
de
qualidade
académica.
O
significado
de
mérito
e
transparência
deve
ser
o
mesmo
aqui
e
nessas
universidades,
pelo
que
nunca
será
de
admitir
que,
aplicando
as
mesmas
regras,
os
resultados
de
um
concurso
ou
de
uma
avaliação
na
UBI
sejam
diferentes
de
um
concurso
ou
de
uma
avaliação
realizados
lá.
Queremos
uma
universidade
que,
tirando
partido
da
sua
concentração
numa
pequena
cidade,
constitua
uma
comunidade
académica,
onde
físi‐
cos
dialoguem
com
economistas,
médicos
com
filósofos,
engenheiros
com
sociólogos,
informáticos
com
designers.
Ou
seja,
uma
universidade
onde
as
diferentes
áreas
do
saber
não
sejam
mónadas
isoladas,
antes
ele‐
mentos
de
troca
e
de
fertilização
de
saberes.
Há
universidades
de
grande
qualidade
em
pequenas
cidades
pelo
mundo
fora,
desde
as
de
Tübingen
e
6
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
Göttingen
na
Alemanha
às
jovens
e
dinâmicas
universidades
americanas,
onde
certas
cidades
vivem
para
as
universidades
que
alojam.
É
em
cadi‐
nhos
de
saber,
em
ambientes
de
estudo
intenso,
que
se
fundem
saberes,
se
experimentam
novas
abordagens
e
se
obtêm
novas
intelecções.
Queremos
uma
universidade
que
não
se
feche
sobre
si
mesma,
indi‐
ferente
à
sociedade
e
ao
mundo
envolvente,
antes
uma
universidade
que
seja
um
factor
decisivo
de
desenvolvimento
cultural,
social
e
económico
para
a
região
e
para
o
país.
Uma
universidade
que
seja
capaz
de
fomentar
e
alimentar
empresas
de
base
tecnológica,
de
serviços
avançados,
que
seja
um
pólo
de
inovação
capaz
de
transformar
a
Cova
da
Beira
numa
região
de
grande
potencial
humano,
tecnológico
e
económico.
O
ensino
superior
e
a
investigação
científica
não
podem
ser
um
simples
“jogo
de
pérolas
de
vidro”,
antes
veículos
de
uma
cidadania
mais
perfeita,
de
uma
sociedade
mais
justa
e
de
uma
economia
mais
próspera.
A
UBI
que
pretendemos
é
uma
universidade
que
promova
sem
tibieza
a
formação
humana
e
cultural
dos
que
nela
ensinam
e
aprendem,
os
incentive
na
participação
cívica,
os
dote
de
espírito
crítico
para
des‐
trinçarem
o
justo
do
injusto,
e
os
torne
cidadãos
do
mundo.
Uma
uni‐
versidade
que,
por
o
ser
na
sua
acepção
mais
rica,
entenda
que
é
de
todo
o
mundo
e
que
tudo
o
que
no
mundo
se
passa
lhe
não
é
estranho,
de
modo
a
incutir,
expressamente
e
por
osmose,
em
cada
universitário
o
ensinamento
de
Terêncio:
homo
sum;
humani
nihil
a
me
alienum
puto,
“sou
homem
e
nada
do
que
é
humano
considero
estranho
a
mim”.
Há
quem
considere
a
universidade
à
maneira
do
kubrickiano
Dr.
Stran‐
gelove,
lugar
de
pura
pesquisa
científica,
uma
instituição
virada
apenas
para
os
resultados
quantificáveis
e
comercializáveis,
sem
preocupações
humanísticas.
Mas
essa
não
é
a
universidade
que
queremos
e
que
os
Esta‐
tutos
da
UBI
preconizam
ao
estabelecer
como
um
dos
seus
grandes
objectivos
“contribuir
para
a
compreensão
pública
das
humanidades,
das
artes,
da
ciência
e
da
tecnologia,
promovendo
e
organizando
acções
de
apoio
à
difusão
da
cultura
humanística,
artística,
científica
e
tecnológica,
e
disponibilizando
os
recursos
necessários
a
esses
fins.”
Queremos,
por
fim,
uma
universidade
solidária,
desde
logo
com
todos
os
que
nela
estudam
e
trabalham,
que
acolha
em
seu
seio
os
mais
despro‐
tegidos
e
lhes
dê
o
apoio
social
necessário
a
um
bom
aproveitamento
escolar.
Desde
sempre
as
universidades
foram
um
meio
privilegiado
de
ascensão
social.
No
tempo
presente,
de
profunda
crise
económica,
mais
pertinente
se
torna
acentuar
o
eminente
papel
social
e
cultural
da
uni‐
versidade.
É
obrigação
cívica,
e
até
moral,
da
universidade
dar
e
distribuir,
7
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
por
todos
os
que
o
desejem,
os
saberes
que
ela
herdou,
que
cons‐
tantemente
recebe
de
todo
o
mundo,
e
que
procura
aumentar
pela
inves‐
tigação.
O
conhecimento
científico
é
um
dos
maiores
bens
que
a
huma‐
nidade
adquiriu
ao
longo
da
sua
história,
um
dos
instrumentos
mais
efi‐
cazes
para
combater
a
pobreza,
e,
por
isso,
nada
mais
próprio
e
digno
do
que
a
universidade
disponibilizar
esse
bem
a
toda
a
sociedade
e,
em
especial,
aos
mais
desfavorecidos.
3‐
O
que
devemos
fazer
3.1‐
Promover
um
ambiente
de
estudo
A
universidade
é,
antes
de
tudo
o
mais,
uma
comunidade
e
um
lugar
de
estudo,
de
professores
e
alunos.
De
pouco
vale
falar
de
“qualidade”
e
de
“excelência”,
ou
empregar
outros
epítetos
da
moda
como
“universidade
de
referência”
ou
“investigação
de
ponta”,
se
não
houver,
dito
de
forma
chã,
estudo.
Certas
pedagogias
e
demagogias
académicas
em
moda
apoucam
o
estudo
referindo‐se‐lhe
como
empinanço
ou
marranço.
São
tendências
infantilizadoras
da
educação,
da
universidade
e
até
da
sociedade,
que
pretendem
que
se
pode
aprender
a
brincar,
e
que
tudo
pode
ter
uma
versão
light.
Da
minha
experiência
colhida
em
universidades
estrangeiras
(Würzburg,
Colónia
e
Harvard),
o
que
reparei
é
que
a
dife‐
rença
de
base
relativamente
à
UBI
é
que
ali
se
estuda
muito
mais.
Assim,
a
medida
prioritária
e
permanente
a
tomar
será
a
de
promover
um
ambiente
de
estudo
sério,
entendendo
por
estudo
a
concentração
da
atenção
a
matérias
científicas
por
períodos
largos
de
tempo.
Pode‐se
perguntar
como
pode
o
reitor
promover
um
ambiente
de
estudo
quando
isso
é
algo
difuso,
intangível,
difícil
de
quantificar,
e
muito
mais
dependente
dos
hábitos
de
trabalho
de
professores
e
alunos.
Nor‐
malmente
evita‐se
enfrentar
directamente
o
problema
(o
pouco
estudo),
falando
do
que
é
tangível,
afirmando
por
exemplo
que
a
UBI
tem
exce‐
lentes
condições
de
trabalho,
bons
laboratórios,
bibliotecas
espaçosas
e
meios
informáticos
em
abundância.
Mas
há
uma
grande
diferença
entre
ter
boas
condições
de
estudo
e
ter
um
ambiente
de
estudo.
É
que
se
pode
estudar
pouco,
mesmo
dispondo
das
melhores
condições,
e
pode‐se
estudar
muito,
mesmo
em
deficientes
condições.
Existem
medidas
concretas
que,
a
meu
ver,
contribuem
para
criar
um
ambiente
de
estudo
e
um
clima
de
exigência.
8
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
3.1.1‐
Estabelecer
um
clima
de
silêncio
na
Biblioteca
Central
e
na
biblioteca
da
Carpinteira.
Reduzir
significativamente
o
número
dos
com‐
putadores
fixos
das
salas
de
leitura
e
configurar
os
que
restarem
para
que
sirvam
apenas
para
pesquisas
bibliográficas.
Não
permitir
o
trabalho
de
grupo
nas
salas
de
leitura.
As
bibliotecas
constituem
espaços
privilegiados
de
estudo
ao
ofe‐
recerem
um
ambiente
isolado,
onde
se
excluem
os
factores
de
dispersão
que
existem
em
casa
ou
noutros
lugares,
como
telefones,
televisão,
rádio
e
outras
solicitações.
Por
outro
lado,
o
estudo
é
contagioso.
A
melhor
forma
de
um
docente
ou
de
um
aluno
aguentar
duas
ou
três
horas
seguidas
de
estudo
seguido
é
fazê‐lo
na
companhia
de
colegas,
vendo
que
os
outros
também
ali
estão
e
que
também
eles
estudam.
Criar
uma
disciplina
de
silêncio
e
de
ambiente
de
trabalho
nas
bibliotecas
será
algo
que
exigirá
ao
princípio
o
empenho
dos
funcionários
da
biblioteca,
mas,
uma
vez
criado
esse
ambiente
de
silêncio
(que
existe,
por
exemplo,
na
biblioteca
central
da
Universidade
do
Minho,
sem
con‐
versas,
e
sem
toques
e
conversas
de
telemóvel),
o
ambiente
impor‐se‐á
por
si
aos
novos
utilizadores,
como
acontece
nas
boas
bibliotecas
univer‐
sitárias.
Deverá
haver
um
regulamento
de
frequência
das
bibliotecas
a
distribuir
por
todos
os
docentes
e
alunos.
O
incumprimento
das
normas
estabe‐
lecidas
deverá
ser
penalizado.
3.1.2‐
Criar
em
cada
pólo
da
universidade
uma
ou
mais
salas
de
estudo,
onde
os
alunos
possam
estudar
em
grupo.
Deverão
ser
salas
agradáveis,
com
um
mobiliário
confortável
(mesas,
cadeiras
e
poltronas),
aque‐
cimento
no
Inverno
e
ar
condicionado
na
Verão.
Os
docentes
que
assim
o
entenderem
ou
que
não
disponham
de
um
gabinete
individual
poderão
atender
os
alunos
ali.
Serão
pois
salas
com
um
ambiente
mais
informal
e
descontraído
que
as
salas
das
bibliotecas.
Estas
salas
deverão
ser
da
res‐
ponsabilidade
das
faculdades
e
nas
regras
do
seu
funcionamento
devem
ser
ouvidos
os
núcleos
de
estudantes
dos
cursos
que
delas
usufruem.
3.1.3‐
Criar
um
ambiente
de
respeito
pelas
aulas
que
se
encontram
a
decorrer
e
pedir
aos
alunos
que
nos
intervalos
desfasados
de
outras
salas
ao
lado
não
fiquem
à
conversa
nos
corredores.
Incutir
em
todos
os
membros
da
academia,
incluindo
os
funcionários,
que
há
uma
reli‐
giosidade
académica
que
não
deve
ser
perturbada.
3.1.4‐
Colocar
na
parte
exterior
de
cada
sala
de
aulas
o
respectivo
horário
semanal,
com
a
indicação
da
disciplina
e
do
docente
responsável.
Não
se
9
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
trata
de
vigiar,
mas
de
esclarecer
a
quem
passa,
e
esteja
interessado,
qual
a
cadeira
que
está
a
ser
leccionada
no
momento
e
qual
o
nome
do
docente.
Será
uma
forma
simples
de
os
alunos
e
outros
docentes,
mesmo
de
departamentos
diferentes,
ligarem
os
nomes
às
pessoas
e,
desse
modo,
conseguir
uma
maior
personalização
das
relações
dentro
da
uni‐
versidade.
O
respeito
referido
no
ponto
anterior
será
mais
fácil
de
con‐
seguir,
se
os
ocupantes
da
sala
de
aula
estiverem
identificados
e
não
forem
simplesmente
anónimos
estranhos.
3.1.5‐
Divulgar
por
todos
os
interessados,
da
forma
mais
simples
e
mais
efectiva
possível,
o
horário
de
atendimento
de
todos
os
professores,
com
a
indicação
do
local.
Na
página
pessoal
de
cada
docente
já
constam
neste
momento
as
disciplinas
que
lecciona,
bastará
acrescentar
o
horário
e
as
horas
de
atendimento.
3.1.6‐
Estimular
os
docentes
a
disponibilizarem
na
página
pessoal
os
pro‐
gramas
das
suas
disciplinas,
a
bibliografia
e
até
textos
seus
ou
outros
de
domínio
público
para
consulta.
Nenhuma
disciplina
de
uma
universidade
americana
de
referência
é
anunciada
hoje
em
dia
sem
o
respectivo
Syl‐
labus,
que
muitas
vezes
é
disponibilizado
em
formato
pdf.
É
verdade
que
isso
já
existe
na
UBI,
na
página
dos
Serviços
Académicos.
Mas
é
crucial
que
a
actual
esquizofrenia
entre
a
página
da
UBI,
da
responsabilidade
do
Gabinete
de
Relações
Públicas,
e
a
página
dos
Serviços
Académicos,
da
responsabilidade
destes,
–
como
se
fossem
feudos
online
–
termine
de
uma
vez
por
todas.
3.1.7‐
Tornar
claro
a
docentes
e
a
alunos
que
as
regras
são
para
cumprir
e
que,
portanto,
são
de
banir
situações
e
despachos
de
excepção
que,
por
se
repetirem
todos
os
anos,
se
tornam
também
em
norma.
Considero
que
este
pequeno
conjunto
de
regras
simples
e
directas
em
muito
contribuirá
para
promover
um
ambiente
de
estudo
e
de
trabalho.
A
exigência
e
o
rigor
do
trabalho
académico
passarão,
caso
não
sejam
termos
vazios,
também
pelo
respeito
e
cumprimento
destas
regras.
3.2
Fortalecer
a
identidade
da
UBI
A
importância
das
identidades
institucionais
é
cada
vez
mais
realçada
nos
estudos
de
caso
sobre
entidades,
organizações
e
empresas
de
sucesso.
O
capital
simbólico
associado
a
um
brand
ou
a
uma
marca
é
da
máxima
rele‐
vância
para
a
aceitação
e
o
impacto
de
um
produto,
de
uma
medida
ou
de
uma
actividade.
Com
as
universidades
passa‐se
o
mesmo.
É
verdade
que
10
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
neste
caso
a
idade
é
um
factor
fulcral
e
que
muitas
das
identidades
e
famas
universitárias
decorrem
dos
seus
séculos
de
vida,
caso
de
Bolonha,
Salamanca,
Coimbra
e
Heidelberg,
entre
outras.
Mas
hoje
assistimos
a
jovens
e
velhas
universidades
afirmando,
de
forma
muito
activa,
a
sua
identidade.
Uma
das
medidas
a
adoptar
nos
próximos
anos
é
o
fortalecimento
da
identidade
da
UBI,
começando
por
dentro,
isto
é,
criando
um
forte
sen‐
timento
identitário,
de
pertença
à
UBI,
de
todos
os
membros
da
comu‐
nidade
académica.
Há
várias
medidas
concretas
a
tomar
neste
campo,
nomeadamente
na
celebração
cíclica
dessa
pertença.
3.2.1‐
Introduzir
a
cerimónia
da
abertura
solene
do
ano
lectivo,
com
cor‐
tejo
académico
e
a
culminar
na
oração
de
sapiência.
Pode
haver
quem
considere
tais
cerimónias
um
folclore
académico
desajustado
do
tempo;
consideração
que,
em
meu
entender,
representa
uma
visão
extre‐
mamente
redutora
da
importância
e
do
valor
das
cerimónias.
Não
há
comunidade
alguma
que
se
afirme
e
se
reforce
sem
momentos
fortes
de
celebração
da
própria
identidade,
na
evocação
dos
seus
princípios
orien‐
tadores
e
nos
valores
determinantes
da
sua
acção.
Na
UBI
nunca
houve
uma
abertura
solene
das
aulas,
mas
importa
começar.
E
há
cerca
de
10
anos
que
na
UBI
não
se
faz
uma
“oração
de
sapiência”.
No
reitorado
de
Passos
Morgado
e
no
1º
mandato
de
Santos
Silva
houve
orações
de
sapiência,
tendo
eu
inclusive
feito
a
de
1996,
quando
se
celebrou
o
10º
aniversário
da
UBI.
Mas
nos
dois
últimos
man‐
datos
de
Santos
Silva
a
“oração
de
sapiência”
desapareceu
do
programa
do
dia
da
Universidade,
a
única
ocasião
em
que
tem
lugar
um
cortejo
aca‐
démico
na
UBI.
É
certo
que
o
Reitor
tem
de
aproveitar
os
momentos
solenes
da
academia
para
se
lhe
dirigir
de
viva
voz,
mas
juntar
esse
dis‐
curso
ao
discurso
do
Director
Geral
do
Ensino
Superior,
que
faz
a
repre‐
sentação
do
Ministro,
é
retirar
dessa
cerimónia
o
cariz
académico
que
a
mesma
deveria
primeiramente
assumir.
A
“oração
de
sapiência”
é
uma
celebração
da
ciência
que,
parafraseando
o
grande
Unamuno,
todos
ser‐
vimos
dentro
da
universidade.
A
coesão
da
UBI
também
passa
por
uma
vez
no
ano
a
academia
se
reunir
para
ouvir
a
lição
de
um
professor
de
uma
das
suas
faculdades,
em
sistema
rotativo.
3.2.2‐
Manter
a
celebração
do
dia
da
Universidade,
o
30
de
Abril,
nos
moldes
actuais,
com
a
distribuição
dos
prémios
de
mérito
aos
estudantes
e
os
prémios
de
carreira
a
docentes
e
funcionários.
11
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
3.2.3‐
Criar
uma
cerimónia
de
atribuição
de
diplomas
no
final
do
ano,
em
inícios
de
Junho,
com
cortejo
académico
e
o
envolvimento
de
toda
a
comunidades
académica.
Nessa
cerimónia
deveriam
integrar‐se
os
douto‐
ramentos
honoris
causa.
As
tradicionais
cerimónias
de
commencement,
de
atribuição
dos
diplomas,
com
que
as
universidades
americanas
terminam
o
ano
lectivo,
têm
em
Portugal
um
certo
correlato
na
cerimónia
religiosa
da
bênção
das
pastas,
na
medida
em
que
é
nessas
ocasiões
que
as
famílias
dos
estu‐
dantes
se
deslocam
às
universidades
para
celebrarem
a
conclusão
do
curso.
Na
UBI,
a
distribuição
dos
diplomas
é
feita
no
ano
a
seguir
ao
da
conclusão
do
curso,
num
acto
sem
brilho
e
que
não
envolve
verda‐
deiramente
a
comunidade
académica,
passando
mesmo
despercebida
por
esta.
Sem
pôr
em
causa
a
bênção
das
pastas,
cerimónia
já
arreigada
em
Por‐
tugal,
deverá
dignificar‐se
ao
máximo
a
cerimónia
da
atribuição
dos
diplomas,
tornando‐a
também
numa
festa
da
UBI.
Para
isso
basta
que
os
diplomas
de
pós‐graduação,
nomeadamente
os
de
doutoramento,
actualmente
atribuídos
em
30
de
Abril,
passem
para
a
cerimónia
da
con‐
cessão
dos
graus,
e
atribuir
também
na
mesma
ocasião
pelo
menos
um
doutoramento
honoris
causa.
A
UBI
tem
feito
escassíssimo
uso
da
concessão
de
doutoramentos
honoris
causa
quando
isso
é
um
instrumento
precioso
de
afirmação
iden‐
titária
para
o
interior
e
para
o
exterior
da
instituição.
Em
22
anos
de
exis‐
tência
a
UBI
atribuiu
apenas
7
doutoramentos
honoris
causa,
4
em
1995
ainda
com
o
Reitor
Passos
Morgado,
1
em
1999,
1
em
2001
e
o
último
em
2002!
É
uma
omissão
inexplicável
de
custos
elevados
para
a
imagem
da
universidade.
3.2.4‐
Organizar
regularmente
eventos
que
congreguem
a
academia,
como
ciclos
de
conferências,
saraus
culturais,
momentos
musicais,
sessões
de
debate,
aproveitando
para
tal
o
anfiteatro
à
entrada
da
biblioteca
central,
entre
outros
espaços
propícios
para
o
efeito.
Uma
universidade
é
muito
mais
do
que
a
rotina
das
aulas
e
é
indesmentível
que
neste
momento
a
UBI
se
deixou
cair
num
marasmo
de
aulas,
frequências
e
exames,
sem
iniciativas
deste
tipo.
3.2.5‐
Promover
em
conjunto
com
os
alunos
das
residências
universitárias
programas
de
palestras
e
actividades
culturais
em
cada
uma
delas,
dotando‐as
de
meios,
e
estimulando
os
professores
da
UBI
a
participarem
nessas
actividades.
12
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
3.2.6‐
Rentabilizar
os
espaços
sociais
existentes
na
UBI
para
promover
o
associativismo
entre
docentes
e
permitir
um
conhecimento
e
um
convívio
dos
docentes
das
diferentes
faculdades.
A
UBI
tem
excelentes
instalações
na
Casa
Melo
e
Castro
e
na
Quinta
da
Malufa
para
aí
criar
espaços
de
con‐
fraternização
de
professores.
A
utilização
de
tais
instalações
é
neste
momento
quase
nula,
fazendo
delas
pequenos
elefantes
brancos.
Muitos
docentes
nem
saberão
que
tais
instalações
existem.
3.2.7‐
Adjudicar
a
um
privado
o
merchandising
de
objectos
com
a
marca
da
UBI.
Com
efeito,
este
sector
é
importantíssimo
na
maior
parte
das
uni‐
versidades,
constituindo
uma
fonte
de
receitas,
mas
sobretudo
reforçando
a
marca
da
instituição,
vendendo
peças
de
roupa
e
outros
produtos
de
preço
acessível
aos
estudantes,
aos
professores
e
à
população
em
geral.
É
verdade
que
a
UBI
tem
à
venda
em
pequenas
montras
à
entrada
da
universidade
no
Pólo
1
gravatas,
guarda‐chuvas,
entre
outros
objectos,
com
a
marca
da
UBI.
Mas
é
um
modo
incipiente,
sem
ambição
e
sem
profissionalismo
de
merchandising.
Não
faltam
à
UBI
excelentes
espaços
no
Pólo
I,
nomeadamente
nos
edifícios
históricos
da
Real
Fábrica
dos
Panos,
perto
do
Museu
de
Lanifícios,
para
aí
alojar
e
concessionar
uma
grande
loja
de
produtos
com
a
marca
UBI,
nomeadamente
das
suas
publi‐
cações!
3.2.8‐
Investir
na
sigla
UBI,
tornando‐a
uma
marca
conhecida
e
reco‐
nhecida
em
Portugal.
Dado
que
a
UBI
tem
uma
designação
diferente
da
cidade
onde
se
encontra
implantada,
e
a
noção
de
Beira
Interior
é
recente
e
pouco
ape‐
lativa,
é
vital
que
o
nome
e
a
sigla
UBI
se
tornem
moeda
corrente
na
sociedade
portuguesa,
começando
por
a
trabalhar
junto
dos
grandes
meios
de
comunicação.
Não
é
bom
para
a
instituição
ora
ser
tratada
por
Universidade
da
Covilhã,
ora
por
Universidade
da
Beira
do
Interior.
Esta‐
belecer
definitivamente
a
UBI
como
“nome
de
guerra”
é
fundamental
num
mundo
que
se
rege
por
marcas.
Ainda
por
cima
as
iniciais
UBI
são
muito
fáceis
de
dizer
e
reter
em
inglês.
Para
a
afirmação
da
UBI,
é
necessário
tomar
todas
as
medidas
capazes
de
reforçar
a
identidade
da
UBI,
de
levar
a
que
os
nela
estudam
e
trabalham
a
sintam
como
sua
e
se
orgulhem
dela,
e
de
a
tornar
conhecida
ao
grande
público
em
Portugal.
