O naufrágio da nau da prata Nuestra Señora del Rosario (Tróia, 1589)

Transcripción

O naufrágio da nau da prata Nuestra Señora del Rosario (Tróia, 1589)
2
DOCUMENTOS DE TRBALHO DA DANS
O naufrágio da nau da prata Nuestra Senõra del Rosário
(Tróia, 1589)
Paulo Alexandre Monteiro
Texto, fotografia e transcrição documental
Sérgio Pinheiro
Cartografia
Relatório de pesquisa apresentado à DANS
Lisboa, Janeiro 2010
O naufrágio da nau da prata Nuestra Senõra del Rosário (Tróia, 1589)
Paulo Alexandre Monteiro
Texto, fotografia e transcrição documental
Sérgio Pinheiro
Cartografia
Relatório de pesquisa apresentado à DANS
Documentos de Trabalho da DANS, 2
Lisboa, Janeiro de 2010
Adaptação gráfica: Francisco Alves, a partir da linha gráfica dos “Trabalhos do CIPA”.
1
O naufrágio da nau da prata Nuestra Señora del Rosario
(Tróia, 1589)
Paulo Alexandre Monteiro: texto, fotografia e transcrição documental
Sérgio Pinheiro: cartografia
1.Resumo
A 7 de Dezembro de 1589, um temporal desfeito impeliu de encontro ao areal de Tróia
a nau espanhola Nuestra Señora del Rosario, afogando-se no sinistro cerca de metade
das 240 pessoas que seguiam a bordo.
Nos meses que se seguiram ao naufrágio, pescadores locais e oficiais da Coroa
recolheram - por entre documentação régia, instrumentos de navegação e bens
pessoais dos naufragados - grande quantidade de prata e ouro, lavrados ou
amoedados. Apesar de terem sido contratados vários recuperadores de salvados,
quase nada do que esta nau trazia como carga foi resgatado.
Utilizando fontes documentais inéditas dos arquivos espanhóis de Simancas e de
Indias, o presente artigo visa construir um modelo teórico que preveja a localização
deste naufrágio para efeitos de futuras acções de prospecção e de escavação.
2
2.Enquadramento histórico
Nos finais do século XV a Grande Espanha era já um império multicultural e
multinacional que se debatia com revoltas domésticas, conflitos internacionais e
revoluções culturais.
Os custos de manutenção deste proto-império eram incomensuráveis, tanto em
termos humanos como financeiros. Foi neste contexto que, com o objectivo de
“descobrir e adquirir ilhas e continentes no Mar Oceano”, partiu em 1492 das Canárias
um genovês de nome Cristóvão Colombo. Direcção: oeste. Missão: chegar à Índia sob o
alto patrocínio dos Reis Católicos.
Embora, como é público e notório, se saiba que Colombo falhou o seu objectivo
principal, a Espanha obteve com esta viagem um grande avanço na colonização do
Novo Mundo, precedendo de vários anos todas as outras potências marítimas
europeias de então, Portugal inclusive (THOMAS 2003). Durante mais de três séculos
Castela enviou navios, soldados, administradores, religiosos e colonos através do
Atlântico para colonizar, conquistar e explorar os recursos económicos dos territórios
até então descobertos, efectivamente fazendo com que, para as civilizações précolombianas, a entrada de Espanha em cena tenha sido o fim do mundo tal como o
tinham conhecido até então.
Se para os colonos o Novo Mundo significava uma hipótese de fuga à pobreza e um
meio de se conquistar riqueza e prosperidade, para Castela o tráfego colonial era o
mais forte pilar de suporte de uma monarquia sempre de corda na garganta em
termos financeiros.
3
Assim, imediatamente após a descoberta, a exploração do Novo Mundo foi totalmente
incorporada pela máquina burocrática espanhola com a criação, a 14 de Fevereiro de
1503, da Casa de Contratación de Sevilha, constituindo-se como um
órgão
administrativo da Coroa que pretendia facilitar, controlar e encorajar o tráfego
económico com as Índias Ocidentais (HARING 1979).
Uma das primeiras tarefas do oficialato desta Casa foi a de padronizar as rotas
oceânicas e os portos de escala das frotas. Para tal, determinou que, na viagem de ida,
as naus escalariam as Canárias, a partir de onde navegariam para Sul de modo a
aproveitar os ventos , aonde fariam a aguada, e daí prosseguiriam até ao porto de
Santo Domingo, na ilha de Hispaniola – território ocupado hoje em dia pela República
Dominicana.
Finalmente, as frotas arribariam a Havana, na ilha de Cuba. Aqui, duas opções se
seguiriam: ou as frotas aguardavam a chegada a Cuba dos navios provenientes da
Tierra Firme (território correspondente aos actuais Panamá e Colômbia) e da Nueva
España (território correspondente ao vice-reinado do México, Califórnia e parte de
alguns estados sulistas dos actuais Estados Unidos da América) ou então procediam,
numa segunda escala, de Cuba até ao continente. 1
Se num primeiro período esta verdadeira sarabanda náutica de naus, homens e cargas
– ouro, prata, anil, cochonilha, couros, açúcar, entre outros produtos mais ou menos
exóticos – prosseguiu de forma indisputada, tal não viria a suceder a partir de meados
do século XVI, com o corso francês, nomeadamente o originário dos portos de
Dunquerque e de La Rochelle, a fazer as primeiras vítimas entre os até então
desprevenidos espanhóis.
1
Esta segunda escala nem sempre se processou da mesma forma, podendo assumir três variantes
temporais: a escala insular , feita essencialmente até 1520, em Santo Domingo; a mexicana, por Vera
Cruz e, finalmente, a escala peruana, através do transbordo terrestre de carga pelo istmo centro-americano
e sua carga no Atlântico pelos portos de Nombre de Dios ou de Portobello (LUGO-FERNANDEZ et al.
2007)
4
Mas foi a união ibérica - finalmente cumprida em 1581, quase um milénio depois da
hegemonia goda de Suintila (621-631) – o factor que levou ao fim da Carreira das
Índias Ocidentais como um fenómeno essencialmente mercantil (SERRÃO 2004). Com
efeito, a união dos domínios ultramarinos portugueses e castelhanos não poderia
deixar nunca de suscitar reacções belicosas por parte da França e da Inglaterra. Estes
reinos - que travavam com os Habsburgos uma espécie de drôle de guerre, num
período que se iria revelar crucial para uma redefinição geopolítica de quase todo o
mundo conhecido – desafiaram o poderio do rei de Castela e de Portugal onde este se
afirmava com maior fulgor e pujança: no mar.
Ora, reconhecido Filipe I como rei de Portugal e fugido Dom António, Prior do Crato,
para os Açores, rapidamente estas ilhas se tornaram no objectivo estratégico a
conquistar pela coroa ibérica. Situadas a meio caminho entre a Europa e o Novo
Mundo, no centro de confluência dos ventos dominantes do Atlântico Norte, as ilhas
dos Açores constituíram, desde o final da Idade Média, uma base de apoio à
navegação europeia que regressava da Ásia, da África e das Américas. Autênticas
sentinelas atlânticas - lugar de abrigo e passagem obrigatória de navios e frotas de
comércio ou guerra, onde se destacavam as armadas das coroas ibéricas, ajoujadas
sob o peso da pimenta indiana ou da prata americana - as nove ilhas do arquipélago
português eram um ponto-chave no comércio transatlântico: quem quer que as
controlasse, controlaria toda a navegação provinda das Índias Ocidentais e Orientais
para a Europa.
A batalha naval de 1582, defronte de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel 2 e a
conquista final da ilha Terceira em 1583 3 levaram ao êxodo de Dom António para
Inglaterra e a uma acalmia momentânea nas actividades de corso norte-européias
(MENESES 1987). Mas vejamos o ano de 1589 com maior atenção.
2
Que culminou na derrota da armada francesa liderada por Phillipe Strozzi e na posterior degola pelos
espanhóis de todos os oficiais inimigos capturados.
3
Uma operação naval anfíbia que iria dar ao seu comandante, Don Álvaro de Bazan, a ideia da invasão
por mar da Inglaterra e que se iria concretizar na Grande Armada de 1588.
5
2.1.A frota de 1589
Em 1588, annus horribilis para Filipe II de Espanha, a frota para a Nova Espanha saiu de
Santander a 15 de Maio, escalou Cádiz a 14 de Julho e, entre tempestades, calmarias e
naufrágios chegou a Veracruz a 30 de Setembro, muito tarde, tarde demais para o que
era costume (CHAUNU 1977). A bordo seguia o almirante Martín Olazabal que, pelo
atraso verificado, se viu forçado a invernar no México.
Entretanto, perante a ameaça de uma incursão de Francis Drake ao coração das Índias
- possibilidade para a qual foi alertado pelos seus espiões em Inglaterra - Filipe II
considera enviar uma frota bem armada para as defender (NEIL 2003). Impossibilitado
de expedir os 12 galeões originalmente previstos, por estes se terem ido incorporar à
Grande Armada com que pretendia invadir a Inglaterra (SALGADO & VAZ 2002), Filipe
II enviou para as Américas apenas uma escolta militar de relativo poder de fogo,
composta que era por doze zabras.
A bordo seguiam Alvaro Flores Quiñones como general e Juan de Uribe como
almirante. A sua missão era a de se dirigir a Cartagena de las Índias, reunir os melhores
navios que lá encontrassem, embarcar neles o ouro e a prata recolhidos até então nos
armazéns da Coroa e navegar até Havana, onde se deveriam encontrar com a frota da
Nova Espanha (a comandada pelo já referido Martín de Olazabal).
Aí, juntamente com os demais patachos e navios desgarrados enviados até às índias
em 1588 e 1589 e, finalmente, com a frota da Terra Firme, enviada à Nova Espanha
nesse mesmo ano sob o comando de Diego de la Ribera, esta frota combinada deveria
então partir de Cuba e navegar em comboio até Castela (AGI Ct. 5014 de 21/04/1589).
6
E assim aconteceu. A 12 de Setembro de 1589, cerca de noventa navios zarparam em
conjunto de Cuba em direcção a Castela. Com as tempestades e os ventos contrários,
as naus da frota foram-se desgarrando umas das outras e “corriendo por buena altura
por 39 y 40 grados y dos tercios” viram a ilha do “Cuervo vispera de todos sanctos” (AGI
Ct. 2449, 22/11/1589).
Fig. 1 – Fólio 1 da relação dada por Luis Ortega e Alonso Perez, piloto e capitão do navio La
Esperanza sobre o sucedido na viagem de retorno a Castela da frota de 1589 (AGI Ct. 2449)
Ora, era exactamente nos Açores que pairava desde 1 de Agosto a frota inglesa
corsária armada pelo Conde de Cumberland. Entre a ilha do Corvo e o porto de abrigo
da Angra da ilha Terceira, muito mar havia para percorrer e sete foram as naus
apresadas ou afundadas pelos ingleses.
