luis fernando cerro temoche - Universidade Federal Fluminense
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luis fernando cerro temoche - Universidade Federal Fluminense
1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CLÍNICA E REPRODUÇÃO ANIMAL LUIS FERNANDO CERRO TEMOCHE FREQUÊNCIA DE Toxoplasma gondii (NICOLLE; MANCEAUX, 1909) EM GATOS (Felis catus, Linnaeus 1758) RESIDENTES EM DUAS ÁREAS DISTINTAS DA AMÉRICA LATINA NITERÓI 2012 2 LUIS FERNANDO CERRO TEMOCHE FREQUÊNCIA DE Toxoplasma gondii (NICOLLE; MANCEAUX, 1909) EM GATOS (Felis catus, Linnaeus 1758) RESIDENTES EM DUAS ÁREAS DISTINTAS DA AMÉRICA LATINA Dissertação apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Clinica e Reprodução Animal. Orientador: Prof. Dra. NORMA VOLLMER LABARTHE Niterói 2012 3 LUIS FERNANDO CERRO TEMOCHE FREQUÊNCIA DE Toxoplasma gondii (NICOLLE; MANCEAUX, 1909) EM GATOS (Felis catus, Linnaeus 1758) RESIDENTES EM DUAS ÁREAS DISTINTAS DA AMÉRICA LATINA Dissertação apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Clinica e Reprodução Animal. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Profª. Drª. Norma Vollmer Labarthe – Orientador UFF ___________________________________________ Profª. Drª Flavya Mendes-de-Almeida UFF ___________________________________________ Profª. Drª. Celeste da Silva Freitas de Souza Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz Niterói 2012 4 AGRADECIMENTOS A Deus . Por, simplesmente, tudo. Dedico aos meus Pais e irmãos - Sua presença, simplesmente, basta. Seus cuidados e palavras sempre foram essenciais. Ao minha orientadora, Profª. Drª. Norma Labarthe, por ter confiado em mim, pela amizade, carinho, paciência e ensinamentos. Por ser hoje mais que uma orientadora, uma amiga. A Profª. Drª. Flavya Mendes de Almeida pela oportunidade e disposição em ajudarme prontamente sempre que precisei. Obrigado pela compreensão e atenção. Drª. Alicia Rubio pela ajuda incondicional durante todas as fases deste trabalho. Agradeço toda a atenção, desempenho e desprendimento quando precisei e, sobretudo pela amizade. Aos meus queridos amigos César e Miguel pelas noites etílicas, jogos de bola, rodízios e todos os bons momentos que compartilhamos. A minhas amigas Elia e Pierina pela amizade incondicional e o carinho de sempre. Aos meus queridos amigos da turma de Mestrado de 2010 e do laboratório pela união na longa jornada acadêmica, por todos os momentos de auxílio, alegria e lazer. Em especial, aos amigos Vanessa, Lyvia, Isabella, Bethânia, Leticia, Renata, Tassia, Gabriel, Camila, Gracy e Julianna. Aos meus amigos da área de radiologia: Lyvia, Romão, Leir, Laercio e karla pela ajuda preciosa em todas as etapas do mestrado, pelo carinho com que me receberam, por serem todos, sempre, tão prestativos e pela grande amizade construída. Dra. Nadia Almosny pelo carinho, amizade, e auxílio durante todo o mestrado. Dra. Celeste da Silva Freitas de Souza por ter aceito participar da minha banca examinadora. Ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, seus professores e funcionários. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio financeiro durante o curso de mestrado. 5 RESUMO O objetivo do presente trabalho foi determinar a frequência sorológica e coproparasitológica da toxoplasmose em gatos atendidos em clínicas veterinárias na região metropolitanas de Lima – Peru (RML) e da região metropolitanas de Rio de Janeiro – Brasil (RMRJ). Foram analisadas 308 amostras de soros de gatos (154 habitantes de cada região) e 50 amostras de fezes de gato de cada localidade, independentemente da idade, gênero ou raça. Paralelamente ao ato da coleta, os proprietários responderam a um questionário epidemiológico onde foram tratadas as seguintes variáveis: faixa etárea, gênero, estilo de vida (animais confinados, semiconfinados o de vida livre), hábitos alimentares e hábitos de caça. Os soros e amostras fecais foram analisados pelos testes de Hemaglutinação indireta e coproparasitológico respectivamente. A frequência de gatos expostos foi 11,0% na RML e 10,3% na RMRJ. Ao se considerar as variáveis de faixa etárea e sexo, verificou-se que não houve associação entre os diferentes grupos e a exposição ao parasito, tanto para os animais da RML como da RMRJ. Na RML a exposição dos animais mostrou associação com hábitos de caçar (x2=4,98; p=0,016) e alimentação (x2=13,34; p=0,001), sendo aqueles alimentados com carne crua os mais expostos quando comparados aos alimentados com ração (x2=9,50; p=0,004) ou com comida caseira (x2=4,1; p=0,027). A frequência de gatos na fase crônicas da infecção por T.gondii foi 88%(15/17) na RML e 81,2%(13/16) na RMRJ. A pesar que oocistos de Toxoplasma gondii Não foram achados, pode se ressaltar que quatro espécies de parasitos gastrointestinais 2 Do filo protozoa e 2 do filo nematelmintes foram encontrados nas fezes de gatos. Apenas Toxocara sp. foi encontrada tanto na RML quanto na RMRJ. Isospora rivolta foi a espécie mais frequente nos gatos da RMRJ e Giardia duodenalis a mais frequente na RML. Não houve nenhum caso de infecção por mais de uma espécie na mesma amostra. Palavras-chaves: Toxoplasma gondii, Lima, Rio de Janeiro, Hemaglutinação indireta, gatos. 6 ABSTRACT The aim of this thesis was to estimate the frequency of toxoplasmosis in cats, by examinating of sera and fecal samples of cats in the Metropolitan Area of Lima, Perú (LIM) and the Metropolitan Region of Rio de Janeiro, Brazil. We have collected and analyzed 308 cat serum samples (154 per region) and 50 cat fecal samples in each location, regardless of the age, gender and race. Furthermore, each owner had to submit an epidemiological survey, in order to collect information regarding the following variables: age, gender, lifestyle (confined, semi-confined, and non-confined cats), diet and hunting habits. Sera and fecal samples were submitted to Indirect Hemagglutination (IHA) and coproparasitological test, respectively. IHA showed a frequency of 11.0% in LIM and 10.3% in the Metropolitan Region of Rio de Janeiro for exposed cats. Age and sex variables were considered, and it was found that there is not any association between these variables and exposure to this parasite, both for the LIM and Metro Region cats. In LIM, the exposure to T.gondii was associated with hunting (x2 =4.98, p = 0.016) and food habits (x2 = 13.34, p = 0.001): those fed with raw meat were more exposed, compared to those fed with commercial cat food (x2 =9.50, p = 0.004) or with homemade food (x2 = 4.1, p = 0.027). The frequency of cats that were diagnosed in the chronic phase of infection caused by T. gondii was 88% (15/17) in LIM and 81.2% (13/16) in the Metropolitan Region of Rio de Janeiro. Coproparasitological test showed that none of the different forms of the parasite (Toxoplasma gondii) were found. However, four species of gastrointestinal parasites, two of protozoa phylum and two of nemathelminthes phylum, were found in the fecal samples. Only Toxocara sp. was found in both of the locations. Isospora rivolta was the more common specie found in LIM; and Giardia duodenalis in the Metropolitan Region of Rio de Janeiro. There were no cases of dual infection at any sample tested. Key words: Toxoplasma Hemagglutination, cats. gondii, Lima, Rio de Janeiro, Indirect 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Representação gráfica das diferentes organelas e estruturas de secreção nos Bradizoítos e Taquizoítos de Toxoplasma gondii, f. 13 Figura 2. Representação gráfica do complexo apical de Toxoplasma gondii, f. 14 Figura 3. Representação gráfica do ciclo biológico de Toxoplasma gondii, f. 15 Figura 4. Oocistos do Toxoplasma gondii, f. 17 Figura 5. Taquizoíto do Toxoplasma gondii, f. 18 Figura 6. Bradizoíto do Toxoplasma gondii, f. 19 Quadro 1. Frequência relativa de soropositividade felina (Felis catus) em distintos locais da América do Sul segundo os meios de diagnósticos, f. 22 Figura 7. Localização geográfica da região Metropolitana de Lima no território Peruano, f. 33 Figura 8. Localização geográfica da região Metropolitana do Rio de Janeiro, f. 33 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Frequências absolutas e relativas de anticorpos contra-Toxoplasma gondii mediante Hemaglutinação indireta (HAI), segundo as variáveis de faixa etária, sexo, estilo de vida, alimentação e habito de caçar em gatos da região metropolitana de Lima – Peru (RML) e da região metropolitana do Rio de Janeiro – Brasil (RMRJ), 2011, f. 39 Tabela 2. Classificação da fase clínica dos gatos sororeagentes a Toxoplasma gondii segundo a técnica de HAI (com e sem 2-Mercaptoetanol), em gatos da região metropolitana de Lima – Peru (RML) e da região metropolitana do Rio de Janeiro – Brasil (RMRJ), 2011, f. 40 Tabela 3. Frequência absoluta e relativa de amostras fecais de gatos por parasito