13
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
3.3‐
Garantir
as
áreas
científicas
nucleares
A
Matemática,
a
Física,
a
Filosofia
são
áreas
científicas
de
base,
específicas
da
formação
e
da
investigação
universitárias,
e
absolutamente
indispensá‐
veis
numa
instituição
que
se
assume
como
universidade
em
sentido
pleno.
Pela
escassez
de
candidatos,
a
UBI
perdeu
nos
últimos
anos
os
cursos
de
licenciatura
em
Matemática
e
Física
e
arrisca‐se
a
perder
no
próximo
ano
o
de
Filosofia.
As
razões
da
falta
de
candidatos
nestas
áreas
são
de
diversa
ordem
e
de
âmbito
nacional,
não
afectando
apenas
a
UBI,
mas
as
univer‐
sidades
portuguesas
em
geral.
É
de
temer
que,
por
imposição
ministerial
e
em
nome
da
racionalização
de
meios,
os
cursos
de
licenciatura
nessas
áreas
funcionem
daqui
em
diante
apenas
nas
universidades
portuguesas
de
maior
dimensão.
O
assunto
é
de
monta,
não
apenas
porque
a
UBI
investiu
fortemente
nessas
áreas,
tendo
neste
momento
um
elevado
número
de
doutores
nas
áreas
de
Matemática
e
de
Física
e
uma
unidade
de
investigação
em
Filo‐
sofia
classificada
com
Very
Good,
mas
porque
a
presença
ou
ausência
desses
cursos
representará
uma
divisão
entre
as
universidades
que
os
têm
e
as
que
os
não
têm,
com
reflexos
nos
cursos
de
engenharia.
O
que
dis‐
tingue
verdadeiramente
uma
universidade
e
um
politécnico
no
ensino
superior
português
é
a
formação
científica
de
base.
Os
politécnicos
também
têm
cursos
de
engenharias,
a
diferença
está
na
importante
dis‐
tinção
entre
engenharia
de
projecto
e
engenharia
de
execução.
A
engenharia
de
projecto
requer
uma
sólida
formação
matemática
e
física
que
só
departamentos
destas
áreas
podem
garantir.
Poder‐se‐á
objectar
que
os
Departamentos
de
Matemática
e
de
Física
poderão
manter‐se
sem
cursos
próprios,
ao
assegurar
as
disciplinas
aos
cursos
de
engenharias.
Tratar‐se‐ia,
porém,
de
uma
objecção
míope,
pois
sem
cursos
de
licenciatura,
ficam
seriamente
comprometidos
os
cursos
de
mestrado
e
de
doutoramento,
e
a
UBI
deixaria
de
formar
matemáticos,
físicos
e
filósofos.
Há
dois
anos
a
UBI
assumiu
o
ónus
e
o
investimento
de
avançar
com
o
curso
de
licenciatura
em
matemática
sem
financiamento
ministerial
para
esses
alunos.
Foi
uma
medida
acertada
que,
infelizmente,
não
teve
seguimento
em
2008/2009.
É
aqui
que
se
devem
sacrificar
os
anéis
para
salvar
os
dedos.
Independentemente
de
quem
for
o
reitor
da
UBI,
terá
de,
em
cola‐
boração
estreita
com
as
faculdades
e
os
departamentos
envolvidos,
tudo
fazer
para
que
os
cursos
das
ciências
fundamentais
sejam
leccionados
na
14
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
UBI.
Para
atrair
jovens
e
dinamizar
a
procura
há
muitas
iniciativas
que
podem
e
devem
ser
tomadas,
nomeadamente
visitar
escolas
secundárias,
organizar
iniciativas
sobre
ciência,
convidar
para
elas
os
jovens
das
escolas,
e
fazer
um
forte
marketing
desses
cursos.
3.4‐
Investir
na
pós‐graduação,
2º
e
3º
ciclos.
Com
o
Decreto‐Lei
74/2006,
sobre
os
Graus
Académicos
e
a
concretização
do
Processo
de
Bolonha,
o
sistema
português
de
ensino
superior
sofreu
uma
profunda
alteração,
obrigando
as
instituições
a
reagirem
e
a
adap‐
tarem‐se
ao
novo
figurino.
Tradicionalmente
a
pós‐graduação
em
Portugal
era
reservada
à
carreira
académica.
Basta
dizer
que
até
aos
anos
70
os
doutoramentos
eram
como
o
culminar
de
uma
carreira
docente
univer‐
sitária
e
que
os
mestrados
só
foram
introduzidos
na
década
de
80.
A
nova
legislação
veio
obrigar
as
universidades
a
seguirem
mais
de
perto
o
modelo
saxónico,
privilegiando
uma
graduação
mais
curta
e
estimulando
os
cursos
de
pós‐graduação.
Nas
universidades
de
referência
mundial
o
número
de
alunos
inscritos
em
cursos
de
pós‐graduação
aproxima‐se
do
número
dos
de
graduação,
quando
não
o
ultrapassa.
Neste
campo
a
UBI
tem
muito
caminho
a
andar.
Houve
erros
crassos
–
e
alguns
mantêm‐se
–
na
política
de
pós‐graduação
da
UBI.
A
universidade
lançou
os
seus
primeiros
mestrados
(os
mestrados
antes
Bolonha)
só
em
1995,
mais
de
uma
década
depois
de
terem
começado
a
funcionar
nas
universidades
do
Litoral.
Estabeleceu
propinas
elevadíssimas
comparativamente
às
das
universidades
antigas,
encarando
esses
cursos
mais
como
um
fonte
de
receitas
do
que
como
investimento
científico.
Ainda
hoje
as
propinas
de
doutoramento
são
muito
mais
ele‐
vadas
na
UBI
do
que
na
Universidade
Nova
de
Lisboa
ou
na
Universidade
do
Porto,
por
exemplo.
Por
outro
lado,
os
estudantes
de
pós‐graduação
nunca
tiveram
por
parte
dos
Serviços
Académicos
(SA)
o
tratamento
merecido.
Não
tinham
cartão
de
estudante,
por
exemplo,
e
a
especi‐
ficidade
da
sua
formação
não
era
considerada.
Os
SA
emitiam
pautas
fora
do
tempo
e
nos
prazos
não
diferenciavam
as
avaliações,
feitas
sobretudo
com
trabalhos
escritos
e
respectiva
discussão,
das
avaliações
feitas
na
gra‐
duação,
à
base
de
frequências
e
de
exames.
Pelos
preços
elevadíssimos
cobrados,
os
estudantes
de
doutoramento
da
UBI
eram
na
grande
maioria
os
próprios
assistentes
que,
pela
legislação,
estavam
dispensados
do
pagamento
de
propinas.
15
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
É
fundamental
para
a
UBI
mudar
estas
práticas,
obviamente,
mas
muito
mais
importante
é
mudar
o
espírito
subjacente
à
política
de
pós‐
graduação.
A
captação
de
alunos
para
os
2º
e
3º
ciclos
é
livre,
feita
pelas
próprias
instituições,
e
tal
exige
um
empenhamento
total
de
toda
a
instituição,
do
reitor
aos
departamentos,
para
atrair
alunos.
Felizmente
as
actuais
pro‐
pinas
de
2ª
ciclo
são
idênticas
às
de
1º
ciclo
e
isso
permitiu
segurar
na
uni‐
versidade
muitos
dos
seus
licenciados
pós‐Bolonha.
Contudo,
os
números
de
admissão
em
grande
parte
dos
cursos
de
2º
ciclo
continuam
muito
baixos,
alguns
não
conseguiram
mesmo
abrir
por
falta
de
candidatos,
e
a
situação
está
muito
longe
de
ser
a
desejada.
Quais
os
investimentos
concretos
a
fazer
na
promoção
da
pós‐
graduação?
3.4.1‐
Introduzir
várias
épocas
de
inscrição
de
alunos
de
2º
ciclo,
divulgar
devidamente
essas
épocas
e
agilizar
o
processo
de
inscrição.
3.4.2‐
Permitir
que
os
alunos
se
inscrevam
online,
sem
necessidade
de
se
deslocarem
à
Covilhã.
3.4.3‐
Divulgar
no
exterior,
nomeadamente
no
Brasil,
os
cursos
de
2º
ciclo
de
modo
a
multiplicar
substancialmente
os
alunos
estrangeiros
que
nestes
últimos
dois
anos
já
se
inscreveram
neles.
3.4.4‐
Estabelecer
propinas
de
3º
ciclo
iguais
às
de
2º
ciclo.
Para
quem
achar
esta
medida
exagerada,
saiba
que
a
PUC
do
Rio
de
Janeiro
cobrava
em
2008
propinas
mensais
(sic)
de
1.500
reais
(perto
de
1000
dólares)
aos
alunos
de
graduação
e
isentava
os
alunos
de
pós‐graduação
de
propinas,
por
considerar
que
é
com
os
cursos
de
pós‐graduação
que
se
faz
a
afir‐
mação
científica
e
se
obtém
o
renome
que
atrai
os
estudantes
de
gra‐
duação.
A
UBI
deve
seguir
caminho
idêntico:
se
necessário
for,
financiar
a
pós‐graduação
com
a
graduação.
3.4.5‐
Isentar
de
propinas
os
estudantes
de
doutoramento
que
os
Depar‐
tamentos
proponham
para
auxiliar
na
leccionação
de
disciplinas
de
gra‐
duação.
Há
Departamentos
com
cargas
lectivas
pesadas,
como
o
Depar‐
tamento
de
Gestão
e
Economia,
que
muito
lucrariam
com
esta
medida.
3.4.6‐
Isentar
de
propinas
os
alunos
de
doutoramento
que
sejam
integrados
em
projectos
de
investigação
avaliados
e
financiados
pela
FCT.
3.4.7‐
Anualmente
proceder
a
uma
auscultação
dos
alunos
de
douto‐
ramento
sobre
o
grau
de
satisfação
com
os
SA
e
ponderar
as
respectivas
críticas
e
sugestões.
16
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
3.4.8‐
Homologar
os
regulamentos
de
2º
ciclo
e
fazer
e
homologar
os
regulamentos
de
3º
ciclo.
Passados
anos
após
a
aplicação
do
Processo
de
Bolonha
na
UBI,
ainda
não
temos
os
seus
regulamentos.
Situação
que
só
vem
confirmar
a
análise
que
fiz
acima
da
política
errada
de
pós‐graduação
na
UBI.
3.5‐
Dinamizar
o
Instituto
Coordenador
de
Investigação
Por
força
dos
Estatutos
a
UBI
dispõe
de
uma
unidade
orgânica
designada
Instituto
Coordenador
de
Investigação
(ICI),
“na
dependência
directa
do
Reitor
que
nomeia
o
seu
presidente”.
Toda
a
política
e
acção
reitoral
na
promoção
e
coordenação
da
investigação
na
UBI
passa,
pois,
pelo
ICI.
As
unidades
de
investigação,
avaliadas
e
financiadas
pela
FCT,
têm
uma
existência
sui
generis,
para
não
dizer
esdrúxula,
dentro
das
universidades.
De
algum
modo,
funcionam
à
parte
da
universidade.
Isso
explica‐se
pelo
modelo
de
avaliação
e
de
financiamento
iniciado
durante
o
mandato
de
Mariano
Gago,
no
1º
Governo
de
António
Guterres,
quando
o
Ministério
da
Ciência
tutelava
apenas
a
FCT
e
as
universidades
estavam
sob
alçada
do
Ministério
da
Educação.
Essa
dicotomia
inicial
prevalece
ainda
hoje
no
relacionamento
entre
as
unidades
de
investigação
e
as
universidades
que
as
acolhem.
Pagando
as
universidades
os
salários
dos
docentes,
que
são
também
em
pessoa
os
investigadores,
não
se
compreende
que
pouco
ou
nada
tenham
a
dizer
sobre
as
unidades
de
investigação.
Esta
relação
esdrúxula
prejudica
as
universidades
mais
jovens
e
de
menor
dimensão,
na
medida
em
que
muitos
dos
seus
docentes
fazem
parte
de
unidades
de
investigação
residentes
nas
grandes
universidades
do
Litoral.
Ou
seja,
as
pequenas
universidades
co‐financiam
a
investigação
que
é
depois
asso‐
ciada
às
universidades
grandes.
Até
agora
cada
unidade
de
investigação
dentro
da
UBI
nada
tinha
que
reportar
às
instâncias
internas,
apenas
respondia
perante
a
FCT
da
qual
recebia
o
financiamento
consoante
a
avaliação
feita.
Por
sua
vez,
as
uni‐
dades
também
não
tinham
qualquer
representação
nos
órgãos
científicos
da
UBI.
Agora,
porém,
e
por
força
do
RJIES,
os
novos
Estatutos
impõem
uma
aproximação
efectiva
entre
unidades
de
investigação
e
conselhos
científicos
das
faculdades.
Trata‐se
de
inserir
as
unidades
de
investigação
na
estrutura
da
UBI
e
de
as
transformar
no
fermento
de
investigação
a
levedar
toda
a
vida
universitária.
17
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
3.5.1‐
Como
as
outras
unidades
orgânicas,
o
ICI
deve
dispor
de
orçamento
próprio,
a
fim
de
financiar
estratégias
e
medidas
i)
de
fomento
de
novas
unidades
e
ii)
de
reorganização
e
reforço
das
existentes.
3.5.2‐
O
ICI
deverá
fornecer
às
unidades
existentes
e
a
constituir
meios
logísticos
de
apoio
e
de
aconselhamento,
recorrendo
para
tal,
e
sempre
que
aconselhável,
a
painéis
de
avaliação
nacionais
e
internacionais.
3.5.3‐
O
ICI
promoverá
e
apoiará
a
candidatura
das
unidades
de
inves‐
tigação
da
UBI
a
concursos
nacionais
e
europeus,
levando
à
prática
uma
das
recomendações
da
avaliação
recente
da
European
University
Asso‐
ciation.
3.5.4‐
Caberá
ao
ICI
promover
acções
concertadas
de
colaboração
das
unidades
de
investigação
entre
si
e
fomentar
parcerias
com
outras
uni‐
dades
de
investigação
nacionais
e
estrangeiras.
3.5.5‐
Compete‐lhe
ainda
intervir
extraordinariamente
na
vida
das
uni‐
dades
de
investigação,
a
pedido
destas
ou
por
decisão
do
Conselho
Cien‐
tífico
do
ICI,
de
forma
a
dirimir
conflitos
internos
ou
a
corrigir
estratégias
e
procedimentos.
3.6‐
Criar
uma
equipa
reitoral
coesa,
com
uma
distribuição
clara
de
tarefas
O
reitor
necessita
de
colaboradores
próximos
para
liderar
a
universidade
na
multiplicidade
e
diversidade
de
áreas
e
tarefas
da
governação.
Vice‐
reitores
e
pró‐reitores
deverão
constituir
uma
equipa
coesa,
trabalhando
no
mesmo
sentido,
concretizando
nas
suas
áreas
de
acção
as
directrizes
programáticas
gerais
definidas
pelo
reitor.
Tais
áreas
de
acção
serão
transversais
a
toda
a
universidade,
e
não
haverá
vice‐reitores
para
esta
ou
aquela
faculdade.
Não
é
admissível,
pois,
uma
equipa
reitoral
dividida,
nem
será
tolerado
que
qualquer
membro
prossiga
objectivos
próprios,
à
revelia
do
determinado
pelo
reitor.
O
reitor
fará
uma
distribuição
clara
de
tarefas,
de
modo
a
responsa‐
bilizar
cada
membro
da
equipa.
Só
assim
será
possível
avaliar
o
desem‐
penho
individual
de
cada
vice‐reitor
e
pró‐reitor.
Para
isso
cada
um
terá
a
indispensável
autonomia
de
acção
e
correspondente
delegação
de
poderes.
A
competência
e
a
eficiência
que
o
reitor
exigirá
de
vice‐reitores
e
pró‐reitores
estará
precisamente
em
relação
directa
com
a
autonomia
concedida
a
cada
um
deles.
18
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
Por
experiência
própria
e
por
análise
externa
do
que
se
tem
verificado
na
última
década,
creio
que,
neste
capítulo,
uma
das
falhas
graves
da
UBI
tem
residido
na
excessiva
centralização
de
tarefas
no
reitor,
na
falta
de
coesão
da
equipa
reitoral,
e
na
indefinição
de
funções
dos
vários
vice‐
reitores.
Sem
autonomia
de
acção
e
sem
definição
de
tarefas,
os
vice‐
reitores
não
passam
de
secretários
bem
pagos
do
reitor.
3.7‐
Elaboração
atempada
dos
regulamentos.
O
próximo
reitor
da
UBI
terá
como
uma
das
acções
mais
urgentes
do
seu
mandato
a
feitura
dos
regulamentos
que
concretizem
os
novos
Estatutos
e
que
promovam
a
responsabilização
de
todos
os
intervenientes
nos
pro‐
cedimentos
e
acções
regulamentados.
Não
existe
um
Estado
sem
leis,
que
devem
estar
acima
de
todos
e
valer
para
todos,
e
não
pode
haver
uma
universidade
sem
regras
claras,
uni‐
formes
e
vinculativas
para
todos.
São
os
regulamentos,
pela
objectividade
do
que
determinam
e
pela
universalidade
da
aplicação,
que
excluem
a
arbitrariedade
processual
e
a
anarquia
de
procedimentos.
A
UBI,
como
qualquer
instituição
plural
e
complexa,
precisa
de
bons
regulamentos,
simples
e
claros
na
formulação,
de
modo
a
que
todos
os
entendam
e
não
dêem
margem,
por
eventual
obscuridade
e
ambiguidade,
a
feudos
de
intérpretes
encartados.
O
bom
funcionamento
da
UBI
no
seu
dia
a
dia
exige
que
todos
os
envolvidos
saibam
de
antemão,
e
sem
margem
para
dúvidas,
“por
que
linhas
se
cosem”.
3.7.1‐
Até
ao
Verão
de
2009
deverão
estar
feitos
os
regulamentos
das
uni‐
dades
orgânicas
e
dos
departamentos,
a
fim
de
que
em
Outubro
se
possam
realizar
as
eleições
dos
respectivos
órgãos.
3.7.2‐
Todos
os
regulamentos
em
vigor
deverão
estar
disponíveis
online
na
página
da
UBI,
onde
constará
o
endereço
electrónico
para
onde
poderão
ser
enviados
comentários
e
sugestões.
3.7.3‐
Anualmente
o
Senado
deverá
proceder
a
uma
apreciação
geral
dos
regulamentos
em
vigor
na
UBI,
analisando
os
comentários
e
as
sugestões
referidos
no
número
anterior,
propondo
eventuais
alterações
e
cor‐
recções.
3.7.4‐
Optar
por
regulamentos
simples,
gerais
e
sucintos,
sem
a
pretensão
de
regulamentar
ao
pormenor
casos
particulares,
mas
acreditando
que
cabe
ao
bom
senso
resolver,
de
acordo
e
no
espírito
dos
regulamentos,
situações
imprevistas.
19
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
3.8‐
Reforçar
o
papel
do
administrador,
reorganizar
os
serviços.
Provavelmente
esta
será
a
área
onde
a
academia
mais
espera
uma
acção
determinada
e
rápida
do
novo
reitor.
As
queixas
sobre
o
funcionamento
de
alguns
serviços,
em
particular
dos
Serviços
Académicos
e
dos
Serviços
Técnicos,
são
antigas
e
constantes.
Nas
avaliações
externas
dos
cursos,
recuando
mesmo
às
feitas
no
último
mandato
de
Passos
Morgado
–
há
mais
de
13
anos,
portanto
–,
as
referências
às
deficiências
dos
SA
têm
sido
constantes.
O
Relatório
da
Avaliação
da
European
University
Association,
de
Fevereiro
de
2009,
exprime
de
algum
modo
a
frustração
sentida
na
academia
com
o
funcionamento
dos
SA.
“(…)
the
team
learnt
from
students
of
their
uneasy
interaction
with
the
academic
serv‐
ices.
Students
complained
particularly
of
long
queues
resulting
from
understaffing
and
of
a
lack
of
courtesy
displayed
by
administrative
staff.
In
discussion,
both
the
students
and
the
director
of
the
service
recognised
that
there
was
room
for
improvement
and
for
greater
mutual
understanding.
Student
recruitment
being
so
important
for
UBI,
the
team
trusts
that
this
opportunity
will
be
taken
to
set
the
relationship
of
students
to
the
administration
on
a
new
footing.”,
pode
aí
ler‐se.
Ora
sendo
o
bom
funcionamento
dos
SA
tão
importante
para
a
captação
de
novos
estudantes,
é
de
certo
modo
incompreensível
não
ter
havido
uma
decidida
alteração
do
estado
de
coisas
por
parte
do
reitor.
É
que
os
vice‐reitores
com
o
pelouro
dos
académicos
sucederam‐se
–
eu
próprio,
depois
Mário
Raposo
e
agora
Luís
Carrilho
–,
sem
conseguirem
melhorar
significativamente
os
Serviços
Académicos.
Caberá
ao
próximo
reitor
escolher
um
novo
administrador,
pois
o
último
e
único
que
existiu
na
instituição,
o
Dr.
José
Correia
Pinheiro,
pessoa
de
bem
e
ao
qual
a
UBI
muito
ficou
a
dever,
se
aposentou
no
final
de
2008.
A
escolha
do
novo
administrador
é
uma
ocasião
única
e
imperdível
para
marcar
uma
nova
era
na
gestão
da
universidade.
Pela
dimensão,
pela
complexidade
e
pela
magnitude
das
verbas
envolvidas,
a
UBI
precisa
de
uma
gestão
profissional.
Pela
sua
formação
de
base,
de
professor
ou
investigador,
um
reitor
não
tem
de
ter
conhecimentos
téc‐
nicos
de
gestão;
deve
ter
sim
a
sensibilidade
necessária
e
suficiente
para
equacionar
os
condicionalismos
da
gestão
face
aos
fins
académicos
da
ins‐
tituição,
o
ensino
e
a
investigação.
Que
se
espera
então
do
novo
administrador
da
UBI
enquanto
gestor
profissional?
que
faça
a
gestão
corrente
da
universidade,
nomeadamente
a
parte
burocrática
dos
serviços,
isto
é,
que
assegure
o
regular
funcio‐
namento
da
máquina
administrativa;
que
mantenha
o
reitor
informado
20
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
sobre
a
situação
económica
e
financeira
da
UBI;
que
elucide
o
reitor
sobre
as
consequências
económicas
e
financeiras
das
decisões
e
dos
actos
que
lhe
compete
tomar;
que
o
alerte
para
eventuais
situações
que
possam
pôr
em
perigo
o
normal
funcionamento
da
instituição;
que
organize
a
conta‐
bilidade
da
UBI
por
centros
de
custos
(o
que
ainda
não
foi
feito);
que
superintenda
na
gestão
dos
recursos
humanos
não‐académicos;
que
con‐
ceba
e
ponha
em
prática
uma
optimização
dos
recursos
financeiros
da
UBI;
que,
numa
palavra,
tome
conta
da
gestão
quotidiana
da
UBI,
que
será
tanto
melhor
quanto
menos
notada
for
pelos
que
dela
beneficiam,
a
saber,
alunos,
professores
e
funcionários.
A
gestão
feita
pelo
admi‐
nistrador
está
ao
serviço
da
missão
e
dos
objectivos
que
os
Estatutos
impõem.
Ao
reitor
caberá
avaliar
a
gestão
à
luz
das
políticas
por
si
tra‐
çadas
para
cumprir
essa
missão
e
alcançar
esses
objectivos.
A
reorganização
dos
Serviços
Académicos
é
uma
exigência
urgente.
Para
a
sua
reorganização
deverão
ser
tomados
em
conta
os
seguintes
prin‐
cípios,
que
são
certamente
uma
evidência,
mas
que
alunos
e
professores
da
UBI,
por
experiência
própria,
gostarão
de
ver
“escritos
em
letra
de
forma”
no
programa
de
acção
de
qualquer
candidatura
a
reitor:
i)
Os
SA
servem
a
UBI,
em
particular
os
alunos
e
professores
no
pro‐
cesso
de
ensino/aprendizagem.