7
Destroçada pelo mau tempo e acoitada no porto pelos navios de Cumberland, a frota
espanhola remanescente foi deixando a Terceira em pequenas levas, perdendo assim o
efeito de protecção que um comboio mais alargado lhe poderia prestar: dos 17 navios
que saíram a 5 de Novembro, apenas 2 terão chegado a salvo a San Lucar de
Barrameda - se uns naufragaram no percurso, a maioria foi capturada por naus
inglesas que os esperavam na paragem do cabo de São Vicente, ao largo da costa
portuguesa.
2.2.O naufrágio da Nuestra Señora del Rosario
Dos navios que ficaram na Terceira até mais tarde, há um que nos interessa
particularmente, visto ser o objecto deste artigo: trata-se do Nuestra Señora del
Rosário, de Francisco Correa, originalmente proveniente de Santo Domingo, ao qual se
vieram juntar outros dois, de cuja chegada à Terceira existe um testemunho
presencial.
O holandês Jan Huygen van Linschoten, uma das vítimas do mau humor da baía de
Angra e que permanecia na ilha Terceira havia meses para reclamar a fazenda que
trazia por conta no galeão de Malaca em que naufragara (AFONSO 1984) conta-nos
que “no mês de Novembro dois grandes navios chegaram à Terceira, sendo a capitana
e a vice-almiranta da frota, carregadas de prata. Tendo-se separado da restante frota
durante uma grande tempestade, estavam numa enorme aflição, dando às bombas
continuamente e tão assustados estavam os tripulantes que desejavam mil vezes
encontrar os ingleses, a quem dariam de bom grado toda a prata que tinham a bordo
só para que pudessem preservar as vidas.”
8
Já no porto, desembarcaram dos porões desconjuntados cerca de “cinco milhões em
prata, tudo em grandes lingotes de 4 e 6 quilos de peso, que dispuseram no cais, que
ficou coberto de tabuleiros e arcas de prata, cheias de moedas de 8 reais, uma coisa
maravilhosa de se contemplar, para além do ouro, pérolas e outras pedras preciosas,
que não vinham registadas.”
O almirante e capitão-mor destes navios e de toda a restante frota a que pertenciam
era, como vimos já, Álvaro Flores Quiñones “que sofria do mal napolitano e que foi
trazido para terra, e de cuja doença viria a morrer pouco depois em Sevilha (...) estes
dois navios zarparam da Terceira com 300 ou 400 homens, incluindo aqueles que
vieram da Índia neles bem como soldados; mas, numa tempestade, a almirante rachou
ao meio e afundou-se, sem que algum homem se salvasse; enquanto que a vicealmiranta, depois de cortar os mastros, deu à costa rijamente em Setúbal, onde se
partiu um bocados, com alguns homens a salvarem-se a nado e a darem a notícia de
que o resto se teria afogado” (apud KERR 1824).
Linschoten, embora descreva de boa fé aquilo que presenciou directamente, comete
algumas imprecisões quando narra o destino final das naus almiranta e vice-almiranta.
Com efeito, o navio que segundo ele deu à costa em Setúbal não é nem mais nem
menos do que o Nuestra Señora del Rosario, que deu à costa, isso sim, em Tróia.
Depois, a nau almiranta afundou-se realmente, mas a gente que nela seguia salvou-se
na Rosario, tendo toda a carga preciosa sido igualmente transbordada em alto mar
para o interior desta nau.
Seguindo novamente a documentação de arquivo, apuramos que a Rosario saíra de
Angra a 26 de Novembro de 1589 em conserva com outras duas embarcações, o
galeão Santissima Trinidad, de Juan de Goyaz e uma outra nau, pertencente a Felipe
Andino (AGI Ct 4919B, s. d.).
9
Carregados novamente com a maior parte da prata e do ouro desembarcados, os três
navios lançaram rota para o golfo de Cádiz, escapando quase que miraculosamente a
Cumberland - que nesse dia, velejava da ilha de Santa Maria para São Jorge. Na manhã
seguinte, a 27, a Rosario e a Trinidad perderam de vista a nau de Andino – terá
naufragado ou arribado novamente aos Açores? Não se sabe e a documentação é, de
momento, omissa quanto à sua sorte.
O que se sabe é que - comparando as duas descrições sobreviventes que relatam o que
sucedeu entre os Açores e a costa continental (AGI Ct 5108 de 08/12/1589 e Ct. 5109
de 16/12/1589) - as reparações efectuadas na ilha Terceira não parecem ter sido as
suficientes para lhes assegurar uma viagem tranquila.
Tal tornou-se por demais evidente no dia 29, quando uma tempestade de oeste fez
abrir novamente a Trinidad. Perante a iminência do naufrágio, Juan de Goyaz transfere
toda a prata que tinha a bordo, bem como a sua tripulação e passageiros para a
pequena Rosario e nisto “se passó todo el dia, y a la noche”.
Para todos os efeitos, a Nuestra Señora del Rosario levava então a bordo, para além
dos seus tripulantes e passageiros iniciais, toda a gente da almiranta Trinidad bem
como a sua carga mais importante e valiosa – o equivalente, certamente à que fora
originalmente declarada no Novo Mundo (descontando, obviamente, a que era
regularmente contrabandeada de modo a escapar às taxas impostas pela Coroa) e que
correspondia a 397.684 pesos de tipuzque (a 28,7 g cada peso) e 49.097 marcos de
prata (a 230 g cada marco) ou seja, cerca de 22.7 toneladas de ouro e prata (A.G.I. Ind.
G. 1806A e 1806B de 07/05/1590; Ct. 4929 de 27/03/1590 e Ct. 4919B s.d.)
Abandonando então o galeão à sua sorte a cerca de “100 léguas de la Terçera”, a nau
correu com o temporal, avistando terra a 6 de Dezembro. Surgiu então a dúvida: que
terra era aquela? Na opinião dos quatro pilotos e de “la gente de Cadiz” que vinha
embarcada, era Larache, em Marrocos.
10
Decidiram então velejar “todo aquel dia y aquella noche” até que, ao amanhecer do
dia seguinte (7 de Dezembro), se acharam “varados quasi en tierra a sotavento de
Setubal.” Querendo entrar no porto, não o puderam fazer não só por haver “grande
mar y viento oest-noroest muy forçosso” mas também porque estavam “pegados a la
costa”, pelo que foram forçados a “a la una de la tarde, dar fondo en la costa y
ensenada de troya, una Legua de la hermita”.
Logo que deram fundo, cortaram o mastro principal para melhor resistir ao vento
crescente em face do que “hubo opiniones de si repararian o si daban en la costa”.
Perante o deteriorar das condições meteorológicas “al fin resolvieron los mas teniendo
por imposible el reparar, de cortar las amarras como lo hicieron, porque si daban a la
costa de noche tenian por imposible salvarse ningun.” Cortaram então as amarras das
âncoras, “alargaron el trinquete y dieron en la costa, donde de 230 personas que habia,
se ahogaron mas de 120, entre ellos Juan de Goyaz, el contador Ondarza y el Correa y
los demas salieron nadando y en 2 horas se hizo muy pequeños pedazos la nao.” (AGI
Ct.5109, de 16/12/1589).
Numa outra versão, escrita no dia seguinte ao sinistro, um dos sobreviventes narra que
se acharam “pegados a la costa y assi no tuvimos otro remedio sino varar en tierra con
la nao, obra de dos leguas de Setubal (…) Yo sali casi ahogado que sino fuera por dos
portugueses que me sacaron de la arena de la orilla de la mar que no tenia fuerzas
para levantarme alli pereceria. Y el pobre Juan de Goyaz se salió de la nao primero que
yo, acompanado de quatro hombres, valientes nadadores, ayudandole al pobre
cavallero y con todo esto no le aprovechó que al fin se hubo de ahogar” (AGI Ct. 5108,
de 08/12/1589).
Houve também, para além dos sobreviventes do próprio naufrágio, outras
testemunhas do ocorrido.
11
Do outro lado da foz do Sado, na fortaleza que a domina, os elementos da guarnição
espanhola “habiendo visto la perdida de esta nao desde el castillo de Oton, dieron
aviso a la justicia ordinaria de Setubal, la cual acodió a la noche tras el alferes de Don
Fernando Dagreda y algunos mosqueteros que acudieron primero con el mismo aviso, y
sospechando que era de enemigos, fueron apercibidos, y ellos y algunos barqueros
portugueses socorrieron la gente” (AGI Ct. 5109 de 16/12/1589). Socorrida a gente, a
recuperação da carga arrojada pelo mar revolto teve início imediato: “a las ocho
hallaron hasta cinco mil quinientos, cuarenta y quatro pesos en dinero y ciento y treinta
y tres marcos de plata, como parece por la relación que se ha sacado de los autos que
sobre todo se hicieron”.
Fig. 2 – vista para a península de Tróia a partir da plataforma inferior poente da fortaleza do Outão.
Entre o dia do naufrágio e pelo menos 31 de Janeiro de 1590 os salvados da nau foram
sendo feitos, uns pela rocegagem dos fundos, outros meramente encontrados pelos
pescadores locais nas suas redes (AGS CMC s. III, 1777:10, 07/12/1589-Jan. 1590).
12
Esteban de Ybarra, auditor-geral do Rei, ficou encarregue de todo este salvamento.
Não teve, contudo, grande êxito. Escrevendo ao Rei a 30 de Dezembro relatava-lhe,
esperançado que o haviam “advertido que si se levantassen unas reliquias del fondo de
la nave que han quedado cassi hundidas en el arena podria ser que alli debaxo y a los
lados se hallase dinero y especialmente de una arca en que havian puesto los
marineros todo el que tenian que pareçe segun el lugar donde dizen que la pussieron
que hauia de estar por alli – e embiado a examinar la costa que puede hazerse en
lebantar el dicho fondo si fuere cossa ligera luego se pondra en execuçion”, mas
debalde: a areia tudo cobrira para sempre e a tarefa de descobrir o casco do navio era
tudo menos ligeira (AGS GA 291:23 de 30/12/1589). 4
Fig. 3 – Fólio 1 da relação dos papéis encontrados no naufrágio da Rosario (AGI Ct. 5109)
4
Para um panorama geral do que foi salvado do local do naufrágio, ver AGI Ct. 5109 de 17/01/1590; de
07/02/1590 a/b; de 17/02/1590 e de 21/03/1590 bem como AGS GA 282:156 de 03/03/1590).
13
3.Análise da documentação e do terreno
Transcritos na íntegra os 160 fólios dos 18 documentos manuscritos relativos a este
naufrágio (e que são os localizados até agora - mais haverá certamente, já que a
investigação deste tipo de material nunca se pode considerar encerrada), 5
consideramos estar habilitados a elencar desde já alguns dados factuais:
- a Nuestra Señora del Rosario, quando deu à costa, trazia a bordo, para além dos
seus elementos originais, os passageiros e a tripulação da capitana Trinidad bem como
a sua carga mais importante e valiosa, ou seja, muito provavelmente cerca de 22
toneladas em ouro e prata. 6 Destes caudais, praticamente nada de recuperou, para
além de um total de 50 mil pesos. Não se recuperaram igualmente quaisquer peças de
artilharia nem se detectou sequer o casco do navio.
- o mar estava alteroso, com o vento, rijo, a provir do quadrante oeste-noroeste.