encontrado das regiões metropolitanas de Lima – Peru (RML) e do Rio de Janeiro – Brasil (RMRJ), 2011, f. 40 Tabela 4. Frequência absoluta e relativa dos protozoários mais frequentes nas amostras fecais de gatos domésticos segundo as variáveis estilo de vida, alimentação e caça na região metropolitanas de Lima – Peru (RML), 2011, f. 41 9 SUMÁRIO RESUMO, p.5 ABSTRACT, p.6 LISTA DE ILUSTRACOES, p.7 LISTA DE TABELAS, p.8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS, p.10 1. INTRODUÇÃO, p.11 2. REVISÃO DE LITERATURA, p.12 2.1 Histórico da toxoplasmose, p.12 2.2 Agente, p.13 2.2.1 Taxonomia, p.13 2.2.2 Características biológicas e ciclo biológico, p.13 2.2.3 Formas infectantes, p.16 2.3 Epidemiologia, p.19 2.4 Bioquímica do parasito, p.23 2.5 Patogenia e resposta imune, p.24 2.6 Diagnóstico, p.27 2.6.1 Diagnóstico clínico, p.27 2.6.2 Diagnóstico laboratorial, p.27 2.6.2.1 Detecção do parasito, p.27 2.6.2.1.1 Diagnóstico biológico, p.27 2.6.2.1.2 Detecção de formas parasitarias nas fezes, p.28 2.6.2.1.3 Detecção de DNA do Toxoplasma gondii, p.28 2.6.2.2 Detecção de marcadores de exposição para Toxoplasma gondii, p.29 2.6.2.2.1 Hemaglutinação indireta, p.29 2.6.2.2.2 Imunofluorescência indireta (RIFI), p.29 2.6.2.3.3 Ensaio imunoenzimático, p.30 3. MATERIAIS E MÉTODOS, p.31 3.1 Locais de Estudo, p.31 3.2 Animais, p. 34 3.3 Obtenção de amostras sanguíneas, p.35 3.4 Obtenção de amostras fecais, p.35 3.5 Procedimentos de laboratório, p.35 3.5.1 Pesquisa de anticorpos nas amostras séricas, p.35 3.5.2 Pesquisa de oocistos nas fezes, p.36 3.6 Análises, p.36 3.6.1 Cálculo da amostra, p.36 3.6.2 Análise estatística, p.37 4. RESULTADOS, p.39 5. DISCUSSÃO, p.43 6. CONCLUSÕES, p.47 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p.48 8. APÊNDICES, p.58 9. ANEXOS, p.60 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS AIDS/SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ELISA Ensaio imunoenzimático (do original em inglês: Enzyme Linked Immunosorbent Assay) et al. e colaboradores FIV Virus da imunodeficiência Felina HD Hospedeiro definitivo HI Hospedeiro intermediario IFNγ Interferon-gama IgA Imunoglobulina G IgG Imunoglobulina G IgM Imunoglobulina M IHA Hemaglutinação indireta IL Interleucina IM intramuscular INEI Instituto Nacional de Estatística e Informática IP intraperitoneal KDa KiloDalton kg kilograma(s) MAT Teste de aglutinação modificado mg micrograma(s) mL mililitro(s) NO Oxido nítrico PCR Reação em cadeia pela polimerase (do original em inglês: Polimerase Chain Reaction) PO via oral RIFI Reação de imunofluorescência indireta RMRJ Região metropolitana do Rio de Janeiro rpm rotações por minuto SNC Sistema Nervioso Central Th2 Linfocitos T helper tipo 2 UFF Universidade Federal Fluminense ºC Graus centrígrados μL microlitro(s) µm Micrômetro 2-ME 2-mercaptoetanol 11 1 INTRODUÇAO A distribuição mundial Toxoplasma gondii atravessa fronteiras políticas e ambientais, o que resulta na distribuição cosmopolita de casos de doença por este agente etiológico. Sabe-se que o 60% da população humana mundial já foi exposta ao parasito e apresenta anticorpos detectáveis. A frequência da infecção é geralmente mais elevada em climas quentes e úmidos, em áreas de menor elevação sobre o nível do mar e em pessoas idosas, principalmente relacionadas aos hábitos de consumo e manipulação de carnes. Os felídeos são os hospedeiros definitivos do parasito, os gatos domésticos são aqueles que aproximam este importante agente etiológico das populações humanas nos centros urbanos. Nos últimos anos, a manutenção de gatos como animais de estimação vem crescendo. Ao mesmo tempo o conhecimento dos riscos que zoonoses representam como a toxoplasmose, torna-se preocupação por parte dos proprietários. Essa conscientização faz com que cada vez mais os clínicos de pequenos animais comportem-se como agentes de saúde pública. Por tanto, faz-se necessário que se conheça as condicionantes que interfiram na circulação dos agentes etiológicos. Assim, um estudo que investigue as diferenças e semelhanças na ocorrência da infecção de gatos domésticos em duas metrópoles latino-americanas onde as culturas e os climas apresentam diferenças poderá colaborar para o conhecimento de alguns condicionantes da circulação de T.gondii. 12 2. REVISÃO DE LITERUATURA 2.1 Histórico da toxoplasmose O parasito foi descrito simultaneamente em diferentes partes do mundo. No Brasil, Splendore (1908) descreveu-o em coelhos e na França, Nicolle e Manceaux (1908) descreveram taquizoítos do parasito em tecidos de um roedor africano, Ctenodactylus gundi, então usado na pesquisa da leishmaniose no Instituto Pasteur de Túnis. Em 1909, Nicolle e Manceaux criaram o gênero Toxoplasma. Estes achados em diferentes países e espécies vaticinavam a ampla distribuição geográfica dos hospedeiros, suposições que foram confirmadas posteriormente (IN DUBEY, 2007). Foram muitos os estudos realizados com a finalidade de revelar as características do ciclo biológico, das provas para o diagnóstico e das medidas de controle e prevenção. É importante destacar que as primeiras descrições da toxoplasmose humana foram realizadas no inicio do século XIX, mas a importância do parasita na saúde publica foi consagrada pelos estudos que descreveram a presença do parasito na retina de uma criança, que faleceu com um quadro de corioretinite acompanhado de microftalmia (JANKU, 1923). Pouco depois, a presença do microorganismo em cortes histológicos nos músculos cardíacos, esqueléticos e no cérebro do cadáver de uma criança recém nascida deu inicio a especulações acerca da possibilidade da ocorrência da transmissão (TORRES, 1927). Dez anos mais tarde, a enfermidade congênita por Toxoplasma gondii foi descrita (WOLF e COWEN, 1937) e pouco depois a toxoplasmose aguda em adultos foi também descrita (PIKERTON e WEINMAN 1940). 13 O primeiro relato da forma infectante nas fezes de gatos domésticos foi realizado na década de 1960 (HUTCHINSON, 1965) e deu origem à descrição da fase sexuada do ciclo biológico do parasito (FRENKEL et al., 1970). 2.2 Agente 2.2.1 Taxonomia Classificação taxonômica segundo DUBEY (2010) Filo: Apicomplexa: Levine,1970 Classe: Sporozoasida: Leukart, 1879 Subclasse: Coccidiasina: Leukart,1879 Ordem: Eucoccidiida: Leger, 1911 Família: Toxoplasmatidae: Biocca, 1956 Gênero: Toxoplasma: Nicolle and Manceaux, 1909 Especie: Toxoplasma gondii Nicolle and Manceaux, 1909 2.2.2 Características biológicas e ciclo biológico A especie T.gondii, parasita eucariota intracelular obrigatória, já foi isolada em vários tecidos vivos e células nucleadas, em líquidos orgânicos, como sangue, linfa, saliva, colostro, exsudatos, esperma e líquido peritoneal (NEVES, 1985; DINIZ et al., 1991; AMATO NETO et al., 1995). Estruturalmente, o agente é composto por diferentes organelas (mitocôndrias, retículo endoplasmático, ribossomo, núcleo), um citoesqueleto (anel polar, conóide, microtúbulos e uma membrana tripla composta por uma externa contínua e duas internas descontínuas) e estruturas de secreção (micronemas, grânulos densos e roptrias) (Figuras 1 e 2) (DUBEY, 2010). Cada uma destas estruturas é formada por proteínas relacionadas com a invasão, formação do vacúolo parasitóforo e manutenção do parasita no interior da célula hospedeira (DUBEY, 1993; SMITH, 1995). 14 Figura 1. Representação gráfica das diferentes organelas e estruturas de secreção nos Bradizoítos e Taquizoítos de Toxoplasma gondii. Fonte: Dubey, J. P., D. S. Lindsay, and C. A. Speer, 1998. Structure of Toxoplasma gondii tachyzoites, bradyzoites and sporozoites, and biology and development of tissue cysts. Clin. Microbiol. Rev. 11: 267–299. Figura 2. Representação gráfica do complexo apical de Toxoplasma gondii. Fonte: Dubey et al. 1998. Structure of Toxoplasma gondii tachyzoites, bradyzoites and sporozoites, and biology and development of tissue cysts. Clin. Microbiol. Rev. 11: 267–299. 