Parafraseando
o
Cristo,
os
SA
foram
feitos
para
alunos
e
professores
e
não
estes
para
os
SA.
ii)
É
obrigação
dos
SA
facilitarem
a
vida
a
alunos
e
professores
e
não
complicá‐la
com
um
rol
de
exigências
burocráticas,
muitas
vezes
sem
sen‐
tido
algum.
Os
novos
Estatutos
da
UBI
abrem
uma
porta
à
reorganização
dos
Serviços
Académicos,
recentrando‐os
na
sua
função
essencial,
a
saber,
a
de
orga‐
nizarem
competentemente
e
atempadamente
os
processos
dos
alunos,
pautas
de
disciplinas
e
lançamento
de
notas.
Com
efeito,
os
Estatutos
de
1989,
no
Artigo
48º,
dedicavam
nada
menos
do
que
uma
página
inteira
(320
palavras!)
à
organização
e
atribuições
dos
SA.
Os
novos
Estatutos
são
omissos
quanto
à
organização
e
atribuições
dos
SA.
O
novo
reitor
terá
assim
toda
a
margem
de
manobra
para
os
reestruturar
e
recentrar
nas
funções
essenciais
e
libertá‐los
de
funções
que
não
devem
ter.
Não
se
compreende,
por
exemplo,
que
actualmente,
e
por
força
dos
regu‐
lamentos,
o
Director
dos
Serviços
Académicos
seja
o
secretário
do
Con‐
selho
Pedagógico
da
UBI
e
dos
Conselhos
Pedagógicos
das
cinco
Faculdades!
Também
não
se
compreende
que
até
agora
o
Director
dos
SA
21
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
tivesse
tido
um
papel
preponderante
na
proposta
e
feitura
de
regu‐
lamentos
para
os
órgãos
científicos
e
pedagógicos,
entre
outros.
O
Vice‐reitor
para
os
assuntos
académicos
será
encarregado
de,
logo
após
a
sua
tomada
de
posse,
coligir
e
analisar
a
informação
sobre
os
SA
de
outras
universidades,
em
particular
daquelas
cujos
SA
se
tenham
des‐
tacado
pela
sua
eficiência,
e
de
apresentar
uma
proposta
de
rees‐
truturação
dos
SA
da
UBI,
que
o
reitor
levará
a
discussão
no
Senado.
A
reestruturação
será
feita
sem
atropelos,
mas
será
feita
de
forma
decidida
e
cabal.
Idênticas
medidas
serão
tomadas
para
os
outros
serviços
da
UBI,
nomeadamente
os
Serviços
Técnicos.
Neste
caso
particular
caberá
ao
Administrador
da
UBI
apresentar
ao
Reitor
uma
proposta
de
reorga‐
nização
dos
mesmos.
Os
funcionários
dos
diferentes
serviços
terão
oportunidade
de
fazerem
ouvir
a
sua
voz
na
reestruturação
e
funcionamento
dos
serviços
que
integram.
O
brio
profissional
do
eficaz
cumprimento
das
tarefas
será,
sem
dúvida,
o
melhor
incentivo
para
a
sua
adesão
às
reestruturações
neces‐
sárias.
3.9‐
Cooperação
estreita
e
leal
com
a
AAUBI
e
o
Provedor
dos
Estudantes.
O
Reitor
reconhece
na
AAUBI
o
legítimo
representante
dos
estudantes
da
UBI
e
reunirá
regularmente
com
a
AAUBI
para
troca
de
informações
e
dis‐
cussão
de
todas
as
medidas
que
afectem
directamente
os
estudantes.
Os
estudantes
são
a
razão
de
ser
da
UBI
e
à
AAUBI
competirá
exprimir,
e
fazer
valer,
o
sentir
e
a
opinião
dos
estudantes.
Quanto
ao
Provedor
dos
Estudantes,
eleito
pelo
Conselho
Geral,
o
Reitor
reconhece
a
dignidade
estatutária
de
que
o
cargo
se
reveste
e
respeita
a
sua
independência.
O
Reitor
garantirá
a
liberdade
de
acção
do
Provedor,
nomeadamente
o
acesso
a
toda
a
informação
necessária
para
um
efectivo
exercício
das
suas
funções.
E
ainda,
consciente
de
que
a
função
do
Pro‐
vedor
dos
Estudantes
em
muito
contribuirá
para
um
funcionamento
har‐
monioso
da
UBI,
o
Reitor
assegurará
que
as
suas
recomendações
serão
devidamente
tidas
em
conta
pelos
órgãos
da
UBI,
em
particular
os
depar‐
tamentos
e
serviços
a
que
essas
recomendações
são
dirigidas.
22
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
3.10‐
Dar
o
máximo
apoio
aos
Serviços
de
Acção
Social
da
UBI
A
UBI
é
a
universidade
portuguesa
com
maior
número
percentual
de
alunos
bolseiros
da
acção
social
(38%),
indicador
seguro
de
que
uma
parte
importante
da
população
estudantil
provém
de
extractos
sociais
desfa‐
vorecidos.
Por
si
só
tal
facto
impõe
que
a
UBI
dê
o
máximo
apoio
à
acção
social
e
tudo
faça
para
que
os
respectivos
serviços
prestem
um
serviço
da
mais
alta
qualidade
aos
alunos,
nomeadamente
no
serviço
de
refeições
nas
cantinas,
na
oferta
de
alojamento
em
residências
universitárias
e
na
verificação
e
selecção
das
candidaturas
a
bolseiros.
O
apoio
social
dado
pela
UBI
aos
alunos
que
dele
necessitem
não
é
um
favor
prestado,
antes
um
dever
que
tem
como
contrapartida
o
direito
que
os
alunos
têm
a
esse
apoio
e
que
lhes
assiste
pela
própria
Constituição
da
República.
Assim,
a
UBI
elucidará
os
alunos
dos
seus
direitos
sociais
e,
bem
assim,
dos
critérios
que
presidem
à
verificação
das
condições
de
can‐
didatura
a
bolsas.
Os
critérios
de
atribuição
de
bolsas
deverão
ser
claros
e
simples,
abertos
ao
escrutínio
de
toda
a
comunidade
académica,
de
modo
a
que
os
alunos
possam
verificar
por
si
mesmos
a
sua
elegibilidade
ou
não
elegibilidade
a
uma
bolsa
da
acção
social.
O
Reitor
encarará
a
acção
social
como
área
prioritária
de
actuação,
exi‐
gindo
das
instâncias
governamentais
próprias
a
transferência
de
verbas
que
cubram
as
necessidades
sociais
dos
estudantes
e
destinando,
na
medida
do
possível,
receitas
internas
da
própria
UBI
para
acudir
aos
casos
de
maior
necessidade
social.
Através
dos
SASUBI,
a
UBI
tudo
deve
fazer
para
que
nem
um
dos
seus
alunos
deixe
de
estudar
por
falta
de
apoio
social.
3.11‐
Empenho
no
Parkurbis
A
Covilhã
dispõe
de
um
Parque
de
Ciência
e
Tecnologia,
o
Parkurbis
SA,
do
qual
a
UBI
é
accionista
fundadora
com
1%
(25.000
euros).
Ligada
ao
Par‐
kurbis
está
a
Associação
Parkurbis
Incubação,
da
qual
a
UBI
é
associada
com
10%
(16.212
euros).
Estranhamente
a
UBI
não
se
encontra
repre‐
sentada
em
nenhum
dos
órgãos
sociais
destas
estruturas
de
inovação
tec‐
nológica.
Na
recente
avaliação
institucional
da
UBI
pela
European
University
Association
aparece
o
reparo
de
que
a
relação
entre
a
UBI
e
o
Parkurbis
é
ténue,
abaixo
do
que
ocorre
nas
universidades
europeias
ligadas
a
par‐
ques
de
ciência
e
tecnologia.
23
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
“From
its
discussions
with
the
Faculties,
the
team
drew
the
conclusion
that
the
link
be‐
tween
Parkurbis
and
UBI
–
in
terms
of
strategic
planning,
collaborative
research,
intel‐
lectual
property,
regional
development
and
knowledge
transfer
–
is
more
tenuous
than
would
be
the
case
in
those
European
universities
which
are
regarded
as
having
devel‐
oped
good
practice
in
the
field.”
A
comissão
da
EUA
conclui
que
uma
cooperação
mais
estreita
da
UBI
com
o
Parkurbis
traria
bons
dividendos
à
universidade.
“The
team
therefore
anticipates
that
closer
collaboration
will
pay
dividends,
particu‐
larly
in
respect
of
regional
and
international
partnerships.”
Na
preparação
deste
Programa
de
Acção
tive
oportunidade
de
falar
com
administradores
do
Parkurbis
que
não
puderam
esconder
algum
desencanto
com
o
reduzido
empenho
da
universidade.
Se
é
verdade
que
um
Parque
de
Ciência
e
Tecnologia
não
faz
sentido
se
não
for
dinamizado
até
à
medula
pelo
fervilhar
da
investigação
universitária,
também
não
é
menos
verdade
que
uma
universidade
que
não
sabe
tirar
o
máximo
pro‐
veito
de
uma
tal
estrutura
se
condena
a
si
mesma
à
rotineirice
académica
das
velhas
universidades,
fechadas
sobre
si
e
alheias
à
inovação
tecno‐
lógica
e
empresarial
do
mundo
contemporâneo.
Será
de
toda
a
conve‐
niência
que
não
se
aplique
neste
caso
à
UBI
o
ditado
português
“dá
Deus
nozes
a
quem
não
tem
dentes”.
A
UBI
deve
empenhar‐se
a
fundo
no
Parkurbis
por
várias
razões:
i)
A
UBI
nasceu
e
cresceu
com
uma
forte
vocação
tecnológica,
sendo
a
lar‐
guíssima
maioria
dos
seus
doutores
das
áreas
de
ciência
e
tecnologia.
Faz
todo
o
sentido
que
a
UBI
aproveite
as
estruturas
do
Parkurbis
para
dina‐
mizar
o
seu
potencial
humano
e
científico,
estimulando‐o
à
inovação
e
ao
empreendedorismo
tecnológico.
ii)
A
UBI
encerrou
nos
últimos
anos
vários
cursos
de
licenciatura
na
área
das
engenharias
(Eng.
do
Papel,
Eng.
da
Gestão
e
da
Produção
Industrial,
Eng.
Mecânica,
Eng.
Electrotécnica).
Para
reaver
alguns
destes
cursos
será
de
toda
a
conveniência
estreitar
a
parceria
com
o
Parkurbis.
Os
candidatos
ao
ensino
superior
são
sensíveis
ao
envolvimento
tecnológico
e
empre‐
sarial
das
instituições
de
ensino.
iii)
O
empenho
a
fundo
no
Parkurbis
concretiza
directamente
um
dos
objectivos
estatutários
da
UBI,
a
saber:
“Participar,
isoladamente
ou
através
das
suas
unidades
orgânicas,
em
actividades
de
ligação
à
socie‐
dade,
tanto
de
difusão
e
transferência
de
conhecimentos,
como
de
valo‐
rização
do
conhecimento
científico.”
iv)
A
dinamização
do
Parkurbis
constitui
seguramente
um
meio
privilegi‐
ado
para
a
UBI
continuar
e
desenvolver
a
tradição
industrial
da
Covilhã.
24
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
É
verdade
que
os
constrangimentos
orçamentais
da
UBI
aconselharam
e
aconselham
prudência
nos
compromissos
a
assumir
no
Parkurbis.
Con‐
tudo,
nem
só
de
dinheiro
vive
o
empenho.
Este
passa
sobretudo
por
um
reconhecimento
de
que
o
saber
universitário
é
uma
poderosa
mais
valia
económica
na
sociedade
actual
e
futura
e
que
esse
saber
tem
de
mer‐
gulhar
na
realidade
empresarial.
Um
parque
de
ciência
e
tecnologia
é
o
terreno
propício
para
que
os
académicos
tentem
e
se
comprometam
com
a
economia,
sem
medo
de
perder
os
pergaminhos.
O
empenho
da
UBI
no
Parkurbis
deve
significar
que
os
seus
docentes
devem,
pelo
menos,
tentar
a
possibilidade
de
ali
participar.
4‐
Como
o
devemos
fazer
Há
um
salto
qualitativo
a
dar
no
modo
de
funcionamento
da
UBI.
Podemos
falar
mesmo
da
necessidade
de
uma
ruptura
do
modus
ope‐
randi,
no
sentido
que
o
termo
“ruptura”
tem
na
expressão
técnica
“rup‐
tura
epistemológica”.
Tal
como
é
necessário
romper
com
o
senso
comum
para
chegar
ao
espírito
científico,
assim
também
na
UBI
é
necessário
romper
com
um
tipo
de
funcionamento
“pessoalista”,
de
tipo
“familiar”
e
cozy,
que,
assentando
nos
conhecimentos
e
relações
pessoais,
cria
um
ambiente
de
falta
de
exigência,
de
desculpar
o
que
não
deve
ser
des‐
culpado,
de
esbater
a
responsabilidade
de
erros
e
falhas
individuais,
diluindo‐os
numa
assunção
difusa
pelo
colectivo.
Este
tipo
de
rela‐
cionamento
e
funcionamento
“pessoalista”
compreende‐se
pela
génese
da
UBI
a
partir
do
pequeno
núcleo
de
actores
que
se
mantém
no
cerne
da
instituição
desde
o
início
do
Instituto
Politécnico
da
Covilhã,
na
segunda
metade
da
década
de
70,
passando
pela
criação
do
IUBI
em
1979
e
a
pas‐
sagem
a
universidade
em
1986.
O
novo
ciclo
da
vida
da
UBI
exige
um
modus
operandi
profissional,
um
clima
de
exigência
e
responsabilidade,
a
assunção
por
cada
um
das
tarefas
que
lhe
competem,
com
a
respectiva
recompensa
ou
eventual
pena‐
lização.
É
preciso
que
em
toda
a
UBI
as
tarefas
estejam
claramente
dis‐
tribuídas,
de
modo
a
responsabilizar
quem
falha
e
a
premiar
quem
cumpre.
Ao
mesmo
tempo
que
se
exige
mais
profissionalismo
para
atingir
o
novo
patamar
de
qualidade
académica
pretendida,
também
se
requer
maior
participação
de
todos.
Não
pode
haver
na
UBI
um
espírito
de
indi‐
ferença
dos
intervenientes,
sejam
eles
quem
forem,
alunos,
docentes
ou
25
CANDIDATURA
A
REITOR
António
Carreto
Fidalgo
funcionários,
com
a
justificação
de
que
“não
tenho
voz”
ou
“o
que
penso
não
conta”.
Todos
estão
envolvidos
na
instituição,
a
qualidade
desta
depende
do
trabalho
de
cada
um,
da
funcionária
de
limpeza
ao
reitor.
A
universidade
é,
por
natureza,
uma
instituição
de
partilha
de
saberes,
de
troca
de
ideias,
de
debate
franco
e
aberto.
A
UBI
será
tanto
mais
viva
quanto
maior
partilha
de
saberes
houver
e
quanto
mais
intenso
for
o
debate.
Ai
da
universidade
onde
haja
receio,
seja
por
que
motivo
for,
de
expressar
ideias,
de
ir
ao
debate.
A
UBI
precisa
de
mais
partilha
de
saber
e,
sobretudo,
precisa
de
mais
debate,
de
argumentação
racional,
clara
e
fundamentada.
A
mailing
list
da
UBI
deve
assim
ser
acessível
a
todos,
ainda
que,
obviamente,
moderada.
Mas
todos
devem
poder
enviar
direc‐
tamente
a
sua
mensagem
para
lá
e
assim
acederem,
sempre
que
o
qui‐
serem,
ao
espaço
público
da
academia
para
exprimir
as
suas
ideias.
A
vivacidade
do
debate,
mesmo
a
irreverência
típica
da
academia,
não
deve
pôr
em
causa,
em
momento
algum,
o
respeito
devido
aos
órgãos.
É
fundamental
que
as
competências
de
cada
órgão
sejam
respeitadas,
que
não
haja
atropelos
de
espécie
alguma
no
exercício
diferenciado
das
fun‐
ções.
A
liberdade
académica,
que
é
o
substrato
da
trabalho
científico
criativo,
não
é
anárquica.
Pelo
contrário,
pressupõe
que
a
cadeia
hie‐
rárquica
se
mantenha
e
se
respeite.
Que
quem
obedeça
respeite
quem
manda,
mas
também,
e
sobretudo,
que
quem
manda
respeite
a
quem
cabe
obedecer.
Por
fim
e
para
concluir,
do
que
a
UBI
precisa
neste
preciso
momento,
no
ano
da
graça
de
2009,
é
de
uma
liderança
forte,
mobilizadora
de
toda
a
academia.
Não
se
confunda
liderança
com
boa
gestão.
Liderança
é
a
capa‐
cidade
de
mobilizar,
no
presente,
uma
comunidade
por
uma
visão
do
futuro
e
da
indicação
clara
dos
caminhos
a
lá
chegar.
Liderança
é,
também,
a
capacidade
de
tomar
decisões,
de
as
assumir
plenamente,
de
modo
a
que
a
comunidade
académica
saiba
que
as
coisas
vão
mudar.
Lide‐
rança
significa
tornar
visível
que,
decididamente,
as
coisas
não
vão
ficar
na
mesma,
de
que
há
um
novo
patamar
a
atingir,
e
de
que,
com
o
trabalho
e
o
empenho
de
todos,
vai
mesmo
ser
atingido.
Covilhã,
Fevereiro
de
2009.
26
António
Carreto
Fidalgo
Data
Nasc.:
14/02/1956
ID:
04056392
Filiação:
António
Moiteiro
Fidalgo
e
Ilda
Carreto
de
Matos
Estado
Civil:
Casado
Residente:
Rua
Dr.
Manuel
Castro
Martins
3‐4ºEsq,
6200‐503
Covilhã
Curriculum
Vitae
elemento
da
candidatura
a
reitor
da
UBI
em
2009
Introdução
A
forma
de
Curriculum
Vitae
por
que
optei
não
é
académica,
ou
até
científica,
mas
sim
vitae,
que
é
dizer
de
vida.
Não
será
pois
uma
mera
listagem
de
datas,
títulos
académicos,
bolsas
de
estudo,
instituições
frequentadas,
cargos
e
publi‐
cações,
antes
um
relato,
de
escrita
corrida,
dando
conta
de
um
trajecto:
de
onde
parti,
por
onde
passei,
onde
cheguei
e,
sobretudo,
de
como
o
fiz.
Será
um
CV
original,
feito
de
propósito
para
o
fim
que
se
destina:
o
de
integrar
a
minha
candidatura
a
reitor
da
UBI.
Creio
ser
essa
a
melhor
forma
de
me
dar
a
conhecer
ao
Conselho
Geral
da
UBI,
e
de,
assim,
me
submeter
ao
seu
juízo.
Será
pois
um
currículo
raisonné,
onde
explicarei
passos
dados
e
opções
ao
longo
da
vida.
Decidi
dividir
o
CV
em
5
partes
que
correspondem
a
5
etapas
da
minha
vida;
3
delas
antes
de
chegar
à
UBI
e
as
duas
últimas
já
na
UBI.
Esta
divisão
é
feita
por
critérios
que
se
prendem
com
a
candidatura
a
reitor.
Deixa
de
fora
elementos
extremamente
importantes
para
mim,
do
foro
pessoal,
mas
que,
em
meu
entender,
não
são
relevantes
para
a
candidatura.
Fica,
todavia,
patente
que
a
universidade
foi
para
mim
vocação
e
profissão,
no
sentido
que
Max
Weber
deu
ao
termo
Beruf
nos
escritos
Politik
als
Beruf
e
Wissenschaft
als
Beruf.1
Das
uni‐
versidades
por
onde
passei,
a
UBI
foi
destino.
É
verdade
que
o
objectivo
deste
Currículo
é
a
candidatura
a
reitor
da
UBI.
Mas
o
sentido
deste
Currículo
está
em
revisitar
o
percurso
que
tal
destino
encerra.
1
Traduzidos
para
português
como
“A
Política
como
Profissão”
e
“A
Ciência
como
Profissão”.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
2
Summarium
Vitae
1‐
1956‐1974.
Uma
formação
no
Portugal
profundo
1956:
infância
nas
Minas
da
Panasqueira;
1962:
escola
primária
em
Aldeia
de
João
Pires;
1966:
Seminário
do
Fundão;
1971:
Seminário
da
Guarda.
2‐
1974‐1984.
Formação
universitária
em
Portugal
e
na
Alemanha
1974:
Trabalhador
estudante
em
Lisboa,
Serviço
Cívico,
militância
na
JUC;
1978:
Bacharelato
na
Faculdade
de
Letras,
voluntário
nos
Kibbutzin
em
Israel;
1979:
curso
de
alemão
e
inscrição
na
Universidade
de
Würzburg,
sommelier
na
Suíça,
Magister
Artium,
bolseiro
da
Fundação
Konrad
Adenauer;
1981:
leitor
eventual
na
Universidade
de
Bamberg;
1982:
docente
temporário
na
Universidade
Católica
Portuguesa,
Doctor
Philosophiae
na
Universidade
de
Würzburg.
3‐ 1984‐1991.
Docente
na
Universidade
Católica
Portuguesa
1984:
Assistente
na
Secção
de
Lisboa
da
Faculdade
de
Filosofia;
1986:
trabalho
editorial
no
Círculo
de
Leitores;
1987:
investigador
do
Husserl
Archiv
da
Uni‐
versidade
de
Colónia;
1990:
doutoramento
na
Universidade
Católica,
professor
na
Faculdade
de
Teologia;
1986:
membro
da
Assembleia
de
Freguesia
da
Sobreda;
1989:
membro
da
Assembleia
Municipal
de
Almada.
4‐
1991‐1999.
Ingresso
e
afirmação
na
UBI
1992:
Director
do
Curso
de
Comunicação
Social;
1993:
Presidente
da
Secção
Científica
de
Ciências
Sociais
e
Humanas;
1993:
membro
da
Assembleia
Muni‐
cipal
de
Penamacor;
1995:
Professor
Associado,
Director
do
CREA,
Vice‐Reitor
de
Passos
Morgado,
visita
ao
Japão
com
Passos
Morgado;
1996:
Vice‐Reitor
de
Santos
Silva,
criação
do
boletim
intra‐universitário
Ubiversitas,
Director
do
Mestrado
em
Comunicação,
fundador
da
Sopcom;
1998:
saída
de
Vice‐Reitor,
Visiting
Scholar
da
Universidade
de
Harvard;
1999:
agregação
em
Ciências
da
Comunicação,
criação
da
BOCC.
5‐ 1999‐2009.
O
erguer
de
uma
faculdade
e
de
um
centro
de
investigação
1999:
Conferências
em
Portugal
e
Espanha,
o
lançamento
de
cursos
nas
áreas
de
Artes
e
de
Letras;
2000:
criação
do
jornal
online
Urbi
et
Orbi,
professor
cate‐
drático,
criação
da
Faculdade
de
Artes
e
Letras,
o
projecto
Akademia;
2002:
criação
do
curso
de
Cinema,
2003:
fundação
do
LabCom,
a
aposta
no
Brasil;
2004:
presidência
dos
congressos
internacionais
de
comunicação,
presidência
do
júri
de
análise
e
selecção
de
bolsas
na
FCT;
2005:
presidência
da
comissão
de
avaliação
externa
dos
cursos
de
comunicação;
2006:
a
editora
online
Livros
LabCom;
2008:
membro
da
Assembleia
Estatutária
da
UBI;
2009:
saída
da
presi‐
dência
da
Faculdade
de
Artes
e
Letras.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
3
1‐
1956‐1974.
Uma
formação
no
Portugal
profundo.
Os
primeiros
6
anos
nas
Minas
da
Panasqueira,
4
anos
na
escola
primária
em
Aldeia
de
João
Pires,
5
anos
no
Seminário
do
Fundão
e
3
anos
no
da
Guarda.
1.1
Nasci
em
14
de
Fevereiro
de
1956,
fora
da
minha
terra.
Baptizado
e
natu‐
ralizado
em
Aldeia
de
João
Pires,
pequena
aldeia
do
concelho
de
Penamacor,
de
onde
são
os
meus
pais,
avós
e
bisavós,
nasci
nas
Minas
da
Panasqueira
onde
os
meus
pais
trabalhavam
então.