Tal indica que a nau navegava muito provavelmente num dos três grandes tipos de agitação
marítima que influenciam a costa ocidental portuguesa: o mar de sudoeste, associado a
depressões ou superfícies frontais frias, ocorrendo principalmente no Inverno e nas estações
de transição (GUERREIRO 2006). Com este tipo de mar não existem muitas zonas que
providenciem abrigo, logo não é de admirar que uma nau, à vela, não tenha
conseguido entrar na barra de Setúbal;
- o navio ancorou defronte a Tróia, a uma légua da ermida e a 2 léguas de Setúbal.
Ora, para que um navio ancore e não garre neste tipo de mar, é necessário não só
lançar ao mar o maior número possível de ferros, como também é necessário fazê-lo
em águas com alguma profundidade, de 20 ou mais metros de fundo, para que este
unhem com sucesso.
5
Estamos, aliás, gratos ao Doutor Augusto Salgado pelo facto de este nos ter chamado a atenção,
(felizmente ainda durante a elaboração deste artigo) para 3 documentos pertinente do AGS que nos
tinham escapado aquando da primeira ronda que fizemos por esse arquivo.
6
Só na Trinidad por exemplo, vinham, em ouro, prata e reais, valores na ordem dos 53.381.500
maravedis para o Rei e dos 160.147.098 maravedis destinados a particulares
14
- quanto às distâncias estimadas, de uma e duas léguas, a tradição peninsular que
encontramos depois das conversações de Badajoz de 1521 aponta para um valor de 17
½ léguas por grau, valor esse que se encontra igualmente referido não só na
Hidrografia de Andrés Poza (1585) como também no Regimento Náutico, de João
Baptista Lavanha (1595). Ora, com esse valor, a légua espanhola de então valeria cerca
de 6350 metros. 7
Fig. 4 - a península de Tróia vista a partir de Setúbal Poente.
- uma hora após a ancoragem, o conselho unânime entre os mais experientes foi o
de se cortar os cabos e dar com a nau na costa, enquanto ainda fosse dia porque, se os
cabos cedessem durante a noite, ninguém se salvaria.
7
Comunicação pessoal do Comandante Jorge Semedo Matos.
15
- os cabos foram cortados por volta das 15:30 e a nau terá dado à costa duas horas
depois, pelas 17:30. Depois de ocorrido o encalhe, o mar teria desfeito totalmente a
nau encalhada;
- o naufrágio foi testemunhado a partir da fortaleza do Outão, a uma distância
suficientemente curta para que a guarnição avistasse o sucedido, mas todavia
insuficientemente perto para que esta se apercebesse do tipo e da nacionalidade do
navio em perigo.
De modo a conseguirmos delimitar com o máximo rigor possível o local onde esta nau
terá dado à costa é necessário conjugarmos estes dados com os dados geofísicos do
estuário do Sado, rio que comunica com o mar através da barra de Setúbal.
Esta barra tem cerca de 3 milhas náuticas de extensão, desenvolvendo-se de 040º para
220º, desde um ponto a cerca de 1.7 milhas a sul da Pedra da Anixa até ao
estreitamento definido pelo forte do Outão e pelo baixio arenoso do Cambalhão. Por
entre a barra e a terra, de um e outro lado, os fundos são muito baixos e variáveis,
estando actualmente interditos a toda a navegação, exceptuando a navegação por
pequenas embarcações conduzidas por práticos locais.
A julgar pela análise das mais variadas cartas náuticas produzidas desde uma data
muito próxima do naufrágio, esta situação – a existência de um único e estreito canal
de navegação a dar acesso ao interior do estuário e de um baixio arenoso que perturba
a navegação nas suas imediações como que prolongando, imerso, a ponta do Adoxe tem-se mantido imutável desde, pelo menos, a última década do século XVI.
16
Fig. 5 – A barra do Sado em finais do séc. XVI (apud PORTOCARRERO 2003)
Fig. 6 – A barra do Sado em 1634, Pedro Teixeira, in
El atlas del Rey Planeta: la descripción de España y de las costas y puertos de sus reinos.
17
Fig. 7 – A barra do Sado em meados do século XVII. Fragmento de De Cust van Andaluzia en Algarve: van
Capo de Spichel tot aen het Clif / Iacob Theunisz, escala c. 1:550.000, Amsterdam.
Fig. 8 – A barra do Sado em 1811. Marino Franzini, Carta geral que comprehende os planos das
principaes barras da costa de Portugal a qual se refere a carta reduzida da mesma costa, esc. c. 1:29.000
18
Cumulativamente, a isobatimétrica dos -20 metros contorna o Cabo Espichel e dirigese quase que em linha recta até ao Portinho da Arrábida, sempre a menos de uma
milha da costa, flectindo então para leste-sudeste, passando por fora do Cambalhão e
dos demais bancos da barra do Sado. A cerca de uma milha da costa da Galé, esta linha
toma a direcção da costa, acompanhando-a a distâncias que vão diminuído, para sul,
até menos de meia milha.
Ora, descrevendo dois arcos de círculo com, respectivamente, uma e duas léguas
espanholas de raio, um centrado na ermida de Tróia, e o outro centrado num ponto
elevado e conspícuo da cidade de Setúbal define-se uma zona de quase intersecção.
Fig. 9 – delimitação das zonas de avistamento e das referência dadas aquando do naufrágio. Carta-base:
BA (1990) Nautical 51145. Chart Cape Espichel to Lagoa de Santo André esc. 1:75.000. Londres.
19
Curiosamente, essa zona de quase intersecção localiza-se por sobre uma área marítima
onde existem, quase que exclusivamente, os fundos cuja profundidade permitiriam
manter a nau ancorada sem garrar.
Fig. 10 - delimitação das zonas de avistamento e de referência dadas aquando do naufrágio. Carta-base:
Google Maps.
Esta posição está também suficientemente perto do Outão para permitir o
avistamento da nau, mas suficientemente longe para que fosse inviabilizado à sua
guarnição a identificação da nacionalidade do navio em perigo.
Ou seja, julgamos assim poder delimitar, com o rigor possível, a área de costa onde
terá dado fundo a nau e onde, muito provavelmente, se localizarão os seus vestígios,
na praia imediatamente fronteira.
20
Fig. 11 – delimitação do perímetro provável para a ancoragem da nau. Base: Google Maps 3D.
21
4.Análise e recomendações
Dada a hidrodinâmica do local e a descrição do processo de salvados, estamos em crer
que o processo de formação do sítio arqueológico terá ocorrido em duas fases
sequenciais:
- uma primeira fase, de elevada dinâmica, que terá tido início logo após o
embate da amura do casco da nau em fundos da ordem dos 7 a 5 metros de
profundidade e que terá durado cerca de 4 a 5 horas.
Nesta fase, tudo o que não ficou fixo ao leito marinho pelo peso da artilharia, do lastro
e dos carga não flutuante embarcada terá sido desmantelado e arrojado a terra.
Dada a agitação marítima e a suspensão dos sedimentos, o conjunto remanescente de
casco e de carga terá migrado para o interior do leito marinho, depositando-se por
sobre uma camada de sedimentos hidrodinamicamente mais estáveis ou directamente
por sobre o fixo geológico (se o houver nessa zona a uma profundidade relativamente
baixa).
- uma segunda fase, de estabilidade, que se iniciou com a deposição do casco e
da carga numa camada sedimentar não móvel nem migrante e que se prolongou até
aos dias de hoje. 8
8
Este processo ocorre geralmente em fundos marinho desta natureza e dele são exemplo, nomeadamente,
os naufrágios do Angra D, na baía arenosa de Angra do Heroísmo, e da presumível nau da Carreira da
Índia Bom Jesus, perdida na costa do deserto namibiano eventualmente em 1533 (MONTEIRO 1999b e
NOLI, D. com. pessoal).
22
Recomendamos que Portugal inicie, sozinho ou em colaboração com as autoridades
culturais espanholas, um processo de prospecção que conduza à detecção deste
naufrágio, tendo como zona base a área e os pontos abaixo assinalados.
Fig. 12 – delimitação das zonas a prospectar. Carta-base: BA (1990) Nautical 51145. Chart Cape Espichel
to Lagoa de Santo André esc. 1:75.000. Londres.
Ponto 1
38°26.010'N 008°53.476'W
Ponto 2
38°27.590'N 008°52.034'W
Ponto 3
38°26.235'N 008°50.312'W
Ponto 4
38°25.248'N 008°49.342'W
Ponto 5
38°23.664'N 008°48.412'W
Ponto 6
38°23.294'N 008°49.396'W
Ponto 7
38°25.269'N 008°51.007'W
23
Fig. 12 – pormenor da batimetria da zona alvo. Carta-base: BA (1995) Nautical 51146. Barra and Porto
de Setubal esc. 1:25.000. Londres.
Mesmo que a altura da coluna de sedimentos que recobre o casco seja ainda uma
incógnita por resolver, estamos em crer que a presumível natureza e quantidade de
elementos metálicos ainda presentes directamente, ou nas vizinhanças imediatas do
sítio do afundamento da nau, bem como a esterilidade da zona relativamente a
contaminações por outros artefactos metálicos, tornará fácil a sua detecção através da
utilização de um magnetómetro de protões ou, preferencialmente, de césio.
Simultaneamente, a localização do presumível tumulus poderá ser ainda coadjuvada
pela utilização de um perfilador de sedimentos.
24
5.Conclusões
Os navios de um determinado período e de uma determinada cultura são um recurso
finito. Uma vez afundados e pilhados (ou escavados), desaparecem para todo o
sempre. Não são, literalmente, propriedade de alguém ou de um país em particular.
São património da Humanidade. O país ou a região que tem a sorte de os ter nas suas
águas deve considerar-se como guardião de um recurso histórico precioso e envidar
todos os esforços de forma a protegê-lo e estudá-lo, ou seja, a geri-lo em nome da
Humanidade. Mais: quando apropriadamente geridos, estes vestígios podem
contribuir para o conhecimento, divulgação e sensibilização dos mais diversos
públicos, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável e de governação
responsável, nas mais diversas componentes económicas, sociais, culturais e
institucionais
No caso específico dos navios com tesouros, não os podemos ver (só) sob a perspectiva
do tesouro venal, do ouro, da prata e da porcelana chinesa. Eles são sim, para além das
riquezas fabulosas que alguns transportavam, igualmente um testemunho único de um
passado que moldou continentes, países e até civilizações detendo, igualmente, a
capacidade potencial de vir a fornecer muitas respostas às questões que hoje em dia
se levantam no que concerne à evolução do desenho e da construção naval em
madeira, às práticas náuticas e aos circuitos de comércio e guerra naval pós-medievais.
Localizada numa área bem definida, isolada, de fundos relativamente baixos e
acessíveis, a Rosario é um naufrágio que não só se encontra bem documentado como
também, por se encontrar lacrado em areia, apresenta uma elevada probabilidade de
terem permanecido mais ou menos bem preservados os vestígios estruturais do navio
e da carga que transportava.
Falta, apenas, localizá-la.
25
6.Bibliografia
Manuscritos
AGI – Archivo General de Indias (Sevilha, Espanha)
AGS – Archivo General de Simancas (Valladolid, Espanha)
s.l., s. d., AGI, Contratación 4919B, Relação das partidas de ouro e prata trazidas a
bordo da capitana de Juan de Goyaz e da nau de Felipe Andino, 3 fólios.
