A Arquitetura do Escritório Forte Gandolfi 1962-1973

Transcripción

A Arquitetura do Escritório Forte Gandolfi 1962-1973
Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Arquitetura do Escritório Forte Gandolfi
Michelle Schneider Santos
2011
1962-1973
Apresentação

A análise das obras dos arquitetos Luiz Forte Netto e José Maria Gandolfi é o
principal objetivo desta pesquisa, com enfoque na produção enquanto sócios no
escritório Forte Gandolfi Arquitetos Associados (1962 a 1973[4]);

O interesse no trabalho destes arquitetos surgiu, primeiramente, na
admiração pela qualidade tectônica do edifício do Instituto da Previdência do Estado
do Paraná (1967), o qual resiste às intervenções inevitáveis dos edifícios públicos
brasileiros.

A relevância do estudo das obras dos arquitetos paulistas está na
possibilidade de evidenciar e divulgar a importância destes profissionais no cenário
paranaense e nacional, tendo-os como pioneiros na difusão do ideário moderno.
Recorte Temporal : 1962 – 1973
Metodologia
 Coleta de dados primários sobre as obras
Acervo Luiz Forte Netto
Acervo Roberto Gandolfi
Acervo Orlando Busarello
Acervo Instituições (IPE,
Petrobrás…)
 Coleta de dados secundários sobre as obras
Arquivo Paulo Pacheco
Bibliografia existente
 O material empregado nas análises foi coletado nas bases primárias e consta de
projetos, desenhos e fotografias originais – 41 (quarenta e uma) obras no total.
 A pesquisa procurou também englobar todas as obras que obtiveram alguma
premiação e/ou publicação em livros/ periódicos – 35 (trinta e cinco) obras.
 Foram consideradas prioritárias e analisadas em maior profundidade as obras mais
importantes e aquelas em que foi possível dispor de maiores informações e por
permitirem uma maior facilidade de acesso. As demais obras também foram
incluídas no estudo, de maneira sumária, nas fichas – 35 (trinta e cinco) obras.
Estrutura da Pesquisa
Dividida em duas partes:
 Primeira parte: trajetória do arquitetos desde sua formação na Universidade
Mackenzie (1954-1958); estágios em escritórios importantes em São Paulo; as
parcerias estabelecidas em concursos de arquitetura (1958-1961); a mudança para
Curitiba e seu estabelecimento na cidade (1962); rompimento da sociedade (1973).
Ao longo desta parte são inseridas algumas obras significativas do escritório.
 Segunda parte: produção arquitetônica do escritório Forte Gandolfi - a qual se teve
acesso aos arquivos de projeto e de publicações. Foram encontradas trinta e cinco
obras que datam desde o início do escritório em 1962 até o seu fim, em 1973.
Estrutura da Pesquisa
Introdução
Primeira Parte:
Segunda Parte:
1. Formação 1954-1961
4. Produção Arquitetônica 1962-1973
2. Estabelecimento 1962-1965
3. Reconhecimento e Dispersão 1966-1973
Conclusões
Referências Bibliográficas
Apêndices
Anexos
1. Formação 1954-1961
Arquitetos
Luiz Forte Netto
1936
1958
Nasceu em São Paulo, capital, em 19 de fevereiro;
Estudou no colégio Dante Aglieri com Francisco Petracco;
Formou-se em Arquitetura na Universidade Mackenzie
(SP);
Trabalhou com Fabio Penteado no edifício do IAB-SP;
1960
Veio a Curitiba, a convite de Franscico Moreira;
1961
Se estabeleceu em Curitiba;
1962
Fundou o escritório Forte Gandolfi; Venceu o concurso para a nova
sede do Santa Mônica; Participou da implantação do Curso de
Arquitetura da UFPR, onde iniciou sua carreira de docente.
José Maria Gandolfi
1933
1958
1959-61
1962
Nasceu em São Paulo, capital;
Formou-se em Arquitetura na Universidade Mackenzie (SP);
Trabalhou com Pedro Paulo de Melo Saraiva;
Fundou, em Curitiba, o escritório Forte Gandolfi Arquitetos Associados;
Venceu o concurso para a nova sede do Santa Mônica Clube de Campo.
 Universidade Mackenzie
 Início da atividade profissional
em São Paulo
 Arquitetura de tendência
Brutalista
- Stockler das Neves e o sistema Beaux Arts
-“a prancheta era o objetivo do curso” (PETRACCO, 2009 )
- Estágios e Concursos de Arquitetura (Plano Piloto de
Brasília com Pedro Paulo M. Saraiva)
- IAB/SP – Artigas, Carlos Millan, Kneese de Melo, [...]