Ali
vivi
até
aos
seis
anos
de
idade.
Com
a
crise
do
volfrâmio
e
consequente
leva
de
despedimentos
nas
Minas,
a
pequena
família
regressou
à
aldeia
de
origem
em
15
de
Setembro
de
1962,
onde
avós,
primos
e
tios
me
eram
desconhecidos.
1.2
A
estranheza
sentida
à
chegada
foi
facilmente
superada
e
foi
como
que
uma
iniciação
à
mobilidade
de
lugares
que
veio
caracterizar
a
minha
vida.
Na
aldeia,
ainda
com
uma
vida
como
se
fora
medieval,
com
o
dia
marcado
pelo
toque
dos
sinos
e
o
ano
pelo
ciclo
da
agricultura,
de
semear,
regar,
mondar
e
colher,
passei
apenas
os
quatro
anos
da
escola
primária,
de
1962
a
1966.
Havia
lado
a
lado
a
escola
dos
“garotos”
e
a
da
“garotas”,
com
recreios
sepa‐
rados
por
um
muro.
Da
1ª
à
4ª
classe
éramos
metidos
todos
numa
mesma
sala
e
apenas
com
um
professor.
O
ensino
era
o
tradicional,
aplicando‐se‐lhe
lite‐
ralmente
a
descrição
feliz
de
Miguel
Torga
no
Primeiro
Dia
de
A
Criação
do
Mundo.
Aprendiam‐se
as
tabuadas
a
cantar,
“um
vezes
um,
um”
e
a
ler
jun‐
tando
as
letras,
tudo
à
força
de
reguadas.
Meu
pai,
que
nunca
entrara
numa
escola
pois
começara
a
guardar
gado
aos
seis
anos
de
idade
e
só
na
tropa
fizera
a
3ª
classe,
decidiu
na
minha
4ª
classe
que
deveria
preparar‐me
para
o
exame
de
admissão
ao
liceu
e
à
escola
comercial
e
industrial.
Queria
que
eu
estudasse.
Entregou‐me
ao
Prof.
José
Candeias
que,
em
Aldeia
do
Bispo,
a
aldeia
ao
lado,
tinha
uma
turma
de
preparação
aos
exames
de
admissão,
para
onde
eu
ia
logo
que
terminava
a
escola
normal,
e
onde
ficávamos
até
à
hora
da
ceia.
Ali,
o
ambiente
de
exigência
era
terrível.
Um
erro
de
escrita
era
uma
reguada
bem
dada
e
a
falta
de
um
acento
era
meia‐
reguada,
que,
somada
a
outra,
dava
uma
unidade
de
nova
reguada.
No
verão
de
1966
era
o
mais
novo
dos
6
alunos
que
o
professor
achou
estarem
em
condições
de
fazer
o
exame
da
4ª
classe
na
sede
do
concelho,
em
Pena‐
macor.
Passei,
assim
como
passei
também
nos
exames
de
admissão
ao
Liceu
de
Castelo
Branco
e
à
Escola
Comercial
e
Industrial
da
mesma
cidade.
Mas
nesse
Verão
fiz
também
o
exame
de
admissão
ao
seminário
diocesano
do
Fundão,
numa
semana
de
Agosto,
de
exames,
entrevistas
e
de
observação.
Fui
admitido.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
4
1.3
Assim,
aos
dez
anos
de
idade,
ingressei
no
Seminário
do
Fundão.
A
disciplina
era
dura,
como
nos
tempos
retratados
em
Manhã
Submersa;
mas,
ao
contrário
de
Vergílio
Ferreira,
eu
gostei
daquela
vida
completamente
dedicada
ao
estudo
e
à
oração
e
fui
um
rapaz
feliz.
A
minha
predilecção
ia
para
a
matemática,
e
após
um
18
logo
no
primeiro
teste,
passei
a
ser
olhado
como
bom
aluno,
terminando
o
1º
ano
com
distinção.
O
ensino
era
o
convencional
dos
seminários,
com
5
aulas
de
latim
por
semana,
de
modo
que
no
3º
ano,
actual
7º
ano,
líamos
textos
selectos
de
De
Senectute,
Pro
Milone
e
Contra
Verrem
de
Cícero.
A
partir
do
3º
ano
(1968‐1969)
comecei
a
receber
uma
bolsa
de
estudos
do
Ins‐
tituto
de
Obras
Sociais,
destinada
a
alunos
carenciados
e
com
bom
apro‐
veitamento
escolar
(média
final
superior
a
14),
que
perdurou
até
à
minha
saída
em
1974.
E
também
a
partir
desse
ano,
com
a
divisão
disciplinar
em
secção
de
Letras
e
de
Ciências,
se
verificou
que
tinha
muito
mais
jeito
para
as
Ciências
do
que
para
as
Letras.
No
Seminário
havia
um
laboratório
de
física
e
de
química
oferecido
pela
Gulbenkian
e
coube‐me
a
mim,
no
meu
ano,
ser
o
preparador
das
experiências.
Terminei
o
5º
ano
(9º)
com
a
classificação
de
18
a
Físico‐
Química
(nota
raramente
atribuída
no
seminário).
1.4
Feito
o
seminário
menor
do
Fundão
transitei
em
1971,
com
15
anos,
para
o
Seminário
Maior
da
Guarda.
Se
a
minha
intenção
não
fosse
ser
padre,
era
a
altura
para
sair
do
seminário,
pois
que
os
estudos
na
Guarda
eram
apenas
da
secção
de
Letras,
sem
qualquer
disciplina
de
Ciências
para
onde
ia
o
meu
pendor.
Mas
fiquei
e
o
meu
entusiasmo
foi
para
a
filosofia.
Leccionada
pelo
Cónego
Abranches,
doutorado
pela
Universidade
Gregoriana
de
Roma,
a
filo‐
sofia
ensinada
no
seminário
era
pura
escolástica,
baseada
no
manual
em
latim,
em
dois
volumes,
de
Charles
Boyer:
Cursus
Philosophiae
ad
Usum
Seminarorum.
A
férrea
estrutura
conceptual
do
pensamento
tomista
foi
uma
enorme
lição
e
o
intenso
exercício
silogístico
dava
um
traquejo
invulgar
de
raciocínio.
Durante
o
8º
ano
de
seminário
fiz
18
anos
e
deu‐se
o
25
de
Abril
de
1974.
Os
ventos
que
sopraram
eram
de
revolução
e,
no
final
do
ano,
dos
6
alunos
que
frequentavam
o
8º
ano
saímos
5.
Saído
do
seminário,
aproveitei
as
férias
do
Verão
para
me
apresentar,
na
época
de
Setembro,
ao
exame
do
7º
ano
do
Liceu
Nacional
de
Castelo
Branco
que
absolvi
facilmente,
fazendo
6
disciplinas,
mais
uma
do
que
o
necessário
naquele
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
5
ano
em
que
desaparecera
de
repente
a
OPAN2:
Português,
Filosofia,
História,
Latim,
Grego
e
Alemão.
À
guisa
de
conclusão
desta
etapa,
direi
que
foi
uma
formação
tradicional,
mas
muito
sólida,
que
recebi
na
primeira
etapa
da
minha
vida.
Muito
do
que
sou
radica
nestes
anos
primeiros
de
formação,
e
por
isso
aqui
os
apresentei.
2‐
1974‐1984.
Formação
universitária
em
Portugal
e
na
Alemanha.
Trabalhador
estudante
em
Lisboa,
Serviço
Cívico,
militância
na
JUC,
Bacharelato
na
Faculdade
de
Letras,
voluntário
nos
Kibbutzin
em
Israel,
sommelier
na
Suíça,
Magister
Artium
na
Universidade
de
Würzburg,
bolseiro
da
Konrad
Adenauer
Stiftung,
leitor
eventual
na
Universidade
de
Bamberg,
docente
temporário
na
Universidade
Católica
Portuguesa,
Doctor
Philosophiae
na
Universidade
de
Würzburg.
2.1
Tinha
18
anos
quando,
em
21
de
Outubro
de
1974,
rumei
a
Lisboa
para
tra‐
balhar
na
firma
Molyslip
Portuguesa,
sita
na
Av.
do
Brasil,
nº
5,
mesmo
junto
ao
Campo
Grande,
e
me
inscrever
no
Curso
de
Filosofia
da
Faculdade
de
Letras.
Na
firma
de
aditivos
industriais
tinha
o
vínculo
de
um
trabalhador
eventual,
sem
contrato
algum,
e
ajudava
em
todos
os
serviços
de
escritório,
em
particular
na
contabilidade.
Ganhava
3
contos
mensais,
o
que
à
época
era
bom
para
um
rapaz
de
18
anos.
E
tinha
liberdade
de
horário,
fazendo
as
38
horas
semanais,
mas
podendo
entrar
mais
cedo,
sair
mais
tarde,
e
trabalhar
aos
Sábados.
Ali
trabalhei
quase
dois
anos
e
meio,
até
Fevereiro
de
1977.
2.2
As
universidades
portuguesas
ficaram
encerradas
a
novos
alunos
em
1974‐
1975
e
foi
criado
o
serviço
cívico
para
os
candidatos
ao
ensino
superior.
Inscrevi‐me
nesse
serviço
que,
funcionando
pela
primeira
vez,
começou
muito
tarde
e
de
forma
muito
desorganizada.
Coube‐me
prestar
serviço
social
num
bairro
muito
problemático
de
Lisboa,
o
Bairro
da
Boavista,
junto
ao
Estádio
Pina
Manique.
Pouco
mais
fazíamos
do
que
entreter
um
grupo
de
miúdos,
de
número
variável,
jogando
à
bola
com
eles
e
organizando
visitas
a
lugares
turísticos
de
Lisboa.
Não
deixei
de
trabalhar
na
Molyslip
,
donde
retirava
o
meu
sustento;
conciliei
as
duas
coisas,
aproveitando
a
liberdade
do
horário
e
a
van‐
tagem
do
autocarro
50
(Algés‐Moscavide)
passar
pelo
Bairro
da
Boavista
e
pela
Avenida
do
Brasil.
2
Organização
Política
e
Administrativa
da
Nação,
disciplina
obrigatória
no
7º
ano
dos
liceus.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
6
2.3
Não
estava
matriculado
na
universidade
em
74‐75,
mas
dada
a
proximidade
do
local
de
trabalho,
fazia
a
vida
social
na
cidade
universitária,
tomando
as
refeições
na
Cantina
Velha,
e
indo
às
múltiplas
reuniões
da
Faculdade
de
Letras,
RGAs
e
AGEs,
que
o
ambiente
revolucionário
fomentava.
Decisivo
na
adap‐
tação
ao
meu
novo
mundo
foi
a
entrada
para
a
JUC
–
Juventude
Universitária
Católica.
Sábados
à
tarde
tínhamos
a
missa
vespertina
e
depois
íamos
jantar,
acompanhados
pelos
assistentes
Padres
Miguel
Ponces
de
Carvalho,
José
Luís
Seruya
e
Peter
Stilwell.
Aí
encontrei
uma
estrutura
de
referência
religiosa,
onde
à
época
se
discutia
apaixonadamente
o
engagement
social
e
político
dos
cristãos
e
havia
uma
forte
inclinação
para
os
partidos
da
esquerda,
MES
e
PS.
Na
JUC
fiz
amizades
que
ainda
hoje
perduram.
2.4
Fora
da
universidade
e
sobrando‐me
o
tempo,
inscrevi‐me
em
Março
ou
Abril
de
1975,
em
horário
nocturno,
à
disciplina
de
Matemática
no
Externato
Crisfal
ao
Campo
Pequeno.
Chegada
a
época
de
exames,
apresentei‐me
no
Liceu
D.
Pedro
V
para
fazer
exame
de
Matemática,
o
que
consegui
resvés
com
um
10.
No
ano
seguinte
faria,
também
com
sucesso,
o
exame
de
Geografia
para
o
qual
me
preparei
sozinho.
É
que,
em
1976,
já
a
frequentar
o
1º
ano
de
filo‐
sofia
na
Faculdade
de
Letras,
pensei
em
mudar
de
curso,
para
Gestão
e
Eco‐
nomia,
para
o
que
precisava
dessas
duas
disciplinas
do
7º
ano
dos
liceus.
Con‐
tudo,
o
estudo
da
filosofia
agarrara‐me
e
decidi
continuar.
A
minha
inclinação
ia
para
a
Lógica
e
assim
fiz
com
M.S.
Lourenço
as
cadeiras
anuais
de
Lógica
I
e
Lógica
II,
de
teor
lógico‐matemático.
No
primeiro
ano
fizemos
cálculo
proposicional
e
terminámos
com
o
1º
Teorema
de
Gödel,
e
no
segundo
ano
acabámos
a
demonstrar
o
2º
Teorema,
o
célebre
Teorema
de
Gödel,
também
conhecido
como
teorema
da
incompletude
ou
da
indecidibili‐
dade:
“Se
Z
é
consistente,
a
fórmula
bem
formada
que
afirma
a
consistência
de
Z,
é
indemonstrável
em
Z
ou
é
uma
proposição
indecidível
de
Z.”
Em
finais
de
Janeiro
de
1977
comecei
a
leccionar
Religião
e
Moral
na
Escola
Industrial
Fonseca
Benevides,
em
Alcântara
e
em
Santos
o
Velho,
e
deixei
o
tra‐
balho
de
escritório
na
Molyslip
Portuguesa.
Tinha
turmas
de
jovens
dos
12
aos
16
anos,
de
7º
e
de
9º
ano,
e
tive
várias
direcções
de
curso.
Posso
dizer
que
o
ensino
me
estava
na
massa
do
sangue.
A
frequência
da
disciplina
era
voluntária,
mas
os
alunos
interessavam‐se
pela
matéria
e
vinham
às
aulas.
Apesar
da
minha
relativa
juventude,
soube
criar
um
clima
de
respeito
mútuo,
nunca
tendo
tido
um
problema
de
indisciplina,
a
qual,
à
época
e
numa
escola
como
aquela,
era
comum.
A
mudança
de
emprego
foi
também
positiva
para
os
estudos.
Passei
a
poder
frequentar
mais
as
aulas
na
Universidade
e,
assim,
consegui
subir
a
média,
ter‐
minando
o
bacharelato
de
filosofia
em
1978
com
a
média
final
de
15
valores.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
7
Tão
ou
mais
importante
que
os
estudos
universitários
para
a
minha
formação
humana
e
cultural
foi
o
ambiente
“em
brasa”,
vivido
naqueles
anos
a
seguir
à
revolução
de
Abril.
Vivendo
a
expensas
próprias
e
trabalhando
num
empresa
da
economia
real,
não
incorri
em
extremismos
políticos
e
sociais
próprios
da
época,
mas
pautei
a
minha
vida
por
regras
de
equilíbrio
e
de
sensatez.
Em
1978
decidi
sair
do
país
e
partir
à
aventura
para
o
estrangeiro.
Tinha
22
anos
e
senti
ser
a
altura
de
fazer
algo
de
novo.
Terminar
a
licenciatura
e
con‐
tinuar
ad
aeternum
a
profissão
de
professor
no
secundário
não
eram
pers‐
pectivas
que
me
prendessem
ao
torrão
pátrio.
Por
outro
lado,
o
ambiente
romântico
da
época,
de
que
o
livro
de
Jack
Kerouac
Pela
Estrada
Fora
(On
the
Road)
era
uma
das
bandeiras,
induzia
à
aventura,
a
que,
aliás,
tinha
tomado
o
gosto
em
viagens
nos
anos
anteriores.
Durante
Agosto
de
1976
passara
15
dias
sozinho
em
Inglaterra,
visitando
Londres,
Oxford
e
Cambridge,
e
em
Agosto
de
1977
fizera
o
Interrail
pelos
países
escandinavos,
tendo
passado
o
Círculo
Polar
Árctico
e
chegado
à
cidade
norueguesa
de
Narwick.
2.5
Saí
de
Portugal
em
2
de
Agosto
de
1978,
de
mochila
às
costas
e
com
35
contos
em
divisas
(à
altura
a
Lei
Zenha
apenas
permitia
o
câmbio
de
7
contos!).
Rumei
à
Grécia,
onde
percorri
os
locais
da
cultura
grega,
Atenas,
Creta,
o
Pelo‐
poneso,
Olímpia,
Corinto
e
Delfos.
No
final
de
Agosto
segui
para
Istambul,
onde
fiquei
três
dias,
e
depois
tomei
uma
camioneta
para
Teerão,
numa
viagem
de
três
dias
e
tês
noites.
A
ideia
de
encontrar
trabalho,
como
alguns
portugueses
faziam,
incluindo
aquele
em
cuja
casa
fiquei,
depressa
se
esboroou
na
semana
que
ali
passei.
Deu‐se
o
8
de
Setembro
de
1978,
the
black
Friday,
quando
os
exércitos
do
Xá
Reza
Palehvi
mataram
centenas
de
manifestantes
no
sul
da
cidade
e
se
agudizou
sobremaneira
a
situação
social
e
política
que
levaria
à
saída
do
Xá
e
ao
regresso
do
Ayatollah
Khomeini.
Sem
dinheiro
suficiente
para
prosseguir
viagem
até
à
Índia,
o
lugar
desejado,
refiz
o
caminho
até
Atenas
e
aí
tomei
o
avião
para
Tel‐Aviv,
Israel,
em
28
de
Setembro
de
1978.
Fui
para
o
Kibbutz
Geva,
perto
das
cidades
de
Afula
e
de
Nazaré,
onde
comecei
a
trabalhar
como
volunteer,
à
semelhança
do
que
acon‐
tecia
com
dezenas
de
jovens
vindos
de
variadíssimas
latitudes,
finlandeses,
ale‐
mães,
neo‐zelandeses,
australianos,
americanos.
Curiosamente
eu
era
o
único
de
uma
língua
românica.
Trabalhava
numa
fábrica
de
componentes
pneumáticas
6
horas
por
dia.
No
Kibbutz
era
tudo
livre,
cantina,
roupa,
bar,
pis‐
cina,
campos
de
jogos,
e
uma
excelente
biblioteca
aberta
24
horas
por
dia.
Recebíamos
um
pocket
money
para
pequenas
despesas
extras,
para
uma
saída
até
à
cidade,
mas
era
de
facto
muito
pouco.
Nos
dois
meses
que
ali
permaneci,
tive
oportunidade
de
fazer
excursões
em
grupo
ao
Mar
Morto,
Massada,
Nazaré
e
Tabor,
e
saídas
individuais
a
Jerusalém,
a
Tiberíades
e
a
Cafarnaum.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
8
No
início
de
Dezembro
parti
para
a
península
do
Sinai
que,
então,
estava
sob
domínio
israelita.
Comecei
a
trabalhar
no
Moshav
Neviot,
junto
ao
Mar
Ver‐
melho,
na
agricultura
de
flores
e
de
melões.
A
jorna
era
longa,
mas
havia
um
salário
razoável
e
o
meu
intento
era
juntar
dinheiro
para
prosseguir
viagem.
Nos
dois
meses
que
ali
passei
tive
a
oportunidade
de
visitar
o
Monte
Sinai
e
o
Mosteiro
de
Santa
Catarina.
2.6
Em
29
de
Janeiro
de
1979
voei
de
Tel‐Aviv
para
Frankfurt,
Alemanha.
Decidi
que
iria
aprender
alemão
para
terminar
os
estudos
de
filosofia
numa
uni‐
versidade
alemã.
Na
Universidade
de
Würzburg,
que
então
celebrava
o
seu
4º
centenário,
e
que
contava
na
sua
história
com
pensadores
e
investigadores
de
tanto
relevo
como
Shelling,
Brentano,
Röntgen,
que
ali
descobrira
os
Raios
X
em
1895,
e
Virchow,
frequentei
um
curso
de
alemão
para
estrangeiros
até
Junho
de
1979.
Em
Julho
e
Agosto
de
1979
trabalhei
como
sommelier,
empregado
de
mesa,
no
Buffet
de
la
Gare
de
Genève,
na
Suíça,
onde
consegui
amealhar
alguns
milhares
de
francos
suíços.
Foi
com
esse
dinheiro
que,
feito
com
sucesso
o
exame
de
língua
e
admitido
como
aluno
ordinário
na
Universidade
de
Würzburg,
pude
custear
o
meu
primeiro
semestre.
O
ingresso
na
universidade
não
teve
nada
de
burocrático.
Tinha
feito
três
anos
de
estudo
em
Portugal?
Pois
bem,
claro
que
eram
reconhecidos,
que
continuasse
a
estudar
e
procurasse
um
professor
com
quem
pudesse
fazer
a
dissertação
para
o
Magister
Artium.
2.7
Imergi
até
à
medula
no
mundo
de
Vorlesungen,
Proseminare
e
Ober‐
seminare.
Quão
diferente
era
da
universidade
portuguesa!
Tudo
era
livre.
Desde
logo
não
havia
quaisquer
disciplinas
obrigatórias;
no
período
lectivo
ini‐
cial,
o
mês
de
Novembro,
os
alunos
iam
a
esta
e
aquela
aula,
a
muitas
mesmo,
para
ver
os
professores
e
as
disciplinas
que
lhes
interessavam
ou
de
que
gos‐
tavam.
Em
Harvard,
verifiquei
mais
tarde,
chama‐se
a
este
procedimento
“go
shopping”.
Na
verdade,
os
professores
oferecem
uma
série
de
cursos,
de
tipo
e
temáticas
diferentes,
como
se
estivessem
num
mercado
e
os
alunos
escolhem.
Só
no
final
desse
período
de
visitas
é
que
acabam
por
fazer
as
inscrições
às
dis‐
ciplinas
que
efectivamente
irão
frequentar
e
onde
poderão
submeter‐se
a
ava‐
liação.
Nas
Vorlesungen
(lectures
ou
lições)
o
professor
lia
os
seus
manuscritos
e
os
estudantes
escutavam
e
tomavam
apontamentos;
não
havia
perguntas
ou
dis‐
cussão.
Já
os
seminários
decorriam
à
volta
de
uma
mesa
e
eram
de
participação
intensiva
dos
alunos.
Os
seminários
avançados
(Oberseminare)
eram
priva‐
tissimi,
isto
é,
privadíssimos,
na
medida
em
que
a
inscrição
não
era
livre,
mas
sujeita
a
convite
ou
aceitação
do
professor.
Era
no
oberseminar
que
o
professor
se
reunia
com
os
seus
doutorandos
e
mestrandos.
Desde
cedo
liguei‐me
ao
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
9
Prof.
Rudolf
Berlinger,
catedrático
já
jubilado,
mas
que
continuava
a
leccionar
normalmente.
Entrei
no
seu
Oberseminar
e
viria
a
fazer
parte
do
seu
grupo
de
doutorandos
e
mestrandos.
Nas
férias
de
semestre
de
1980,
Março
e
Abril,
trabalhei
8
semanas
numa
fábrica
de
tapetes
em
Kitzingen.
Foi
o
meu
primeiro
contacto
com
o
mundo
têxtil.
Ganhei
o
suficiente
para
custear
o
meu
2º
semestre.
E
justamente
no
final
deste
semestre
ganhei
uma
bolsa
do
Institut
für
Begatenförderung3
da
Fundação
Konrad
Adenauer.
Foi
como
bolseiro
desta
fundação
que
continuei
os
estudos
e
redigi
a
dissertação
“Die
Kritik
des
Thomas
von
Aquin
an
dem
Metaphysichen
Argument
des
Anselm
von
Canterbury
in
Anschluss
an
‘Com‐
mentum
Sententiarum’”
com
que
obtive
em
Novembro
de
1981
o
grau
Magister
Artium
com
a
classificação
de
Muito
Bom.
2.8
Após
a
conclusão
dos
estudos
em
filosofia,
recebi
um
Lehrauftrag,
uma
oferta
da
Universidade
de
Bamberg
para
ensinar
português
a
principiantes
e
a
avançados
no
1º
semestre
de
1981/1982.
Foi
uma
tarefa
que
desempenhei
com
muito
gosto,
mas
com
a
consciência
de
que
seria
limitada
àquele
único
semestre.