21/04/1589, AGI, Contratación 5014, Aranjuez, Carta régia [de Filipe II] a nomear Juan
Uribe como Capitão general da frota que vai para Cartagena de las Indias, 2 fólios.
De 7/12/1589 até ao final de Janeiro de 1590, AGS, Contadoria Mayor de Cuentas,
série III, 1777:10, Relação de Juan Nuñez Vela sobre o que se salvou do naufrágio da
Nuestra Señora del Rosario, 54 fólios.
08/12/1589, AGI, Contratación 5108, Setúbal, Carta de Pedro Aianeder, passageiro da
Nuestra Señora del Rosario, para dois vizinhos de Cádiz, 2 fólios.
16/12/1589, AGI, Contratación 5109, Lisboa, Relação do apurado pelo almirante
Marcos de Aramburu e por Sebastián de Haro sobre o sucesso do naufrágio da Nuestra
Señora del Rosario ocorrido nas costas de Tróia, 3 fólios.
26
16/12/1589, AGI, Indiferente General 1099, Lisboa, Carta de Sebastian de Haro ao
doutor Juan Milio a notificá-lo da perda da Nuestra Señora del Rosario, 2 fólios.
16/12/1589, AGS, Guerra Antigua 267:75, Lisboa, Relação de Estevan de Ybarra das
partidas que se sacaram da nau que deu ao través na costa de Setúbal. 3 fólios.
22/12/1589, AGI, Contratación 2449, San Lucar de Barrameda, Relação dada por Luis
Ortega e Alonso Perez, piloto e capitão do navio La Esperanza sobre o sucedido na
viagem de retorno a Castela do grosso da frota de 1589, 5 fólios.
30/12/1589, AGS, Guerra Antigua 291:23, Lisboa, Carta de Esteban de Ybarra ao Rei
[Filipe II de Espanha] sobre o apresto de navios e o salvamento da carga da nau que
deu ao través em Setúbal, 4 fólios.
17/01/1590, AGI, Contratación 5109, Lisboa, Relação de Estebam de Ybarra sobre as
partidas de dinheiro salvadas do naufrágio da Nuestra Señora del Rosario, 3 fólios.
07/02/1590, AGI, Contratación 5109, Lisboa, Carta de Esteban Ybarra e seu inventário
dos bens salvados no momento do naufrágio, 3 fólios.
07/02/1590, AGI, Contratación 5109, Lisboa, Relação dos papéis encontrados no
naufrágio da Nuestra Señora del Rosario, 2 fólios.
27
17/02/1590, AGI, Contratación 5109, Lisboa, Outra relação de Estebam de Ybarra
sobre partidas de dinheiro salvadas do naufrágio da Nuestra Señora del Rosario, 2
fólios.
03/03/1590, AGS, Guerra Antigua 282:156, Lisboa, Carta de Esteban de Ybarra ao Rei
[Filipe II de Espanha] sobre o apresto de navios e o salvamento da carga da nau que
deu ao través em Setúbal, 4 fólios
21/03/1590, AGI, Contratación 5109, Lisboa, Carta de Estebam de Ybarra sobre o que
se fez com as partidas de dinheiro salvadas do naufrágio da Nuestra Señora del
Rosario, 2 fólios.
27/03/1590, AGI, Contratación 4929, Sevilha, Relação dos maravedis a que montou o
ouro, a prata e os reais de Sua Majestade e que vinham nas frotas de Nova Espanha e
de Terra Firme de 1589, 37 fólios.
07/05/1590, AGI, Indiferente General 1806A, Sevilha, Sumário geral do que monta o
ouro, prata e reais que vieram para a Coroa e particulares nas naus de Terra Firme e
Nova Espanha dos generais Juan de Uribe Apallua e Martin Perez de Olazabal, 4 fólios.
07/05/1590, AGI, Indiferente General 1806B, Sevilha, Relação das partidas de ouro e
prata trazidas a bordo da capitana Trinidad, de Juan de Goyaz, 24 fólios.
28
Impressos
AFONSO, J. (1984) “O galeão de Malaca no Porto de Angra em 1589: um processo
judicial – Linschoten”, in Os Açores e o Atlântico (Séculos XIV-XVII). Angra do Heroísmo:
Instituto Histórico da Ilha Terceira, pp. 177-205.
ALVES, F. et alli (1989), “Os cêpos de âncora em chumbo descobertos em águas
portuguesas: contribuição para uma reflexão para a navegação ao longo da costa
atlântica na Península Ibérica na Antiguidade”. O Arqueólogo Português, série IV, 6/7,
Lisboa, pp. 109-185
BLOT, Maria (2004) “Présences méditerranéennes antiques sur les côtes du Portugal.
La problématique portuaire et les vestiges d’importations“, in ZEVI, Anna e TURCHETTI,
Rita, eds. Méditerranée occidentale anticue: les échanges. Atti del III Seminario ANSER
(Anciennes Routes Maritimes Méditerranéennes): el patrimonio arqueológico
submarino y los puertos antiguos. Soveria Manneli: Rubbetino, pp. 203-212.
CASTELO-BRANCO, F. (1962) “Ainda a propósito do topónimo Costa da Galé” in Revista
de Guimarães 72 (1-2) Janeiro/Junho. Guimarães: Sociedade Martins Sarmento, pp.
139-144.
CHAUNU, P. (1977) Séville e l’Amérique aux XVIe et XVIIe siècles. Paris: Flammarion
Science.
29
GUERREIRO, M. (2006) Roteiro da Costa de Portugal – Portugal Continental: do Cabo
Carvoeiro ao Cabo de São Vicente. 3ª edição Lisboa: Ministério da Defesa Nacional.
Marinha, Instituto Hidrográfico.
HANSON, N. (2003) The confident hope of a miracle: the true story of the Spanish
Armada. London: Corgi Books.
KERR, R. (1824) A general history and collection of voyages and travels, arranged in
systematic order: forming a complete history of the origin and progress of navigation,
discovery, and commerce, by sea and land, from the earliest ages to the present time.
Vol. VII. Edinburgh: William Blackwood, pp. 428-429.
LUGO-FERNANDEZ, A.; BALL, D.; GRAVOIS, M.; HORRELL, C.& IRION, J. (2007) “Analysis
of the Gulf of Mexico’s Veracruz-Havana Route of La Flota de la Nueva España” in
Journal of Maritime Archaeology (2007) 2:24–47.
MENESES, A. (1987) Os Açores e o domínio filipino (1580-1590). Angra do Heroísmo:
Instituto Histórico da Ilha Terceira.
MONTEIRO, P. (1999a) O naufrágio da nau da Carreira da Índia Nossa Senhora da Luz
(1615): caracterização histórico-arqueológica. Relatório interno. Horta: Centro
Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática.
30
MONTEIRO, P. (1999b) "Os destroços dos navios Angra C e D descobertos durante a
intervenção arqueológica subaquática realizada no quadro do projecto da construção
de uma marina na baía de Angra do Heroísmo (Terceira, Açores). Discussão preliminar"
in Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 2, nº 2. Lisboa: Instituto Português de
Arqueologia, pp. 233-261.
MONTEIRO, P. (2000) "Carta Arqueológica Subaquática dos Açores: metodologia,
utilização e resultados na gestão do património cultural subaquático". in Actas do 3º
Congresso de Arqueologia Peninsular, vol. VIII. Porto: ADECAP/Universidade de Trásos-Montes, pp. 497-523.
MUCKELROY, K. (1998) “The Archaeology of Shipwrecks”, in BABITS, L. & TILBURG, H.
eds. Maritime Archaeology: A Reader of Substantive and Theoretical Contributions.
New York: Plenum Press, The Plenum Series in Underwater Archaeology, pp. 267 –
290.
NUTLEY, D. (2008) “Submerged cultural sites: opening a time capsule”, in MUSEUM
International – Underwater Cultural Heritage, n. 240, December 2008. UNESCO, pp. 717.
PORTOCARRERO, G. (2003) Sistemas de defesa costeira na Arrábida durante a Idade
Moderna: uma visão social. Edições Colibri.
SALGADO, A. & VAZ, J. (2002) Invencível Armada 1588: a participação portuguesa.
Lisboa: Prefácio.
31
SERRÃO, J. (2004) O tempo dos Filipes em Portugal e no Brasil (1580- 1668). 2ª edição.
Lisboa: Edições Colibri.
THOMAS, H. (2003) Rivers of Gold: the rise of the Spanish Empire, from Columbus to
Magellan. New York: Random House Trade.
VILLEGAS ZAMORA, T. (2008) “The impact of commercial exploitation on the
preservation of underwater cultural heritage”, in MUSEUM International – Underwater
Cultural Heritage, n. 240, December 2008. UNESCO, pp. 18-31.
WATSON, K. (1998) “Nautical Archaeology Survey Methods” in BABITS, L. & TILBURG,
H. eds. Maritime Archaeology: A Reader of Substantive and Theoretical Contributions.
New York: Plenum Press, The Plenum Series in Underwater Archaeology, pp. 319 –
321.
WESTERDAHL, C. (1994) “Maritime Cultures and Ship Types: Brief Comments on the
Significance of Maritime Archaeology”, in The Journal of Nautical Archaeology and
Underwater Exploration. London: Academic Press. 23.4.
32
8.Documentação de arquivo seleccionada
AGI, Contratación 2449, San Lucar de Barrameda, 22/11/1589. Relação do sucedido na
viagem de retorno a Castela do grosso da frota de 1589.
33
34
35
36
Relacion que Damos Nos, Luis Ortega, piloto y Alonso Perez, capitan del navio nombrado/ La
Esperanza qu es de su Majestad, y ha entrado en el puerto de Sanlucar oy miércoles/ 22
noviembre 1589 Anos que llevo por Almiranta [sic] el General Juan de oriue/
En 11 de septiembre Salimos de la Hauana. 32 nauios/
Los nueue com plata que son los Siguientes/
La capitana de Nueva España/
La capitana de juan de Uribe Apallua/
La nao de Pedro Allo que Uiene por Almiranta/
37
La francesa donde venia pedro ssanchez escudero/
La Nao de Juan Baptista espindola/
La nao de gaspar de Maya/
La nao de Alonso martin Marquez/
La nao de Diego de Narea la pequena/
Desembocamos en 5 dias y en 31 grados y médio/ despues de desembocados nos dio ocho
dias de/ brisas naturales donde el segundo dia de la brisa/ se aparto Una nao de la florida y
una galizabra/ y en 23 de septiembre la nao de malaça La/ dexamos en la mar Abierta por la
proa, este/ dia se perdieron de nuestra compania cuatro naos que eran/ el Almiranta y La
saluadora y el frances y Una/ fregata de la florida.
