Apoio: Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho
Transcripción
Apoio: Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho
Volume 59 - Suplemento 2 2014 ISSN 0101-6067 ISSN 1809-3019 - on-line IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Apoio: Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho Provedor Kalil Rocha Abdalla Diretor Superintendente Irineu Francisco Delfino Silva Massaia Antonio Carlos Forte Diretor Clínico Raimundo Raffaelli Filho Presidente da FAVC José Cândido de Freitas Júnior Diretor – Faculdade de Ciências Médicas Valdir Golin Editor Chefe Osmar Monte – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo Brasil Editores Associados Pedro Paulo Chieffi - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil Carlos Sérgio Chiattone - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil Ligia A. da Silva Telles Mathias - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil Hudson de Souza Buck - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - Brasil Distribuição: Faculdades, Universidades, Bibliotecas de Medicina e Ciências da Saúde, Departamentos e Centros de Estudos dos Hospitais e Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Acesso on line: http://www.fcmscsp.edu.br Peridiocidade: Quadrimestral Tiragem: 1.500 cópias Impressão: Neoband Soluções Gráficas Ltda. Tel.: (11) 2199-1200 Endereço para correspondência: Revista Arquivos Médicos Coordenação Editorial/Técnica Biblioteca - FCMSCSP Rua Dr. Cesário Mota Jr, 61, 2º andar – São Paulo – SP A/C.: Sonia Regina Fernandes Arevalo / Sabia Hussein Mustafa Fones (11) 3367.7735 – 3367.7815 e@mail: arquivosmedicos@fcmsantacasasp. edu.br Indexada na Base de Dados / LATINDEX (Sistema de Información em Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal). Disponível no Portal de Periódicos da CAPES. Conselho Editorial Adauto José G. de Araújo (Fundação Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro – Brasil) Adhemar Monteiro Pacheco Jr. (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Alessandra Linardi (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Ana Luiza G. Pinto Navas (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Antonio José Gonçalves ((Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Antonio Pedro F. Auge (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Carlos Alberto C. Lima (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Carlos Alberto Longui (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Carlos Alberto Malheiros (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Carlos Emilio Levy (Universidade Estadual de Campinas - Campinas - Brasil) Carmita Helena Najjar Abdo (Universidade de São Paulo – São Paulo - Brasil) Daniel Romero Muñoz (Universidade de São Paulo – São Paulo - Brasil) Dino Martini Filho (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Eduardo Iacoponi (Lambeth Early Onset Services - London) Eitan N. Berezin (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Eliana Biondi de M.Guidoni (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Gil Guerra Junior (Universidade Estadual de Campinas –Campinas - Brasil) Hudson de Souza Buck (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Jair Guilherme dos Santos Junior (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) José da Silva Guedes (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) José Egídio Paulo de Oliveira (Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro - Brasil) José Humberto T. G. Fregnani (Hospital do Câncer de Barretos - Barretos - Brasil) José Mendes Aldrighi (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Kátia de Almeida (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Leonardo da Silva (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Luis Guillermo Bahamondes (Universidade Estadual de Campinas – Campinas - Brasil) Luisa Lina Villa (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Luiz Antonio Miorim (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Luiz Arnaldo Szutan (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Luiz Fernando Ferreira (Fundação Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro – Brasil) Lycia Mara Jenné Mimica (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Marcia Cristina da Silva Magro (Universidade de Brasília – Brasília – Brasil) Marcia Regina Car (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Margaret de Castro (Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto – Brasil) Maria do Carmo Q. Avelar (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Mariana da Silva Araujo (Universidade Federal de São Paulo – São Paulo - SP) Mariangela Gentil Savoia (Universidade de São Paulo – São Paulo - Brasil) Marsal Sanches (University of Texas – Houston – USA) Mauricio Della Paolera (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo – Brasil) Mauro José Costa Salles (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Osmar Avanzi (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo – Brasil) Paulo Roberto Corsi (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo – Brasil) Quirino Cordeiro Junior (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Raul Sérgio Martins Coimbra (University of California San Diego, San Diego, USA) Regina Aparecida Rosseto Guzzo (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – São Paulo – Brasil) Robert Meves (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo – Brasil) Roberto Alexandre Franken (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Roberto Stirbulov (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Rubens