É
que
entretanto
recebera
uma
oferta
da
Universidade
Católica
Por‐
tuguesa
para
ensinar
em
Lisboa
no
2º
semestre
do
mesmo
ano
lectivo,
e
que
encerrava
uma
possibilidade
bem
concreta
de
ingressar
na
docência
univer‐
sitária
em
Portugal,
que
se
tornara
o
meu
grande
objectivo.
Vim
para
Portugal
em
Março
de
1982
para
ensinar
na
Secção
de
Lisboa
da
Faculdade
de
Filosofia
e
permaneci
até
Junho.
A
vinda
para
Portugal
ocorreu,
porém,
já
sob
o
signo
do
provisório.
Com
efeito,
a
resposta
à
candidatura
que
fizera
à
Fundação
Konrad
Adenauer
para
uma
bolsa
de
doutoramento
na
área
da
fenomenologia
foi
positiva,
e,
desse
modo,
regressei
à
Universidade
de
Würzburg
para
me
doutorar.
2.9
Sob
a
orientação
des
Alten,
do
“velho”
Prof.
Berlinger,
e
da
Prof.
Wiebke
Schrader
continuei
então
os
meus
estudos
em
vista
ao
doutoramento.
Desses
anos
datam
as
minhas
primeiras
publicações,
em
alemão,
na
Revista
Didaskalia
da
Faculdade
de
Teologia
da
Universidade
Católica
Portuguesa:
"Die
Intransitiv‐
ität
der
Daseinsanalyse
in
'Sein
und
Zeit'"
em
1982
e
"Biographie
als
Anthropo‐
phanie.
Über
Holderlins
'Tod
des
Empedokles'"
em
1983.
Ao
mesmo
tempo,
beneficiava
dos
seminários
sobre
múltiplas
temáticas,
sobretudo
políticas,
sociais
e
culturais,
que
o
IBK
da
Fundação
Konrad
Adenauer
organizava
para
os
seus
bolseiros
e
que
me
levaram
a
diversas
cidades
alemãs.
Eram
seminários
de
dois
dias
a
uma
semana,
onde
encontrava
bolseiros
alemães
e
estrangeiros
3
“Instituto
de
Estímulo
a
Alunos
Dotados”.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
10
vindos
de
todas
as
partes
da
Alemanha.
Encontrei
jovens
que
hoje
são
políticos
conhecidos
da
República
Federal
da
Alemanha.
Entreguei
a
tese
de
doutoramento
Der
Übergang
zur
objektiven
Welt.
Eine
kri‐
tische
Erörterung
des
Problems
der
Einfühlung
bei
Edith
Stein
na
data
aprazada
em
finais
de
1984,
quando
já
me
encontrava
em
Portugal
a
leccionar
nova‐
mente
na
Universidade
Católica
em
Lisboa.
Fiz
o
Rigorosum,
a
defesa
pública
da
tese
em
11
de
Fevereiro
de
1985,
para
o
que
me
desloquei,
de
propósito
para
o
efeito,
a
Würzburg.
A
classificação
foi
Summa
cum
Laude.
Da
tese
de
douto‐
ramento
resultou
anos
mais
tarde
a
publicação
do
artigo
"Edith
Stein,
Theodor
Lipps
und
die
Einfühlungsproblematik"
na
revista
mais
relevante
da
fenome‐
nologia
a
nível
mundial
Phänomenologische
Forschungen
26/27,
Studien
zur
Philosophie
von
Edith
Stein,
pp.
90‐106,
1993.
3‐
1984‐1991.
Docente
na
Universidade
Católica
Portuguesa
Assistente
na
Secção
de
Lisboa
da
Faculdade
de
Filosofia,
trabalho
editorial
no
Círculo
de
Leitores,
investigador
do
Husserl
Archiv
da
Universidade
de
Colónia,
doutoramento
na
Universidade
Católica,
professor
na
Faculdade
de
Teologia,
membro
da
Assembleia
de
Freguesia
da
Sobreda
e
da
Assembleia
Municipal
de
Almada.
3.1
De
acordo
com
o
que
ficara
combinado
em
1982
com
o
Director
da
Faculdade
de
Teologia,
Prof.
Freitas
Ferreira,
fui
contratado
pela
UCP
como
assistente
a
partir
de
Outubro
de
1984.
Era
reitor
o
Prof.
Bacelar
e
Oliveira,
padre
jesuíta
e
extraordinário
académico,
que
se
mantinha
ao
leme
da
insti‐
tuição
desde
a
sua
fundação
na
década
de
sessenta.
Ganhei
logo
a
fama
de
professor
muito
exigente,
que
me
acompanharia
ao
longo
da
minha
vida
académica.
Não
admitia
nem
conversas
fiadas
nem
des‐
culpas
esfarrapadas.
As
regras
e
os
critérios
de
avaliação
eram
os
estipulados
e
havia
que
os
cumprir.
Ponto,
parágrafo.
De
mim
os
alunos
também
deveriam
esperar
aulas
bem
preparadas
e
imparcialidade
na
avaliação.
Creio
ser
esta
a
bitola
profissional
que
tenho
sempre
seguido
como
professor.
Traduzi
então,
como
apoio
às
cadeiras
que
dava
sobre
filosofia
de
Kant,
a
obra
de
Félix
Grayeff
Exposição
e
Interpretação
da
Filosofia
Teórica
de
Kant,
publicada
pelas
Edições
70
em
1986.
3.2
A
Universidade
Católica
Portuguesa
não
concedia
então
o
regime
de
exclu‐
sividade,
parte
significativa
do
salário
de
um
docente
universitário.
Ora,
casado,
com
o
nascimento
de
dois
filhos,
em
1986
e
1987,
procurei
receitas
adicionais
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
11
ao
ordenado
de
professor.
Em
1986
concorri
a
trabalhos
compatíveis
com
a
minha
formação
no
Círculo
de
Leitores,
sendo
à
altura
António
Mega
Ferreira
o
responsável
editorial.
Deram‐me
um
trabalho
para
dez
meses,
no
valor
de
500
contos,
de
tradução,
selecção
e
redacção
de
textos,
cujo
produto
é
a
obra
Cro‐
nologia
Enciclopédia
do
Mundo
Moderno,
publicada
por
aquela
editora
a
partir
de
1988
em
6
volumes.
3.3
Foi
durante
o
meu
primeiro
ano
lectivo
na
UCP
que
defendi
o
douto‐
ramento
na
Alemanha.
Pela
primeira
vez
na
Faculdade
de
Teologia,
que
tinha
associada
a
si
a
Secção
de
Lisboa
da
Faculdade
de
Filosofia,
esta
sediada
em
Braga,
não
houve
equivalência
automática,
o
que
era
habitual,
ao
grau
de
dou‐
toramento
obtido
na
Alemanha.
Nomeou‐se
um
júri
que,
passado
cerca
de
meio
ano,
já
no
início
do
ano
lectivo
seguinte,
1986‐1987,
considerou
que
as
teses
de
doutoramento
na
Alemanha
correspondiam
às
recentes
teses
de
mestrado
em
Portugal,
correspondendo
o
doutoramento
português
à
Habi‐
litation
alemã
e
que,
por
consequência,
não
me
deu
equivalência
ao
douto‐
ramento.
A
adversidade
serviu‐me
de
estímulo
a
preparar
logo
um
programa
de
inves‐
tigação
de
uma
tese
doutoral
“à
portuguesa”.
Pedi
ao
Prof.
Alexandre
Morujão,
catedrático
de
Coimbra,
membro
do
meu
júri
de
equivalência
e
autoridade
cimeira
na
fenomenologia
em
Portugal,
que
aceitasse
orientar‐me
numa
inves‐
tigação
sobre
a
fenomenologia
de
Munique,
ao
que
acedeu.
Preparei
o
projecto
de
investigação,
concorri
a
uma
bolsa
da
Fundação
Calouste
Gulbenkian,
can‐
didatei‐me
ao
Husserl
Archiv
da
Universidade
de
Colónia
para
me
receber
com
investigador
convidado
e
solicitei
à
UCP
uma
licença
de
doutoramento
de
dois
anos.
Com
a
licença
concedida,
a
bolsa
atribuída
e
a
aceitação
do
Husserl
Archiv,
rumei
de
novo
à
Alemanha
para
mais
uma
época
de
estudo
intenso.
Havia
males
(a
recusa
de
equivalência)
que
vinham
por
bem
(mais
tempo
de
estudo).
3.4
Em
Colónia
levei
durante
dois
anos
uma
vida
de
pleno
estudo.
Trabalhava
a
partir
das
9
horas
numa
biblioteca,
ou
na
da
Universidade,
ou
na
do
Archiv
ou
na
excelente
biblioteca
da
Maternushaus,
propriedade
da
arquidiocese
de
Colónia
e
mesmo
junto
ao
apartamento
onde
vivia.
Entrei
em
contacto
com
o
Prof.
Karl
Schumman
da
Universidade
de
Utrecht,
indiscutivelmente
a
maior
autoridade
no
campo
dos
estudos
da
proto‐fenomenologia.
Visitei‐o
várias
vezes
para
discutir
o
meu
trabalho,
o
que
foi
de
crucial
importância
para
o
sucesso
da
minha
investigação.
Schummann
viria
a
fazer
parte
do
júri
a
que
em
Junho
de
1990
na
Universidade
Católica
submeti
a
minha
tese
O
Realismo
da
Fenomenologia
de
Munique.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
12
Passei
duas
temporadas
em
Munique,
na
Biblioteca
Estatal
Bávara,
a
estudar
os
manuscritos
dos
fenomenólogos
de
Munique
e
seus
precursores,
tendo
então
aprendido
a
ler
o
gótico
manuscrito.
Na
minha
tese
viria
a
estabelecer
a
íntima
relação
entre
a
psicologia
descritiva
de
Brentano,
a
teoria
da
Gestalt
de
Ehrenfels,
a
objectologia
de
Meinong
e
a
nascente
fenomenologia
de
Husserl
e
de
Pfänder.
Durante
a
minha
estadia
em
Colónia
fui
convidado
em
Maio
de
1988
para
me
deslocar
ao
Liechtenstein
e
a
aí
proferir
uma
conferência
sobre
os
fenome‐
nólogos
de
Munique
na
International
Academy
of
Philosophy,
a
primeira
insti‐
tuição
de
ensino
superior
no
principado.
O
convite
partiu
de
Josef
Seifert,
o
reitor
da
Academia.
Comprei
no
Verão
de
1988
o
meu
primeiro
PC,
que
muito
viria
a
facilitar
a
redacção
atempada
da
tese.
O
que
escrevia
à
mão,
durante
o
dia,
reescrevia‐o
à
noite
no
computador.
Passados
dois
anos
de
trabalho
na
Alemanha,
tinha
a
tese
doutoral
quase
pronta.
Terminá‐la‐ia
já
em
Portugal
e
acabei
por
a
sub‐
meter,
em
Abril
de
1990,
à
Universidade
Católica.
Em
25
Junho
de
1990
o
júri,
onde
estavam
presentes
os
membros
do
júri
que
me
recusara
a
equivalência
em
1985,
deu‐me
a
nota
máxima,
“com
louvor
e
distinção”
por
unanimidade.
Doutorado
na
Alemanha
e
doutorado
em
Portugal,
as
minhas
credenciais
aca‐
démicas
estavam
definitivamente
confirmadas.
Já
em
inícios
de
1989,
ainda
antes
da
conclusão
do
doutoramento,
a
Sociedade
Científica
da
Universidade
Católica
admitira‐me
como
sócio
ordinário.
No
decorrer
da
minha
estada
em
Colónia
redigi
os
artigos
“A
fenomenologia
de
Munique”,
publicado
na
Revista
Portuguesa
de
Filosofia
44,
1988,
e
“Pfänders
Weg
vom
Monismus
zur
Phänomenologie”,
a
aparecer
no
livro
organizado
por
Karl
Schumman,
Categories
of
Consciousness.
The
Descriptive
Psychology
of
Ale‐
xander
Pfänder,
na
Kluwer
Academic
Publishers,
mas
que,
creio,
nunca
veio
a
lume.
3.5
Retomei
a
leccionação
em
Outubro
de
1989
na
Universidade
Católica.
Além
das
aulas
assumi
funções
nas
áreas
editoriais,
como
Administrador
da
Revista
Didaskalia
e
como
Secretário
do
Conselho
de
Publicações
da
Faculdade
de
Teo‐
logia.
3.6
Por
proposta
de
21
de
Novembro
de
1990
da
Faculdade
e
enviada
pelo
então
Reitor
da
Universidade,
D.
José
da
Cruz
Policarpo,
o
Cardeal
Patriarca
de
Lisboa,
D.
António
Ribeiro,
por
despacho
de
23
de
Novembro,
deu
a
autorização
e
concedeu
o
“nihil
obstat”
para
a
celebração
do
meu
contrato
como
professor
auxiliar
na
UCP.
Celebrado
o
contrato,
comecei
a
insistir
com
a
Universidade
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
13
para
que
me
fosse
concedido
o
regime
de
exclusividade,
que
outros
colegas
já
nessa
altura
começavam
a
usufruir.
Falei
duas
vezes
com
o
Reitor
D.
José
Poli‐
carpo
e
várias
vezes
com
o
Director
da
Faculdade,
Prof.
Isidro
Alves.
Muito
cla‐
ramente
foi‐me
dito
que
a
aposta
da
UCP
não
era
em
professores
em
exclu‐
sividade,
mas
em
professores
que
combinavam
a
leccionação
em
duas
ou
mais
universidades.
Sensível
à
minha
situação
económica
difícil,
o
Prof.
Lúcio
Cra‐
veiro
da
Silva,
Director
da
Faculdade
de
Filosofia
em
Braga,
ex‐reitor
da
Uni‐
versidade
do
Minho,
e
natural
do
Tortosendo,
aconselhou‐me
a
dirigir‐me
à
Universidade
da
Beira
Interior,
que
procurava
doutorados.
E
foi
o
que
fiz.
3.7
Não
posso
deixar
de
referir
que
nesta
etapa
da
minha
vida
participei
acti‐
vamente
na
vida
autárquica.
A
freguesia
da
Caparica
dividiu‐se
em
1986
em
3
freguesias,
Monte
da
Caparica,
Charneca
da
Caparica
e
Sobreda
da
Caparica,
onde
eu
vivia,
e
houve
que
realizar
eleições
para
as
novas
Juntas
de
Freguesia.
Inscrito
no
PSD
desde
1983,
encabecei
a
lista
deste
partido,
ficando
na
Assembleia
de
Freguesia.
Depois
do
meu
regresso
da
Alemanha
em
1989,
fui
eleito
pela
mesma
força
partidária
para
a
Assembleia
Municipal
de
Almada.
3.8
Em
1991
a
tese
de
doutoramento
foi
publicada
pela
Faculdade
de
Filosofia
de
Braga
sob
o
mesmo
título
O
Realismo
da
Fenomenologia
de
Munique.
Nunca
compreendi,
de
facto,
uma
tese
de
doutoramento
não
publicada.
Não
basta
que
as
provas
sejam
públicas;
é
fundamental
que
o
resultado
da
investigação
realizada
fique
patente
a
todos
e
a
qualquer
um
para
avaliação
própria.
Alguns
anos
mais
tarde,
em
2000,
saiu
em
Itália,
na
revista
Quaderni
de
Discipline
Filo‐
sofiche,
editada
pela
Kluwer
Academic
Publishers,
num
número
temático
dedicado
à
fenomenologia
de
Munique,
Il
realismo
fenomenológico.
Sulla
filo‐
sofia
dei
circoli
di
Mónaco
e
Gottinga,
o
meu
artigo
“L’idea
della
psicologia
pura
in
Theodor
Lipps”
(237‐254),
que
condensa
a
primeira
parte
da
tese.
Entretanto
também
publicara
em
1989
o
texto
“Dominai
a
Terra.
Que
responsabilidade?”
em
Questão
Ética
e
Fé
Cristã
II,
publicado
pela
Editorial
Verbo.
A
partir
de
1989
e
até
1992
colaborei
na
Enciclopédia
de
Filosofia
LOGOS
(5
volumes),
também
da
Editorial
Verbo,
com
as
seguintes
entradas:
Hedwig
Conrad‐Martius,
Culpa,
Max
Müller,
Necessidade,
Alexander
Pfänder,
Adolf
Reinach,
Herbert
Spie‐
gelber,
Wolfgang
Stegmüller,
Edith
Stein,
Vivência.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
14
4‐
1991‐1999.
Ingresso
e
afirmação
na
UBI
Director
do
Curso
de
Comunicação
Social,
Presidente
da
Secção
Científica
de
Ciências
Sociais
e
Humanas,
membro
da
Assembleia
Municipal
de
Penamacor,
vinda
a
lume
do
romance
“Joaquim.
O
último
dos
profetas”,
Professor
Asso‐
ciado,
Vice‐Reitor
de
Passos
Morgado,
Director
do
CREA,
membro
do
Gabinete
de
Pós‐Graduação,
visita
ao
Japão
com
Passos
Morgado,
Vice‐Reitor
de
Santos
Silva,
criação
do
boletim
intra‐universitário
Ubiversitas,
Director
do
Mestrado
em
Comunicação,
fundador
da
Sopcom,
saída
de
Vice‐Reitor,
Visiting
Scholar
da
Universidade
de
Harvard,
agregação
em
Ciências
da
Comunicação,
criação
da
BOCC.
4.1
Assinei
o
contrato
de
Professor
Auxiliar
com
a
UBI
em
2
de
Maio
de
1991.
Era
Presidente
do
Departamento
de
Sociologia
e
Comunicação
Social
o
Prof.
José
Carlos
Venâncio
que
me
distribuiu
a
leccionação
das
disciplinas
de
maior
teor
filosófico,
Semiótica
e
Epistemologia,
no
curso
de
Comunicação
Social
e,
mais
tarde,
me
cometeu
a
tarefa
de
dirigir
este
curso
de
licenciatura,
iniciado
em
1989.
Sem
experiência
na
área
de
Comunicação,
de
imediato
estabeleci
fortes
relações
com
o
Departamento
de
Comunicação
da
Faculdade
de
Ciências
Sociais
e
Humanas
da
Universidade
Nova
de
Lisboa,
onde
existia
o
curso
mais
antigo
do
país,
com
maior
número
de
doutorados
e
com
mais
investigação.
Organizei
logo
um
ciclo
de
seis
conferências
subordinadas
ao
tema
“Episte‐
mologia
da
Comunicação”,
em
que
participaram
entre
outros
os
Professores
Adriano
Duarte
Rodrigues,
decano
da
área
em
Portugal,
Bragança
de
Miranda
e
Chaké
Matossian.
Recorreu‐se
ainda
ao
Prof.
Nelson
Traquina
para
leccionar
regularmente
na
UBI
disciplinas
na
área
do
Jornalismo.
Por
sua
vez,
aquele
Departamento
convidou‐me
para
eu
leccionar
um
seminário
no
seu
Mestrado
de
Comunicação,
o
que
fiz
entre
Outubro
de
1992
e
Fevereiro
de
1993
lec‐
cionando
o
seminário
“Fenomenologia
e
Comunicação”.
Também
em
Setembro
de
1992
arguí
a
dissertação
de
mestrado
em
Comunicação
de
Maria
Lucília
Marcos
“Lógica
da
Relação
e
Contornos
do
Sentido.
Estudo
a
partir
da
Pragmática
Transcendental
de
Francis
Jacques”.
Começo
então
a
ter
uma
actividade
regular
de
articulista
no
jornal
Notícias
da
Covilhã,
que
mais
tarde
estendi
ao
Jornal
do
Fundão,
e
na
imprensa
da
Asso‐
ciação
Académica
da
UBI.
Os
assuntos
eram,
na
quase
totalidade,
relativos
à
universidade
ou
à
região,
como
o
mostram
os
dois
volumes
que
os
compilam,
Ubiversidade.
Dispersos
sobre
a
universidade
em
geral
e
a
UBI
em
particular,
publicado
em
1987,
e
Os
Tempos
e
os
Modos
da
UBI
de
2009.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
15
4.2
Com
a
feitura
dos
regulamentos
da
UBI,
em
1993,
aplicando
os
Estatutos
de
1989,
e
a
entrada
em
funcionamento
dos
órgãos
estatutários,
sou
eleito
em
Novembro
de
1993
presidente
da
Secção
Científica
da
Unidade
Científico‐
Pedagógica
de
Ciências
Sociais
e
Humanas,
membro
do
Senado
e
da
Assembleia
da
Universidade.
Passo
também
a
ter
assento
na
Comissão
Coordenadora
do
Conselho
Científico.
Pouco
a
pouco
ia
ganhando
visibilidade
junto
da
comu‐
nidade
académica,
não
só
pela
presença
nos
órgãos
de
comunicação
e
dos
cargos
que
exercia,
mas
também
pelo
feitio
frontal
junto
das
autoridades
universitárias,
em
especial
face
ao
reitor
Passos
Morgado.
4.3
Quando
vim
leccionar
para
a
UBI,
aluguei
casa
na
freguesia
da
Capinha,
no
concelho
do
Fundão,
entre
Aldeia
de
João
Pires
e
a
Covilhã.
Estava
a
divorciar‐
me
nessa
altura,
vivia
sozinho,
e
de
novo
entrei
na
vida
autárquica,
desta
vez
no
concelho
de
Penamacor.
Nas
eleições
autárquicas
de
1993
encabecei
a
lista
do
PSD
à
Assembleia
Municipal
de
Penamacor.
Ali
permaneci
como
deputado
municipal
até
1997.
Durante
este
período,
o
presidente
da
Assembleia
Muni‐
cipal,
António
José
Seguro,
convidou
o
líder
histórico
do
Partido
Comunista
Por‐
tuguês,
Álvaro
Cunhal,
a
visitar
o
concelho,
onde
tinha
estado
preso
na
1ª
Com‐
panhia
Disciplinar
do
Exército
Português
em
1939.
Associei‐me
aos
restantes
deputados
municipais
na
homenagem
prestada
e
no
jantar
que
se
lhe
seguiu.
No
que
toca
ao
meu
envolvimento
cívico
e
político,
tenho
ainda
a
referir
que,
nas
duas
campanhas
presidenciais
do
Prof.
Aníbal
Cavaco
Silva,
fui
seu
man‐
datário
concelhio
(Penamacor,
Covilhã)
e
membro
da
respectiva
Comissão
de
Honra.
4.4
No
final
de
1993
veio
a
lume
o
meu
romance
Joaquim.
O
último
dos
pro‐
fetas,
publicado
pelas
Edições
Cotovia.
Era
um
livro
que
começara
a
escrever
em
Colónia
e
que
havia
terminado
já
na
Capinha.
Com
ele
encerrava
de
algum
modo
a
reflexão
própria
a
que
fora
obrigado
pela
leccionação
da
cadeira
de
Teologia
Filosófica,
ao
longo
de
vários
anos,
na
Universidade
Católica.
O
livro
não
foi
um
best‐seller.
Encontra‐se
hoje
disponível
em
alfarrabistas
e
online,
no
projecto
Vercial
e
na
minha
página
pessoal.
4.5
De
4
de
Maio
a
10
de
Julho
de
1994
sou
formador
único
na
acção
de
for‐
mação
“Linguagem
e
Argumentação.
Questões
Aprofundadas
de
Lógica
e
Epis‐
temologia”
de
66
horas,
no
âmbito
do
Programa
FOCO,
Formação
Contínua
de
Professores.
Evoco
este
curso
porque
constituiu
como
que
a
génese
do
Curso
de
Mestrado
em
Comunicação
que
se
iniciaria
no
ano
seguinte
e
seria
um
dos
primeiros
cursos
de
mestrado
a
serem
leccionados
na
UBI.
Em
13
de
Setembro
de
1994
é
aberto
o
concurso
para
professores
associados
nas
áreas
de
sociologia
e
de
comunicação.
Concorro
com
um
programa
sobre
a
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
16
disciplina
de
Semiótica,
que
viria
a
dar
origem
ao
livro,
publicado
na
UBI
em
1995,
Semiótica.
A
Lógica
da
Comunicação.
Sou
seleccionado
e
em
Julho
de
1995
assino
o
contrato
como
Professor
Associado.