- Escritório Pedro Paulo M. Saraiva.
- Escritório Fábio Penteado.
- “o apelo à expressividade do concreto” (SEGAWA, 1997)
- As principais características da Arquitetura Paulista
Brutalista: preferência pela solução em monobloco, o
contraste visual em relação ao entorno, franqueza dos
acessos, horizontalidade, vazios verticais internos, e
jogos de níveis, emprego quase exclusivo de estruturas
em concreto armado, pilares com desenho trabalhado ...
(ZEIN, 2005).
Clube Harmonia de Tênis (1958), São Paulo.
Fonte: Acrópole n. 260. junho 1960
2. Estabelecimento 1962-1965
 Antecedentes Paranaenses
- Frederico Kirchgässner; Vilanova Artigas; Ayrton Lolô
Cornelsen; Rubens Meister; Elgson Gomes.
- Centro Cívico do Estado (1951).
 Curitiba, um destino
- Residência José de Freitas Neto (1962)
 Afirmação: Clube de Campo Santa Mônica (1962)
Maquete da primeira proposta para a Sede do Clube (1962)
Fonte: Arquivo Roberto Gandolfi
Escola Itanhaém (1959-60): repetição da estrutura.
José Moscardi. ARTIGAS, 1997, p. 90.
Fonte: foto
 Movimento de 1964: Monumento à Fundação de Goiânia (1964)
Monumento à Fundação de Goiânia (1964), Goiânia. Forte e Gandolfi.
Fonte: ACRÓPOLE, n. 312 nov-dez 1964
Monumento Playa de Giron (1962), Cuba. Fábio Penteado e equipe.
Fonte: PENTEADO, 1998.
 Conquistando o território: Residência Mário Petrelli (1964)
 Ensino de Arquitetura: Universidade Federal do Paraná
 Desenho da cidade: IPPUC (1965)
 Alcançando o Litoral: Residência Guido Weber Caiobá (1965)
Vista do ponto de apoio
Fonte: arquivo Paulo Chiesa
Elevação Leste/ Elevação Oeste.
Fonte: desenho da autora sobre projeto original
Vista lateral do Ginásio de Guarulhos
(1960-62), Vilanova Artigas.
Fonte: foto Nelson Kon (2G, n.54, 2010).
 Os Concursos de Arquitetura: Centro Turístico Euro Kursaal (1965)
Corte transversal da edificação térrea bi-apoiada.
Fonte: Revista Arquitetura, n. 43, janeiro 1966.
Palácio Quinta Avenida (1958), Pedro Paulo de Melo Saraiva
Fonte: foto Pedro Kok, disponível em http//www.pedrokok.com.br.
Balanço da edificação sobre a calçada pública.
Fonte: Arquivo Roberto Gandolfi.
Croquis Clube XV de Santos (1963)., Pedro Paulo M. Saraiva.
Fonte: MENDONÇA, 2006. p. 106.
3. Reconhecimento e Dispersão 1966-1973
 Frutos do reconhecimento: Clube Curitibano (1966) e Clube Círculo Militar (1966)
Auditório do Conjunto Anhembi (1965), Jorge Wilheim
e Miguel Juliano. Fonte: WILHEIM, 1985, p. 41.
Vista aérea Sede Social do Clube Curitibano (1966), anterior a reforma de
fechamento do terraço. Fonte: Acervo Luiz Forte Netto.
Corte do Ginásio do Círculo Militar (1963).
Fonte: XAVIER, 1985, p. 71.
Convention Hall (1953-54), Mies Van der Rohe.
Fonte: ZEIN, 2005, p. 133.
 Contribuição à Habitação Coletiva: Edifício Itapoã (1966) e Edifício Panorama (1966).
 Auge: Concurso Edifício Sede da Petrobrás no Rio de Janeiro (1966-67)
Perspectiva e solução plástica (1ª proposta): preocupação com a
monumentalidade. Fonte: Arquivo Roberto Gandolfi
Plantas e Perspectiva (2ª Proposta). Fonte: Arquivo Roberto Gandolfi
 Pragmatismo Projetual: Instituto da Previdência do Estado (1967)
Acesso ao edifício e praça linear. Fonte: foto da autora, 2009.
Planta Pavimento-Tipo (3º Pvto – de acesso).
Fonte: desenho da autora sobre projeto original.
Modulor (1948), Le Cobusier
Planta do 3º Pavto.– Carpenter Center (1961-63)
Le Corbusier. Fonte: GA;University n. 5, p. 68.
 Moderno como Matriz: Academia da Polícia Militar do Paraná (1968)
 A participação na Bienal de Arquitetura de Paris (1969)
- Complexo Turístico Brasil Paraguai Argentina
Equipe: José Maria Gandolfi, Luiz Forte Netto, Roberto Gandolfi, Abraão Assad, José Sanchotene e Jaime Lerner
Croquis e Maquete do projeto Complexo Turístico Brasil Paraguai Argentina de 1969.
Fonte: Arquivo Roberto Luis Gandolfi.
 A escassez dos concursos: Banco do Brasil de Caxias do Sul (1970)
 Dispersão do grupo: Clínica de Repouso João 23 (1973)
Vista geral frontal – Clínica de Repouso João 23 (1973).
Fonte: XAVIER, 1985, p. 150