José Gagliardi (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Ruy Lyra da Silva Filho (Universidade Federal de Pernambuco – Recife - Brasil) Sandra Regina S. Sprovieri (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Saulo Cavalcanti da Silva (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte – Belo Horizonte – Brasil) Sheldon Rodrigo Botogoski (Universidade Federal do Paraná – Curitiba – Brasil) Tânia Araújo Viel (Universidade de São Paulo – São Paulo - Brasil) Thomaz Augusto A. da Rocha e Silva (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Tsutomu Aoki (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Valdir Golin (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Vera Lucia dos Santos Alves (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – São Paulo – Brasil) Viviane Herrmann (Universidade Estadual de Campinas – Campinas - Brasil) Wagner Ricardo Montor (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Wilma Carvalho Neves Forte (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Wilson Luiz Sanvito (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – São Paulo - Brasil) Colaboração Coordenação Editorial/Técnica - Bibliotecárias Sonia Regina Fernandes Arevalo Sabia Hussein Mustafa Conheça nossas publicações Propedêutica Neurológica Básica 2ª edição Revista e Atualizada Wilson Luiz Sanvito Formato: 17 x 25 cm | 288 páginas Série Neurologia - Sono e Seus Transtornos - do Diagnóstico ao Tratamento Editor: Wilson Sanvito e Luciano Ribeiro Pinto Jr. Formato: 17,5 x 25 cm | 276 páginas Série Neurologia - Esclerose Múltipla no Brasil - Aspectos Clínicos e Terapêuticos Editor: Wilson Sanvito e Charles Peter Tilbery Formato: 14 x 21 cm | 292 páginas O livro que vem integrar a Série Neurologia – Diagnóstico e Tratamento, cujo objetivo é a atualização do neurologista, particularmente no diagnóstico e no tratamento, de acordo com as particularidades médicas e assistenciais próprias de nosso país. Esclerose Múltipla no Brasil - Aspectos Clínicos e Terapêutico sé livro cujo objetivo é a atualização do neurologista, particularmente no diagnóstico e no tratamento, de acordo com as particularidades médicas e assistenciais próprias de nosso país. O Poder Encantatório das Palavras Wilson Luiz Sanvito Formato: 14 x 21 cm | 372 páginas As Lembranças Que Não se Apagam Wilson Luiz Sanvito Formato: 14 x 21 cm | 296 páginas Neste livro, o autor aborda uma série de verbetes, procurando lidar com a palavra no que ela pode ter de representativo dentro do seu ponto de vista. A obra inclui temas de natureza política, filosófica, literária, científica, psicológica, religiosa, humorística e comportamental. 'As lembranças que não se Apagam (quase memórias)' é um livro escrito por um autor, médico e professor universitário, que usa do artifício de recuperar lembranças para abordar o homem no seu estar no mundo. Livro de Bolso de Geriatria Milton Luiz Gorzoni e Renato Moraes Alves Fabbri Formato: 13 x 18 cm | 380 páginas Tratado de Cirurgia do CBC Roberto Saad Junior, et al. Formato: 21 x 28 cm | 1.568 páginas Cirurgia Torácica Geral - 2ª edição Roberto Saad Junior, et al. Formato: 21 x 28 cm | 1.170 páginas É livro único em seu gênero, na medida que procura contemplar os cirurgiões mais jovens, os residentes em cirurgia e, mesmo os cirurgiões experientes voltados para a reciclagem e atualização de seus conhecimentos concordantemente à moderna doutrina cirúrgica. O livro prospera em sua missão: divulgar os progressos e avanços dessa especialidade cirúrgica, objetivando contemplar o crescente número de cirurgiões torácicos em nosso país, como também as necessidades de ensino dos serviços e programas de residência e especialização em cirurgia torácica geral. O objetivo desta publicação é tornar menos árdua a tarefa do estudante de Medicina e de Reabilitação, como também a do clínico-geral, oferecendo uma metodologia simplificada do exame neurológico, e evitando, sempre que possível, pormenores propedêuticos irrelevantes de pouco interesso prático Seu objetivo é oferecer informações atuais e práticas, dirigidas aos gerontologistas e clínicos, bem como a outros profissionais envolvidos com as particularidades das doenças geriátricas Normas e Condutas em Neonatologia 2ª edição Francisco Paulo Martins Rodrigues e Maurício Magalhães Formato: 17,5 x 25 cm | 434 páginas Alcança sua 2ª edição integralmente revisto, atualizado e ampliado. Foram acrescentados quatro novos e inéditos capítulos. O livro vem sob o selo do Departamento de Pediatria e Puericultura da tradicional Santa Casa de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Serviço de Neonatologia. Série Neurologia - Cefaleia na Mulher Editor: Wilson Sanvito e Eliana Meire Melhado Formato: 17 x 25 cm | 288 páginas O objetivo do livro é levar conhecimento na área da cefaleia, especificamente no gênero feminino, à comunidade científica. Detalha-se o período o gestacional com relação ao tratamento e uso de medicamentos para cefaleia nesta fase. Otorrinolaringologia - Guia Prático José Eduardo Lutaif Dolci e Leonardo da Silva Formato: 13 x 18 cm | 834 páginas O livro tem como objetivo principal apresentar os temas da Otorrinolaringologia. Buscou-se cobrir alguns tópicos para o dia a dia da Otorrinolaringologia, mas também mostrar tendências e as áreas de fronteira com outras especialidades. Guia de Bolso de Neonatologia Serviço de Neonatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo Maurício Magalhães, Francisco Paulo M. Rodrigues, et al. Formato: 12 x 17 cm | 260 páginas Este Manual tem o