4.6
Poucos
dias
depois
de
tomar
posse
como
Professor
Associado
sou
nomeado
por
Despacho
Reitoral
de
28/07/95,
e
por
conveniência
urgente
de
serviço,
Vice‐Reitor,
a
partir
desse
mesmo
dia,
a
fim
de
coadjuvar
o
Reitor
em
“assuntos
de
natureza
académica
e
nas
relações
com
o
exterior”.
De
facto,
o
Reitor
Passos
Morgado
preparava‐se
para
passar
à
reforma
no
final
do
ano
e
desejava
alguém
que
ajudasse
à
transição
para
um
novo
reitor.
Não
exisitiam
ainda
os
regu‐
lamentos
da
Assembleia
da
Universidade
e
da
Eleição
do
Reitor
e
coube‐me
a
mim,
conjuntamente
com
os
Drs
Salavesa
e
Carlos
Melo
Gonçalves,
preparar
os
projectos
dos
mesmos.
Ao
mesmo
tempo,
procedeu
a
uma
remodelação
pro‐
funda
nas
chefias
dos
Centros
Estatutários,
nomeando
o
Prof.
José
Carlos
Venâncio
para
substituir
o
Prof.
Marques
Reigado
à
frente
do
CEDR
–
Centro
de
Estudos
e
Desenvolvimento
Regional,
e
a
mim
para
Director
do
CREA
–
Centro
de
Recursos
de
Ensino
e
Aprendizagem.
Como
Director
do
CREA
procedi
a
uma
reformulação
radical
do
modo
de
fun‐
cionamento,
responsabilizando
os
funcionários,
técnicos
superiores
e
auxiliares,
e
transformei‐o
num
verdadeiro
centro
multimédia.
Quando
assumi
funções
havia
apenas
um
velho
PC
e
tudo
o
resto
era
analógico.
Quando
saí,
em
1998,
já
a
produção
audiovisual
era
feita
digitalmente
com
hardware
e
software
de
ponta.
O
mais
importante,
todavia,
foi
o
clima
que
ali
se
criou
de
tanta
infor‐
malidade,
quanto
de
trabalho
aturado
por
parte
de
todos.
Dessa
época
datam
vários
vídeos
documentários
sobre
a
UBI
e
o
Museu
de
Lanifícios,
da
autoria
da
técnica
Manuela
Penafria,
que
foram
passados
várias
vezes
nos
novos
canais
de
televisão,
SIC
e
TVI.
Também
se
produziram
vídeos
para
entidades
exteriores.
4.7
Passos
Morgado
nomeara
o
Prof.
Veiga
Simão
para
presidir
ao
gabinete
de
Pós‐Graduação
da
UBI,
com
a
incumbência
de
promover
cursos
de
mestrado
e
de
doutoramento.
Os
dois
vice‐reitores
à
época,
Santos
Silva
e
eu
próprio,
também
integravam,
enquanto
presidentes
das
Secções
Científicas
das
suas
Unidades,
esse
gabinete.
Aí
se
decide
começar
os
cursos
de
mestrado,
nomea‐
damente
os
de
Gestão,
de
Ciência
e
Tecnologia
Têxtil
e
o
de
Ciências
da
Comu‐
nicação.
4.8
Em
Outubro
de
1995
lancei
o
Mestrado
em
Ciências
da
Comunicação,
com
a
colaboração
significativa
de
professores
da
Universidade
Nova
de
Lisboa,
nomeadamente
Adriano
Duarte
Rodrigues,
Bragança
de
Miranda,
Pissarra
Esteves,
Tito
Cunha.
Considero
que
foi
uma
das
acções
de
maior
relevância
na
afirmação
estratégica
da
área
de
Comunicação
na
UBI.
Não
só
foi
a
maneira
mais
expedita
de
qualificar
jovens
assistentes
e
outros
licenciados
que
viriam
a
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
17
integrar
o
corpo
docente
(Frederico
Lopes,
João
Carlos
Correia,
Manuela
Penafria,
Anabela
Gradim,
Joaquim
Paulo
Serra,
José
António
Domingues)
numa
área
científica
muito
recente
em
Portugal,
como
se
lançaram
as
bases
para
um
ambiente
de
investigação
que
ainda
hoje
perdura
e
de
que
o
LabCom
colhe
bons
frutos.
Com
efeito,
por
minha
iniciativa,
a
UBI
lançou
a
colecção
Estudos
em
Comunicação,
onde
foram
publicadas
as
dissertações
de
mestrado.
Hoje
todos
esses
livros
se
encontram
disponíveis
online
na
Editora
LabCom.
Mas
sobre
isso
darei
detalhes
mais
à
frente,
quando
falar
do
LabCom
como
unidade
de
investigação.
4.9
A
eleição
do
novo
reitor
‐‐
Manuel
dos
Santos
Silva
era
o
único
candidato
‐‐
pela
Assembleia
da
Universidade
teve
lugar
no
dia
27
de
Novembro
de
1995.
No
dia
29
de
Novembro,
o
Reitor
Passos
Morgado,
eu
e
o
Pró‐Reitor
Mário
Raposo,
partimos
para
o
Japão,
convidados
pela
Ryutzu
Keisay
University,
par‐
ceira
da
UBI,
e
que
celebrava
o
seu
30º
aniversário.
Foi‐nos
proporcionada
uma
viagem
memorável
pelo
Japão,
com
deslocações
a
Kyoto,
Nagasaki
e
Usuki,
sempre
acompanhados
de
um
guia,
Hino
Hirochi,
professor
daquela
uni‐
versidade,
estudioso
da
língua
portuguesa,
e
tradutor
da
primeira
gramática
japonesa,
redigida
pelo
jesuíta
João
Rodrigues
em
1620.
Regressámos
dia
6
de
Dezembro
a
Portugal.
4.10
Santos
Silva
toma
posse
como
reitor
em
19
de
Janeiro
de
1996
e
eu
sou
nomeado
Vice‐reitor,
conjuntamente
com
Luís
Carrilho
Gonçalves,
em
22/01/96.
O
articulado
do
Despacho
é
o
mesmo
da
minha
nomeação
por
Passos
Morgado.
Continuava,
portanto,
a
“coadjuvar
o
reitor
em
assuntos
de
natureza
académica
e
nas
relações
com
o
exterior”.
A
primeira
acção
que
promovi
no
reitorado
de
Santos
Silva
foi
a
criação
em
Fevereiro
de
um
boletim
universitário
mensal,
o
Ubiversitas,
de
que
fui
director
até
à
minha
demissão
em
Julho
de
2008.
No
primeiro
número
escrevia
eu
a
jus‐
tificar
o
boletim:
“À
beira
da
celebração
do
seu
décimo
aniversário,
a
UBI
é
já
um
mundo
de
quase
cinco
mil
pessoas.
Torna‐se,
assim,
necessário
desenvolver
novos
meios
de
comunicação
entre
todos
os
que
trabalham
na
UBI.
Cada
um
tem
o
seu
posto
de
trabalho
num
depar‐
tamento,
num
centro
ou
num
serviço,
mas
é
importante
que
todos
saibam
o
que
se
passa
no
todo
da
universidade.
A
diversidade
dos
departamentos
só
pode
fazer‐se
na
unidade
de
toda
a
academia.
Por
outro
lado,
a
partilha
de
informação,
dar
e
receber,
é
uma
forma
imprescindível
de
criar
uma
identidade
institucional.
Para
que
todos
sintam
a
universidade
como
sua,
como
alma
mater,
têm
que
conhecê‐la,
saber
o
que
nela
se
passa.”
4.11
É
no
decorrer
de
1997
que
se
faz
a
afirmação
do
Curso
de
Comunicação
da
UBI
na
área
das
ciências
da
Comunicação
em
Portugal
e,
porque
não
dizê‐lo,
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
18
que
eu
ganho
protagonismo
junto
dos
meus
pares.
Mário
Mesquita
cria
a
expressão
“o
triângulo
Lisboa‐Covilhã‐Braga”
para
se
referir
aos
cursos
de
refe‐
rência
em
Portugal.
Sou
um
dos
organizadores
e
vice‐presidente
da
Conferência
Internacional
sobre
Tecnologias
e
Mediação,
que
se
realiza
de
27
a
29
de
Março
de
1997
na
Culturgest
em
Lisboa.
Faço
parte
da
Comissão
Científica
do
I
Encontro
Lusófono
de
Ciências
da
Comunicação,
“Debater
as
Ciências
da
Comu‐
nicação
no
Espaço
Lusófono”,
que
decorre
na
Universidade
Lusófona
em
Lisboa
em
18
e
19
de
Abril
do
mesmo
ano.
Aí
apresento
em
sessão
plenária
a
comunicação
“A
Biblioteca
Universal
na
Sociedade
de
Informação”.
Em
Setembro
de
1997,
volto
a
participar
nos
Estudos
Gerais
da
Arrábida,
coor‐
denando
a
sessão
temática
“O
Jornalismo
é
uma
Forma
de
Conhecimento?”
Digo
volto,
porque
em
1996
ali
tinha
estado
para
participar
numa
mesa
redonda
sobre
“Ética,
Direito
e
Deontologia
da
Comunicação
e
do
Jornalismo”
(22‐26
de
Julho
de
1996).
Ainda
em
1997,
apresento
a
conferência
“Kontext
und
Referenz.
Für
eine
Pragmatik
der
Übersetzung”
no
9º
Simpósio
Internacional
da
Académie
du
Midi,
realizado
na
Covilhã,
entre
19
e
23
de
Maio,
sobre
o
tema
Translation
and
Interpretation
e
participo
no
ICHIM
97,
International
Con‐
ference
on
Hypermedia
and
Interactivity
in
Museum,
realizado
no
Museu
do
Louvre,
Paris,
entre
1
e
5
de
Setembro.
Assim,
em
4
de
Abril
de
1997
assumo
a
vice‐presidência
da
Comissão
Insta‐
ladora
da
Associação
Portuguesa
de
Ciências
da
Comunicação
e
em
29
de
Novembro
de
1997
torno‐me
vogal
da
Direcção
da
Associação,
designada
Sopcom
(www.sopcom.pt).
Desde
então
tenho
feito
sempre
parte
da
Direcção;
desde
Abril
de
2004
como
vice‐presidente.
4.12
A
minha
demissão
de
Vice‐reitor
de
Santos
Silva
é
de
Julho
de
1998,
mas
a
decisão
remonta
a
1997.
Como
referi
atrás,
as
minhas
funções
na
reitoria
eram
coadjuvar
o
reitor
em
assuntos
de
natureza
académica
e
nas
relações
com
o
exterior.
Ora,
a
minha
posição
muito
crítica
face
ao
funcionamento
dos
Serviços
Académicos
gerava
tensões
entre
mim,
o
Reitor
e
o
Director
dos
Serviços,
Dr.
Carlos
Melo
Gonçalves.
Em
reunião
de
27
de
Maio
de
1997,
entre
o
Reitor,
os
dois
Vice‐reitores
e
o
Director
dos
Serviços
Académicos
apresentei
um
plano
de
reformulação
profunda
dos
Serviços.
Como
estipulavam
os
Estatutos
da
UBI
eram
de
dois
tipos
as
suas
competências:
1º
Apoio
no
domínio
pedagógico
da
actividade
escolar
dos
alunos;
2º
Apoio
à
actividade
académica
dos
docentes.
Fazia
uma
análise
das
diferentes
tarefas
dos
SA
e
concluía
da
seguinte
forma:
i‐
Os
SA
cumprem
um
vasto
conjunto
de
funções
dentro
da
Universidade,
algumas
difíceis
de
conciliar.
ii‐
As
exigências
colocadas
aos
SA
com
o
aumento
significativo
de
alunos
e
docentes
foram
respondidas
com
um
aumento
de
trabalho
e
funcionários.
Não
houve
uma
rees‐
truturação.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
19
iii‐
A
modernização
dos
SA
fez‐se
sobretudo
mediante
a
utilização
de
meios
infor‐
máticos.
Não
houve
uma
modernização
em
termos
de
gestão
de
pessoal.
iv‐
Neste
momento,
os
SA
têm
cinco
grandes
áreas
de
actuação:
alunos,
docentes,
apoio
ao
Conselho
Científico
e
ao
Conselho
Pedagógico,
alunos
de
pós‐graduação,
tra‐
tamento
de
dados
estatísticos.
v‐
A
reorganização
dos
SA
deverá
ser
feita
tendo
em
conta
a
diversidade
de
tarefas,
com
a
divisão
de
tarefas
pelos
funcionários,
responsabilizando‐os,
e
dando
aos
utentes
dos
SA
uma
voz
activa
na
sua
reestruturação
e
funcionamento.
Por
outro
lado,
dado
que
o
reitor
assumia
as
funções
de
presidente
do
Con‐
selho
Científico,
bastava
o
Director
dos
Serviços
Académicos
invocar
que
o
assunto
era
do
foro
científico
e
não
administrativo,
para
me
ultrapassar
e
decidir
directamente
com
o
reitor.
A
questão
chegou
a
um
ponto
que
era
eu
ou
o
Director
dos
Serviços
Académicos
que
tinha
de
ser
mudado.
Acabei
por
ser
eu.
Também
nas
relações
com
o
exterior,
sentia
que
se
passava
por
cima
de
mim,
não
sendo
ouvido
em
iniciativas
de
divulgação
da
universidade,
nem
fazendo
parte
de
comissões
constituídas
para
tratar
da
imagem
externa
da
UBI.
Decidi
demitir‐me.
Numa
reunião
havida
entre
mim
e
o
Reitor
Santos
Silva
no
dia
19
de
Setembro
de
1997,
comuniquei‐lhe
que
me
iria
demitir
de
Vice‐Reitor
e,
de
forma
a
não
criar
qualquer
problema,
pediria
a
minha
licença
sabática
para
o
ano
lectivo
seguinte.
Sem
delongas,
contacto
instituições
nos
Estados
Unidos
para
ali
passar
um
ano
sabático.
Face
às
respostas
positivas,
viajo
em
15
de
Novembro
de
1997
para
Nova
Iorque
e,
durante
uma
semana,
visito
as
Universidades
de
Brown
e
Har‐
vard,
e
ainda
a
DISA
(Defense
Intelligence
Service
Agency)
em
Washington
DC,
para
decidir
onde
passaria
o
ano
lectivo
de
1998‐1999.
Acabei
por
me
decidir
por
Harvard.
Em
Dezembro
submeto
o
pedido
de
ano
sabático
e
respectivo
plano
de
trabalhos
ao
Conselho
Científico
da
UBI,
que
o
aprova,
e
candidato‐me
a
bolsas
de
estudo
da
FLAD
e
da
FCT,
que
mas
concedem.
Obviamente
que
nos
meses
de
2008
que
antecederam
a
minha
ida
para
a
Amé‐
rica
continuei
a
cumprir
os
meus
deveres
de
Vice‐reitor,
Presidente
da
Secção
Científica
de
Ciências
Sociais
e
Humanas,
Director
do
CREA,
Director
do
Mestrado
em
Ciências
da
Comunicação
e
de
professor.
Na
última
semana
de
Abril
de
1998
viajei
pela
primeira
vez
para
o
Brasil
a
fim
de
participar
no
Painel
no
II
Lusocom,
“Encontro
Lusófono
de
Ciências
da
Comunicação”,
realizado
em
Aracaju,
Sergipe,
e
onde
apresentei
a
comunicação
intitulada
“A
Comunicação
Endereçada”.
Começava
aí
a
forte
ligação
à
comunidade
científica
brasileira
que
ainda
hoje
perdura.
Quanto
a
publicações
em
1997
e
1998,
tenho
a
referir
a
entrada
“Portugal”
in
Embree,
Lester
(org.),
Encyclopedia
of
Phenomenology,
Dordrecht:
Kluwer
Aca‐
demic
Publishers,
pp.
552‐555;
Semiótica:
A
Lógica
da
Comunicação
(2ª
edição),
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
20
Covilhã:
Universidade
da
Beira
Interior.
Primeiro
volume
da
Série
“Estudos
em
Comunicação”;
“A
Ética
e
o
off
the
record”
em
Brotéria.
Cultura
e
Informação;
"Os
Meios
e
os
Fins
da
Comunicação",
Prefácio
a
Manuel
José
Lopes
da
Silva,
Diagnóstico
Sistémico
da
Sociedade
Pós‐Industrial,
Cadernos
de
Comunicação
e
Linguagens
–
Nº1
e
o
livrinho
de
edição
pessoal
Ubiversidade.
Dispersos
sobre
a
universidade
em
geral
e
a
UBI
em
particular,
Covilhã.
4.13
Em
Cambridge,
Massachusetts,
consegui
um
apartamento
não
muito
longe
(walking
distance)
do
Harvard
Yard
e
procurei
usufruir
das
possibilidades
que
a
universidade
me
oferecia
como
visiting
scholar.
Sem
burocracias,
em
menos
de
um
quarto
de
hora,
foi‐me
dado
um
cartão
de
officer
que
dava
acesso
aos
diversos
lugares
da
universidade:
bibliotecas,
centro
de
informática,
museus,
cantinas,
Faculty
Club.
Durante
o
primeiro
semestre
segui
alguns
cursos
de
professores
de
renome
mundial,
como
Robert
Nozick,
Sheila
Benhabib
e
Noam
Chomsky
(este
no
MIT).
Mas
foi
na
imensa
Widener
Library,
biblioteca
central
de
Harvard,
que
passei
a
maior
parte
do
tempo.
Foi‐me
atribuída
uma
mesa
de
trabalho
(carrel
desk),
junto
a
uma
janela
do
3º
piso,
na
secção
de
comunicação,
semiótica
e
lin‐
guística,
e
ali
passava
os
meus
dias.
Escrevi
o
artigo
“Da
Semiótica
e
seu
objecto”,
publicado
no
primeiro
número
da
Revista
Comunicação
e
Sociedade,
em
1999,
e
preparei
as
provas
de
agregação,
que
entregaria
na
UBI
em
Janeiro
de
1999.
Ao
mesmo
tempo
ligava‐me
à
comunidade
de
estudantes
portugueses
de
pós‐
graduação,
que
tinha
uma
forte
presença
no
MIT‐Massachusetts
Institute
of
Techonology.
Como
durante
o
tempo
que
passei
na
América
mantive
a
crónica
semanal
que
iniciara
em
Abril
de
1997
no
Jornal
do
Fundão
sob
a
rubrica
“Corte
na
Aldeia”,4
e,
de
algum
modo,
dava
conta
do
que
se
passava
em
Portugal
e
na
América,
na
crónica
de
30
de
Outubro
de
1998,
intitulada
“Crónica
do
Futuro”,
dou
conta
da
primeira
realização
da
PAPS
‐
Associação
Luso
Americana
de
Pós‐
Graduados.
Cito
parte
dessa
crónica:
A
reunião
teve
lugar
no
sábado
passado,
24
de
Outubro
de
1998.
O
local
foi
a
sala
E51‐
315
do
Massachusetts
Institute
of
Technology,
Estados
Unidos
da
América.
O
tema
da
reunião:
“Investir
no
Futuro.
A
Colaboração
entre
a
Indústria
e
as
Universidades”.
A
língua
utilizada
foi
o
inglês.
Das
100
pessoas
presentes
à
volta
de
90
eram
portuguesas.
Foram
oradores
entre
outros
Mariano
Gago,
Ministro
da
Ciência
do
Governo
Por‐
tuguês,
Ernest
Moniz,
Subsecretário
da
Energia
da
Administração
Americana,
Charles
West,
Presidente
do
MIT,
Rui
Machete,
Presidente
da
FLAD,
David
Hart,
da
Uni‐
4
As
crónicas
no
JF
estão
disponíveis
em:
www.labcom.ubi.pt/~fidalgo/
corte_na_aldeia/
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
21
versidade
de
Harvard,
Andrew
Lippman,
Director
Adjunto
do
Media
Lab,
José
Tribolet,
do
INESC,
Manuel
Heitor
do
IST.
O
encontro
foi
a
primeira
realização
da
PAPS,
a
Associação
Luso
Americana
de
Pós‐
Graduados,
que
conta
já
com
perto
de
200
membros
inscritos,
dos
quais
64
têm
o
dou‐
toramento
e
54
o
mestrado.
Espalhados
pelas
universidades
americanas
estes
portu‐
gueses
trabalham
nas
mais
diferentes
áreas
científicas,
desde
as
engenharias
de
sis‐
temas,
mecânica
e
electrotécnica,
à
gestão
e
economia,
passando
pelo
design,
arqui‐
tectura,
física,
química,
ciências
da
comunicação
e
da
educação,
medicina
e
biologia,
literatura
e
teologia.
O
tema
em
debate
foi
a
colaboração
entre
a
indústria
e
as
universidades,
de
como
a
indústria
pode
apoiar
a
investigação
feita
nas
universidades
e
beneficiar
dela.
Mas
à
volta
do
tópico
central
outros
temas
foram
tratados,
nomeadamente
a
experiência
norte
americana
neste
campo,
a
importância
da
ciência
para
a
indústria
de
um
país,
o
emprego
pela
indústria
de
doutorados
e
mestres.
Mas
em
debate
também
estava
um
Portugal
novo,
muito
diferente
do
Portugal
de
ele‐
vadíssima
taxa
de
analfabetismo,
um
Portugal
aberto
e
cosmopolita,
muito
diferente
do
Portugal
fechado
pela
censura,
um
Portugal
capaz
de
enviar
jovens
para
as
melhores
universidades
americanas,
muito
diferente
do
Portugal
de
onde
saíram
milhares
de
emigrantes
para
os
empregos
pouco
qualificados
de
França
e
da
Ale‐
manha.
Obviamente
também
me
dei
conta
da
decisão
governamental
de
criar
uma
das
novas
faculdades
de
ciências
da
saúde
na
UBI.
Na
crónica
de
27
de
Novembro
de
1998,
intitulada
“O
sentido
de
uma
Faculdade”,
escrevi
que
mais
do
que
a
criação
de
uma
faculdade
era
a
refundação
da
UBI:
A
nova
faculdade
de
ciências
da
saúde
vem
para
a
Universidade
da
Beira
Interior.
Assim
o
decidiu
o
Governo
em
19
de
Novembro
de
1998.
É
um
momento
feliz
para
a
uni‐
versidade,
para
a
cidade
da
Covilhã
e
para
toda
a
região.
(…)
Para
a
Universidade
da
Beira
Interior
é
a
afirmação
e
a
consolidação
definitivas.
Sendo
a
universidade
pública
mais
pequena
no
continente,
desfavorecida
em
termos
de
loca‐
lização
e
de
demografia,
a
UBI
ganha
com
a
nova
faculdade
a
massa
crítica
que
lhe
faltava.
Pelos
investimentos
e
recursos
que
envolve,
pelo
significado
histórico
que
tem,
pelos
saberes
que
implica,
uma
faculdade
de
medicina,
não
é
apenas
mais
uma
faculdade
na
UBI,
mas
sim
a
segunda
fundação
da
Universidade.
Curiosamente,
a
polémica
criada
à
volta
da
localização
da
nova
faculdade
veio
beneficiar
a
UBI
que
assim
obteve
um
eco
público
que
a
mais
cara
campanha
publicitária
nunca
conseguiria.
No
final
da
crónica
atribuía
o
mérito
ao
Reitor
Santos
Silva,
provando
cabalmente
que
a
minha
demissão
de
Vice‐reitor
tinha
sido
pedida
sans
ran‐
cune:
Mesmo
as
decisões
mais
sensatas
não
são
possíveis
se
não
houver
quem
lhes
dê
suporte.
Felizmente
a
Universidade,
a
Covilhã,
a
região,
tiveram
no
Reitor,
Professor
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
22
Manuel
Santos
Silva,
um
homem
que
soube
e
quis
agarrar
a
Faculdade
de
Ciências
da
Saúde.
Sem
nunca
procurar
as
luzes
da
ribalta,
mas
com
uma
persistência
extraordinária
e
um
trabalho
metódico
e
insistente,
preparou
o
campo
e
lançou
as
sementes.