A primero de octubre despacho el General/ Um nauio de Aviso para castilla./ A 2 de del dicho
como A las dez Uimos en la/ Un Humo com bonanca de la mar y/ Uiento y el general nos Jmbió
a nosotros y/ a los demas pataches y llegamos a el/ como A las 10 de la noche y Uimos que
era// Una nao grande e dimos cuatro O cinco buel/tas A la redonda por el ver se hallauamos/
alguna gente en la Madera y hallamos los/ Arboles y Uelas y no hallamos Ninguna persona/ y
nos dixo Un patache que no pasasemos/ adelante que auia Uisto Un farol y que/ Entendia que
eran naos de Inglaterra y/ Otro día siguiente hablamos Con Un patache/ y nos ensenó poleas y
motones por las quaes/ Entendió que era el françes de la plata A 5/ dias de dicho mes Uimos
quatro Uelas/ Al norte de nosotros y el general Alvaro Flores/ embió a Uer que naos eran y
como a puestas/ del sol conoscimos que eran las que se auian/ apartado y Tomando platica
dellas/ nos dixeron que el frances se auia Abierto por/ abaxo y que no le podian Tomar el
agua/ y assi se determinaron a sacarle la plata y bastimientos/ y todo lo que del se pudieron
aprovechar/ y luego le pegaron fuego.
A 16 de el mes A media noche nos dio Un tiempo/ el Uiento en el Oeste que nos hizo correr
con/ el papa figo del trinquete y nos Hizo apar/tar del Armada y por no correr con el navio/
echamos un cable por la popa hasta otro dia/ y assi se huBieron las diligencias posibles para
jun/tarnos con la Armada corriendo Por Buena Altura/
38
Por 39 y 40 grados y dos tercios Uenimos/ a Uer el Cueruo Uispera de todos sanctos//
Nosotros y otro navio de nuestra Compania/ que Hallamos sin Arbol mayor y entre san/ Jorge y
la graciosa hallamos Un navio in/gles y anduuo A las bueltas para juntar/ se Con nosotros y no
pudo y assi entramos/ En la Tercera donde Hallamos 15/ naos de la flota de nueva España que
no osaban/ Salir por miedo de siete naos Jnglesas/ que les estauan guardando la Jsla y en ellas/
andaua por general el conde de Cumberland[1]. destas naos auian peleado 4 dellas a Uista/ de
la Tercera con Una nao y Un patache/ que no se sabe que nao; era y otro navio/ Jngles peleo,
con francisco granillo tres dias/ y Como una legua de la Terçera Le dió Un/ balazo A la lumbre
del Agua y se fue/ a fondo y se Ahogaron del dicho navio 60 Personas/ y escapo a nado el
dicho granillo con 16 personas/ Tomo este Jngles la nao de Inigo de lurriaga/ Hicieron Uarar en
el faial Un nauio/ de Santo domingo y otro de Pedro de Oleguis/ de Honduras/
Las naos que se desampararon en la mar
La catalina de fernando home
La Maria de Cadiz
Dos naos de Fernando Cauallero
La nao de Campeche, capitana de Honduras//
De la Ciudad De Angla en las/ Tercereas partimos con otro nauio, en Domingo 5/ De noviembre
Presente la buelta de España en companhia de/ 15 naos que estauan en aquele puerto de las
[sic] De la/ flota de nueva España de que Uenia por/ capitan Gentil Uasilio y por Almirante
Rodrigo/ madera y Uenimos la buelta del Cabo/ de san Vicente Hasta ponerse en altura de 36/
grados y medio. Todas las dichas 16 naos juntas/ y llegaron sobre el dicho cabo de san Vicente
Sabado/ 18 de noviembre presente y aquella noche Como A las/ 10 oras oyeron 3 o 4 preças
de Artillaria/ cerca dellos y el domingo siguiente al Ama/necer ReConocieron 3 nauios Jngleses
los/dos de 500 toneladas y el otro de 250/ y habia [en] el Cabo otros dos nauios que
en/tendieron ser de Jngleses que Remolcandolos/ con lanchas porque habia calma.
39
Y se jun/taron la nao capitana Jnglesa y la Almiranta de Rodrigo madera y en espacio de Una
ampole/ta Tiró la Jnglesa a la Almiranta de que/ dera 83 pieças de Artilharia por la Vanda/ de
Vabor hasta desapareseca el Trinquete/ y a Viendolo hecho dexo aquella nao como/ Rendida y
despuestas las otras naos donde/ La dicha nao Jnglesa y la otra de 250 toneladas// Las leuaua
A las demas naos de Jndias AnteCogidas y A cañoneándolas/ y assi teniendo por cierto y por sin
dubda/ que tomaron dellas 5 o 6 naos/ porquelas Uieron Amaynadas que es senal/ de estar
Rendidas y el nauio destes/ deClarantes dio todas las Uelas y lle/go al cabo de Santa Maria y de
alli Vino a este puerto/ donde entro oy miércoles 22 de noviembre 1589/ y que esta es la
Verdad para el Juramento/ que Hubieron y lo firmaron | luis d ortega/ Alonso Perez//
[1] Riscado e sobreposto no original.
40
AGI, Contratación 5108, Setúbal, 08/12/1589, carta de Pedro Aianeder, passageiro da
Nuestra Señora del Rosario, para dois vizinhos de Cádiz, 2 fólios.
41
Copia da carta de Pedro Aianeder Para esteuan de Ribillaga y Para/ de Arigoyen, Vecinos de
Cadiz, Su fecha en Setubal A 8 deziembre 1589
Yo quisera esCriuir mas contento y con mas Salud, siruasse/ de todo. Con la nao capitana de mi
buen amigo Juan de Goyaz/ que Dios le Tenga en su Reyno llegamos a la Tercera quasi/
anegados con la Mucha agua que fazia, que la traximos/ milagrosamente, y Alli echamos La
plata en Tierra y la deja/mos que quedo con martin de oriue con ella y comenzo A aderezar la/
42
nao con ocho dias de buen tiempo que nos dió alla que nunca lo Uuiera hecho, pués fue par la
perdicion de Tantas Animas./
Salimos despues de aderezada la nao capitana de la Tercera/ en compania de otras dos naos
que era La de diego felipe que/ tambien echo La plata en tierra y de otra nao de santo
domingo/ y al Cabo de tres dias que salimos de la Terçera se nos ren/dio La nao capitana con
Un tiempo que nos dió, aUnque no fue mucho que como estaua la nao Atormentada de
Antes,le jugaron/ todos los maderos y Assi la dexamos en la Mar como 100/ Leguas de la
Terçera y nos embarcamos Toda la gente en la naveta/ de santo domingo y como trayamos
mucha gente estuvimos desde la ma/nana hasta la Una ora de la noche llevando gente y en la
postrera bar/cada fuimos Juan de goyaz y yo y el contramaestre qu en gloria/ Sea y a bordo de
la nao se nos perdió La barca con la mucha/ mar y Se nos Ahogaron el contramaestre Con siete
personas, y Juan de goyaz se escapo ya Casi ahogado y yo tambien y otras tres/ o quatro, y
despues que nos embarcamos en esta Nao de santo domingo, que era de Un fulano correa y
por que La nao de/ felipe Andino, se nos apartó Un dia Antes que nos sucediera// el Trauajo y
Assi Uiniendo con esta naveta, el miércoles/ A 6 de este llegamos A rreConoçer Tierra como 20
leguas del Cabo para lixboa y no conoçieron que tierra hera y Dixeron/ que era Larache la
gente de Cadiz, que trayamos en la nao/ y domingo hernandez y otros quatro pilotos que
Uenian en la/ nao, y entendiendo que era Larache
Caminamos Todo A/quel dia y aquella noche y otro dia, quando Amaneci, nos a/llamos
Uarados quasi en Tierra A sotauento de Setubal/ donde no pudimos Tomar puerto ninguno,
Porque nos hallamos pe/gados A la costa y assi no tuuimos otro Remedio Sino Uarar/ en Tierra
Con la nao, obra de dos leguas de Setubal, Adonde se/ ahogaron mas de 80 Personas y entre
ellas Juan de Goyaz, y yo Sali/ casi ahogado que Sino fuera por dos portugueses que me
Sacaron de la/ Arena de la orilla de la mar que no tenia fuerzas para levantarme alli pereceria/
y el pobre Juan de goyaz Se Salió de La nao Primero que yo aCompa/nado de quatro hombres
Ualientes nadadores ayudandole Al/ pobre Cauallero y con Todo esto no le aprovechó que al
fin se/ hubo de Ahogar y se han Ahogado mas de 80 personas/ que es la mayor lastima del
mundo y assi mismo se perdieron/ casi 80 partidos de Reales que traya suyos y en Confianza/ y
Tambiem dos mil pessos de Uuestra merced de Confianza y otros U500 marcos y otros lU50
pesos para pagar al Rey nuestro senor la Urca/ y otros 412 pesos para pagar los siguros que
todo se a perdido/ y todos lo quedamos.
Sirvasse Dios con Todo.
43
AGI, Contratación 5109, Lisboa, 16/12/1589, Relação do sucesso do naufrágio da Nuestra
Señora del Rosario ocorrido nas costas de Tróia, testemunhos recolhidos por Marcos de
Aramburu e Sebastián de Haro.
Relacion de lo que el almirante Marcos de aramburo y sebastian de Haro havemos hecho/ en
setúbal y lo que Dizen los marineros y personas que han escapado de la nao de Correa,
nombrada/ nuestra señora del Rossario, que dió al traves, en aquella costa de su Viaje y de las
dos naues de Juan/ de Goyaz y Philipe Andino despues que dejaron la plata en la Terzera con el
General/ aluaro de quiñones
A los 26. de nouiembre Salieron todos tres navios despues de haber desenbar/cado al
dicho General con la plata que dizen seria mas de tres millones, y hauer adereçado La
nao capitana de Juan de Goyaz, que llego alli muy maltratada/
A los 27 por La mañana, se Les aparto La nao de Andino, y desde entonzes/ no La
vieron, ni aun sauido más Della/
A los 29 entro una tormenta, grande de mar, y viento, oest y oest suduest/ y se abrio
La nao capitana de Goyaz, de manera que sin Remedio se yua fondo./ y por La mañana
comenco el Goyaz, a sacar alguna plata, suya y de otros dos par/ticulares, que toda
estaba registrada, en su nao y no quisieron descargar en La/ Terzera, por traer La
adonde benian sus personas, y que en esto y em pasar La gente/ a La nao de correa, se
passó todo el dia, y a La noche, en la [ultima] 9 barcada, se em/barco el Juan de Goyaz
con sus paPeles, y llegando a bordo de la nao de correa/ un golpe de mar hizo pedaços
la barca contra La nao, y la trabuco, y tomaron al/ Goyaz cassi aogado, hauiendo se
perdido siete V ocho hombres con La barca/ y los papeLes y quanto en ella trayan
9
Obliterada por um borrão de tinta.
44
Después Vinieron con tiempos Violentos nauegando hasta los 7 de deziembre/ que a el
amanezer, se allaron Junto, al cauo de Spichel, ensenados çerca de la/ varra de
setubal, con grande muy Viento oest-noroest muy forçosso, y aUn/ que Reconoçieron
La uarra y pretendieron entrar Setubal, no lo pudie/ron hazer antes les fue forcosso a
La una de la tarde, dar fondo La costa y ense/nada de troya, Una Legua de La hermita.