objetivo de auxiliar o Médico Neonatologista através da apresentação de protocolos mais atualizados nesta área. Esta experiência, em parte traduzida nesta obra literária, não pode ser quantificada, mas vivenciada no dia a dia, nos cuidados ao Recém-Nascido enfermo. IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO 22ª JORNADA DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA PRODUÇÃO CIENTÍFICA, ATIVIDADES ASSISTENCIAIS E DE ENSINO - 2013 22ª JORNADA DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA PRODUÇÃO CIENTÍFICA, ATIVIDADES ASSISTENCIAIS E DE ENSINO 2013 REALIZAÇÃO IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO. DEPARTAMENTO DE MEDICINA/CLÍNICA MÉDICA EDITORES Carlos Alberto da Conceição Lima Zied Rasslan Endereço para correspondência: Carlos Alberto da Conceição Lima / Zied Rasslan Departamento de Medicina – Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Rua Dr. Cesário Mota Jr, 112 – Vila Buarque 01221-020 – São Paulo - SP ISSN 0101-6067 ISSN 1809-3019 (on-line) Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2014; 59 (supl. 1): 1-56. ÍNDICE 7 APRESENTAÇÃO 8 MÉDICOS DO DEPARTAMENTO 9 CHEFES DAS CLÍNICAS 9 DIRETORIA DO CENTRO DE ESTUDOS “PEDRO JABUR” DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA 11 RESUMOS DOS TRABALHOS APRESENTADOS NA “22ª JORNADA DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA” 59 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO DEPARTAMENTO DE MEDICINA / CLÍNICA MÉDICA EM 2013 76 Normas Conheça nossas publicações Série das Evidências à Prática: Ginecologia José Mendes Aldrighi e Adriana Bittencourt Couto Campaner Formato: 17,5 x 25 cm | 288 páginas A obra apresenta os conhecimentos mais recentes e relevantes, abordados de forma prática e objetiva. Atualiza os ginecologistas sobre temas intrigantes, controversos e polêmicos. Obstetrícia - Fundamentos e Avanços na Propedêutica. Diagnóstico e Tratamento José Mendes Aldrighi, Liliam de Paiva Rodrigues Hsu e Silvia Regina Piza Ferreira Jorge Formato: 17,5 x 25 cm | 400 páginas Conteúdo prático e objetivo para o residente em obstetrícia e para o aluno de graduação, futuro obstetra mais determinado no estudo e no futuro de seu progresso como especialista. Pancreatite Aguda Tercio De Campos e Samir Rasslan Formato: 17,5 x 25 cm | 488 páginas Trata-se de uma afecção com aspecto muito amplo, de etiologias distintas, e que se manifesta desde uma forma simples até quadros mais graves, dramáticos, cuja terapêutica apresenta diversas opções e cujos resultados variam de acordo com inúmeros fatores. Ginecologia - Fundamentos e Avanços na Propedêutica. Diagnóstico e Tratamento José Mendes Aldrighi, Vilmar Marques de Oliveira e André Lima de Oliveira Formato: 17,5 x 25 cm | 520 páginas Conteúdo prático e objetivo para o residente em ginecologia e para o aluno de graduação, futuro ginecologista mais determinado no estudo e no futuro de seu progresso como especialista. Anticoncepção - Aspectos Contemporâneos José Mendes Aldrighi e Carlos Alberto Petta Formato: 17 x 25 cm | 238 páginas O livro desenvolve estudo critico e criterioso sobre os métodos anticoncepcionais atualmente disponíveis, bem como sobre suas indicações em situações especiais como, por exemplo, na anticoncepção de emergência. Procedimentos do Internato à Residência Médica Irineu Francisco D. S. Massaia, Karina Moraes Kiso Pinheiro, et al. Formato: 21 x 28 cm | 446 páginas Este livro procura trazer nos seus 63 capítulos um subsídio confiável e abrangente dos mais variados procedimentos que deve o médico dominar. Procura, ainda, enriquecer a leitura com capítulos especiais, de temas tão esquecidos, como interação médicopaciente, correto preenchimento do atestado de óbito, como fazer pesquisa bibliográfica, entre outros. Doença Cardiovascular no Climatério José Mendes Aldrighi, André Arpad Faludi e Antonio de Pádua Mansur Formato: 17,5 x 25 cm | 300 páginas Endocrinologia Ginecológica - Aspectos Contemporâneos José Mendes Aldrighi Formato: 17 x 25 cm | 350 páginas O livro privilegia os seguintes assuntos: fisiopatologia – diagnóstico – tratamento – prevenção. Acrescenta-se, nesse sentido, o estudo com profundidade dos aspectos polêmicos da terapêutica da reposição hormonal na menopausa. O livro foi escrito para alunos de graduação, de ginecologia, residentes, internos e ginecologistas formados; estes últimos com interesse na revisão dos grandes temas dentro da área de endocrinologia ginecológica. Fitomedicamentos na Prática Médica Sônia Maria Rolim Rosa Lima Formato: 17,5 x 25 cm | 424 páginas Fitomedicamentos na Prática Ginecológica e Obstétrica - 2ª edição Sônia Maria Rolim Rosa Lima Formato: 17,5 x 25 cm | 376 páginas Os fitoterápicos podem ser muito úteis, e não conflitam com as práticas terapêuticas alopáticas às quais estamos acostumados. Embora frequentemente tenham poucos efeitos adversos, como todo medicamento, não são isentos deles. É um livro imprescindível e de real interesse para Ginecologistas e Obstetras que prescrevem os fitoterápicos no dia a dia de seu atendimento médico, bem como para outros profissionais da área da Saúde, envolvidos com a administração de novas alternativas terapêuticas. Condutas em Urgências e Emergências para o Clínico (2ª Edição – Revisada e Ampliada) Inclui CD com 238 imagens coloridas Valdir Golin, Sandra Regina S. Sprovieri Formato: 21 x 28 cm | 1.230 páginas Bioquímica de Laguna 6ª edição Revista e Ampliada José Laguna, Enrique Piña Garza, Federico Martínez Montes, Juan Pablo Pardo Vásquez e Hector Riveros Rosas Formato: 21 x 28 cm | 628 páginas Essa segunda edição