Enquanto
outros
por
esse
país
fora
e
mesmo
na
região
falavam
e
reivin‐
dicavam,
ele
fazia
o
que
se
costuma
chamar
os
trabalhos
de
casa.
Não
fora
ele,
e
a
decisão
não
teria
sido
seguramente
a
que
foi.
Em
Março
de
1999
vim
a
Portugal
para
participar
no
I
Congresso
Internacional
das
Ciências
da
Comunicação,
realizado
entre
22
e
24
de
Março
na
Fundação
Calouste
Gulbenkian,
em
Lisboa,
subordinado
ao
tema
“As
Ciências
da
Comu‐
nicação
na
Viragem
do
Século”,
de
que
era
um
dos
co‐organizadores.
Coordenei
também
a
sessão
temática
“Comunicação
e
Novas
Tecnologias”,
onde
apre‐
sentei
a
comunicação
“O
Mercado
da
Informação”.
No
final
desta
vinda
de
pouco
mais
de
um
mês
a
Portugal,
fiz
na
UBI
as
provas
de
agregação
em
Ciências
da
Comunicação
nos
dias
22
e
23
de
Abril,
tendo
sido
aprovado
por
unanimidade.
Do
programa
resultou
uma
nova
versão,
muito
alterada,
do
Manual
de
Semiótica
Geral,
e
da
lição
o
artigo
“Da
Economia
e
Eficácia
dos
Signos”,
publicado
na
Revista
de
Comunicação
e
Linguagens,
2001,
da
Uni‐
versidade
Nova
de
Lisboa.
Feita
a
agregação
regressei
aos
Estados
Unidos.
Foi
então
que
por
meu
intermédio,
e
de
modo
a
rentabilizar
a
minha
estada
em
Harvard,
a
FLAD
con‐
cedeu
duas
bolsas
de
estudo
de
curta
duração
a
dois
assistentes
de
Comu‐
nicação
na
UBI
para
se
deslocaram
a
Harvard
e
fazerem
pesquisa
naquela
uni‐
versidade,
João
Carlos
Correia
e
Anabela
Gradim.
Com
efeito,
durante
1998,
antes
da
minha
ida
para
os
Estados
Unidos,
insisti
fortemente
com
todos
os
assistentes
para
se
inscreverem
em
doutoramento,
apresentando
um
projecto
de
investigação,
o
que
foi
conseguido
em
pleno.
Isso
foi
possível
graças
aos
hábitos
de
trabalho
e
ao
clima
de
investigação
que
se
tinha
criado
ao
longo
do
mestrado,
iniciado
em
1995.
Em
Maio
de
1999,
consciente
de
que
a
investigação
e
o
ensino
superior,
teriam
de
recorrer
fortemente
à
Internet,
criei
a
BOCC‐‐Biblioteca
Online
de
Ciências
da
Comunicação.
Desde
logo,
procurei
que
todos
os
docentes
do
Curso
de
Comunicação
disponibilizassem
todos
os
seus
textos.
Depois
fiz
convites
a
colegas
de
outras
universidades
em
Portugal
e
no
Brasil
para
enviarem
os
seus
textos.
Passei
noites
a
converter
para
html
os
textos
que
me
eram
enviados.
Depressa
a
BOCC
se
tornou
um
dos
principais
sítios
de
referência
dos
estudos
de
Comunicação
no
espaço
lusófono.
Hoje
a
BOCC
é
uma
instituição,
com
mir‐
rors
em
Portugal
e
no
Brasil,
e
com
uma
média
de
visitantes
diários
que,
em
tempos
de
aulas
em
Portugal
e
no
Brasil,
ultrapassa
os
três
mil.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
23
Ainda
durante
a
minha
estada
em
Harvard,
estabeleci
contactos
com
o
Wor‐
cester
State
College,
no
seguimento
dos
quais
se
celebrou
em
Março
de
1999
um
protocolo
de
cooperação
e
de
intercâmbio
de
docentes
e
alunos
entre
a
UBI
e
o
WSC.
Foi
já
no
âmbito
dessa
cooperação
que
um
professor
do
WSC,
Carlos
Fontes,
leccionou
na
UBI
dois
módulos
intensivos
em
Produção
Audiovisual,
um
em
Março
e
outro
em
Junho
de
1999.
Dois
anos
mais
tarde
este
professor
pas‐
saria
um
semestre
na
UBI
ao
abrigo
do
programa
Fullbright.
Tive
ainda
a
oportunidade
de,
guiado
por
Nuno
Vasconcelos,
mestre
e
dou‐
torando
no
Media
Lab
do
MIT,
fazer
em
Maio
de
1999
uma
visita
a
esse
centro
de
investigação
de
ponta
nas
áreas
das
novas
tecnologias
da
informação
e
da
comunicação.
Dali
retirei
em
parte
a
ideia
do
LabCom
que
viria
a
fundar
na
UBI.
A
convite
do
Centro
de
Estudos
Portugueses
da
Universidade
da
Califórnia
Santa
Bárbara,
e
financiado
pela
FLAD,
desloquei‐me
àquela
universidade
da
costa
oeste
para
ali
proferir
em
14
de
Junho
de
1999
uma
conferência
sobre
as
novas
universidades
em
Portugal.
5‐
1999‐2009.
O
erguer
de
uma
faculdade
e
de
um
centro
de
investigação
Conferências
em
Portugal
e
Espanha,
o
lançamento
de
cursos
nas
áreas
de
Artes
e
de
Letras
e
criação
da
Faculdade,
criação
do
jornal
online
Urbi
et
Orbi,
pro‐
fessor
catedrático,
o
projecto
Akademia,
criação
do
curso
de
Cinema,
fundação
do
LabCom,
a
aposta
no
Brasil,
presidência
dos
congressos
internacionais
de
comunicação,
presidência
da
comissão
de
avaliação
externa
dos
cursos
de
comunicação,
presidência
do
júri
de
análise
e
selecção
de
bolsas
na
FCT,
a
edi‐
tora
Livros
LabCom,
cooperação
lusófona,
saída
da
presidência
da
Faculdade
de
Artes
e
Letras.
5.1
Regressado
dos
Estados
Unidos
tive
no
final
de
1999
uma
intensa
actividade
de
conferências
em
Portugal
e
Espanha.
Em
4
de
Outubro
apresento
a
comu‐
nicação
“Ensino
do
Audiovisual
na
Universidade
da
Beira
Interior”
no
Seminário
Inaugural
da
Licenciatura
em
Comunicação
Audiovisual
na
Universidade
da
Extremadura,
Badajoz.
De
27
a
30
de
Outubro
participo
no
III
Lusocom,
Encontro
Lusófono
de
Ciências
da
Comunicação,
na
Universidade
do
Minho,
Braga,
onde
integro
o
1º
Painel
da
Sessão
Plenária:
“Investigação
em
Comu‐
nicação:
Convergências
e
Desafios”.
Em
15
de
Dezembro
apresento
em
Cáceres,
Espanha,
a
comunicação
“Fazer
Televisão
no
Interior
de
Portugal”
no
Seminário
“Televisiones
y
regiones
en
desarrollo”
organizado
pela
Junta
de
Extremadura.
Mesmo
no
final
do
ano,
em
29
e
30
de
Dezembro,
participo
no
4º
Seminário
“
Evolução
Tecnológica,
Novos
Serviços
e
Futuro
do
Serviço
Público”
no
painel
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
24
“Evolução
e
Tendências
do
Serviço
Público
de
Televisão”,
Fundação
Calouste
Gulbenkian,
Lisboa.
5.2
Em
8
de
Outubro
de
1999
enviei
um
memorando
ao
reitor
cujo
assunto
era:
“Criação
de
uma
licenciatura
em
Design
Multimédia
na
UBI
e
os
desen‐
volvimentos
estratégico
e
táctico
da
UCP
de
Artes
e
Letras.”
Transcrevo
parte
da
justificação
da
criação
do
novo
curso:
4‐
A
área
do
audiovisual,
nas
variadíssimas
vertentes
do
cinema,
televisão,
informação,
cultura,
arte
e
divertimento,
constitui
já
uma
das
áreas
de
maior
importância
eco‐
nómica
nos
países
mais
evoluídos.
Julga‐se
que
é
uma
área
estratégica
de
desen‐
volvimento
das
instituições
de
investigação
e
de
ensino
superior.
A
UBI
tem,
com
o
curso
de
Ciências
da
Comunicação
e
com
o
CREA,
uma
base
sólida,
científica
e
tecnológica,
para
investir
neste
campo.
Neste
momento,
sobretudo
através
da
parceria
com
a
SIC,
a
UBI
produz
e
edita
mais
audiovisual
do
que,
muito
prova‐
velmente,
qualquer
outra
universidade
portuguesa.
5‐
Mas
a
área
do
audiovisual,
ela
mesma,
passa
por
uma
autêntica
revolução
tecno‐
lógica,
que
é
a
digitalização
e
o
mundo
das
redes
informáticas.
Os
investimentos
impressionantes
que
se
têm
feito
e
se
vêm
fazendo
nas
áreas
das
telecomunicações
e
dos
media,
com
uma
crescente
convergência
entre
elas,
aconselham
a
que
as
actuais
iniciativas
na
criação
dos
novos
cursos
tenham
em
conta
essa
revolução
tecnológica.
Muita
da
edição
que
se
faz
no
CREA
é
já
digital
e
todo
o
desenvolvimento
vai
nesse
sen‐
tido.
A
recente
instalação
de
um
CODEC
no
CREA,
digital
e
rede,
é
um
indício
claro
de
que
qualquer
curso
a
criar
na
área
do
audiovisual
será
feito
para
uma
época
do
digital
e
das
redes.
Daí
que
o
audiovisual
a
desenvolver
deva
ser
na
área
do
multimédia,
entendendo‐se
aqui
por
multimédia
as
actividades
e
os
produtos
de
imagem
e
de
som
suportados
por
tecnologias
digitais.
Finalizava
o
memorando
com
a
contextualização
desta
criação
no
âmbito
de
uma
estratégia
mais
vasta
da
criação
da
Faculdade
de
Artes
e
Letras:
8‐
A
criação
deste
curso
deveria
ser
feita
no
contexto
de
um
Departamento
de
Comu‐
nicação
e
Artes.
Na
Universidade
de
Aveiro
existe
um
departamento
com
esta
designa‐
ção
que
engloba
os
cursos
de
Novas
Tecnologias
da
Comunicação,
Música
e
Design.
Também
na
Universidade
Nova
de
Lisboa
tem
havido
tentativas
para
associar
o
Depar‐
tamento
de
Ciências
da
Comunicação
ao
Departamento
de
Música
e
constituírem,
no
campus
da
Margem
Sul,
a
Faculdade
de
Comunicação
e
Artes.
9‐
A
partir
da
criação
do
novo
curso
e
concomitante
criação
do
Departamento
de
Comunicação
e
Artes,
e
juntando
a
criação
do
novo
curso
de
Estudos
Portugueses
e
Espanhóis
na
Secção
Autónoma
de
Letras,
seria
possível
arrancar
com
a
UCP
de
Artes
e
Letras
na
UBI.
A
estes
4
cursos:
Ciências
da
Comunicação,
Design
Multimédia,
Língua
e
Cultura
Portuguesas
(Ensino),
Estudos
Portugueses
e
Espanhóis,
junta‐se
então
o
curso
de
Música.
Trata‐se
da
evolução
mais
lógica
e
também
da
mais
viável
do
lançamento
da
nova
Unidade
Científico‐Pedagógica.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
25
A
par
do
curso
de
Design
Multimédia
criou‐se
também,
com
idêntica
estrutura
curricular
nos
dois
primeiros
anos,
o
curso
de
Design
Têxtil,
e
ainda
os
cursos
de
Português‐Espanhol
e
Filosofia.
A
meta
era,
de
facto,
a
criação
da
Faculdade
de
Artes
e
Letras.
5.3
Desde
1993
que
eu
pugnava
pela
criação
da
nova
Faculdade,
que
estatu‐
tariamente
já
existia,
pois,
no
seu
artigo
5ª,
os
Estatutos
de
1989
estipulavam:
“consideram‐se
criadas,
desde
já,
as
seguintes
Unidades
Científico‐Pedagógicas:
a)
Ciências
Exactas;
b)
Ciências
da
Engenharia;
c)
Ciências
Sociais
e
Humanas;
d)
Ciências
Naturais;
e)
Artes
e
Letras.”
Era
porém
uma
existência
de
iure,
que
não
de
facto.
No
artigo
de
1993
“Da
Faculdade
de
Artes
e
Letras
da
UBI”
eu
escrevia
que
sem
uma
faculdade
de
letras,
uma
universidade
não
era
apenas
incompleta,
era
imperfeita.
Felizmente
que
com
a
criação
do
curso
de
licenciatura
de
Língua
e
Cultura
Portuguesa
em
1997
e
concomitante
criação
da
Secção
Autónoma
de
Letras
o
primeiro
passo
da
nova
Faculdade
estava
dado.
Isso
mesmo
tive
ocasião
de
afirmar
em
artigo
no
Jornal
do
Fundão
de
14
de
Maio
de
2000,
e
respondendo
ao
Presidente
do
Politécnico
de
Castelo
Branco,
Dr.
Valter
Lemos,
que
acusava
a
UBI
de
duplicar
cursos
superiores
na
Beira
Interior
e
de
estar
a
copiar
a
Escola
de
Artes
Apli‐
cadas
do
IPC
com
a
criação
de
Artes
e
Letras.
Ainda
no
ano
de
1996
o
Prof.
João
Malaca
Casteleiro,
catedrático
de
Linguística
Por‐
tuguesa
da
Faculdade
de
Letras
de
Lisboa
e
membro
da
Academia
Portuguesa,
torna‐se
professor
visitante
da
UBI
e
começa
a
leccionar
em
Outubro
desse
ano
a
disciplina
de
Semiologia
do
Texto
no
Curso
de
Ciências
da
Comunicação.
Durante
o
ano
lectivo
de
96/97
faz‐se
o
currículo
do
curso
de
licenciatura
em
Língua
e
Cultura
Portuguesas,
cria‐
se
no
Senado
e
regista‐se
no
Ministério.
Em
Outubro
de
1997
entrava
em
funcio‐
namento
o
primeiro
curso
de
letras.
A
nova
Faculdade
da
UBI
tornava‐se
assim
uma
realidade
pedagógica
e
científica,
ainda
que
não
administrativa.
A
partir
daqui
era
evi‐
dente
que
outros
cursos
desta
área
científica
se
seguiriam.
(...)
Quanto
às
artes,
houve
uma
estratégica
idêntica.
A
Prof.
Clara
Meneres,
à
altura
Pre‐
sidente
do
Conselho
Directivo
da
Faculdade
de
Belas
Artes
de
Lisboa,
foi
contratada
para
leccionar
em
1997
a
disciplina
de
Estética
no
curso
de
Ciências
da
Comunicação.
A
intenção
era
clara,
com
sua
ajuda
lançar
cursos
no
âmbito
das
artes.
Em
Julho
de
2000,
o
Senado
criava
a
nova
faculdade
e
eu
fui
eleito
pelos
meus
pares
presidente
da
mesma
(desde
a
minha
demissão
de
Vice‐reitor
em
1998,
não
voltei
a
assumir
cargos
de
nomeação).
5.4
Fundei
o
Urbi
et
Orbi.
Jornal
online
da
UBI,
da
Covilhã,
da
Região
e
do
Resto,
http://www.urbi.ubi.pt/000131/index.html,
em
Janeiro
de
2000.
Tinha
adqui‐
rido
a
experiência
online
através
da
BOCC
‐
Biblioteca
Online,
e
agora
desejava
sem
grandes
custos
criar
um
laboratório
vivo
para
os
alunos
de
Jornalismo.
O
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
26
meu
primeiro
editorial,
no
número
0,
dizia
claramente
ao
que
vinha
e
o
que
pretendia
o
novo
jornal:
O
jornal
Urbi
et
Orbi
é
o
jornal
on‐line
do
Curso
de
Ciências
da
Comunicação
da
Uni‐
versidade
da
Beira
Interior.
Com
ele
pretende‐se
matar
dois
coelhos
com
uma
só
cajadada,
ou
então
juntar
o
útil
ao
necessário.
Numa
época
em
que
a
informação
domina
a
sociedade
e
ganha
cada
vez
mais
a
forma
do
digital
e
do
on‐line,
o
coelho
necessário
é
dotar
os
alunos
de
um
instrumento
para
treinarem
e
desenvolverem
as
suas
competências
jornalísticas.
O
coelho
útil
é
conseguir
simultaneamente
dotar
a
UBI
de
um
meio
de
informação
rápido,
eficaz
e
cómodo.
Há
muita
informação
dispersa
pela
universidade,
emanada
da
reitoria,
departamentos,
centros,
serviços,
associação
de
estudantes,
que
um
jornal
poderá
muito
bem
organizar
e
melhor
veicular
a
todos
os
interessados.
A
essa
informação
acresce
ainda
as
notícias
relevantes
do
que
se
passa
na
urbe
e
no
orbe.
Os
princípios
e
objectivos
do
Urbi
et
Orbi
estão
fixados
no
seu
Estatuto,
nomeadamente
dar
“expressão
ao
direito
de
informar
e
ser
informado,
promover
o
intercâmbio
de
ideias
e
favorecer
o
exercício
da
liberdade
crítica”.
Objectivos
simples,
mas
não
pouco
exigentes.
Ser‐lhes‐emos
fiéis.
Não
seremos
um
boletim
informativo,
não
seremos
uma
folha
de
propaganda,
seremos
sim
um
jornal
de
informação
objectiva
e
de
debate
crí‐
tico.
O
jornal
da
semana
seguinte,
o
número
1,
coincidiu
com
a
tomada
de
posse
de
Santos
Silva
para
o
segundo
mandato
de
reitor.
No
editorial
eu
enunciava
os
três
desafios
do
novo
reitorado:
O
primeiro
desafio
são
as
novas
faculdades:
Artes
e
Letras
e
Ciências
da
Saúde.
Não
basta
tê‐las
no
papel
dos
Estatutos
ou
do
decreto
governamental,
há
que
as
lançar
no
terreno
e
as
pôr
a
funcionar.
Os
primeiros
passos
foram
já
dados
com
a
criação
dos
novos
cursos
de
licenciatura
em
Design
Multimédia,
Design
Têxtil
e
do
Vestuário,
Estudos
de
Português/Espanhol
e
de
Português/Inglês,
e
em
áreas
da
saúde,
Análises
Clínicas,
Radioterapia,
Radiologia,
e
Anatomia
Patológica,
que
a
UBI
se
propõe
ministrar
em
Outubro
próximo.
As
duas
novas
faculdades
significam
um
novo
patamar
no
desenvolvimento
da
UBI,
que
fica
muito
mais
universitária
no
conjunto
dos
saberes.
O
segundo
desafio
é
posto
pelo
decréscimo
crescente
dos
candidatos
ao
ensino
superior.
A
taxa
de
natalidade
é
o
que
é,
e
se
hoje
as
vagas
já
são
muito
mais
que
os
candidatos,
no
futuro
os
candidatos
ainda
serão
menos.
(...)
O
terceiro
desafio
é
a
revisão
urgente
dos
Estatutos
e
Regulamentos
da
UBI,
como
muito
bem
referiu
o
Prof.
Marques
Reigado
no
seu
discurso
de
Decano
na
tomada
de
posse
do
Reitor.
Ambos,
Estatutos
e
Regulamentos,
têm
um
cariz
demasiado
cen‐
tralista,
inadequado
à
dimensão
que
a
UBI
entretanto
atingiu.
É
preciso
que
faculdades,
departamentos
e
centros
ganhem
mais
autonomia
e
responsabilidade,
nomeadamente
em
termos
de
personalidade
jurídica,
para
por
si
desenvolverem
dinâ‐
micas
de
excelência,
sobretudo
no
que
à
investigação
científica
diz
respeito.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
27
A
defesa
que
hoje
faço
de
maior
autonomia
e
responsabilidade
para
os
depar‐
tamentos
e
centros
já
a
fazia
em
2000.
5.5
Concorri
ao
concurso
de
professor
catedrático
de
ciências
da
comunicação,
em
cujo
júri
participam
todos
os
catedráticos
portugueses
da
área.
Fui
selec‐
cionado
e
a
minha
nomeação,
publicada
em
DR,
data
de
8
de
Maio
de
2000.
5.6
Das
minhas
actividades
de
investigação
em
2000
merece
destaque
o
pro‐
jecto
Akademia
–
Sistemas
de
Informação
e
Novas
Formas
de
Jornalismo
(http://www.labcom.pt/akademia/akademia.html).
Apresentado
em
Janeiro
de
2000
ao
programa
Sapiens
da
FCT,
mereceu
a
aprovação
por
um
júri
inter‐
nacional,
recebendo
um
financiamento
de
20
mil
contos.
Iniciado
em
5
de
Setembro
de
2000,
o
projecto
visava
investigar
por
um
lado
a
relação
do
jor‐
nalismo
e
das
bases
de
dados
e,
por
outro,
a
convergência
mediática
na
informação.
As
minhas
comunicações
e
artigos
começaram
a
centrar‐se
nesta
área.
As
publi‐
cações
surgem
em
força
em
2003
e
falarei
à
frente
delas.
Neste
ponto,
limito‐
me
a
elencar
algumas
comunicações:
2000/06/02‐
Participação
em
mesa
redonda
no
Seminário
Internacional
sobre
Televisão
e
Audiências,
organizado
pela
Alta
Autoridade
para
Comunicação
Social
em
Lisboa.
2000/11/11‐
Iniciador
e
participante
no
1º
Encontro
de
Órgãos
de
Comunicação
Social
da
Beira
Interior,
realizado
na
Covilhã,
e
onde
participou
o
Secretario
de
Estado
da
Comunicação
Social,
Dr.
Arons
de
Carvalho.
2000/11/23‐
Conferência
sobre
Multimédia
no
5º
Fórum
Multimédia.
Encontros
de
Comunicação,
realizado
no
Instituto
Português
da
Juventude
em
Castelo
Branco.
2000/21/01‐
Participação
no
Colóquio
Internacional
organizado
na
cidade
da
Guarda
pelas
Universidades
Católica
Portuguesa
e
Universidade
Pontifícia
de
Salamanca
“A
Comunicação
Regional
e
Local
no
Dealbar
do
Novo
Milénio”.
2001/03/29‐
Participação
na
mesa
sobre
“Formar
jornalistas
no
século
XXI”
No
Congresso
Internacional
sobre
Jornalismo
e
Internet,
organizado
pelo
Instituto
de
Estudos
Jornalísticos
da
Universidade
de
Coimbra.
2001/05/09‐
Participação
na
Sessão
Plenária
“Redes
de
Comunicação”
no
I
Con‐
gresso
Ibérico
de
Comunicação,
realizado
entre
7
e
9
de
Maio
de
2001
em
Málaga,
Espanha.
Título
da
comunicação:
“Metáfora
e
realidade
ou
cooperação
e
concorrência
na
rede”.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
28
2001/10/15‐
Moderador
da
Mesa
Plenária
“Tendências
e
Políticas
da
Sociedade
de
Informação”,
em
que
participaram
o
Secretario
de
Estado
José
Magalhães,
o
Presidente
da
Impresa,
Dr.
Pinto
Balsemão,
e
o
Prof.
António
Câmara
da
UNL,
no
II
Congresso
da
Sopcom,
realizado
entre
15
e
17
de
Outubro
na
Fundação
Calouste
Gulbenkian.
2001/10/30‐
Participante
na
Mesa
Redonda
“Mapeamentos
da
Experiência”
na
Conferência
Internacional
sobre
a
Cultura
das
Redes”,
organizada
pelo
Centro
de
Comunicação
e
Linguagens
da
UNL
na
Fundação
C.
Gulbenkian.
Título
da
comunicação:
“Percepção
e
Experiência
na
Rede”.
2001/11/12‐
Participante
na
Mesa
Redonda
“A
Sociedade
da
Informação
e
o
Multilinguismo”
no
IV
Seminário
de
Tradução
Científica
e
Técnica,
organizado
pela
Representação
da
Comissão
Europeia
em
Portugal,
em
12‐13
de
Novembro
de
2001
na
Fundação
C.