15 O ciclo biológico de T.gondii é heteroxeno facultativo e pode envolver qualquer animal de sangue quente, incluindo aves e humanos. O ciclo biológico se divide em uma fase sexuada que ocorre nas células epiteliais do intestino delgado dos hospedeiros definitivos (membros da família Felidae), resultando na formação dos oocistos e uma fase assexuada que ocorre nos tecidos extra-intestinais dos hospedeiros intermediários (mamíferos ou aves) (Figura 3) (ACHA e SZYFRES, 2003). Quando a infecção se da pela ingestão de oocistos esporulados, oocistos não esporulados são eliminados nas fezes entre 3 e 10 dias após a infecção. Entretanto, quando ocorre a ingestão de taquizoítos, a excreção de oocistos não esporulados inicia-se num período superior a 15 dias, e no caso da ingestão de bradizoítos, a eliminação se inicia após 18 dias (DUBEY, 1996a). Um felídeo infectado pode eliminar oocistos não esporulados por três semanas, chegando a eliminar mais de um milhão deles ao meio ambiente junto com as fezes. (DUBEY, 2002). Figura 3. Representação gráfica do ciclo biológico de Toxoplasma gondii. (a) Ciclo enteroepitelial: Realiza-se só no hospedeiro definitivo (HD) (felinos domésticos ou silvestres). Após a ingestão de oocistos esporulados ou cistos teciduais, ocorre a 16 reprodução tipo assexuada que origina os esquizontes ou merozoítos de primeira e segunda gerações, iniciando a partir daí, o ciclo gametogênico. Bilhões de oocistos imaturos podem ser liberados juntamente com as fezes durante semanas. (b) Fase esporogónica: a esporogonia ocorre no meio externo num período de 1-5 dias em condições ideais de temperatura e oxigenação e dar a origem ao oocisto esporulado com dois esporocistos e quatro esporozoítas no interior. (c) Fase extraintestinal ou tissular: ocorre nos hospedeiros intermediários (HI) incluindo também aos próprios felinos. Após a ingestão de oocistos esporulados ou cistos teciduais, os taquizoítos são gerados posteriormente de uma rápida divisão nas células intestinais e nos linfonodos associados, entrando logo na circulação sanguínea e linfática estabelecendo-se em diferentes tecidos e efetuar: Uma primeira esquizogonia ou reprodução rápida, onde por endodiogenia se reproduzem os taquizoíto nas células do sistema fagocítico mononuclear, e Uma segunda esquizogonia ou reprodução lenta, onde por endodiogenia os bradizoítos se reproduzem nas células dos diferentes tecidos. 2.2.3 Formas infectantes Oocisto Os oocistos não esporulados (não infectantes) (Figura 4A) são produzidos no epitélio intestinal dos felídeos, domésticos ou silvestres, e são eliminados junto com as fezes. O oocisto esporulado (forma infectante) apresenta em seu interior quatro esporozoítas dentro de cada um dos dois esporocistos (DUBEY, 2004) (Figura 4B). Os oocistos esporulados são arredondados, medem de 10 a 13μm de largura e 9 a 11μm de comprimento e têm uma parede que lhes confere resistência a condições adversas (DUBEY, 2004). Mais de um milhão de oocistos não esporulados podem ser eliminados ao ambiente junto com as fezes. Os gatos eliminam oocistos só por um período de 3 a 20 dias durante toda sua vida (DUBEY e FRENKEL, 1972). Estudos demostraram que os gatos podem eliminar oocistos em infecções secundarias por uma coinfecção com Cystoisospora felis (DUBEY, 1976) ou pela administração de altas doses de corticoide (DUBEY e FRENKEL,1974). Não obstante, outras pesquisas não conseguiram induzir a eliminação de oocistos em gatos com toxoplasmose crônica ou recente, administrando semanalmente doses de 5 ou 20mg/kg de acetato de metilprednisolona pela via intramuscular (IM) durante 4 semanas (LAPPIN et al., 1991). Em condições ambientais favoráveis os oocistos podem permanecer viáveis por meses e até anos (TENTER et al., 2000). Os oocistos mantidos a temperaturas entre 10 e 25ºC são viáveis por até seis meses, o tempo de viabilidade diminui à medida que se aumenta a temperatura aumenta, perdendo toda capacidade 17 infectante quando são expostos a 60ºC (DUBEY, 1994a). Além disso, os oocistos apresentam maior capacidade infectante que os bradizoítos ou os taquizoítos (SOULSBY, 1987). Em condições de laboratório, quando mantidos a 4ºC, os oocistos esporulados permanecem viáveis por mais de 54 meses. Não obstante, morrem por aquecimento a 55-60ºC (TENTER et al., 2000). Figura 4. Oocistos do Toxoplasma gondii. A. Oocisto não esporulado (não infectantes). B. Oocisto esporulado (forma infectante) Fonte: Dubey, J. P., D. S. Lindsay, and C. A. Speer, 1998. Structure of Toxoplasma gondii tachyzoites, bradyzoites and sporozoites, and biology and development of tissue cysts. Clin. Microbiol. Rev. 11: 267–299. Taquizoítos Os taquizoítos são formas de multiplicação rápida que podem ser encontradas em células nucleadas assim como nos líquidos corporais dos hospedeiros intermediários ou de felídeos, durante a fase aguda da infecção (DUBEY, 2010). Apresentam forma alongada, ligeiramente arqueada, medindo de 2 a 4μm de largura por 4 a 8μm de comprimento, com extremidade anterior mais afilada que a posterior (DUBEY et al., 1998) (Figura 5). Os taquizoítos se multiplicam assexuadamente por repetidas divisões binárias (endodiogenia), até que a célula hospedeira se rompa. Com o rompimento da célula, os taquizoítos são liberados, e pela circulação (sanguínea e linfática), chegam a diversos órgãos (DUBEY e BEATTIE, 1988). 18 Figura 5. Taquizoíto do Toxoplasma gondii. Am, Granulo; Co, conoide; Dg, Granulo denso; Go, Complexo de golgi; Mn, microneme; No, nucléolo; Nu, núcleo; Pv, vacúolo; Rh, rhoptry. Lb, lipido. Fonte: Dubey et al. 1998. Structure of Toxoplasma gondii tachyzoites, bradyzoites and sporozoites, and biology and development of tissue cysts. Clin. Microbiol. Rev. 11: 267– 299. Bradizoítos Os bradizoítos são formas encistadas nos tecidos, com metabolismo lento, medindo aproximadamente, 7µm de comprimento x 1,5µm de largura (MEHLHORN e FRENKEL, 1980). Os cistos variam de 20μm a 200μm em diâmetro, com milhares de bradizoítos no seu interior, chegando a 3000 parasitas (DUBEY e BEATTIE, 1988). Os cistos tendem a aumentar de tamanho à medida que os bradizoítos vão se multiplicando em seu interior. No cérebro os cistos geralmente são esféricos com um tamanho médio de 70µm de diâmetro, já nos musculares podem ter 100µm (DUBEY et al., 1998). (Figura 6) Os tecidos nervoso e muscular são os que mais frequentemente albergam cistos, embora eles também sejam encontrados comumente em pulmões, fígado e rins. A localização e o número de cistos teciduais diferem na dependência da especie do hospedeiro, da sua resistência individual, da exposição e da cepa do 19 parasito. Em camundongos e ratos, o maior número de cistos é observado no tecido nervoso. Entretanto, em outros mamíferos (bovinos, suínos, gatos, ovelhas, cabras) essas estruturas são mais comuns no tecido muscular (DUBEY et al., 1998). Apesar dos cistos tissulares serem menos resistentes às condições do ambiente que os oocistos esporulados, em condições experimentais, já foi comprovado que em carcaças os cistos podem permanecer viáveis sob refrigeração (1-4ºC) por mais de três semanas, e que sobrevivem ao congelamento entre -1 a 8ºC durante uma semana. Entretanto, tais cistos são mortos após congelamento a – 20ºC, ou aquecimento a mais de 65ºC (TENTER et al., 2000). Figura 6. Bradizoíto do Toxoplasma gondii. Am, Granulo; Co, conoide; Dg, Granulo denso; Go, Complexo de golgi; Mn, microneme; No, nucléolo; Nu, núcleo; Pv, vacúolo; Ro, rhoptry. Fonte: Dubey, J. P., D. S. Lindsay, and C. A. Speer, 1998. Structure of Toxoplasma gondii tachyzoites, bradyzoites and sporozoites, and biology and development of tissue cysts. Clin. Microbiol. Rev. 11: 267–299. 2.3 Epidemiologia O parasito apresenta distribuição cosmopolita, com infecções diagnosticadas mediante estudos soroepidemiológicos em diferentes localidades. As características do ambiente influenciam na circulação do parasito e consequentemente na 20 frequência da infecção, sendo maiores em regiões quentes e úmidas do que locais de clima seco e frio (MARTÍN-HERNÁNDEZ e GARCÍA-IZQUIERDO, 2003). Se as condições ambientais forem favoráveis (água, terreno úmido, temperatura media de 25ºC e oxigênio suficiente), os oocistos esporulam rapidamente (1-3 dias), o que explica a elevada ocorrência da infecção em zonas tropicais ou subtropicais (LEGUÍA, 2002). O instinto natural dos felídeos os faz enterrar suas fezes, criando assim um ambiente que favorece a sobrevivência dos oocistos. A frequência observada em pequenos ruminantes foi maior entre os mantidos em áreas mais úmidas (Recôncavo Baiano e Zona da Mata) do que daqueles mantidos em regiões secas (Caatinga e Agreste Pernambucano) (GONDIM et al., 1999; SILVA et al., 2003). As regiões de selva no território peruano (San Martín e Loreto), de serra (Huancavelica e Cuzco) ou de costa (La Libertad, Piura, Lima e Ancash) (Figura 7), são regiões enzoóticas devido à elevada densidade de gatos, assim como às condições ecológicas favoráveis para o desenvolvimento e perpetuação do agente. Pelas características epidemiológicas da selva, esta região apresenta uma maior soroprevalência de toxoplasmose nos humanos, seguida da costa e por ultimo da região serra. Em 1986 a soroprevalência da toxoplasmose humana na selva central foi entre 75 e 85 % considerando-a como uma das regiões com os mais elevados índices de toxoplasmoses ao nível mundial (INEI, 1994). Considerando-se o grau de susceptibilidade a infecções por T.gondii quatro grupos de espécies hospedeiras podem ser consideradas: i) de susceptibilidade máxima: o gundi (Ctenodactylus gundi), coelho (Oryctolagus cuniculus) e cobaia (Cavia porcellus); nos quais infecções com doses baixas podem provocar a morte; ii) de susceptibilidade