abrange em seus capítulos a maioria das situações de urgência e emergência, que chegam ao pronto-socorro, de maneira prática, objetiva e fácil de obter a informação procurada. O livro Bioquímica de Laguna é um clássico da literatura biomédica, fato comprovado por suas sucessivas edições – alcança agora sua 6ª edição, Revista e Ampliada. Esse sucesso é comprovado por suas constantes e inúmeras reimpressões, o que vem a refletir sua adoção nos cursos da Área da Saúde. ARQUIVOS MÉDICOS dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo APRESENTAÇÃO 22ª JORNADA DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA O Departamento de Medicina/Clínica Médica (DM) realizou em agosto de 2013 sua 22ª Jornada Científica, evento anual que reúne professores, demais médicos do DM e da comunidade, residentes, especializandos, ex-alunos e alunos da graduação, pós-graduação e convidados de todas as áreas da saúde para, em conjunto, discutir temas de atualização, focados em diagnóstico e tratamento, alem da exposição de trabalhos científicos. A Jornada tem como objetivo maior enfatizar o conceito de “Aprendizagem Continuada”, mediante ensino e reciclagem, que levam ao constante aperfeiçoamento médico e motivação à pesquisa. Este evento é também momento de reflexão, em que temos de reverenciar aos que nos precederam e que construíram os pilares deste Departamento, tornando-o um dos maiores da Instituição na assistência aos doentes e o que participa com maior carga horária no curso de graduação da Faculdade, destacando-se também pela produção cientifica e cultural de seus integrantes; portanto, a nossa homenagem a todos, representados pelos ex-diretores, Professores Oscar Monteiro de Barros, Pedro Jabur, Edwin Castelo, Adauto Barbosa Lima, Wilson Luiz Sanvito, Ivan Carlquist, Ernani Geraldo Rolim, Roberto Alexandre Franken e Valdir Golin . Por outro lado, é também o momento de gratidão e agradecimento, especialmente à alta administração da Santa Casa, representada pelo Dr. Kalil Rocha Abdalla (Provedor) e Dr. Antonio Carlos Forte (Superintendente), pelo apoio sempre presente às realizações do Departamento, que nos permite dar atendimento adequado aos pacientes e bom treinamento aos alunos; reconhecimento aos dirigentes da Faculdade de Ciências Médicas e de sua Mantenedora, Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, nas pessoas do Prof. Dr. Valdir Golin (Diretor da Faculdade) e Eng. José Cândido de Freitas Junior (Presidente da Diretoria Executiva da Fundação), pelo privilégio de podermos atuar nas áreas de ensino e pesquisa, onde os integrantes do DM também participam com alma e coração. Aos colegas, companheiros de todas as horas e sustentáculos do Departamento, pelo empenho, competência e dedicação constantes, nossa eterna gratidão. Aos alunos, a certeza que sempre terão no DM mestres na concepção maior do termo, não apenas transmitindo conhecimentos, mas principalmente, motivando-os e dando exemplos de trabalho, dedicação e dignidade. Agradecimento especial à Sociedade Brasileira de Clínica Médica e aos bancos Santander e Bradesco pelo apoio para publicação deste suplemento e à Diretoria do Centro de Estudos que, sob o comando do seu presidente, Dr. Zied Rasslan, tão bem organizou este evento. A síntese dos trabalhos apresentados na Jornada atesta o empenho de seus autores, bem como a qualidade e atualização de suas pesquisas. O Resumo das Atividades do Departamento em 2013 evidencia a sua importante participação na assistência, no ensino e na produção científica, razões de ser da sua existência. Prof. Dr. Carlos Alberto da Conceição Lima Diretor do Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Chefe do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo 7 ARQUIVOS MÉDICOS dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo MÉDICOS DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA Adriana Pessoa Mendes Eris Adriano Namo Cury Ana Clara K. V. do Nascimento Andrea Olivares Magalhães Andrea V. B. U. Freirias Andrea Vieira Argemiro Scatolini Neto Barbara Daniela de Oliveira Berenice C. O. Valerio Branca Dias Batista de Souza Bruno Vaz Kerges Bueno Carla S. Russo Z. Funchal Carlos Alberto C. Lima Carlos Sergio Chiattone Carolina Ferraz da Silva Carolina Morasco G. Porto Carolina Steller Wagner Charles Peter Tibery Cícera da Silva Bento Clarice Marie Kobata Cristiano Barbosa Campanholo Cristiano Torres da Silva Daniel Bartholo de Hyppolito Dawton Yukito Torigoe Deborah Madeu Pereira Eliane Figueiredo Taddeo Elisete Isabel Croco Érica Marques Alves Lima Fabio Barreto Cabral Fernanda Gomes G. Chaer Fernando Jose Spahnuolo Flavia Souza e Silva de Almeida Gisele Bulamarque Klautau Hélio Gomes Cardim Silva Igor Bastos Polonio Irineu Francisco D. Massaia João Eduardo Nunes Salles Joao Paulo Rosa Coelho Joaquim Antonio da F. Almeida Jonh Verrinder Veasey Jorge Ethel Filho José Carlos Aguiar Bonadia José Ferraz de Souza José Flavio Castellucio José Gustavo B. Romaldini Jose Henrique de C. Basilio Juliana Cristina F. Alves Juliana Miranda de L. Valim Juliana Tavora Sobreira Karine Simone Dermatologia Endocrinologia Hematologia Nefrologia Psiquiatria Gastroenterologia Cardiologia Cardiologia Neurologia Reumatologia Cardiologia Dermatologia Clínica Médica Hematologia Endocrinologia Cardiologia Nefrologia Neurologia Nefrologista Dermatologia Reumatologia Clínica Médica Cardiologia Reumatologia Pneumologia Clínica Médica Dermatologia Nefrologista Neurologia Reumatologia Clínica Médica Medica do Trabalho Infectologia Nefrologia Pneumologia Clínica Médica Endocrinologia Nefrologia Clínica Médica