Gulbenkian.
Título
da
comunicação:
“Pidgin
universal
versus
vernáculos”.
5.7‐
Em
finais
de
Novembro
de
2001,
o
reitor
informa‐me
de
que
o
Secretário
de
Estado
Pedro
Lourtie
se
manifestara
favorável
à
criação
de
um
curso
de
licenciatura
em
Cinema.
Com
efeito,
o
curso
constava
no
plano
desenvolvi‐
mento
da
Faculdade
de
Artes
e
Letras.
A
fim
de
apresentar
uma
proposta
de
criação
ao
Senado
da
Universidade,
desloco‐me,
em
viatura
própria,
com
os
docentes
Frederico
Lopes
e
Manuela
Penafria,
de
10
a
14
de
Dezembro,
a
Espanha
a
fim
de
fazermos
um
périplo
pelas
escolas
de
Cinema,
Universidad
de
San
Pablo
e
ECAM
em
Madrid,
ESCAC
e
Universidad
Pompeu
Fabra
em
Bar‐
celona
e
Faculdade
de
Belas
Artes
em
Bilbau.
Em
Janeiro
o
processo
de
criação
da
nova
licenciatura
estava
pronto.
Cito
parte
da
justificação:
1‐
O
cinema
representa
na
sociedade
actual
um
dos
meios
mais
eficazes
da
afirmação
da
identidade
nacional,
da
projecção
da
língua
e
da
valorização
da
imagem
portuguesa
no
mundo
e
do
desenvolvimento
de
uma
indústria
nacional
de
conteúdos.
2‐
Na
sequência
do
Mestrado
em
Ciências
da
Comunicação
foram
publicados
em
1999
dois
livros
que
assumem
carácter
pioneiro
nos
estudos
universitários
do
audiovisual:
Manuela
Penafria,
O
Filme
Documentário,
Lisboa:
Edições
Cosmos,
e
Frederico
Lopes,
Escrita
Teleguiada:
Guiões
para
Audiovisuais,
Covilhã:
UBI.
Os
dois
autores
são
actualmente
docentes
no
Curso
de
Ciências
da
Comunicação
da
UBI,
prevendo‐se
para
breve
a
conclusão
das
respectivas
teses
de
doutoramento
na
área
do
cinema.
Outros
docentes
do
Departamento
de
Comunicação
e
Artes
estão
a
concluir
os
seus
douto‐
ramentos
na
área
da
teoria
da
imagem
e
estética
(Edmundo
Cordeiro),
da
semiótica
audiovisual
(Eduardo
Camilo)
e
artes
gráficas
(Jorge
Bacelar),
tendo
alguns
destes
já
entregado
as
teses.
Infelizmente,
com
a
mudança
de
Governo,
o
Ministério
nesse
ano
não
atribuiu
vagas
ao
curso
de
licenciatura
em
Cinema
para
o
ano
lectivo
de
2002‐2003.
O
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
29
Senado
da
UBI,
em
reunião
de
24
de
Julho
de
2002
aprovou
então,
por
minha
proposta,
o
seguinte
protesto
a
enviar
ao
Ministro
da
tutela.
1‐
Considerando
que
o
Ministério
do
Ensino
Superior
e
da
Ciência
não
abriu
vagas
para
o
ano
lectivo
de
2002/2003
no
Curso
de
Licenciatura
em
Cinema,
criado
em
devido
tempo
pela
Universidade
da
Beira
Interior
e
oportunamente
registado
no
Ministério;
2‐
Considerando
que
esse
facto
prejudica
gravemente
o
desenvolvimento
da
Unidade
de
Artes
e
Letras
da
UBI
e
constitui
um
empecilho
à
criação
de
um
centro
de
excelência
na
área
do
estudo,
do
ensino
e
da
investigação
da
imagem
nesta
universidade;
3‐
Considerando
que
a
não
atribuição
de
vagas
a
este
novo
curso
representa
uma
dis‐
criminação
relativamente
a
novos
cursos
similares
em
universidades
do
Litoral,
nomea‐
damente
os
cursos
de
Artes
do
Espectáculo
na
Faculdade
de
Letras
da
Universidade
de
Lisboa
e
de
Estudos
Artísticos
na
Faculdade
de
Letras
da
Universidade
de
Coimbra;
4‐
Considerando
que
tal
decisão
defrauda
as
enormes
expectativas
que
a
nova
licen‐
ciatura
criou
em
muitos
jovens
portugueses
que
tencionavam
candidatar‐se
já
este
ano;
5‐
Considerando
ainda
que
tal
decisão
é
lesiva
dos
interesses
nacionais
na
medida
em
que
a
licenciatura
em
cinema
promoveria
a
língua
e
a
cultura
portuguesas;
o
Senado
da
Universidade
da
Beira
Interior,
em
reunião
de
24
de
Julho
de
2002,
lavra
o
mais
vivo
protesto
pela
não
atribuição
de
vagas
ao
novo
curso
de
Licenciatura
em
Cinema.
O
Curso
só
viria
a
receber
alunos
no
ano
seguinte,
em
Outubro
de
2003,
não
sem
que
antes
o
Ministro
Pedro
Lynce
me
tivesse
telefonado
para
a
UBI
a
inquirir
pessoalmente
das
condições
de
funcionamento
do
curso,
dos
objectivos
e
das
garantias
de
qualidade.
Pelos
vistos
tive
o
condão
de
convencer
o
Sr.
Ministro
pois
as
vagas
foram
concedidas.
5.8
Os
resultados
do
projecto
Akademia,
referido
em
5.6,
começaram
a
surtir
bons
frutos.
Em
2003
publicámos
3
volumes
sob
a
sigla
Informação
e
Comu‐
nicação
Online.
Faziam‐se
também
doutoramentos
na
área.
Estávamos
em
con‐
dições
de
avançar
para
uma
unidade
de
investigação
reconhecida
e
avaliada
pela
FCT.
Submetemos
a
candidatura
do
LabCom
à
FCT
em
Janeiro
de
2002
e
fomos
avaliados
pela
comissão
científica
internacional
em
2003.
Para
essa
comissão
redigi
um
extenso
documento
de
que
cito
os
parágrafos
iniciais.
LabCom
–
Online
Communication
Lab
is
a
research
centre
on
communication
sciences
and
presented
its
candidacy
to
FCT’s
evaluation
in
January
of
2002.
Actually,
we
might
say
LabCom
was
not
founded,
it
simply
grew
along
between
1999‐2001.
Everything
started
with
BOCC
–
Biblioteca
Online
de
Ciências
da
Comunicação
(Online
Communication
Sciences
Library).
Communication
Sciences
had
a
late
start
in
Portugal
as
an
academic
field
of
research
and
teaching
and
therefore
the
bibliographical
re‐
sources
were
very
few,
and
still
are.
It
seemed
to
us
that
it
would
make
all
the
sense
to
share
online
the
resources
we
had
with
all
the
circa
30
undergraduation
programs
that
were
created
in
the
last
half
of
the
nineties
in
the
Portuguese
universities
and
polytech‐
nic
schools.
With
financial
support
by
the
government,
in
2000,
two
trainees
were
hired
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
30
and
a
computer
server
was
bought.
In
a
very
short
time
BOCC
became
a
reference
site
for
the
Communication
Sciences
not
just
in
Portugal,
but
also
in
Brazil.
Today
most
of
BOCC’s
contributors
and
visitors
come
from
Brazil.
A
big
leap
in
LabCom’s
growth
was
FCT’s
approval
in
2000
of
the
project
Akademia
–
Information
Technology
and
New
Types
of
Online
Journalism.
Some
of
the
projects
and
events
described
in
the
following
were
funded
by
Akademia.
Its
most
significant
achievement
however
was
the
building
of
a
researchers
team
whose
work
has
been
carried
out
in
academic
works
as
MA
and
PhD
theses,
articles,
conference
attendance
and
proceedings
of
meetings.
The
three
volumes
Online
Information
and
Communica‐
tion
(1
–
Online
Journalism,
2
–
Internet
and
Promotional
Communication,
3
–
Online
Lebenswelt
and
Citizenship),
organized
by
António
Fidalgo,
João
Carlos
Correia,
Paulo
Serra
and
Eduardo
Camilo,
embodie
the
research
done
in
LabCom
along
the
last
three
years.
Four
researchers
finished
their
PhD:
João
Carlos
Correia
Communication
and
Citi‐
zenship:
Media
and
identities
dynamics
in
pluralistic
societies,
Paulo
Serra
(Information
and
Meaning),
Eduardo
Camilo
(Semiotics
of
Political
Posters
in
the
Portuguese
April
74
Revolution),
Jorge
Bacelar
(Fragmented
Galaxy:
Typographical
Analysis)
and
three
re‐
searchers
obtained
FCT’s
PhD
scholarships:
Anabela
Gradim
(“The
Communicational
Dimension
of
Charles
Sanders
Peirce
Semiotics”),
Luís
Nogueira
(“Languages
Metamor‐
phosis
and
Narrative
Challenges
arising
from
New
Technologies”)
and
José
Ricardo
Car‐
valheiro
(“Mediatic
Communication:
redefining
boundaries
and
cultural
identities.
Two
case
studies”).
A
classificação
obtida
foi
GOOD,
a
qual,
não
sendo
extraordinária
em
termos
absolutos,
foi
muito
positiva
em
termos
relativos.
É
que
alguns
centros
do
litoral
já
constituídos
receberam
FAIR,
e
apenas
houve
um
centro
em
Portugal
com
VERY
GOOD.
Mesmo
assim
a
classificação
soube
a
pouco,
e
tudo
fizemos
para
que
na
avaliação
seguinte
subíssemos,
o
que
viria
a
acontecer
em
2008.
Em
2004
voltei
a
ter
um
projecto
de
investigação
aprovado
e
financiado
“Informação
e
Persuasão
na
Web”,
que
terminou
em
2008
e
cuja
execução
foi
considerada
excelente.
5.9
Em
Junho
de
2003,
quatro
professores
da
UBI,
Manuela
Penafria,
João
Carlos
Correia,
Paulo
Serra
e
eu
próprio
somos
seleccionados
para
o
XII
Encontro
da
COMPÓS
–
a
Associação
Nacional
de
Programas
de
Pós‐graduação
em
Comunicação
em
Recife,
no
Brasil.
Com
número
clausus
o
encontro
anual
divide‐se
por
Grupos
Temáticos
de
apresentação
de
10
comunicações,
enviadas
de
antemão
aos
10
intervenientes,
assumindo
cada
um
destes
a
função
de
relator.
Durante
alguns
dias
procede‐se
à
discussão
dos
trabalhos
e
no
final
é
votado
em
cada
GT
o
melhor
texto,
a
fim
de
integrar
o
volume
a
ser
impresso.
Dois
papers
da
UBI
foram
os
mais
votados
nos
seus
grupos
de
trabalho,
um
deles
sendo
o
meu,
intitulado
“Sintaxe
e
Semântica
das
Notícias
Online.
Para
um
jornalismo
assente
sobre
base
de
dados.”,
publicado
em
André
Lemos
et
alt.,
Mídia.br.
Livro
da
XII
Compós
–
2003;
Porto
Alegre:
Editora
Sulina,
2004.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
31
Os
contactos
estabelecidos
foram
cruciais
para
o
aprofundamento
de
relações
que
já
havia
entre
o
Departamento
de
Comunicação
e
Artes
e
os
Depar‐
tamentos
congéneres
brasileiros.
Manuela
Penafria
dirige
com
Marcius
Freire
da
UniCamp
a
Doc‐Online
(www.doc.ubi.pt),
uma
revista
online
semestral
sobre
cinema
documentário,
que
já
vai
no
6º
número
e
se
transformou
numa
refe‐
rência
lusófona
na
área.
João
Carlos
Correia
recebeu
vários
doutorandos
“san‐
duíche”
do
Brasil
para
temporadas
no
LabCom.
Sob
minha
orientação
duas
dou‐
torandas
brasileiras,
Adriana
Braga
da
Unisinos,
Rio
Grande
do
Sul,
e
Suzana
Barbosa
da
Universidade
Federal
da
Bahia,
passaram
10
meses
e
1
ano
respec‐
tivamente
a
fazer
pesquisa
no
LabCom,
financiadas
pelo
CNPq
brasileiro.
Cada
uma
organizou
jornadas
internacionais
sobre
o
tema
que
estavam
a
investigar,
convidando
inclusive
investigadores
da
América
e
do
Reino
Unido,
e
orga‐
nizaram
o
respectivo
volume
de
comunicações,
publicados
nos
LivrosLabCom.
Valerá
a
pena
dizer
que
Suzana
Barbosa
teve
como
ponto
de
partida
para
a
sua
tese
de
doutorado
a
comunicação
que
fiz
na
Compós
em
2003.
As
duas
rece‐
beram
prémios
de
melhores
teses
de
doutorado
no
Brasil
e
são
hoje
pro‐
fessoras
em
duas
reputadas
universidades
brasileiras:
a
PUC
do
Rio
e
a
Uni‐
versidade
Federal
Fluminense.
5.10
De
21
a
24
de
Abril
de
2004
tiveram
lugar
na
Covilhã
os
Congressos
de
Ciências
da
Comunicação
na
Covilhã,
de
que
fui
o
Presidente
da
Comissão
Exe‐
cutiva
(www.cccc2004.ubi.pt).
Foram
eles
o
III
Sopcom,
o
VI
Lusocom
e
o
II
Ibé‐
rico,
que
juntaram
mais
de
400
investigadores
de
Portugal,
Brasil,
PALOPs
e
Espanha.
Pela
sua
magnitude
este
evento
múltiplo
constituiu
um
marco
na
his‐
tória
das
ciências
da
comunicação
em
Portugal
e
nas
ligações
com
as
áreas
afins
do
Brasil
e
de
Espanha.
Destes
congressos
resultaram
4
grossos
volumes
de
actas,
de
fonte
9,
a
duas
colunas.
Encontram‐se
disponíveis
online
em
www.livroslabcom.ubi.pt.
Não
fossem
os
contactos
estabelecidos
na
Compós
de2003
no
Recife
e
de
certeza
a
adesão
brasileira
não
teria
sido
de
tanta
monta
aos
congressos
de
2004.
Na
sessão
de
abertura
os
congressos
contaram
com
a
presença
e
intervenção
do
Ministro
da
Presidência,
Dr.
Morais
Sarmento
e
da
Vice‐Presidente
da
FCT,
Prof.
Conceição
Peleteiro.
5.11
O
grau
de
notoriedade,
que
entretanto
alcançara
na
comunidade
científica
nacional,
deu
azo
a
que
em
2004
fosse
convidado
pela
FCT
para
presidir
ao
painel
de
avaliação
das
bolsas
individuais
de
mestrado,
doutoramento
e
pós‐
doutoramento,
e
ao
convite
do
CNAVES
para
presidir
à
Comissão
de
Avaliação
Externa
dos
Cursos
Universitários
de
Ciências
e
Tecnologias
da
Comunicação.
Se
a
primeira
função
era
relativamente
simples
e
me
levava
apenas
alguns
dias
por
ano,
a
presidência
da
avaliação
externa
levou‐me
a
bem
dizer
todo
o
ano
de
2005.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
32
Aquando
de
uma
palestra
sobre
avaliação
efectuada
na
UBI
pelo
Prof.
Veiga
Simão,
ouvi
directamente
dele
que
alguns
relatórios
de
avaliações
externas
rea‐
lizados
em
Portugal
eram
autênticos
atentados
à
inteligência
nacional.
Depois
da
minha
nomeação
para
o
cargo,
tive
o
cuidado
de
ler
bastantes
desses
rela‐
tórios
e,
confesso,
ter
de
concordar
com
o
eminente
professor.
Assim,
o
meu
cuidado
foi
ajudar
à
selecção
de
uma
equipa
coesa
de
professores
nacionais
(8)
e
estrangeiros
(4)
e
personalidades
(4),
de
16
pessoas
ao
todo,
para
fazermos
uma
avaliação
que
dignificasse
o
ensino
superior
e
Portugal.
Os
meses
de
Março
e
Abril
de
2005
foram
despendidos
a
visitar
os
16
cursos
universitários
em
avaliação,
8
públicos
e
8
privados.
Procurei
presidir
a
todas
as
comissões
de
visita,
exceptuando
duas,
a
que
veio
à
UBI,
obviamente,
e
a
uma
que
se
realizou
em
simultâneo
com
outra.
Procedeu‐se
à
feitura
dos
relatórios,
que
foram
enviados
às
instituições
para
fazerem
o
contraditório,
se
assim
o
entendessem,
e
finalmente,
na
data
marcada,
tinha
o
Relatório
Síntese
concluído,
o
qual
se
encontra
disponível
online
no
sítio
do
CNAVES
e
na
minha
página
pessoal
www.labcom.pt/~fidalgo/rsg_c2a5_ctc.pdf.
Todas
as
avaliações
foram
votadas
no
fim
por
unanimidade,
e
todos
os
prazos
foram
cumpridos.
Algumas
instituições
não
gostaram
da
avaliação
feita,
mas
o
tempo
e
avaliações
inter‐
nacionais
vieram
corroborar
a
avaliação
que
a
comissão
levou
a
cabo.
O
texto
do
relatório
síntese
fala
por
si.
Pelas
dificuldades
havidas,
pelo
trabalho
estrénuo,
pelo
rigor
na
organização,
pelo
sucesso
obtido,
considero
que
esse
foi
o
marco
mais
importante
no
meu
currículo
académico
da
última
década.
5.12
Das
últimas
iniciativas
científicas
que
fiz,
quero
referir
a
criação
da
Editora
LivrosLabCom
(www.livroslabcom.ubi.pt)
em
2006
e
que
tão
bons
resultados
tem
trazido
ao
LabCom,
ao
Departamento
de
Comunicação
e
Artes
e
à
UBI.
O
LabCom
tem
3
bibliotecas
online,
3
revistas
online,
e
outras
iniciativas
pioneiras
no
âmbito
da
utilização
da
Internet
como
meio
de
publicar
(tornar
público)
as
produções
científicas,
nossas
e
de
outros,
mas
a
editora
tem
possibilidades
de
se
destacar.
Em
14
de
Janeiro
de
1998
enviei
um
memorando
ao
Reitor
com
o
assunto:
“Série
de
publicações
na
área
das
Ciências
da
Comunicação”
onde
propunha
a
publicação
organizada
das
dissertações
e
teses
que
se
vinham
fazendo.
Daí
nasceu
a
série
“Estudos
em
Comunicação”
que
teve
venda
em
importantes
livrarias,
mesmo
na
FNAC.
Constituído
o
LabCom
e
estabelecidos
fortes
laços
com
a
comunidade
brasileira
verificou‐se
que
a
divulgação
dos
livros
portu‐
gueses
no
Brasil
não
funciona
e
que
estávamos
a
trabalhar
com
custos
máximos
para
divulgação
mínima.
Colocando
os
livros
online
teríamos
um
custo
mínimo
para
a
divulgação
máxima.
Hoje
temos
39
livros
disponíveis
online,
5
deles
publicados
em
2009,
e
o
objectivo
é
a
publicação
continuada
de
dois
livros
por
mês.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
33
Em
matéria
de
publicações
não
podemos
e
não
devemos
pensar
apenas
no
mercado
nacional,
mas
sim
no
espaço
lusófono
de
mais
de
200
milhões
de
falantes.
Mais
do
que
matéria
científica
é
uma
matéria
política
de
afirmação
do
português
como
língua
científica,
ideia
que
tenho
defendido
em
artigos
de
jornal,
em
comunicações
e
artigos,
o
último
dos
quais
é:
“El
Português
y
el
Español
como
Idiomas
de
Ciência”
in
Enrique
Bustamante,
org.,
La
Cooperación
Cultura‐Comunicación
en
Iberoamérica,
Madrid:
Agencia
Española
de
Coope‐
ración
Internacional,
pp.
149‐160.
5.13
O
LabCom
foi
avaliado
novamente
em
2008,
recebendo
a
visita
da
comissão
internacional
em
7
de
Maio
de
2008,
presidida
por
Peter
Golding
e
composta
por
mais
dois
professores
do
norte
da
Europa.
Tivemos
a
classificação
de
Very
Good.
Hoje
existe
em
Portugal
apenas
um
centro
com
Excellent
na
área,
o
CECS
da
UMinho.
Os
centros
das
Universidades
do
Porto,
de
Aveiro
e
da
Nova
de
Lisboa
tiveram
Fair.
No
recente
concurso
de
projectos
à
FCT
(que
terminou
em
inícios
de
Fevereiro
de
2009)
o
LabCom
entregou
6
projectos,
3
na
área
da
comunicação,
um
deles
liderado
por
mim
“Semantics
and
Pragmatics
of
Journalism
Production
for
Mobile
Internet”,
2
na
área
de
Cinema
e
1
na
área
de
Artes
e
Design.
A
ambição
da
próxima
avaliação
é
subirmos
novamente
e
chegarmos
ao
Excellent.
5.14
Pertenci
à
Assembleia
Estatutária
da
UBI.
Empenhei‐me
a
fundo
nos
tra‐
balhos
da
mesma,
não
recusei
qualquer
tarefa
que
me
fosse
pedida,
e
foi‐me
incumbido
redigir
o
Preâmbulo.
Duas
preocupações
me
guiaram
na
feitura
dos
Estatutos:
que
fossem
sucintos
e
que
fossem
de
largo
fôlego,
isto
é,
Estatutos
para
daqui
a
50
anos.
Pugnei
por
um
Conselho
Geral
com
menor
número
de
membros
do
actual,
mas
aceitei
a
vontade
da
maioria
e
votei
favoravelmente
também
esse
ponto
em
particular,
como
votei
favoravelmente
os
Estatutos
na
generalidade.
Revejo‐me
neles
e
acredito
que
com
eles
a
UBI
tem
as
condições
necessárias
para
atingir
um
novo
patamar
de
qualidade
académica,
pedagógica
e
científica.
5.15
O
ano
passado
pedi
uma
licença
sabática,
que
me
foi
concedida
a
partir
de
1
de
Março
de
2009.
Estive
8
anos
e
meio
à
frente
da
Faculdade
de
Artes
e
Letras.
Entretanto,
um
novo
presidente
da
faculdade
foi
eleito
pelos
pares.
Rea‐
lizei
um
sonho
que
era
o
de
aperfeiçoar
a
UBI
com
uma
Faculdade
de
Artes
e
Letras.
Contribuí
para
que
a
nova
área
de
saber
da
UBI
se
pautasse
por
parâ‐
metros
indiscutíveis
de
qualidade.
Dois
dos
quatro
centros
da
UBI
que
obti‐
veram
Very
Good
nas
avaliações
da
FCT,
em
Dezembro
de
2008,
estão
no
Departamento
de
Comunicação
e
Artes.
Muito
está
por
fazer,
e
assumo
as
falhas,
mas
do
que
de
bom
se
fez
também
assumo
a
minha
quota‐parte.
Curriculum
Vitae
de
António
Fidalgo
34
5.16
Em
Agosto
e
Setembro
de
2008
passei
três
semanas
no
Brasil
a
convite
de
reputadas
universidades
onde
fiz
conferências,
Universidade
Federal
Flu‐
minense,
PUC
do
Rio,
USP,
Universidade
Metodista
e
Universidade
de
Campinas
em
São
Paulo.
Regresso
ao
Brasil
em
Março
próximo
para
leccionar
como
pro‐
fessor
convidado
na
Universidade
Federal
da
Bahia.
Cooperando
com
estas
uni‐
versidades
cumpro
também
o
meu
destino
na
UBI:
a
exigência
de
um
novo
patamar
de
qualidade
académica,
pedagógica
e
científica.
Covilhã,
Fevereiro
de
2009
Declaração
Eu,
António
Carreto
Fidalgo,
declaro
por
minha
honra
que,
ao
candidatar‐me
a
reitor
da
UBI
em
2009,
não
se
encontro
em
nenhuma
das
situações
de
inelegibilidade
ou
incompatibilidades
previstas
na
lei,
nos
Estatutos
da
UBI
e
no
Regulamento
da
Eleição
do
Reitor.
Covilhã,
2
de
Março
de
2009


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