alta: ovinos, caprinos, suínos, caninos, felinos e também os humanos; iii) de susceptibilidade média: furão (Mustela putorius), roedores, animais jovens ou imunossuprimidos independentemente da especie; e iv) animais não susceptíveis: aqueles nos quais o agente não se multiplica, só sobrevive (hospedeiros mecânicos como insetos coprófagos) (CORDERO DEL CAMPILLO, 1973). As diferentes taxas de infecção animal obtidas nos diversos países do mundo devem-se a diferentes fatores como localização geográfica, condições ambientais, hábitos culturais dos povos (principalmente alimentação), tipo de fauna, grau de desenvolvimento do país e infra-estrutura hídrica e sanitária (REMINGTON et al., 21 1995). Assim, uma pesquisa realizada em Campos dos Goytacases, norte do Rio de Janeiro, encontrou-se frequências de infecção humana variável conforme as condições socioeconômicas, nos grupos baixo (83,0%), médio-baixo (62,0%), médioalto (23,0%) poder aquisitivo (BAHIA–OLIVEIRA et al., 2003). Aves e mamíferos, inclusive humanos, podem se infectar pela ingestão de carne crua contendo cistos teciduais ou de água ou alimentos contendo oocistos esporulados. Variações na soroprevalência contra T.gondii parecem estar correlacionadas com os hábitos de alimentação e higiene da população. Por outro lado, os herbívoros como os ovinos, caprinos, bovinos e camelídeos sul-americanos se infectam pela ingestão dos oocistos esporulados nos pastos contaminados com as fezes de felinos. A infecção de gatos se da por via oral mediante a ingestão de cistos com bradizoítos ou de taquizoítos presentes nos tecidos de suas presas ou de oocistos esporulados presentes em alimentos ou água (LEGUIA e CASAS, 1999). As taxas de soropositividade de T.gondii em gatos domésticos ao nível mundial são variáveis. Em gatos domiciliados, na Europa as frequências (MAT) foram: 38% na Itália (44/115) (MACRI et al., 2007), e 18,6%(56/301) na Alemanha (AFONSO et al., 2006). Na América do Norte se observaram taxas de 36,1%(71/194) no México (RIFI) e 21%(23/105) (MAT) nos Estados Unidos da América, mostrando evidencia sorológica de exposições ao parasito (DABRITZ et al., 2007, ALVARADOESQUIVEL et al., 2007). No Japão foram apreciadas frequências de 20,7%(40/193) (ELISA) e 25,7 %(87/335) (RIFI) (KIMBITA et al., 2001, OIKAWA et al., 1990). 22 Quadro 1. Frequência relativa de soropositividade felina (Felis catus) em distintos locais da América do Sul segundo os meios de diagnósticos. Local Domiciliados Argentina Buenos Aires (*) La Plata (*) Brasil São Paulo (**) São Paulo (**) São Paulo (**) São Paulo (**) Chile Valdivia (*) Perú Lima (*) Lima (*) Soroprevalencia % Teste Autores 19,5(33/169) + 27(27/100) + IHA RIFI FERNANDEZ et al., 995 VENTURINI et al., 1997 19,4(48/248) + 17,70(44/248) + 35(84/237) + 26,30(133/502) + RIFI RIFI MAT MAT LANGONI et al., 2001 LUCAS et al.,1999 PENA et al.,2006 da SILVA et al., 2002 33,00(32/97) + RIFI OVALLE et al., 2000 17,90(32/178) + 11,20(20/178) + RIFI IHA CERRO, 2007 73,00(119/163) ++ 72,00(85/118) ++ RIFI IHA GARCÍA et al., 1999 MENDES-DE-ALMEIDA et al.,2007 35,80(61/170) ++ MAT DUBEY et al., 2006 CERRO, 2007 Vida livre Brasil Paraná (**) Rio de Janeiro(**) Colômbia Bogotá (*) (*) Cidade, (**) Estado, (+) domiciliado, (++) vida livre RIFI: Imunofluorescência Indireta IHA: Hemaglutinação Indireta MAT: Teste de aglutinação modificado 23 A elevada taxa de soropositividade felina pode significar contaminação ambiental por oocistos e, consequentemente, grande concentração de formas infectantes em alimentos e da água utilizados, podendo refletir em altas taxas de infecção por T.gondii em hospedeiros intermediários (PENA et al., 2008). Entretanto, há que se considerar que paradoxalmente, como felinos imunocompetentes só eliminam oocistos nas fezes no curso de sua primo infecção, ambientes onde só circulam gatos sororeagentes tenderão a conter menor carga parasitária ambiental (DUBEY, 1994a; DUBEY, 1996b). 2.4 Bioquímica do parasito A superfície externa dos taquizoítos é coberta por proteínas de baixo peso molecular que variam entre os 22 e 43kDa, todas ancoradas na membrana a partir de pontes de glicosilfosfatidilinositol (TOMAVO et al, 1993). A superfície do taquizoíto do T.gondii contém cinco principais proteínas, implicadas no reconhecimento celular e adesão do parasito à célula hospedeira. Destas cinco proteínas as mais abundantes são a P30 (5% das proteínas) e a P22 (TOMAVO, 1996; GRIMWOOD e SMITH, 1992). A proteína de membrana P22 é a segunda mais abundante na superfície do taquizoíto e, da mesma forma que a P30, só está presente nos taquizoítos (GRIMWOOD e SMITH, 1996). Nos últimos anos os cientistas têm investido na melhora das provas de diagnóstico e no desenvolvimento de vacinas. Muitos trabalhos buscam usar a P30 como alvo principal (KIM et al., 1994; BULOW et al., 1991) até porque é imunogênica e induz a produção de imunoglobulinas dos tipos G, M e A (WONG e REMINGTON, 1993). A P22 também, já foi reconhecida em amostras de soro de indivíduos cursando toxoplasmose tanto aguda quanto crônica, mostrando haver resposta contra ela em indivíduos cursando a fase aguda da infecção (CASTAÑO et al., 2001). 24 2.5 Patogenia e Resposta imune A lesão consequente à presença dos parasitos é originalmente vascular, sendo as células endoteliais as mais frequentemente infectadas. Os microorganismos invadem outros órgãos através do sistema linfático e do sistema porta. Em infecções agudas, a multiplicação dos taquizoítos pode produzir áreas de necrose em órgãos vitais como o miocárdio, pulmões, fígado e o cérebro (URQUHART et al., 2001). No ambiente perivascular surgem camadas concêntricas de tecido inflamatório constituído principalmente por células epiteliodes e macrófagos, ocasionando menor fluxo sanguíneo, o que poderia explicar a ocorrência de sinais do SNC tais como convulsões, tremores e paralisias (CORDERO DEL CAMPILLO et al., 1999). Apesar de ativarem células como macrófagos e Natural Killer, os taquizoítos escapam do sistema imune penetrando ativamente nos macrófagos. Os lisosomas não se fusionam com o fagosoma e desta forma evitam a ação das enzimas hidrolíticas dentro dos macrófagos e assim os taquizoítos são capazes de reproduzir-se no interior da célula, num ambiente onde não há anticorpos nem enzimas lisossômicas. A multiplicação intracelular prossegue, chegando num ponto em que a ruptura celular é inevitável (TIZARD, 1998; LLOP et al., 2001). Não obstante, os linfócitos T CD4+ sensibilizados liberam IFN-γ, em resposta às ribonúcleoproteínas do parasita, que estimula a atividade dos macrófagos, oferecendo-lhes resistência e colaborando na eliminação das formas intracelulares, por passarem a permitir a fusão dos lisosomas com o fagosoma (TIZARD, 1998). A resposta imunológica do hospedeiro imunocompetente contra o parasito no curso da infecção aguda é o que induz a formação de cistos nos músculos esqueléticos, no cérebro e demais órgãos. A resposta celular (Th1) é a mais eficaz na proteção do hospedeiro contra a infecção. Os linfócitos T CD8+, após ativação pelas citosinas como a IL2, restringem a disseminação de T.gondii, contendo assim a parasitemia. Estas células atuam lisando células infectadas e expondo os parasitas antes protegidos no interior de vacúolos parasitóforos ao sistema imune do hospedeiro (PIZZI, 1997; Barriga, 1997). Deste modo, a ação conjunta de Linfócitos T CD8+ e de IFN-γ produzido durante o processo, contribui na proteção contra a formação de cistos teciduais. 25 Além disso, células T ativadas produzem óxido nítrico que podem oxidar e matar protozoários intracelulares (TIZARD, 1998) Por outro lado, os linfócitos T CD4+, pelas interleucinas, estimulam os linfócitos B na produção de imunoglobulinas (Resposta Th2) das classes M, G e A, que agem sobre as formas livres (BARRIGA, 1997; TIZARD, 1998). Durante a infecção, níveis detectáveis de anticorpos dos tipos M e G aparecem rapidamente. A produção de IgM tem início na primeira semana pós infecção e as concentrações se mantêm até a sétima semana aproximadamente. A produção de IgG se inicia entre a primeira e a terceira semana pós-infecção nas infecções primarias e tendem a se manter altas por vários meses (MARTÍN-HERNÁNDEZ e GARCÍA-IZQUIERDO, 2003). Alguns anticorpos agem exclusivamente sobre o agente, lisando sua membrana juntamente com o sistema complemento, ocasionando a morte do protozoário (BARRIGA, 1997; TIZARD, 1998; FRENKEL, 1986). As lesões teciduais são consequência da destruição das células parasitadas pelos taquizoítos e à reação inflamatória produzida pelos linfócitos, monócitos e macrófagos (ATIAS e THIERMANN, 1994). Não obstante, outros macrófagos passam a produzir citosinas que diminuem a produção das citocinas (IL-10, IL-27) e lipoxinas como um mecanismo regulatório evitando uma destruição celular exacerbada (PEPPER, 2006). Na maioria dos casos a infecção felina cursa de forma assintomática, não obstante, em alguns animais cursa com sinais clínicos como febre, tosse, dispneia, letargia, anorexia, vômito, diarreia e icterícia, além da ocorrência de alterações miocárdicas, hiperestesia muscular, alterações neurológicas e oculares (MEIER et al., 1957). Em necropsias de gatos infectados naturalmente foram encontradas lesões em diferentes órgãos que, por inumohistoquímica, confirmaram a presença do parasito e consequentemente demostraram sua disseminação (pulmões 93%, cérebro 96,4%, pâncreas 84,4%, coração 86,4%) (DUBEY e CARPENTER, 1993). Estas lesões se curam por fibroses e, no SNC, por glioses. A sintomatologia clínica destas fases depende do órgão afetado, da intensidade da infecção e da susceptibilidade dos tecidos invadidos, principalmente nos casos de toxoplasmose congênita e nas primoinfecções em pacientes imunocomprometidos (ATIAS e THIERMANN, 1994). Durante a fase de parasitemia na primo-infecção dos animais gestantes os taquizoítos podem atingir a placenta e infectar os septos das carúnculas dos 26 placentomas e células trofoblásticas adjacentes, provocando focos necróticos. A gravidade da infecção congênita depende do momento da gestação em que ocorre a infecção. Por exemplo, nos ovinos, quando a infecção acontece no primeiro terço gestação ocasiona a morte do embrião (ROJAS, 1990). Devido ao tamanho do embrião neste período, a morte é seguida de completa absorção embrionária, o que pode ser confundido com infertilidade (CORDERO DEL CAMPILLO et al., 1999). Por outro lado, uma infecção no segundo terço gestação provoca a morte do feto, mas neste caso devido á própria parasitemia que o sistema imune do feto é incapaz de controlar. A expulsão do feto pode acontecer, mas a retenção com mumificação fetal observa-se com maior frequência. Por ultimo, a infecção no último terço da gestação é raramente mortal (ROJAS, 1990). Entretanto o neonato pode nascer com lesões congênitas irreversíveis como hidrocefalia ou microcefalia, corioretinite, e calcificações intracranianas (SABIN, 1941). Adicionalmente, a infecção em pacientes humanos com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é facilitada pela redução do número de linfócitos CD4+ e pela alteração do funcionamento de CD8+. Estes linfócitos têm a capacidade alterada de liberar interleucinas (IL). Essas IL agem na proteção contra o agente ativando a outras células do sistema imunes como as microglias, astrocitos, e células citotóxicas, responsáveis por diminuir a replicação do parasita, favorecendo a persistência da infecção, se apresentado assim a encefalite por T.gondii (LÓPEZ e BOLOTNER, 2003; JOSS et al., 2000). Além disso, quando a concentração sanguínea dos linfócitos CD4+ cai a menos de 100/µL formas parasitarias em latência se ativam e podem trazer consequências graves ao hospedeiro. Por isso, a toxoplasmose é considerada entre as doenças oportunistas de maior frequência, ocorrendo em casos de AIDS, enfermidade de Hodgkin e leucemia. Nestes pacientes, o parasito que se encontrava em forma latente pode se ativar e causar graves consequências (LÓPEZ e BOLOTNER, 2003; ATIAS e THIERMANN, 1994). Os gatos infectados pelo vírus da imunodeficiência felina (FIV) apresentam predisposição para padecer infecções oportunistas. Venturini e colaboradores (1997) relataram que gatos infectados com T.gondii ao infectarem-se por FIV, mostraram um incremento nos títulos de anticorpos contra-toxoplasma, sugerindo reativação e proliferação do parasito. Não obstante, torna- se difícil avaliar se está ocorrendo reativação ou infecção recente, já que as concentrações de anticorpos detectáveis 27 em gatos com reativação da infecção podem ser parecidas aquelas encontradas na população felina em geral com infecção aguda (FRENKEL et al., 1987). 2.6 Diagnóstico 2.6.1 Diagnóstico clínico Nos indivíduos adultos imunocompetentes não gestantes, independentemente da especie do hospedeiro, o curso da toxoplasmose é assintomático. Quando apresentarem sintomatologia, ela será inespecífica, assemelhando-se a uma serie de outros processos infecciosos. Por tanto, o diagnóstico clínico é improvável nesses casos (ATIAS e THIERMANN, 1994). Quando a primo infecção ocorre em gatas gestantes, observa-se morte embrionária ou fatal podendo ocorrer abortamento ou não. Nesses casos os cadáveres podem ser mumificados ou autolisados. Dependendo da fase da gestação, do inoculo e da resistência da gestante à infecção. A lesão mais característica da infecção pré-natal ocorre na placenta, onde focos de necrose com aparência de pequenos pontos brancos ocorrem (1 a 2 mm de diâmetro) (DUBEY et al., 1996). Assim, clinicamente pode-se apenas incluir toxoplasmose como possibilidade diagnostica. Sua confirmação deverá sempre ser realizada laboratorialmente. 2.6.2 Diagnóstico laboratorial O diagnóstico laboratorial pode ser realizado pela detecção do parasito (diagnóstico biológico, PCR, detecção das formas parasitarias nas fezes ou histopatologia) ou pela detecção de marcadores de exposição (sorologia). 2.6.2.1 Detecção do parasito 2.6.2.1.1 Diagnóstico biológico 28 A inoculação do material suspeito em camundongos suíços albinos é uma das principais técnicas para detecção de T.gondii em tecidos. As principais vias de administração são a via intraperitoneal (IP) e a via oral (PO). A presença de T.gondii no inoculo é confirmada pela realização de laminas histológicas nas quais a observação de cistos nos diversos tecidos é possível (DUBEY, 2010) 2.6.2.1.2 Detecção de formas parasitarias nas fezes A detecção só pode ser empregada para pesquisa de oocistos nas fezes dos felídeos durante o curso da primo-infecção ou em caso de comprometimento imunológico que permita eliminação. A correta identificação de oocistos do T.gondii nas fezes é difícil. Podem ser confundidos com oocistos de Hammondia hammondi, já registrado no Brasil (Ogassawara et al., 1985) ou Besnoitia darlingi, que também são eliminados nas fezes dos gatos. Assim, seu valor é ligado, principalmente, ao diagnóstico do risco que um felídeo representa ao ambiente onde vive. O método mais utilizado para pesquisa de oocistos é de flutuação, que pode ser realizado com solução de Sheather (SHEATHER, 1923) ou de Faust (FAUST et al., 1938). 2.6.2.1.3 Detecção de DNA do T.gondii A Reação em cadeia da polimerase é usada no diagnóstico de infecção por T.gondii há mais de 10 anos. Pode ser usada para diagnóstico em diversas espécies animais, tais como: ovinos, equinos, felinos e caninos (WHEELER et al., 1990; TURNER et al., 1991; WASTLING et al., 1993; OWEN et al., 1998; TURNER e SAVVA, 1990; LAPPIN et al., 1996; STILES et al., 1996; BURNEY et al., 1999; FENG e MILHAUSEN, 1999). A técnica vem sendo amplamente usada por apresentar sensibilidade e especificidade próximas a 100% (BUCHBINDER et al., 2003). Mais recentemente a PCR quantitativa vem substituindo a convencional por permitir também o acompanhamento do curso da infecção e avaliação da resposta do paciente ao tratamento (COSTA, 2000). Não obstante, a PCR realizada em amostras sanguíneas só detectará infecções quando houver parasitemia; assim, em casos toxoplasmose 29 cerebral ou pulmonar sem parasitemia só terá valor quando a amostra examinada for do tecido parasitado (KHALIFA, 1994). 2.6.2.2 Detecção de marcadores de exposição para T.gondii 2.6.2.2.1 Hemaglutinação indireta Baseia-se na propriedade dos anticorpos contra-T.gondii em reconhecer antígenos de T.gondii acoplado a eritrócitos, fazendo com que haja aglutinação. Assim, quando houver anticorpos específicos na amostra sérica a ser testada, os eritrócitos se depositarão sob a forma de véu no fundo do micropoço de uma microplaca. A principal desvantagem desta prova é não detectar infecções recentes, uma vez que os anticorpos podem demorar em se concentrarem acima do limite de sensibilidade analítica dos testes. Assim, para distinguir entre imunoglobulinas G (marcadoras de exposição) e imunoglobulinas M (marcadores de infecção ativa ou recente) utiliza-se 2-mercaptoetanol (2-ME). O 2-ME é adicionado à amostras e degrada IgM, que deixa de ser detectável. Por tanto, por diferença entre a diluição máxima reagente do soro testado e a diluição máxima obtida após do tratamento por 2-ME se obtém os títulos de cada marcador (WIENER LAB, 2000). 