Dermatologia Pneumologia Clínica Médica Nefrologia Clínica Médica Pneumologia Clínica Médica Nefrologia Reumatologia Hematologia Dermatologia Livia Simão de Carvalho Luiz Antonio Miorin Luiz Renato Breviglieri Marco Ricardo Russo Marcos Felipe Donini Souza Dias Marcus Antonio M. O. Ferreira Maria Elisa Ruffolo Magliari Maria Fernanda Mendes Maria Luiza Q. de Miranda Mariana Amelia S. T. Gasparetto Mariana de Figueredo Silva Marina Bruniera Anchieta Mauricio da Silva Rocha Mauro José Costa Salles Milton Luiz Gorzoni Nilza Maria Scalissi Osmar Monte Patricia Malafronte Patricia Satiko Aoki Paulo Eugenio de A. C. Brant Pedro Jabur Perla Olivera Schuls Raquel de Barros C. Gonzaga Regina Helena Lima Caltabiano Renato Jorge Alves Renato Moraes Alves Fabbri Roberta Buense Bedrikow Roberto Alexandre Franken Roberto Gomes da Silva Junior Roberto Stirbulov Rodrigo Geraldo Nascimento Rogerio Castro Reis Ronaldo Fernandes Rosa Ronaldo Rabello Rosana Lazzarini Rubens José Gagliardi Savia Christina Pererira Bueno Sergio Telerman Silvia A. Soutto Mayor Silvio Luiz Cardenuto Tania Lopes da Silva Tatel Kadri Thais Zélia dos Santos Uelra Rita Lourenço Wilson Lopes Pereira Wilson Luiz Sanvito Yoná Afonso Francisco Yvoty Alves dos Santos Sens Zied Rasslan 8 Nefrologia Nefrologia Pneumologia Pneumologia Cardiologia Dermatologia Clínica Médica Neurologia Gastroenterologia Clínica Médica Dermatologia Nefrologia Cardiologia Infectologia Clínica Médica Endocrinologia Endocrinologia Nefrologia Psiquiatria Gastroenterologia Nefrologia Gastroenterologia Nefrologia Nefrologia Cardiologia Clínica Médica Dermatologia Cardiologia Gastroenterologia Pneumologia Cardiologia Reumatologia Cardiologia Cardiologia Dermatologia Neurologia Cardiologia Cardiologia Dermatologia Clínica Médica Pneumologia Cardiologia Psiquiatria Cardiologia Cardiologia Neurologia Cardiologia Nefrologia Clínica Médica ARQUIVOS MÉDICOS dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo CHEFES DAS CLÍNICAS Clínica Médica: Prof. Dr. Carlos Alberto C. Lima Cardiologia: Prof. Dr. Roberto Alexandre Franken Dermatologia: Dra. Rosana Lazzarini Endocrinologia: Profª Dra. Nilza Maria Scalissi Gastroenterologia: Profª Dra Andrea Vieira Hematologia: Prof. Dr. Carlos Sérgio Chiattone Nefrologia: Profª Dra. Yvoty Alves dos Santos Sens Neurologia: Prof. Dr. Rubens José Gagliard Pneumologia: Dr. Jorge Ethel Filho Reumatologia: Dra. Branca Dias Batista de Souza DIRETORIA DO CENTRO DE ESTUDOS “PEDRO JABUR” DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA Presidente: Prof. Dr. Zied Rasslan Vice-Presidente: Dr. Joaquim Antonio da Fonseca Almeida Secretário: Prof. Dr. José Ferraz de Souza Tesoureiro: Dr. Luis Cláudio Rodrigues Marrochi Diretor Científico: Prof. Dr. João Eduardo Nunes Salles Diretor de Comunicação: Dr. Igor Bastos Polonio Conselho Fiscal: Prof. Dr. Milton Luiz Gorzoni Dr. Paulo Eugênio de Araújo C. Brant 9 Fisioterapia nas Lesões do Esporte Vera Lúcia dos Santos Alves e Aires Duarte Júnior Formato: 17 x 24 cm | 152 páginas Fisioterapia nas Lesões do Esporte é livro que tem sua origem no tão conceituado Serviço de Fisioterapia do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de São Paulo. Seu conteúdo destina-se a ir ao encontro do crescente grau de desempenho que os atletas neste século vêm sofrendo por uma competitividade muitas vezes exagerada, a qual, lamentavelmente, origina-se de pressões de marketing e patrocinadores. É algo que faz, dir-se-ia esses heróis, tentar uma performance além de seus próprios limites biológicos, o que fatalmente os leva a desgastes dos sistemas, por exemplo, osteoligamentoso muscular e, com a continuidade, a lesão. É preventivamente neste momento que a fisioterapia atua, evitando a lesão como subsequente o pós-lesão, promovendo sua recuperação. Fisioterapia nas Lesões do Esporte apresenta didática toda especial, pois o seu texto está dividido em capítulos que especificamente atendem à modalidade de cada exercício: futebol, triathlon, tênis, natação, voleibol, atletismo (corridas), basquetebol, etc. Seu público-leitor está constituído por Fisioterapeutas, Graduandos e Pós-graduandos em Fisioterapia, Ortopedistas, Traumatologistas e Internos e Residentes em Ortopedia e Fisioterapia. Fisioterapia nas Lesões da Coluna Vera Lúcia dos Santos Alves e Robert Meves Formato: 17 x 24 cm | 128 páginas Fisioterapia nas Lesões da Coluna é livro originado no Grupo de Afecções da Coluna Vertebral do conceituado Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Trata-se de livro prático, contendo informações objetivas e pontuais, tendo por base a longa experiência científica e assistencial dos fisioterapeutas da Irmandade da Santa Casa e os professores convidados, fisioterapeutas com excelente expertise na área. Experiência enriquecida pela contribuição igualmente científica e assistência dos docentes do Departamento de Ortopedia e Traumatologia, por meio de diálogos e troca de informações, sempre buscando o objetivo maior: a excelência do trabalho fisioterápico das lesões da coluna vertebral. Fisioterapia nas Lesões da Coluna é livro, pois, que se tornará leitura obrigatória para Fisioterapeutas, estudantes de Fisioterapia, Ortopedistas e Traumatologistas e, por extensão, todos os envolvidos com esse tipo de lesão, por vezes, incapacitante. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. RESUMOS DOS TRABALHOS APRESENTADOS NA “22ª JORNADA DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA” 11 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Bibliografia consultada: ACROMETÁSTASE NO CÂNCER DO PULMÃO · Luiz Octávio Baldin Caltran, José Rodrigues · Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo · Introdução: O câncer do pulmão, doença rara no início do século XX, é a neoplasia mais letal em todo o mundo. O câncer do pulmão é classificado em quatro diferentes tipos histológicos (escamoso, adenocarcinoma, carcinoma de pequenas células e carcinoma de grandes células), todos eles relacionados a curtas sobrevidas. Campbell, em estudo realizado com 27 pacientes, mostrou que os tumores primários os quais mais frequentemente metastatizam para a pele, são os de mama nas mulheres e pulmão nos homens. As acrometástases, principalmente para as mãos, são incomuns, e representam cerca de 0,007-0,2% de todas as lesões metastáticas. O pulmão é o sítio de origem mais comum, colaborando com 40- 50% dos casos relatados na literatura. Apresentação do Caso: Homem pardo, 69 anos, ex-tabagista (44 maços/ano), etilista, hipertenso há 30 anos manifesta quadro de dor torácica desde maio/13, ventilatório-dependente, apresentando tosse principalmente à noite desde há 6 meses, dispneia aos pequenos esforços há 4 meses, cefaléia holocraniana há 2 meses e grande tumoração na extremidade do quarto quirodáctilo direito que se iniciou há 4 meses. Realizado biópsia em 25/07/13 que identificou carcinoma indiferenciado de sítio primário desconhecido. RX de tórax admissional mostrou imagem hipodensa no terço médio de pulmão direito e tomografia de tórax, de 29/07/13, confirmou a presença de massa sólida hilar, de limites mal definidos e contornos lobulados medindo 6,0 x 4,2 cm e linfonodomegalias mediastinais coalescentes ipsilateral. Discussão e Motivo da Comunicação: Acrometástases são manifestações neoplásicas pouco comuns. Restringem-se a comprometimento de falanges e ossos do carpo e do tarso, leito subungueal e partes moles, derme e epiderme dos pés e das mãos. Essa forma de comprometimento tumoral representa estádios avançados da malignidade e é indício de mal prognóstico com sobrevidas inferiores há seis meses. Conclusão: Apresentamos paciente com diagnóstico de câncer do pulmão e acrometástase como principal manifestação clínica da malignidade. Metástases em extremidades são tardiamente reconhecidas e seu diagnóstico é frequentemente confundido com doença infecciosa e de natureza inflamatório. A demora em confirmar a presença de uma neoplasia tem implicação direta no tratamento e prognóstico desses pacientes. · Campbell I, Friedman H, Alchorne M. Metástases cutâneas de neoplasias: estudo de 27 pacientes. An Bras Dermatol. 1995;70:409-18. Hansen HH, editor. Textbook of lung cancer. London: Martin Dunitz; 2000. 442p. Zamboni M. Epidemiologia do câncer de pulmão. J Pneumol. 2002; 28:41-7. Zamboni M, Carvalho WR. Câncer do pulmão. Sao Paulo: Atheneu; 2005. 287p. DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA PÓSTRANSPLANTE (PTLD) MONOMÓRFICO DO TIPO LINFOMA DE HODGKIN DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Pedro Campelo Neto, Daniela Marinho Tridente, Anderson Simabuco Kohatsu, Alessandra Evangelista Comenalli, Suellen Ka Gi Mo, Guilherme Hideo Sakemi, Talita Maira Bueno da Silveira da Rocha, Carlos Sérgio Chiattone, Renato Moraes Alves Fabbri Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo e Serviço de Hematologia e Hemoterapia da Santa Casa de São Paulo Introdução: Desordens linfoproliferativas póstransplante (PTLD) são proliferações linfóides que ocorrem no contexto do transplante de órgãos sólidos ou células hematopoiéticas, como resultado de imunossupressão. Elas estão entre as complicações mais graves e potencialmente fatais de transplantes. Embora a maioria pareça estar relacionada com a presença do vírus Epstein-Barr (EBV), doença EBV negativa pode ocorrer. Objetivo: Discutir a possibilidade de envolvimento central e do tipo Hodgkin de PTLD pós-transplante renal. Caso Clínico: Mulher de 26 anos, portadora de lúpus eritematoso sistêmico, diagnosticado seis anos antes após abertura do quadro com nefrite lúpica, tendo sido necessário transplante renal. Fez uso de imunossupressores desde então. Foi internada com queixa de alteração do padrão de cefaleia pré-existente há quatro meses. Referia também sudorese noturna e refratariedade do quadro álgico, além de surgimento de náuseas e vômitos. Apresentava VI par craniano deficitário à direita. Os exames de imagem cerebrais revelaram múltiplas lesões com impregnação anelar pelo contraste, com edema perilesional importante. A sorologia para EBV (IgM) foi reagente e o PCR para EBV foi detectável. Foram realizadas tomografias computadorizadas cervical, torácica, abdominal e pélvica, que não revelaram linfonodomegalias. Biópsia cerebral estereotáxica revelou tratar-se de linfoma de Hodgkin clássico. 12 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Discussão: PTLDs monomórficos são proliferações linfóides monoclonais que atendem aos critérios para um dos linfomas de células B ou T/NK reconhecidos. Linfoma de Hodgkin clássico é a forma menos comum de PTLD. A biópsia de tecido envolvido deve cumprir todos os critérios exigidos para o diagnóstico. Em microscopia de luz, o tumor contém uma minoria de células neoplásicas (células de Reed-Sternberg e suas variantes) em um fundo inflamatório. PTLD primário do sistema nervoso central é raro e seu diagnóstico e tratamento são difíceis. 