Luego que dieron fondo cortaron el arbol mayor y hauiendo estado Vna hora/ sobre
los cables, el tiempo yba reforçando y huuo opiniones de si Repararien/ o dauan en La
costa, al fin Resoluieron los mas teniendo por Jmposible el rre/parar, de cortar las
amarras como lo hicieron, porque si daban a la costa de noche/ tenian por Jmposible
Salvarse ninguno./
Cortados los cables alargaron el trinquete y dieron en la costa, donde de 230/ personas
que habia, se ahogaron mas de los 120, entre ellos Juan de Goyaz,/ el contador
ondarça y el Correa y los demas salieron nadando y en de dos/ oras se hizo muy
pequeños pedazos La nao.
Hauiendo bisto la perdida de esta nao desde el castillo de oton, dieron aviso a la/
justicia hordinaria de Setubal, La cual acudió a la noche tras el alferes de/ don
fernando da greda, y algunos mosqueteros que acudieron primero con el/ mismo
avisso y sospechando que era de enemigos, fueron aperçeuidos y ellos/ y algunos
barqueros portugueses socorrieron la gente y a las ocho y que alla/ron hasta cinco mill
y quinientos y cuarenta y quatro pessos en Dinero y ciento y trein/ta y tres marcos de
plata, como pareze por la Relación que se a sacado de los/ aVtos que sobre todo se
hiçieron./
Hauiendo tenido avisso su alteza y el conde de fuentes de la perdida de/ aquella nao,
mandoyr a Setubal a los dichos Marcos de aranburo y sebastian/ de haro a rrecoger lo
que se saluasse y dar orden en lo que se hauia de hacer/ para buscar lo demas, los
quales en llegando alla hicieron Las diligençias con/Vinientes para aueriguar lo que
hauia y hallaron lo que esta dicho, y algunos/ papeles mojados, que todo s entrego en
45
setubal a Juan nunez Vela, para que/ lo truxesse a Lisboa, donde por mandado de Su
Alteza, queda y estara hasta/ que Su Majestad mande Lo que se ha de hazer.//
Los quales hauiendo entendido que acudió a la marina cantidad de portugu/eses, y
soldados, assi de los pressidios como de los castillos de San/ Philipe y oton, y allando
Rastro de algunas cosas que Hauian salido/ de la dicha nave, scriuieron que convendria
acudir el audictor general/ ha hazer aueriguaçión de todo, y su alteza le mando yr y
hordeno al/ corregidor de Setubal que por su parte hiçiese La misma diligencia en/tre
Los portugueses, como se continua por entre ambas partes/
Ayer huuo cartas para su alteza, y el conde de fuentes, en que dicho corregidor/ y
audictor auissan que andando Vnos pescadores pescando, sacaron çiertas caxas/ con
hasta seis mill pessos, y una barra de plata y Vn tejo de oro, por lo cual, ba/ La
perssona a cuyo cargo esta, lo que se a traydo para que todo se junte/
La memoria de las partidas que se hallaron los primeros dias sera con esta y Las/ que
despues se an hallado yran enbiuiendo Recaudo de Setubal. Todos los/ papeles y
pliegos que se han hallado se estan secando y se ymbieran a la Casa de/ La
Contrataçion, a quien tambien se da quenta de esto particularmente
fecha En Lisboa, a 16 de deziembre 1589
46
AGI, Indiferente General 1099, Lisboa, 16/12/1589, Carta de Sebastian de Haro ao doctor
Juan Milio sobre o naufrágio da Nuestra Señora del Rosario, 2 fólios.
47
Señor
Con eL ordinario Passado non respondi a La mitad que Vuestra Merced/ me Hiço con su carta
de . 4 . Porque no me allo aqui como dizia/ a Vuestra Merced el señor estevan de ybarra. La
naue que en Setúbal dio a Lo/ traves era una en que se Hauia salvado La gente de La capitana
de/ Alvaro flores que después de Hauer dexado La plata en La tercera/
48
Viniendose Para aca se habrio y fue a fondo y Hauiendose pa/sado La gente y algun dinero que
trayan a esta La fuerça de lo Tiempo les hiço/ surgir en parte que fue fuerça dar al traves
perdiéronse ciento y Veinte/ ombres y saluaronse noventa con mucho travajo Porque la nau/
se Hiço Luego Pedaços con todo Hicimos algunas diligençias y saca/mos mas de doçe mill
ducadosy algunos papeles y otras menudencias/ e lo que mas gusto me dio fue allarense en La
arena esos Pliegos para/ Vuestra Merced que Hasta en las cossas tan de poca ymportançia hue
logo de hallar/ en que seruirsele todauia ban maltratados aunque e procurado se/ Sequem
Pero al fin podran Lerse, tambien ba, otro pliegueçito que es / para el arzobispo de mexico, y
con esto y deçir que todos tenemos saluo/ se acaua quanto de aquí ay que deçir y rogando a
dios guarde a Vuestra Merced deste de lo que lo deja de Lisboa a 16 de diçiembre 1589
Sebastian de Haro
49
AGI, Contratación 5109, Lisboa, 07/02/1590, Relação de Esteban de Ybarra dos papéis e
documentos recuperados do naufrágio da Nuestra Señora del Rosario, 2 fólios.
50
Relacion De los papeles que se Hallaron del naufragio De la nao Nuestra señora/ del Rossario,
que dióo al através en La costa De Setubal, los cuales todos ban en Recaudos En/ Una caxa
larga, grande, liada y bien acondiçionada, y otra Pequeña, cuadrada y enbreada/ Se An
entregado A francisco Pablos, natural De Sevilla, Ariero Para que las entregue/ A los señores
Presidente y jueces de Real Casa de la Contratacion De Sevilla/
51
- Un emboltorio grande Para el santo officio de Sevilla/
- Un pliego embuelto en Un ençerado para la casa de la Contratacion/
- Algunas cartas y otros Papeles maltratados/
- Dos libros que Pareçen de la cargazon De la nao de fernando Correa, De yda/ y buelta a las
Indias/
- Un quaderno que Dice: prouisiones, mandatos y otros Recaudos Para Descargo/ de las
quentas De la Real hacienda desta Real Caxa de zacatecas, Procedida des/de veinte de marzo
de ochenta y ocho, hasta fin de diçiembre desde el dicho Año ba en diez/ y siete Pliegos y mas
este qye son diez y ocho/
- Un libro en pliego, agujerado, que dice el titulo del traslado de las Almonedas de Su
magestad que se/ hizo de los tributos del Año de 1587/
- Otro que dice cacatecas, quintos, xmos y uno por ciento desde 12. De março de 1588 hasta
21/ de diciembre del dicho Ano/
- Otro que dice xmo 1588. años./
- Otro que dice traslado del libro Comun de la Real caxa de esta çiudad De Guadalajara/
desde 18. de Junio de 88. hasta 10. de Henero de 89/
- Otro que dice traslado de los pliegos de almonedas de los tributos del Ano de 1588/
- Otro que dice cacatecas .1588. quentas que se An tomado Al tesorero Alonso De sala/zar
baraona/
- Otro que dice traslado del libro general de la Real Hacienda de esta Real caxa/ de çacatecas
Proçedida desde 22. de março de .88. hasta fin de Diçiembre del/ dicho Ano. Ua en .57. pliegos
y mas la cubierta/
- Otro que Dice traslado del libro del quinto de la plata que se teue A quintar/ y quito en la
casa de fundiçión desta çiudad De Guadalajara, desde .20. de/ Junio 1588. hasta 9 de enero de
1589/
52
- Otro que dice traslado del libro Común de esta Real caxa De Guadalajara/
- Otro que dice quentas que se tomaram Al tessorero Alonso De Salacar/ Baraona, de los
marcos y Pesos de oro que entraron en la Real caxa de esta çiudad/ De Guadalajara desde 20
de Junio de 88. hasta 9. de enero de 89//
- Un envoltorio grande para Juan de Narria ba mal cosido porque/ se sacaron todas las cartas
para secar/
- Otro envoltorio grande que dice al Rey Nuestro Señor, en su Consejo de las yndias/ audiencia
de Mejico ba mal coçido Porque se abrio y deshizo Para verificar/ los procesos y cartas que
lleva/
- Una caja de madera cerrada y bien Acondiçionada, que no se Abrio/ dice el titulo: de la
residencia que por mandado del Rey nuestro señor tome antonio Uao mediano gobernador de
estas provincias de Yucatán/ indias del mar oçeano a francisco de solis, su antecessor/
Hecha en Lisbo, a siete de febrero de mil quinientos y noventa/ Años
Esteban de Ybarra
Jnventario de las cosas que se han hallado de la Nao que dio al traues en La costa/ De Setubal
demas del dinero y plata de que se ha embiado Relaçion
Primeramente Vna arquilla de madera y dentro diez cuchares de Nacar y dos busos/ caracoles
quebrados y unos brinquillos de que son como pintaderas de par/
yten cinco pedaços de cafetan de diferentes colores que tiene treynta y quatro Varas/
53
yten otros cinco pedaços de damasquillo de la china de diferentes colores que tienen/ treynta
e ocho Varas/
yten un saquillo con onçe piedras que pareçen pedernales y un bucio negro/
yten Una carta de navegar Viexa/
yten Un colete blanco con pasamanos de oro y açul/
yten Un Jubon de tafetan Leonado/
yten Unos arraqueles de lo mesmo/
yten Una pieça de Velo blanco/
yten Un cuello de camisa y sus puños/
yten quatro Auanicos los dos de plumas y los otros dos Romprados/
yten çinquenta y Una madejuelas de hilo de pita/
yten Un cobertol de cama de colonia/
yten Uno pedaçillo de Seda para haçer alçacuellos/
yten Unos calçones de tafetan açul/
yten una toquilla negra para sombrero/
yten otra toquilla blanca/
yten Una cota de malla sin mangas/
yten Un tenedor de plata/
yten Una puntilla de yerro de cerrar cartas/
yten Unas medias de lana fina uiexas/
yten Un cuchillo de escriuania/
yten tres llabes/
yten dos dagas la Una sin Vaina como consta de los autos que sobrellos se hiçieron/
54
Todo lo qual se hallo en la marina moxado y maltratado y aunque se ha lauado/ y benefiçiado
es de poco probecho, y de mas dello se hallaron algunas mantas y suanas/ que el agua hechó
fuera y algunos Vestidos de los que se ahogaron que por ser de poco Valor/ se dieron à la
misericordia de limosna y lo contenido en esta memoria que da guardado/ con el dinero// De
mas de lo qual queda Junto conto de mas lo que se sigue que/ algunas personas lo han
restituydo después que se publicó la excomunión/
Dos sombrecillos de hilo de pita/
Unos pedaços de tacamaca/
Ocho pares de tixeras de desparcila estañadas/
Doce papos de Almisque/
Unas bolsillas de red, Vnas dentri de otras/
Dos Rosarios y Unos brinquillos/
Unas ligas uiexas amarillas/
Un pedaço de Jarro uiexo con un pedaço de liquidambar/
Un pedaço de Almaycal uiexo/
Un astrolabio/
Un cobertor de cama de tafetançillo amarillo aforrado en tafetan Uerde/
Esteban Ybarra
A dos cartas de Vuestra Señoria de 29 de Deziembre y seys del presente Respondere/ con esta.