2.6.2.2.2 Imunofluorescência indireta (RIFI) Este teste foi apresentado por Goldman em 1962 e modificado por Fletcher em 1965. É uma prova fácil e rápida que proporciona bons resultados, entretanto demanda equipamentos especiais, por vezes de custo além das possibilidades para sua realização. A técnica de imunofluorescência indireta tem sensibilidade de 99% e especificidade 100% e utiliza antígenos estáveis (FLETCHER, 1965). Os antígenos usados são taquizoítos fixados em laminas de microscopia e anticorpos marcados com fluorocromo são usados como reveladores da agregação dos anticorpos do soro teste com os antígenos Por essa técnica imunoglobulinas M podem ser detectadas uma a duas semanas após a infecção. Títulos baixos podem persistir por 12 meses. As imunoglobulinas G aparecem em etapas tardias, e seus níveis desaparecem 30 gradualmente, persistindo, com títulos baixos, por longo tempo de vida do hospedeiro. Imunoglobulinas G podem persistir por toda a vida dos animais expostos (FIALHO e ARAÚJO, 2002). 2.6.2.2.3 Ensaio imunoenzimático O principio da prova é similar ao de imunofluorescência indireta. Não obstante, o marcador da reação imunológica é uma enzima, que pode se ligar ao antígeno ou ao anticorpo. Ligada ao antígeno a enzima se fixa e ao entrar em contato com o substrato adicionado ao ambiente da reação, gera cor, que indica a reação. O teste apresenta resultados objetivos, adaptável tanto ao simples exame visual como a diversos sistemas de detecção fotocolorimétricos. Na pesquisa de IgG apresenta sensibilidade de 96,7% e especificidade de 75% e quando comparado com RIFI apresenta concordância ajustada (K) de 73,5% (ANTUNES et al., 1999). 31 3. MATERIAL E MÉTODO: Licença do Comité Ética O projeto intitulado “FREQUÊNCIA DE Toxoplasma gondii (NICOLLE; MANCEAUX, 1909) EM GATOS (Felis catus, Linnaeus 1758) RESIDENTES EM DUAS ÁREAS DISTINTAS DE ÁMERICA LATINA” foi aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa com Animais (CEPA) - PROPP – PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO com Protocolo nº 141 (Anexo 1). 3.1 Locais de Estudo A região metropolitana de Lima (RML) está localizada na parte central da zona ocidental do Peru, na costa do Oceano Pacífico. Limita-se com os distritos de Ancón, Puente Piedra, Carabayllo, Comas, Los Olivos, Independencia, San Martín de Porres pelo norte, com os distritos de San Juan de Lurigancho, Santa Anita, Cieneguilla, Ate Vitarte, La Molina, Chaclacayo, Lurigancho e El Agustino pelo leste, com San Juan de Miraflores, Villa María del Triunfo, Villa el Salvador, Lúrin e Pachacamac pelo sul (Figura 7). Sua população humana é de 6.434.323 habitantes, representando o 23,4% da população Peruana (Densidade demográfica: 2 288,5 Hab./km2). Sua altitude é 154 m, latitude 12°02`36.00``S e longitude 77°01`42.00``W-GR. A região metropolitana de Lima esta representada por 43 distritos (Figura 7) com extensão territorial de 2811,65 km2, o equivalente a 8% da área total da “Província”. A economia está voltada à produção industrial e o Produto Interno Bruto (PIB) anual per capita é de USD 5.396,00. A cordilheira andina forma uma barreira física infranqueável aos ventos alísios que se originam do Oceano Atlântico. Com aproximadamente 6.000m de altitude, a cordilheira impede que a umidade atmosférica e as nuvens carregadas de 32 chuva que alimentam a região Amazônica do Brasil e o oriente Peruano, cheguem a Lima. Adicionalmente, é importante mencionar que o território costeiro se distingue por características áridas, não obstante a corrente marinha fria de Humboldt faz com que o clima na zona central da costa de Lima se caracterize por apresentar mensalmente uma média das temperaturas máximas que varia entre 27 e 24°C nos meses mais quentes (dezembro, janeiro, fevereiro e março) e uma média mensal das temperaturas mínimas entre 20 e 19°C, nos meses intermediários (abril, maio, outubro e novembro) a média mensal das temperaturas máximas varia entre 24 e 21°C e a média mensal das temperaturas mínimas entre 19 e 16°C, e nos meses mais frios (junho, julho, agosto, setembro) a média mensal das temperaturas máximas varia entre 21 e 19°C e a médias mensais das temperaturas mínimas entre 16 e 15°C. A média da umidade relativa do ar no período que antecede o meio-dia fica em 91 e, após às doze horas, 70%, com nebulosidade 8 dos 12 meses do ano (INEI, 2007; SENAMHI, 2012). A região metropolitana de Rio de Janeiro (RMRJ) é a segunda maior área metropolitana do Brasil. Localizada na parte sudeste do país. Apresenta uma latitude 22°54`12.74``S e longitude 43°12`34.51``W-GR e tem sua costa banhada pelo oceano Atlântico. A RMRJ é formada 19 municípios (Figura 8) e tem 11 835.708 habitantes, representando o 6,1% da população brasileira (Densidade demográfica: 2.237,4 Hab./km2). A extensão territorial da RMRJ compreende uma área 5.292,13 km², o equivalente a 13% da área total do Estado. A economia da RMRJ está voltada à produção industrial e o PIB anual per capita é de USD 11.478 (IBGE, 2010). A vizinhança com o Oceano Atlântico faz com que os ventos úmidos em direção ao interior do continente resfriam-se e perdem a umidade; o excesso de umidade condensa-se e se precipita principalmente nas partes mais altas da serra, em forma de nevoeiro ou chuvas. Assim, esses ambientes contém umidade suficiente para sustentar as florestas costeiras. A média mensal das temperaturas máximas varia entre 30 e 29°C nos meses mais quentes (dezembro, janeiro, fevereiro e março) e a média mensal das temperaturas mínimas entre 22 e 23°C, nos meses intermediários (abril, maio, outubro e novembro) a média mensal das temperaturas máximas varia entre 28 e 26°C e a média mensal das temperaturas mínimas entre 22 e 20°C, e nos meses mais frios (junho, julho, agosto, setembro) a média mensal das temperaturas máximas varia entre 26 e 25°C e a médias mensais 33 das temperaturas mínimas entre 19 e 18°C. A média da umidade relativa do ar no período que antecede o meio-dia fica em 84,6% e, após às doze horas, 70,8% (INMET, 2011). Figura 7 – Localização geográfica da região Metropolitana de Lima (esquerda) no território Peruano (direita). Pontos vermelhos no mapa da “província” de Lima indicam a localização das diferentes clínicas veterinárias nos diferentes “distritos” onde as amostras foram coletadas. Fonte: <http://www.lima2000.com.pe/> Figura 8. Localização geográfica da região Metropolitana do Rio de Janeiro. Pontos vermelhos no mapa indicam a localização das diferentes clínicas veterinárias onde as amostras foram coletadas. Fonte:<http://portalgeo.rio.rj.gov.br/armazenzinho/web/imagens/estado_rm_mapamudo.pdf> 34 3.2 Animais Foram incluídos 308 gatos, independentemente de idade, gênero ou raça, 154 habitantes da região metropolitana de Lima, Perú (RML) e 154 habitantes da região metropolitana de Rio de Janeiro, RJ, Brasil (RMRJ). Desde que os responsáveis concordassem e assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido obteve-se uma amostra sanguínea dos animais e de 50 animais de cada localidade obteve-se também amostras de fezes. De todos os animais de Lima incluídos registram-se as informações individuais fornecidas pelos proprietários que, além de outras, incluíam gênero, estilo de vida (animais confinados, semiconfinados o de vida livre) segundo MENDES-deALMEIDA (2005), faixa etária, hábitos alimentares e hábitos de caça. Os animais do presente estudo foram categorizados segundo (HAND et al., 2000) em jovens (< 1 ano), adultos (1 a 7 anos) e gatos de idade avançada (> 7 anos). A alimentação foi categorizada em: i) ração, aqueles que se alimentavam exclusivamente de ração comercial; ii) comida caseira, aqueles que alimentavam-se de comida caseira ou comida caseira e ração comercial e; iii) carne crua, aqueles que além das outras fontes alimentares receberam também carne crua independentemente da origem animal. As informações foram obtidas sempre pelo mesmo pesquisador e registradas em fichas próprias, unicamente identificadas (Apêndice 1). Foram incluídos animais apresentados nas seguintes clinicas: Clinicas da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, Clinica Veterinária Rubio, Cínica Veterinária EL Polo, Clinica Veterinária Animal Life e Clinica Veterinária Lima. Localizadas nos distritos de: San Borja, Magadalena del Mar, Surco, La Molina e San Martin de Porres, respectivamente (Figura 7). Dos animais da RMRJ, a partir das informações fornecidas pelos responsáveis, informações individuais que incluíam gênero e faixa etária foram registradas pelos médicos veterinários que atenderam os animais. Na RMRJ a coleta das amostras foi feita no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal Flumimense localizado no Bairro de Santa Rosa - Niterói, na clínica escola da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Castelo Branco, Penha - Rio de Janeiro, e clínicas veterinárias Pet Care e Ypiranga localizadas no Bairro de Laranjeiras - Rio de Janeiro. 35 3.3 Obtenção de amostras sanguíneas Coletaram-se amostras de sangue (2mL) por punção das veias jugular ou cefálica, mediante uso de seringas e agulhas descartáveis estéreis. As amostras foram acondicionadas em tubos sem anticoagulante, identificados, e mantidos em caixas térmicas com gelo reciclável até a chegada ao laboratório. No laboratório as amostras foram centrifugadas a 2500rpm, em temperatura ambiente, durante 5min e o soro transferido para tubos tipo eppendorf identificados, em alíquotas de 100uL. As alíquotas de soro foram então mantidas a - 20ºC até os procedimentos para detecção de anticorpos contra T.gondii. 