100x60mmHg, frequência respiratória de 25ipm, saturação de O2 de 91%, com ausculta abolida em hemitórax esquerdo. Foi realizado toracocentese que foi compatível com empiema, sendo isolado S. pyogenes na cultura do líquido. Foi realizada a drenagem de tórax e tomografia que evidenciou espessamento da parede do esôfago médio e distal com invasão linfonodal e derrame pleural, sugestivo de empiema à esquerda em contiguidade com o esôfago. A endoscopia digestiva alta revelou lesão ulcero-infiltrativa em transição esofagogástrica e lesão de esôfago distal, e o anatomopatológico foi compatível com carcinoma epidermóide invasivo bem diferenciado. O paciente recebeu 42 dias de antibioticoterapia direcionada ao agente etiológico, com regressão total do empiema loculado. Após a alta hospitalar, foi encaminhado ao serviço de oncologia para tratamento e seguimento da neoplasia. Discussão: O câncer de esôfago é a sexta causa de morte por câncer em homens no Brasil. Há uma predominância no sexo masculino com uma relação de 3:1. Destes, 90% são Carcinomas Epidermoides. Este tipo histológico possui relação direta com fumo, álcool, ingestão de bebidas quentes, além de fatores dietéticos, estenose cáustica, acalasia e fatores genéticos. 70% dos casos tem localização no terço médio e superior. Uma das complicações da doença é a fístula esôfago-pleural, sendo suspeitada nos pacientes após isolamento de um germe colonizador da orofaringe. A endoscopia com biópsia confirma o diagnóstico em mais de 90 % dos casos e o estadiamento é feito geralmente com TC ou PET. O prognóstico depende do estadiamento da doença, sendo que menos de 5% sobrevivem após o diagnóstico. Este paciente encontra-se no estádio IV por metástases em linfonodos não regionais e sua sobrevida em 5 anos é menor que 5%. Bibliografia consultada: · · Friedberg JW, Aster JC. Epidemiology, clinical manifestations, and diagnosis of post-transplant lymphoproliferative disorders. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate. com/contents/epidemiology-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-post-transplant-lymphoproliferative-disorders [14 jul 2013]. Swerdlow SH, Campo E, Harris NL, Jaffe ES, Pileri SA, et al. World Health Organization classification of tumours of haematopoietic and lymphoid tissues. 4th ed. Lyon: IARC Press; 2008. 439p. (World Health Organization Classification of Tumours). NEOPLASIA DE ESÔFAGO Danilo Lopes Assis, Daniel Monte Costa, Jose Henrique de Carvalho Basílio Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: O câncer de esôfago é uma neoplasia relativamente incomum e extremamente letal. No mundo ocidental, a doença tem maior frequência em homens, negros, com mais de 50 anos de idade e de baixo nível socioeconômico. A distribuição epidemiológica sugere o envolvimento de fatores ambientais e alimentares, com uma predisposição genética pouco definida. As deficiências nutricionais associadas ao alcoolismo e ao tabagismo estão associadas à doença. Objetivo: Diagnosticar neoplasia de esôfago, considerando o achado anatomopatológico e os fatores de risco associados à doença. Caso Clínico: Homem de 33 anos, com antecedentes de etilismo, tabagismo e pai falecido por câncer de esôfago, foi admitido no Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo com história de perda ponderal de 20kg com início há 1 ano, associado à disfagia e a dispnéia nos últimos 2 meses. Há 20 dias apresentou febre, dor torácica pleurítica em hemitórax esquerdo, evoluindo com piora da dispneia. Ao exame físico apresentava-se febril (38,5°), pressão Bibliografia consultada: · · · · · 13 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Esôfago. [on line]. Rio de Janeiro: INCA. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/ wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/esofago/ [18 jul 2013]. Graham DY, Schwartz JT, Cain GD, Gyorkey F. Prospective evaluation of biopsy number in the diagnosis of esophageal and gastric carcinoma. Gastroenterology. 1982; 82:228-31. He Z, Zhao Y, Guo C, Liu Y, Sun M, Liu F, et al. Prevalence and risk factors for esophageal squamous cell cancer and precursor lesions in Anyang, China: a population-based endoscopic survey. Br J Cancer. 2010;103:1085–8. Sandler RS, Nyrén O, Ekbom A, Eisen GM, Yuen J, Josefsson S. The risk of esophageal cancer in patients with achalasia. A population-based study. JAMA.1995; 274:1359-62. Siegel R, Naishadham D, Jemal A. Cancer statistics, 2012. CA Cancer J Clin. 2012; 62:10-29. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. PANCREATITE AGUDA SECUNDÁRIA A HIPERCALCEMIA POR HIPERVITAMINOSE: RELATO DE CASO SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR: RELATO DE CASO Renata M.Guazzelli, Talita C. Mizushima, Abdo L. Fares, Carolina P. Andrade, Silvio Luiz Cardenuto, Edson Braga de Souza Junior, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Camila Vaz de Oliveira Neiva, Juliana Simons Godoy, Priscila Marques Intelizano, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri, Paulo Roberto Cavallaro Azevedo, Tércio de Campos Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo e Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo A pancreatite aguda (PA) é uma doença inflamatória autolimitada e que se resolve com medidas clínicas na maioria dos casos. Sua incidência nos EUA varia de 50 a 80 casos para cada 100 mil habitantes por ano, enquanto no Brasil temos cerca de 15 a 20 casos. Suas principais etiologias são biliar, com 40% dos casos e alcoólica, 35% dos casos. Uma etiologia rara é a hipercalcemia. Esta tem como principais causas o hiperparatireoidismo primário e neoplasias. O relato discorre sobre um caso raro de hipercalcemia gerado por hipervitaminose D. O paciente, de 21 anos, utilizava, via intramuscular, visando aumento do volume muscular um polivitamínico veterinário que continha vitaminas