Y Porque la de 29 del passado me la dio el quien ay a la Requi/sitoria pasala aueriguamento de
las mercaderias oro y plata que aquí San/ arriuado desde el año de 83
55
AGS, Contadoria Mayor de Cuentas, 3ª, leg. 1777, n° 10. Extracto
Juan Nunez Vela, A cuyo cargo estubo el diner,/ Plata oro y otras cosas que Se Salvaron del
nauio nombrado/ nuest ra del Rosario que binieron de las Jndias de Castilla/ y dio Al traves en
la costa de setubal en 7 de dizembre de 1589
Cargo
Del dinero que resciuio y entro en Su poder asi lo que Se salbo/ y Se recogio del dicho nauio
como lo que Restituyeron Algunas/ Perssonas que lo tomaron/ desde 7 de dizembre 1589/
Hasta fin de Henero 1590
Repartense para tomar/ estas quentas a los contadores gas/par aragones y pedro moguer/ de
morales para que las to/men en 23 de nouembre 607
[à margem] comparado com receta de Este/uan de yuarra, prouedor/ general que fue En/
Portugal y relacion jura/da del dicho Juan nunez/ Vela que todo quedo/ al principio desta
quenta
Cargo
Hazese Cargo Al dicho Juan Nunez/ Vela de noueçientos noventa y ocho Pesos y sieis/
pesos y seis reales de a ocho reales cada peos, que en once de diciembre de 1589 recibió en la
villa de Setúbal en presencia del almnirante Marcos de aramburu y sebastian de haro,
personas que por orden de su alteza fueron a recoger la hacienda del dicho navio del
corregidor y justicia de la dicha villa de Setúbal que los hizo recoger y se hallaron en un saco
que ténia por senal mil pesos segun los autos que sobre ello pasaron ante luís gonzalez de fora
escribano publico de la dicha villa como parece por receta que dio el proveedor general
esteban de ybarra que esta al principio de esta cuenta y por la relacion jurada y firmada que
dio el dicho Juan nunez vela
56
998 pesos 6 reales
998 pesos 6 reales//
f. 2
mas se le cargaron al dicho Juan nunez vela trescientos pesos del dicho valor que recebio dicho
dia por la dicha justicia que se hallaron en un saco com unos pedacitos de oro cuyo cargo se
pone en pliego a parte conforme a los dichos autos como parece por los dichos receta
(tachado pliego) y relacion jurada
300 pesos
Carguense mas seiscientos y seis pesos del dicho valor que recebio dicho dia y se hallaron en
un saco que ténia por numero 1250, de la dicha justicia conforme a los autos que sobre ello se
hicieron como parece por los dichos receta (tachado pliego) y relacion jurada.
606 pesos
Carguense mas ochocientos treinta y três pesos del dicho valor que recibio de la dicha justicia
dicho dia que se hallaron en otro saco que estaba dentro de una cajetilla conforme a los dichos
autos como parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion jurada.
833 pesos
Carguense mas doscientos setenta y cuatro pesos y seis reales que recibio dicho dia…
Suma mil setecientos
treinta y nueve pesos
1739 pesos
57
f.3
…. de la dicha justicia que se hallaron en un saco titulado para Garcia de canda cumaya
conforme a los dichos autos como parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion
jurada.
274 pesos 6 reales
Carguense mas ochocientos y cincuenta pesos del dicho valor que recibio de la dicha justicia
dicho dia que se hallaron en otro saco que decia para bernardo de guzman conforme a los
dichos autos como parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion jurada.
150 pesos (sic)
Carguense mas ciento treinta y siete pesos y cuatro reales del dicho valor que se recibio de la
dicha justicia dicho dia que se hallaron en otro saco sin senal conforme a los dichos autos
como parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion jurada
130 pesos 4 reales
Carguense mas cuatrocientos y veinte pesos que recibio el dicho dia de la dicha justicia que se
hallaron en otro saco que decia el titulo para morillos conforme a los dichos autos como
parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion jurada.
424 pesos (sic??)
Suma novecientos y ochenta y seis pesos e dos reales
986 pesos 2 reales
58
f. 4
Carguense mas ciento treinta y seis pesos y dos reales que recibio el dicho dia de la dicha
justicia que se hallaron en dos envolturas que estaban en un pedazo de lienzo conforme a los
dichos autos como parece por los dichos receta (tachado pliego) y relacion jurada
136 pesos 2 reales
Carguense mas cuatrocientos noventa y nueve pesos y seis reales que recibio el dicho dia de la
dicha justicia que se hallaron en un saco que decia para esteban de arivillaga 500 pesos
conforme a los dichos autos como parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion
jurada
499 pesos 6 reales
Carguense mas doscientos y tres pesos que recibio de la dicha justicia dicho dia que se hallaron
en otro saco que estaba liado com una soga de esparto conforme a los dichos autos como
parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion jurada
203 pesos
Carguense mas ciento treinta y siete pesos y cuatro reales del dicho valor que se recibio de la
dicha justicia dicho dia que se hallaron en otro saco sin senal conforme a los dichos autos
como parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion jurada
Carguense mas cuatrocientos noventa y nueve pesos y cuatro reales que recibio de la dicha
justicia dicho dia que se hallaron en otro saco que decia para hernando de zuleta 500 pesos
conforme a los dichos autos como parece por las dichas recetas (tachado pliego) y relacion
jurada
499 pesos 4 reales
59
Son mil trecientos treinta y ocho pesos y cuatro reales
1338 pesos 4 reales
f. 5
glosas
el dicho Juan nunez vela el dicho su cargo
la dicha receta del dicho esteban de ybarra y relacion jurada del dicho Juan nunez vela
Carguense mas doscientos veinte y ocho pesos del dicho valor que recibio de la dicha justicia el
dicho dia once diciembre que se hallaron en otro saco que decia dona Beatriz de monsalve
conforme a los dichos autos como parece por las dichas recetas (tachado pliego) del dicho
esteban de ybarra y relacion jurada del dicho Juan nunez vela
Carguense mas treinta pesos del dicho valor que recibio dicho dia y de la dicha justicia que se
hallaron en una bolsa de red conforme a los autos como parece por los dichos receta (tachado
pliego) y relacion jurada
30 pesos
Carguense mas doscientos veinte y cinco pesos del dicho valor que recibio dicho dia de la dicha
justicia que se hallaron en otro saco que decia Francisco de reinoso conforme a los autos como
parece por los dichos receta (tachado pliego) y relacion jurada
225 pesos
Suma cuatrocientos ochenta y tres pesos
60
483 pesos
f. 6
carguense mas quinientos peso del dicho valor que recibio en la dicha villa de Setúbal en 17 de
diciembre de 1589 del doctor fernan de sosa oidor de la dicha villa y en presencia del auditor
general de la gente de guerra del reino de Portugal y de tomas de soria escribano que estaban
en una esportilla que lo recogieron unos portugueses de un saco que estaba roto conforme al
testimonio del dicho escribano como parece por los dichos receta (tachado pliego) y relacion
jurada
500 pesos
Carguense ciento y catorce pesos que recibio del dicho el mismo dia y ante los sobredichos
que se hallaron en el cinto de anjeo estrecho, sin senal ninguna conforme el dicho testimonio
como parece por los dichos receta (tachado pliego) y relacion jurada
114 pesos
Carguense mas doscientos y ocho pesos que recibio del dicho el dicho dia que se hallaron en
otro talego de anjeo pequeno que en el decia Rº que ténia en la primera cubierta de dos y en
la otra donde vénia el dinero decia por guarismo 300 pesos y se contaron los dichos doscientos
y ocho pesos conforme el dicho testimonio como parece por los dichos receta (tachado pliego)
y relacion jurada
208 pesos
Suma ochocientos veinte y dos pesos
822 pesos
61
f. 7
Carguense mas cuatrocientos noventa y nueve pesos del dicho valor que recibio dicho dia del
dicho oidor que contaron de un saquillo que decia zuleta y por guarismo 500 pesos conforme
el dicho testimonio como parece por los dichos receta (tachado pliego) y relacion jurada
499 pesos
Carguense mas trescientos pesos que el dicho dia recibio del dicho oidor que se contaron de
un tallegon que decia en el para Leonor rodriguez mujer de Manuel Alvarez en sevilla y decia
en guarismo 300 pesos se conto y se hallo en el y debajo outra de jerguilla parda y luego mas
abajo una gerilla (sic) de hoja de canas de palma, liada com una cuerda de canamo y otro de
canamazo que dice a Leonor rodriguez 300 pesos conforme al dicho testimonio como parece
por los dichos receta (tachado pliego) y relacion jurada
300 pesos
Carguense mas quinientos pesos y seis reales que recibio del dicho oidor el dicho dia…
Suma setecientos noventa y nueve pesos
799 pesos
f.8
que se contaron y hallaron en otro saco de lienzo que decia para Fernando de zuleta y en
castellano quinientos pesos com otra cubierta de jerguilla y luego otra cubierta de lienzo de
anjeo se conto y se hallo conforme el dicho testimonio como parece por los dichos receta
(tachado pliego) y relacion jurada
500 pesos 6 reales (…)
62
AGS Guerra Antigua 267-75, Lisboa, 16 de Dezembro de 1589, Relação de Estevan de Ybarra
das partidas que se sacaram da nau que deu ao través na costa de Setúbal.
63
Relacion de lo que se a sacado de la nao que dio al traues de la costa de setubal,
de esteuan de Ybarra/ de 16 de deziembre 1589//
Relacion de las Partidas que se han allado de la nao nombrada nuestra Señora del Rosario que
es de fulano Correa que dio al traues en la costa de setubal a los siete de diziembre de mil
quinientos y ochenta y nueve años como consta Por los autos que sobre ello se hizieron que
son las siguientes
64
Un saco que tenia por señal mill Pessos se hallaron en el 998 pessos 6 reales
998 pessos 6 reales
tro que Por no tener señal se le Puso Una .D. quando se hallo tenia trescentos pessos y
uno Pedaçitos de oro que pessaron Por el contraste doze ochauas y media menos seis
granos
300 pessos / 12 ochauas ½ menos 6 granos
Otro saco que tenia Por numero 1250 tuuo seisçentos y seis Pessos
606 pessos
Otro Saco que estaua dentro en Una caxilla decia ochocientos y treinta y tres pessos
833 pessos
Otro Saco Intitulado Para gracia de sandacumaya tenia doscientos y setenta y quatro
pessos
274 pessos
Otro que dezia Para bernardino de guzman çiento y cinquenta pessos
150 pessos
otro saco que se señalo con una + Por non tener señal tuuo 137 pessos 4 reales
137 pessos 4 reales
65
otro que dezia el titulo morillas 424 pessos
424 pessos
Una plancha de Plata que en la tela que venia enbuelta dezia 133 marcos no se pesso
133 marcos
dos enbueltos de dinero que estaua en un pedaço de lienço tuvieron cento y treinta y
seis pessos
136 pessos
Un saco que dezia Para esteuan de arriuillaga quinientos pessos
500 pessos
otro saco que estaua liado con una soga de esparto tuuo doscientos y tres pessos
203 pessos
otro que dezia para hernando de releta con quatroçientos y noventa y nueve pessos y
quatro reales
499 pessos 4 reales
otro que dezia dona beatriz de Monsalve doscientos y veinte y ocho pessos
228 pessos
66
Una bolsa de Red tenia treinta pessos
30 pessos
otro saco que decía francisco de Reinosso doscientos y veinte y cinco pessos
225 pessos
--------------------------------------------5 U 544 pessos 6 Reales
Por Manera que montan las dichas partidas cinco mil y quinientos y cuarenta y quatro pessos y
seis Reales y ciento y treinta y tres marcos de plata y doze ochauas y media de oro menos seis
granos, y de lo que despues a ca apareçido se enbiara Relaçión entrayendo se de Setúbal//
mas las Partidas contenidas. La Relaçión desta otra Parte se tomaron a las personas Infra
escritas saliendo a nado las partidas siguientes:
al alguacil del agua que se nombra Pedro nunez se tomaron doscentos y veinte y cinco
pessos suyos y de otro marinero
225 pessos
a melchior soldado setenta y dos pessos
72 pessos
a bartolomeu çiento y cinco pessos
105 pessos
67
Una copa de plata vieja se tomo a Juan nunez y el declaro ser de Un frayle franciscano
que tanbien escapo y que se la mando un difunto Para missas
copa de Plata
a nicolao gomez laynez Veinte pessos
20 pessos
a francisco garçia marinero quinze pessos
15 pessos
a cristoual de leria çiento y cinquenta y cinco pessos
155 pessos
---------------------------------592 pessos
Lo qual Por constar Por informaçiones y pareçer cosa Justa y Uendo el serenissimo Prinçipe
cardenal la neçessida de los dueños ha mandado se les bueluan y se va cumpliendo con ello.