3.4 Obtenção de amostras fecais As amostras de fezes foram colhidas pelos proprietários, após defecação espontânea. Os proprietários eram instruídos a colher amostras frescas, com auxilio de sacos plásticos e a conserva-las a 4ºC até apresentação ao laboratório (máximo 48 horas de colhidas). No laboratório as amostras eram transferidas para frascos plásticos identificados contendo solução fixadora de Raillet & Henry (Água destilada deionizada 92%, Formaldeido comercial 5% e Ácido acético glacial 3%) até o processamento. 3.5 Procedimentos de laboratório Todos os procedimentos laboratoriais foram executados pelo mesmo pesquisador. 3.5.1 Pesquisa de anticorpos nas amostras séricas Anticorpos foram pesquisados por Hemaglutinação indireta utilizando-se kit comercial1 seguindo-se as instruções do fabricante. Resumidamente: I. 1 Todas as amostras séricas foram submetidas ao teste na diluição de 1:32. TOXO-HAI® Lab, Analisa, Belo Horizonte, Brasil. 36 II. Todas as amostras séricas reagentes a 1:32 foram então diluídas até 1:512. III. Todas as amostras séricas reagentes a 1:32 foram submetidas a uma diluição 1:512 com solução 2-mercaptoetanol (2-ME). Determinando-se por diferença entre a diluição máxima (II e III) os títulos de cada marcador. Definindo-se de maneira indireta a fase da doença. 3.5.2 Pesquisa de oocistos nas fezes As amostras fecais fixadas em solução de Raillet & Henry foram processadas pela técnica de Faust (FAUST et al., 1938). Resumidamente: i. As amostras de fezes tinham seu volume ajustado a 50mL pela adição de água destilada e eram homogeneizadas. ii. A suspensão era filtrada em gaze dobrada em quatro. iii. A seguir 10 mL do material filtrado eram transferidos para um tubo de hemólise e centrifugado a 2500rpm durante 1 minuto e o sobrenadante descartado. iv. A seguir completava-se com agua destilada até alcançar um volume de 10 mL e se centrifugava a 2500rpm durante 1 minuto. Essa lavagem foi repetida até que o sobrenadante ficasse límpido. v. Ao precipitado adicionavam-se 10mL de sulfato de zinco, densidade 1.180, homogeneizava-se e centrifugava-se a 2500rpm durante 1 minuto. vi. Os tubos eram então retirados cuidadosamente da centrifuga e com uma alça de platina a película superficial era recolhida e transferida para lamina de microscopia. As preparações eram então cobertas por lamínulas e examinadas ao microscópio optico. 3.6 Análises 3.6.1 Cálculo da amostra Para determinar o número de amostras se utilizou a fórmula para estimar uma proporção (DANIEL, 1996). n = Z².p.q E² 37 n: tamanho da amostra Z: 95% = 1,96 (nível de confiança). p: 0,113 (CERRO, 2007) q: 1 – p = 0,887 E: 0,05 (precisão) n=154 *154 Gatos por cada área estudada (154 gatos em Lima - Peru e 154 gatos em Rio de Janeiro - Brasil). 3.6.2 Análise estatística Análise dos dados: Prevalência: Foi determinada adicionalmente para cada um dos seguintes testes, determinando se além a frequência de infecção para as seguintes variáveis, sexo, faixa etária e hábitos de alimentação. P = Nº resultados Positivos Nº Animais. Intervalo de confiança: IC= p ± z (0,95) √p(1-p) n z = nível de confiança (valor tabular 1,96) com 95% de confiança p = Prevalência q= (1-p) n = número de animais Foi montado um banco de dados, utilizando-se o programa EPI INFO 2002 (Center for Disease Control and Prevention, 2002), do qual constaram os dados de identificação de cada animal e os resultados dos exames laboratoriais. Os dados foram submetidos à análise exploratória (MEDRONHO et al, 2002) e posteriormente ao teste do qui-quadrado e Fisher Exato (SAMPAIO, 2002), a fim de verificar a existência de associação entre as variáveis estudadas. 38 39 4. RESULTADOS: A frequência de gatos expostos foi similar nas duas localidades estudadas. Na região Metropolitana de Lima (RML) a frequência foi 11,0% e na região metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) (10,3%). Ao se considerar as variáveis de faixa etária e sexo, verificou-se que não houve associação entre os diferentes grupos e a exposição ao parasito, tanto para os animais da RML como da RMRJ. Na RML a exposição dos animais mostrou associação com hábitos de caçar (x2=4,98; p=0,016) e alimentação (x2=13,34; p=0,001), sendo aqueles alimentados com carne crua os mais expostos quando comparados aos alimentados com ração (x2=9,50; p=0,004) ou com comida caseira (x2=4,1; p=0,027) (tabela 1) 40 Tabela 1. Frequências absolutas e relativas de anticorpos contra-Toxoplasma gondii mediante Hemaglutinação indireta (HAI), segundo as variáveis de faixa etária, sexo, estilo de vida, alimentação e habito de caçar em gatos da região metropolitana de Lima – Peru (RML) e da região metropolitana do Rio de Janeiro – Brasil (RMRJ), 2011. RML Variáveis RMRJ Total Positivos % ± IC 154 17 11,0 ± 4,9 49 43 62 3 6 8 79 75 Confinado Semiconfinado Livre Alimentação Total Positivos % ± IC 154 16 10,3 ± 4,8 6,1 ± 6,7 13,9 ± 10,3 12,9 ± 8,3 47 34 73 3 4 9 6,3 ± 6,9 11,7 ± 10,8 12,3 ± 7,5 11 6 13,9 ± 7,6 8 ± 6,1 77 77 10 6 12,9 ± 7,5 7,8 ± 5,9 107 40 7 9 6 2 8,4 ± 5,2 15,0 ± 11,0 28,5 ± 33,4 Nr Nr Nr Ração Comida caseira Carne crua Caça 111 35 8 9 4 4 8,1a ± 5,0 11,4a ± 10,5 50.0b ± 34,6 Nr Nr Nr Sim 42 9 21,4a± 12,4 Nr Não 112 8 71,4b ± 4,7 Nr Idade < 1 ano 1 ano - 6 anos > 7 anos Sexo Macho Fêmeas Estilo de vida - Letras diferentes nas colunas indicam significância ao nível de 95% considerando-se a mesma variável. - Nr (não registrado) A frequência de gatos nas fases agudas ou crônicas da infecção por T.gondii foi semelhante nas duas regiões estudadas. Na RML 88%(15/17) dos animais sororeagentes não apresentavam imunoglobulinas M nas amostras estudadas e na RMRJ 81,2%(13/16). Ao se considerar todos os animais estudados observa-se que a maioria (84,85%) (x2=29,33; p=0,0000001) apresentaram apenas marcadores de exposição passada. Interessante notar que a maioria dos animais identificados com marcadores de fase aguda eram idosos (4/5) (tabela 2) 41 Tabela 2. Classificação da fase clínica dos gatos sororeagentes a Toxoplasma gondii segundo a técnica de HAI (com e sem 2-Mercaptoetanol), em gatos da região metropolitana de Lima – Peru (RML) e da região metropolitana do Rio de Janeiro – Brasil (RMRJ), 2011. Não reagentes RML RMRJ 137 138 Total 275 Reagentes Fase aguda Fase crónica 12%(2/17) 18,8%(3/16) 88%(15/17) 81,2%(13/16) 15,15%(5/33)a 84,85%(28/33)b - Letras diferentes nas colunas indicam significância ao nível de 95% considerando-se a mesma variável Foram encontradas quatro espécies de parasitos gastrointestinais, 2 do Filo protozoa e 2 do Filo nematelmintes. Apenas Toxocara sp. foi encontrada tanto na RML quanto na RMRJ. Isospora rivolta foi a especie mais frequente nos gatos da RMRJ e Giardia duodenalis a mais frequente na RML (Tabela 3). Cabe ressaltar que nenhum caso de infecção por mais de uma especie foi encontrado na mesma amostra. Tabela 3. Frequência absoluta e relativa de amostras fecais de gatos por parasito encontrado das regiões metropolitanas de Lima – Peru (RML) e do Rio de Janeiro – Brasil (RMRJ), 2011. Amostras fecais RML RMRJ Parasita N % n % Isospora rivolta Grassi, 1879 Giardia duodenalis Lamb, 1859 Toxocara sp. Stiles, 1905 Toxascaris sp. Leiper, 1907 0 7 − 14 8 0 16 − 4 2 8 4 2 0 4 − Não encontrado 37 74 40 80 Total 50 100 50 100 Quando os parasitos mais frequentemente encontrados nas amostras fecais dos gatos das duas cidades foram considerados observou-se que, mesmo sem confirmação estatística, na RML a infecção por Giardia duodenalis parece influenciada pela liberdade e pelo consumo de carne crua (tabela 4). 