Carta de Belén a partir da Prisão de Tucumán
Transcripción
Carta de Belén a partir da Prisão de Tucumán
Carta de Belén a partir da Prisão de Tucumán Belén, uma jovem de Tucumán que foi condenada por homicidio depois de ter sofrido um aborto espontâneo, escreveu uma carta pública da prisão onde está detida há mais de dois anos. A seguir apresentamos a versão em português e mais abaixo a versão em Espanhol: Olá a todas as mulheres lutadoras e toda a gente que me acompanha neste momento. Quero agradecer por fazerem da minha luta a vossa luta. Obrigada por fazerem com que a minha voz e a minha verdade seja ouvida. Estive calada durante dois anos. Não ousava falar. Tinha medo. Tinham-me dito que me condenavam a perpétua. Condenaram-me apenas por boatos, por ser humilde, por ir a um hospital, por não ter dinheiro para ir a uma clínica [privada] e para pagar uma boa defesa. Desde 21 de março de 2014 que não vou a minha casa, que não vejo a minha familia, fui privada de muitas coisas. Só quería ajuda e acabei na prisão, rodeada de polícias e de dedos acusadores. Há 2 anos e três meses longe da minha casa, retiraram-me a minha vida! Niguém me perguntou como me sentía naquela noite? Fui acusada e perguntaram-se me tinha feito um aborto. A minha mãe também foi maltratada. Ninguém se importou comigo. És uma ignorante, não sabes nada, disseram-me e condenaram-me na polícia. Depois também me condenaram na Justiça embora lhes tenha dito que não fiz nada, não matei ninguém. Eu não sabia que estava grávida. Choro pela injustiça que vivo. Mas estou tranquila, eu sei que haverá justiça para mim. Agora estou mais forte, mais tranquila. Nunca fiz mal a ninguém, Nunca roubei, Nunca matei, não consumo drogas. Sou uma mulher que toda a sua vida trabalhou. Sempre fiz o que devia fazer. Estou eternamente agradecida a todos os que ajudam a minha voz a ser ouvida. Daqui envio as minhas saudações e abraços. Estou muito feliz por saber que não estou sozinha. Obrigada e obrigada a todas as mulheres. Lutaremos juntas e eles vão ouvir-nos, para que não haja mais mulheres presas por aborto. Agora a sua luta é também a minha luta. Saudações e o meu carinho para vocês. "Belén" * Esta carta foi enviada por Belén para o programa de rádio “Mujeres de acá” apresentado por Marcela Ojeda y Valeria Sampedro, na Rádio Nacional da Argentina. Versão em espanol Hola a todas las mujeres luchadoras y a toda la gente que me acompaña en este momento. Quiero expresarles mi agradecimiento por hacer que mi lucha sea de todas ustedes. Gracias por defenderme, por hacer que mi voz y mi verdad se escuche. Yo estuve callada durante dos años. No me animaba a hablar. Tenía miedo. Me habían dicho que me darían perpetua. Me condenaron solo por dichos, por ser humilde, por ir al hospital, por no tener plata para ir a una clínica y pagar una buena defensa. Desde el 21 de marzo de 2014 que no vuelvo a mi casa, que no veo a mi familia, me privaron de muchas cosas. Solo quería que me ayudaran y terminé presa, rodeada de policías y dedos acusadores. 2 años y tres meses lejos de mi casa, ¡me arrebataron mi vida! ¿Nadie se preguntó cómo me sentía yo esa noche? Me acusaban y me preguntaban si yo me había hecho un aborto. A mi mamá también la trataron mal. A nadie le importé yo. Es una ignorante, no sabe nada dijeron seguro y me condenaron junto con la policía. Después también me condenó la Justicia aunque yo les dije que no hice nada, que no maté a nadie. Yo ni sabía que estaba embarazada. Lloro por la injusticia que vivo. Pero estoy tranquila, se que habrá justicia para mi. Ahora estoy más fuerte, más tranquila. Jamás le hice daño a nadie, jamás robé, jamás maté, no consumo drogas. Soy una mujer que toda su vida trabajó. Siempre hice las cosas que debía hacer. Estoy eternamente agradecida con todos los que me están ayudando a que mi voz se escuche. Desde este lugar les mando abrazos y mis saludos. Me da mucha alegría que no estoy sola. Gracias y mil gracias para todas las mujeres. Luchemos entre todas y que se nos escuche para que no haya más mujeres presas por aborto. Ahora su lucha también es mi lucha. Saludos y mis afectos para ustedes. "Belén" * La carta fue enviada por Belén al programa 'Mujeres de acá' que conducen Marcela Ojeda y Valeria Sampedro.