68
AGS Guerra Antigua 291-23, Lisboa, 30 de Dezembro de 1589, Carta de Estevan de Ybarra ao
Rei [Filipe II] sobre o apresto de navios e o salvamento da carga da nau que deu ao través em
Setúbal.
69
Esteuan de ybarra
Señor
Los nauios que Vuestra Magestad me mando poner en orden estavan aparexados y a todo
punto de partir el martes en todo el dia que se contaran dos del ano 1590 y para entonces se
aguarda La orden de lo que Vuestra Magestad mandare executar con ellos.
70
Loa nauios son seys pero an se mudado cassi todos Los que yuan nombrados en la Relaçión
que embie a Vuestra Magestad porque los dos Françeses quando se pusieron a monte
descubrieron faltas de mucha consideraçión para lo que se pretende y tambien el uno de los
de Rouelascos.
Los que ahora se quedan aprestando son los que van en la memoria que con esta embio y
todos muy a gusto del Almirante Aramburu y a proposito de lo que han de seruir porque son
nuevos reçios y muy Ligeros.
Tambien se quedan despalmando dos carauelas pequenas destas que aqui llaman de Alfama
que las pide el Almirante para llevar consigo porque diz ele haran mucho al casso para
embiarlas algo delante ha avissar que tengan la carga a punto y tambien para que si el tiempo
fuesse tal que no de lugar para poder surgir con los demas nauios en aquella costa se pueda
reauir la carga por medio destas dos carauelas, que en un dia la podian traguetar desde la
tierra a los nauios y esta razon ha quadrado bien al Serenissimo Primcipe Cardenal.
Tambien esta aparejado el Galeon aguardando Lo que Vuestra Magestad Resuelve cerca de si
yra o no y hasta saber esto no se ha hecho la description de los soldados que se han de
embarcar porque de una manera ha de ser si el Galeon fuere y de otra no yendo.
De Artilleria nos hauemos acomodado de los almacenes de Portugal de manera que no son
menester que nos de el Capitan Acosta mas de quatro daquellas pieças que scriui a Vuestra
Magestad que se quedauan poniendo en orden para este effecto.
El tiempo se comiença a gastar desde ayer que llueue mucho y por esta caussa y por las fiestas
ha sido imposible dar nos mas priessa que sin estos Impedimientos ya estuviera todo a punto
aun que en el nauio de Rouelasco y la caravela Sancta Cathalina se ha hecho tanto como si se
hizieran de nuevo y no se ha podido escusar este gasto porque si nestos nauios no se podia
executar Lo que Vuestra Magestad manda segun esta esta Riuera esteril en esta asyuntura de
nauios//
El Conde de fuentes dio cuenta a Vuestra Magestad de la diligencia que se hauia puesto en dar
cobro en la Hazienda que se perdio en la naue que dio al traues en la costa de Setubal y embio
a Vuestra Magestad Relaçion del diñero que hasta entonzes se hauia saluado y yo embie otra
tal al secretario Juan de Ibarra Firmada del Almirante Aranburu y de Sebastian de Haro que son
las personas que acudieron a poner remedio en aquello y le auise de la orden que se hauia
puesto para lo que Restaua
71
Aora embio con esta a Vuestra Magestad, una Relaçion del dinero que después aca se ha ydo
recogiendo hasta la vispera de Pasqua - el qual todo queda junto en mi possada y en poder de
quien dara buena cuenta dello – Todavia se van haziendo diligençias y si dellas resultare mas
benefiçio sera Vuestra Magestad auisado.
El dinero que se ha juntado y las costas que se an pagado y todas las diligençias que se han
puesto, para saluar lo que se ha cobrado, se han hecho con interuençion de la justiçia del Lugar
y el audictor general y una persona en mi nombre y entiendo que ha hauido todo el cuydado y
fiel y legal puntualidad que es justo que aya en cossas desta calidad y hazienda de Vuestra
Magestad.
No se ha puesto este dinero y plata en la arca de las tres llaues porque como me han advertido
que Vuestra Magestad suele mandar que todo el dinero que proçede de otros Naufragios de
Nauios de las Jndias se lleue a la cassa de la Contrataçion me pareçio mejor tenerlo assi aparte
hasta tanto que Vuestra Magestad mandaselo que se ha de hazer del.
De las diligençias que el Audictor General ha hecho para entender se si hauia hauido alguna
desorden en los que primero llegaron al Naufragio no ha resultado hasta aora culpa ni Jndiçio
della contra ninguno y aun que pareçe cossa dificultosa de creer ma aseguran por todas las
partes que no lo ha hauido.
An me advertido que si se levantassen unas Reliquias del fondo de la Naue que han quedado
cassi hundidas en el arena podria ser que alli debaxo y a los Lados se hallase dinero y
especialmente de una arca en que hauian puesto Los marineros todo el que tenian que pareçe
segun el lugar donde dizen que la pussieron que hauia de estar por alli – e embiado a examinar
la costa que puede hazerse en lebantar el dicho fondo si fuere cossa Ligera Luego se pondra en
execuçion o aduertire a Vuestra Magestad dello que en ello huviere para que mande lo que
fuere seruido
Guarde Dios a Vuestra Magestad muchos anos Con la Filiçidad que la Christianidad ha
menester de Lisboa 30 de Deziembre 1589
Esteuan de Ybarra
72
AGS Guerra Antigua 282-156, Lisboa, 3 de Março de 1590, Carta de Estevan de Ybarra ao Rei
[Filipe II] sobre o apresto de navios e o salvamento da carga da nau que deu ao través em
Setúbal. Extracto.
Al Rey Nuestro Señor
En manos de Juan de Ybarra su Secretario//
Al rey nuestro señor
Lisboa
Esteban de ybarra 3 de março de 1590
Embio Relaçion de todo el dinero que se ha saluado de la Nao que dio al traues - y lo que
monta La plata y oro en Pastas – y de lo que se ha entregado las Arcas A Gonzalo de salamanca
y otra mas particular (…)
Los caxones y sacos çerrados en que se saluo el dinero que se cobro de la nao perdida en la
playa de Setúbal, se haurieron y contaron en presençia del audictor general y Scriuano que se
hallaron al sacarlos de l agua. Y lo que en ellos hauia vera Vuestra Magestad, por la relaçion
que con esta embio, en la qual va tambien todo el demas dinero que de la dicha naue se saluo
y la plata y oro y lo que ha pessado delante de los mesmos.
Tambien va en la dicha Relaçion lo que dellos se ha entregado y queda en las arcas de tres
llaues en poder de Gonçalo de Salamanca conforme a lo que Vuestra Magestad me tiene
mandado.
Va aora tan sumario porque no ha podido el Sriuano sacar en limpio la Relaçion particular con
los autos la qual se embiara y por ella constara y es pacificadamente de todo lo particular que
es menester para entender lo que hauia en cada caxon y en cada saco y las senales que trayan
y a quien venia dirigido.
73
Tampoco va aora la Relaçion de las costas que se ha hecho en cobrar este dinero y conduçirlo
hasta aquí porque la mayor parte dellas, se han hecho en Setubal y por ante aquel Juez y no ha
embiado la Relaçion y autos dello que tambien se embiaran a Vuestra Magestad con particular
distinçion de cada cossa.
Si alguna differençia ay de lo que aora ha montado este dinero a lo que se contiene en las
relaçiones differentes que hasta aora se han embiado dello a consistido en algunas faltas que
se han hallado en algunos de los dichos caxones y sacos que venian çerrados y porque tambien
en otros hauido mas de lo que sus titulos dezian es muy poco lo que va a dezir de aquellas
relaçiones a esta.
Va assi mismo con esta una relaçion de todo lo que han montado los gastos que se hizieron en
el aparejo y prouission de los Nauios que fueron a las Terzeras todos los cargos que Della
resultan a los mestres y las listas de la gente mareante con la claridad de todos los sus dicho se
ha embiado a Seuilla para que // quando los nauios lleguen alli se haga la aueriguaçion con los
dichos mestres y a los que van a sueldo se les de quenta de sus fletes y a los nauios de Vuestra
Magestad se les pida cuenta dello.
Los recaudos para la quenta de todo esto quedan aquí para darla donde Vuestra Magestad
fuere seruido y esto Supplico a Vuestra Magestad sea con brevedad porque por ser cossa que
esta a mi cargo querria se diesse bien y satis 10 deste auydado siendo Vuestra Magestad
seruido.
Como Vuestra Magestad mandara Ver por la Relaçion del dinero quedansense los seys mill
Pessos en Oro que Vuestra Magestad mando embiar me para esta spediçion de los quales y de
los otros mismos que por la dicha relaçion consta que montan los mantenimientos y cossas
que se tomaron de los Almazenes de Vuestra Magestad (por no hallarse a comprar de aquel
genero en esta çiudad al tiempo que los nauios se aprestaron) quedo aguardando lo que
Vuestra Magestad fuere seruido que los seys mill Pessos se entreguen a Gonçalo de Salamanca
para meterlos en la arca por cuenta de Vituallas hasta necessidad ay dellos para todo lo que
aquí se offreze y los otros se podrian siendo Vuestra Magestad seruido emplear en otros tales
mantenimientos para boluer a los almacenes o como mas fuere seruido Vuestra Magestad a
quien Guarde Dios con la feliçidad que la cristiandad ha menester. De Lisboa 3 de Março de
1590.
Esteuan de ybarra
10
Riscado, no original.

Documentos relacionados