42 Tabela 4. Frequência absoluta e relativa dos protozoários mais frequentes nas amostras fecais de gatos domésticos segundo as variáveis estilo de vida, alimentação e caça na região metropolitanas de Lima – Peru (RML), 2011. RML Giardia duodenalis Variáveis Total N % n/p Estilo de vida Confinado Semiconfinado Livre 107 40 7 5 1 1 4,67 2,5 14,28 102 39 6 Alimentação Ração Comida caseira Carne crua 111 35 8 5 1 1 4,5 2,8 12,5 106 34 7 Sim 42 3 7,1 39 Não 112 4 3,5 108 Caça n/p (não parasitado) 43 5. DISCUSSÃO Embora as duas regiões apresentem situações ambientais, culturais (principalmente alimentação) e sociais distintas, a densidade populacional humana é semelhante. A infecção por T.gondii nas duas regiões estudadas foi similar, provavelmente porque a especie apresenta alta adaptabilidade ao ambiente, tanto assim que já foi registrada em todos os continentes do planeta, não havendo relatos apenas em ilhas isoladas do Pacífico onde não haja hospedeiros definitivos (WALLACE, 1969). Assim, cabe ressaltar que gatos são importantes para a manutenção da especie do parasito em regiões urbanas, independentemente da região, e que medidas de vigilância epidemiológica devem ser praticadas. Como a especie parasitaria a pesar de pouco exigente quanto as condições ambientais, diz-se circular com maior frequência em áreas úmidas e quentes (MARTÍN-HERNÁNDEZ e GARCÍA-IZQUIERDO, 2003), as condições ambientais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) parecem mais favoráveis. Ao se analisar a variável temperatura, observa-se que a amplitude das temperaturas medias dos 12 meses do ano em cada região é semelhante, embora a média das temperaturas mínimas da RMRJ seja apenas 2°C abaixo da media das temperaturas máximas da Região Metropolitana de Lima (RML). Embora a umidade relativa do ar não tenha sido avaliada detalhadamente, os registros disponíveis mostram que a RML é mais úmida que a RMRJ. Por tanto, ou as faixas térmicas e de umidade das duas regiões são suficientes para que o ciclo biológico do parasito se complete, ou seja possível haver equilíbrio natural quando um parâmetro se apresentar desfavorável. Assim, as altas taxas de umidade relativa do ar da RML poderiam compensar as temperaturas mais baixas. O que reforça o conceito de adaptabilidade da espécie parasita a regiões com condicionantes distintas. 44 O sexo e a faixa etária dos hospedeiros não influenciaram nas taxas de exposição previa à espécie T.gondii como era de se esperar (DEEB et al., 1985; OVALLE et al., 2000; GARCÍA et al., 1999; SMIELEWSKA-LOS e PACON, 2002; GAUSS et al., 2003 LANGONI et al. 2001), embora já tenha sido sugerido que machos são mais expostos que fêmeas (MIRÓ et al., 2004) em função de sua maior área de uso do território, sempre que vivem livremente (SMITH et al., 1992). Entretanto como os animais idosos foram a maioria entre os que se apresentaram na fase aguda da infecção, pode-se sugerir que eles se tornem menos resistentes ou que devido a enfermidades concomitantes mudem hábitos de higiene e alimentação ou ainda que intercorrências como infecção por retrovírus ou desenvolvimento de tumores os imunossuprimam, favorecendo a reativação parasitaria (Venturini et al, 1997) e a consequente produção de imunoglobulinas do tipo M. A reativação parasitária parece a possibilidade mais provável uma vez que não foi possível encontrar nenhuma amostra fecal contendo oocistos, mesmo naqueles animais portadores de imunoglobulinas do tipo M nas amostras do soro. Dentre os gatos da RML notou-se que a alimentação com carne crua e o habito de caçar favoreceram a exposição ao parasito. E provável que o acesso a carne crua tenha determinado maior exposição em função da carne bovina e das vísceras em que comercializadas localmente serem, principalmente, apenas resfriadas (ESPINO, 2006), o que não interfere na viabilidade dos bradizoítos do T.gondii . Embora seja impossível afirmar que gatos com acesso livre às ruas não cacem, segundo as informações obtidas dos proprietários, alguns não caçavam. Ainda que o erro embutido nessa informação seja de difícil mensuração, como o habito de caçar já foi associado à exposição ao T.gondii (LUCAS et al., 1999; MIRÓ et al., 2004; LOPES et al., 2008; LÓPEZ et al., 2011), pode-se dizer que na RML o habito de caçar foi associado à infecção por T.gondii , e que por tanto, os médicos veterinários devem orientar aos responsáveis por estes animais que os mantenham bem alimentados e que evitem seu acesso a presas. Mais ainda, os responsáveis por gatos que cacem devem ser orientados a lavar as caixas sanitárias usadas pelos animais diariamente para evitar que as formas que por ventura sejam eliminadas juntamente com as fezes se tornem infectantes e assim tenham a oportunidade de completar o ciclo no domicilio. 45 A pesar de 15% dos animais examinados apresentarem-se na fase aguda da infecção por T.gondii , nenhuma forma do parasito foi encontrada nas amostras de fezes estudadas, o que associado à idade avançada (>7anos) da maioria dos gatos detectados nesta fase (80%), reforça a suposição de que a produção de IgM deveuse à reativação parasitaria. A baixa frequência do achado de formas parasitarias de outras espécies nas fezes dos gatos tanto da RML quanto da RMRJ sugere que a eficácia dos métodos de prevenção de infecções seja alta. Mesmo assim, parasitos que representam risco à saúde publica foram encontrados. Na RML 8% dos gatos eliminavam Toxocara sp. o que pode estar associado ao fato de praças e parques da região onde o estudo foi conduzido apresentarem grande quantidade de ovos de Toxocara sp. (CAJAS. U, 1999; LA ROSA et al., 2001; LOPEZ et al., 2005). A infecção poderia se dar quando os gatos caminham livremente (os livres ou semi-confinados) ou quando outras espécies inadvertidamente transportem ovos advindos das áreas publicas para suas residências. Giárdia duodenalis é uma especie de parasito ambiental (KARANIS et al.,2007; SHIELDS et al.,2008; PLUTZER e KARANIS, 2009) que acomete com maior frequência os animais que vivem em grupos (LABARTHE et al., 2008). Embora no presente estudo o hábito gregário dos animais não tenha sido estudado, pode-se supor que os animais livres vivessem em áreas compartilhadas por vários gatos, o que elevou a frequência da infecção (14,28%). Oocistos de Isospora rivolta sò foram encontrados em amostras de fezes de animais da RMRJ enquanto G.duodenalis só foi encontrada na RML. Sabe-se que a eliminação dessas formas parasitarias é intermitente e muitos são os fatores que interferem nesta periodicidade (FAUBERT, 2000), por tanto, esses resultados demandam estudos mais aprofundados para serem interpretados. Os resultados do presente estudo sugerem que a pesar dos esforços que objetivam o convívio saudável entre gatos domésticos e as demais espécies nos ambientes urbanos, diferentes espécies parasitárias que podem ser compartilhadas ainda circulam. Assim, atenção deve ser mantida e ações de conscientização e vigilância devem ser fortalecidas, principalmente no que concerne à espécie T.gondii . Foi possível observar que a adaptabilidade a diferenças ambientais desta especie é alta, que a maioria dos gatos que recebem atenção humana não foram expostos ao 46 parasita e que por tanto, caso sejam infectados poderão eliminar grandes quantidades de oocistos e assim aumentar o risco de transmissão intradomiciliar. Cabe ainda ressaltar que aqueles animais já expostos, quando de infecções sub sequentes ou não eliminam oocistos juntamente às fezes ou eliminam pequenas quantidades (Dubey, 1994c). 47 6. CONCLUSÕES A soroprevalencia de Toxoplasma gondii em gatos domiciliados na região metropolitana de Lima (11%) foi similar que da região metropolitana do Rio de Janeiro. A pesar de algumas diferenças em quanto a fatores como localização geográfica, condições ambientais, hábitos culturais (principalmente alimentação), tipo de fauna e grau de desenvolvimento do país. Embora tenhamos observado um aumento de sororeagentes à medida que aumentava a idade, em ambos os grupos, este resultado não foi estatisticamente significativo; O sexo dos hospedeiros não influenciou nas taxas de exposição previa ao parasito. 48 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHA, P.; B. SZYFRES. 2003. Zoonosis y Enfermedades Transmisibles Comunes al Hombre y a los Animales. 3ª ed. p 88-96. Vol. III. Parasitosis. Publicación Científica y Técnica N°580. OPS. AFONSO, E.; P. THULLIEZ.; E. GILOT-FROMONT, 2006. Transmission of Toxoplasma gondii in an urban population of domestic cats (Felis catus). Int. J. Parasitol. 36: 1373–1382. ALVARADO-ESQUIVEL, C., O. LIESENFELD, R. G. HERRERA-FLORES et al., 2007. Seroprevalence of Toxoplasma gondii antibodies in cats from Durango City, Mexico. J. Parasitol. 93: 1214–1216. AMATO NETO, V., MEDEIROS, E. A. S., LEVI, G. C., DUARTE, M. I. S. Toxoplasmose. 4.ed. São Paulo, Sarvier, 1995,154p. 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AIDS, 7: 299316, 1993. 58 APÊNDICE 1 - Ficha de identificação dos animais. 59 APÊNDICE 2 - Consentimento livre e esclarecido dos responsáveis pelos animais AUTORIZAÇÃO Eu, ____________________________________________________, responsável pelo(s) animal(is) da especie felina abaixo discriminado(s), autorizo a sua participação na pesquisa “ FREQUÊNCIA DE Toxoplasma gondii (NICOLLE; MANCEAUX, 1909) EM GATOS (Felis catus, Linnaeus 1758) RESIDENTES EM DUAS ÁREAS DISTINTAS DA AMÉRICA LATINA”. Sei que terá(ao) amostra(s) de sangue coletada(s) e estou ciente dos riscos e procedimentos necessários. Endereço:____________________________________Telefone:___________ Rio de Janeiro, _____, de __________________ de _______. ___________________________________________________ Responsável pelo(s) animal(is) Pelagem Número Nome Sexo Idade Raça cor marcação 60 ANEXO 1 - Licença do Comité Ética.