Implantação– Clínica de Repouso João 23 (1976). Fonte: desenho da autora sobre
projeto original.
Croquis da Igreja Presbiteriana de Brasília (1964) – Ubirajara Ribeiro.
Fonte: ZEIN, 2005, p. 220.
Fachada longitudinal - FAU-USP (1961), Vilanova Artigas.
Fonte: ARTIGAS, 1997. p. 97.
4. Produção Arquitetônica
Lista de obras – fichamento 35 obras
Conclusões
 Desde sua formação como arquitetos, em São Paulo, os arquitetos estiveram sempre envolvidos com as
questões da profissão, ensino de arquitetura e a prática de projeto. Além disso, eles tiveram contato com
importantes personagens da arquitetura paulista como Pedro Paulo de Melo Saraiva e Fábio Penteado.
 A realização de obras importantes em Curitiba, aliadas a sua participação no planejamento urbano e no
ensino no primeiro curso de arquitetura do estado do Paraná (UFPR) são fatores que corroboram o seu
sucesso profissional.
 Observou-se que os arquitetos tiveram intensa participação em concursos de arquitetura. Durante
aproximadamente onze anos juntos, Forte Netto, José Maria e Roberto Gandolfi (entre 1964-69), com
colaboradores como Joel Ramalho Jr, Vicente de Castro, Abraão Assad e Orlando e Dilva Busarello,
conquistaram dezenove premiações. Essa participação sistemática em concursos é provavelmente uma
prática que vinha sendo observada desde estudantes, na Mackenzie.
 A tradição acadêmica é forte no trabalho dos arquitetos Forte e Gandolfi, visto que buscavam referências
precedentes em cada novo trabalho; em especial Le Corbusier, Louis Kahn, Mies Van der Rohe e Vilanova
Artigas.
 Após a análise aprofundada da obra de Forte e Gandolfi pode-se afirmar que sua produção deriva da
arquitetura paulista, com a qual estavam ligados no início de suas carreiras, e que ela compartilha
características da Arquitetura Brutalista Paulista como: integração das funções em um único bloco ou
hierarquia de um volume principal; procura pela horizontalidade; primazia pela ortogonalidade; superfícies
rugosas em concreto aparente; vazios internos e jogo de níveis; predominância dos cheios sobre os vazios;
francos acessos; uso frequente de recursos de iluminação zenital (lanternins); uso de vigas-calha e gárgulas;
pilares com desenho acurado, etc..
Referências Bibliográficas (principal)
BANHAM, Reyner. El Brutalismo en Arquitectura. Etica o Estética? Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1966.
BASTOS, Maria Alice J. Pós-Brasília: Rumos da Arquitetura Brasileira: Discurso Prática e Pensamento. São Paulo:
Perspectiva: Fapesp, 2003. (Estudos;190)
BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. 3ª Ed. São Paulo: Perspectiva, 1997.
COMAS, Carlos Eduardo D. Precisões Brasileiras. Sobre um estado passado da arquitetura e urbanismo modernos.
Tese (doutorado). Paris: Universidade de Paris VIII;Vincennes;St-Denis, 2002
DUDEQUE, Irã. Espirais de Madeira: uma história da arquitetura de Curitiba. São Paulo: Studio Nobel, 2001.
GNOATO, Luis Salvador. Arquitetura do Movimento Moderno em Curitiba. Curitiba: Travessa dos Editores, 2009.
(Coleção A Capital)
______. Arquitetura e Urbanismo de Curitiba: transformações do movimento moderno. Tese (Doutorado em
Arquitetura). São Paulo: FAU-USP, 2002.
PACHECO, Paulo C. B. O Risco do Paraná e os Concursos Nacionais de Arquitetura 1962-1981. Dissertação
(Mestrado em Arquitetura). Curitiba: PROPAR UFRGS; PUC-PR, 2004.
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. São Paulo: Edusp, 1997.
XAVIER, Alberto. Arquitetura Moderna em Curitiba. São Paulo: PINI – Curitiba: FCC, 1985.
ZEIN, Ruth Verde. A Arquitetura da Escola Paulista Brutalista: 1953 - 1973. Tese (Doutorado em Arquitetura).
Porto Alegre: UFRGS; PROPAR, 2005.
ZEIN, Ruth V.; BASTOS, Maria Alice J. Brasil: Arquiteturas após 1950. São Paulo: Perspectiva: 2010.
ZEIN, Ruth Verde (coord.) Pesquisa sobre Arquitetura Brutalista Paulista. Disponível em
http//www.arquiteturabrutalista.com.br. Acesso em 10/06/2009.
PERIÓDICOS CONSULTADOS: Acrópole, Arquitetura, Arquitextos – Vitruvius, Projeto, Projeto Design

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