A, D e E, levando a uma pancreatite aguda Balthazar B, Apache II 7, Marshall 2 e Sofa 2. Apesar das orientações médicas, o paciente retomou o uso do suplemento, tendo sido internado em mais duas ocasiões: um mês e oito meses após a atual. Nas outras internações, o quadro clínico e evolução foram semelhantes, exceto pelo fato de que na última internação a PA foi classificada como Balthazar C. Por ser uma prática leiga e sem nenhum controle, há escassez de relatos e dados oficiais sobre o tema. Deve-se atentar para investigação do uso indiscriminado de polivitamínicos veterinários em pacientes jovens com quadro de hipercalcemia levando a PA ou outras complicações. Uma anamnese minuciosa é a parte mais importante da consulta médica auxiliando no diagnóstico correto das doenças e de suas etiologias. A recorrência do quadro descrito no relato sugere a má adesão do paciente às orientações da equipe médica, podendo levar a quadros progressivamente mais graves. Fundamentos: A síndrome da veia cava superior (SVCS) é composta de sinais e sintomas secundários à hipertensão venosa do segmento cefálico, cervical e membros superiores, decorrente da obstrução da veia cava superior (VCS). A obstrução pode ser causada por compressão extrínseca do vaso, invasão tumoral, trombose ou secundária a doenças intra-atriais ou intraluminais que dificulte o retorno venoso ao coração. Motivo da comunicação: Discutir a conduta da SVCS na emergência. História e evolução: Paciente do sexo feminino, 62 anos, hipertensa e tabagista deu entrada com quadro de tosse, hemoptise e dispneia há meses, naão sabendo precisar o tempo. Em nosso serviço, paciente evoluiu com piora do desconforto respiratório, edema bipalpebral e dos membros superiores, quando foi aventada a hipótese de SVCS. Foi realizada broncoscopia e biópsia que revelou lesão vegeto-infiltrativa em brônquio fonte direito, diagnosticada como carcinoma de pequenas células infiltrando a parede brônquica. Após broncoscopia paciente realizou radioterapia de urgência seguida por angioplastia com colocação de stent em VCS apresentando melhora importante da pletora facial e dos membros superiores, porém evoluiu com pneumonia associada à ventilação mecânica indo a óbito. Discussão: Anteriormente considerada uma emergência médica potencialmente fatal, atualmente a SVCS só é considerada como emergência na presença de sintomas ou sinais de comprometimento respiratório grave ou neurológico. Na abordagem inicial medidas terapêuticas gerais, como elevação da cabeceira do leito, oxigenioterapia, restrição hídrica devem ser instituídas. Diuréticos e corticoides são utilizados empiricamente, não existindo evidências consistentes do seu benefício. Além de medidas de suporte clínico, os tratamentos radioterápico, quimioterápico, endovascular e cirúrgico configuram as opções terapêuticas consagradas pela literatura. A maioria das neoplasias causadoras da SVCS é sensível à radioterapia e respondem com alívio dos sintomas em alguns dias, porém, atualmente, muitos autores consideram que a radioterapia só deva ser iniciada após a obtenção do diagnóstico histológico. O tratamento endovascular Bibliografia consultada: · · · Campos T, Furbetta PR, Assef JC. Pancreatite Aguda. In: Assef JC, Perlingeiro JAG, Parreira JG, Soldá SC. Emergências cirúrgicas traumáticas e não traumáticas: condutas e algoritmos. São Paulo: Atheneu; 2012. p. 199-206. Pettifor JM, Bikle DD, Cavalerso M, Zachen D, Kamdar MC, Ross FP. Serum levels of free 1,25-dihydroxyvitamin D in vitamin D toxicity. Ann Intern Med 1995;122:511-3. Wysolmerski JJ, Insogna KL. As glândulas paratireóides, hipercalcemia e hipocalcemia. In: Goldman L, Ausiello D. Cecil tratado de medicna interna. 23ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009. p. 2183-93. 14 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. chronic thromboembolic pulmonary hypertension: a clinical practice guideline. Can Respir J. 2010; 17:301-34. oferece alívio rápido dos sintomas relacionados à SVCS, porém deve ser encarado como procedimento paliativo, adjuvante à terapia para a causa de base. O tratamento cirúrgico é pouco utilizado devido à gravidade dos pacientes e ainda pela etiologia maligna, que em muitos casos encontra-se em fase avançada. SINDROME DA ENCEFALOPATIA POSTERIOR REVERSÍVEL: RELATO DE CASO Jaime Benitez Campos, Frederico Lomonaco Cuellar , Rodolfo Swistalski Gimenez, Patricia Homsi Nemoto, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Bibliografia consultada: · · · Cirino LM, Coelho RF, Rocha BP, Batista, BPSN. Tratamento da síndrome da veia cava superior. J Bras Pneumol 2005; 31-540-50. Cordeiro SZB, Cordeiro PB. Síndrome da veia cava superior. J Pneumol. 2002; 28:288-93. Pires NF, Morais A, Queiroga H. Síndroma da veia cava superior como apresentação de neoplasia. Rev Port Pneumol. 2010; 16:73-88. Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A Síndrome da Encefalopatia Posterior Reversível (PRES) é uma síndrome neurológica aguda caracterizada por vômitos, cefaléia, confusão mental, convulsões e alterações visuais, em combinação com uma imagem típica anormal na substância branca nas regiões posteriores de ambos os hemisférios cerebrais. Motivo da comunicação: A PRES tem distribuição esporádica e sua incidência é desconhecida, relatos em todo o mundo não apontam diferenças de ocorrência por gênero. Os principais diagnósticos diferenciais são a síndrome da vasoconstrição reversível puerperal e a Síndrome HELLP. A maioria dos casos de PRES está associada a altos níveis de pressão arterial, no entanto não evidenciado neste caso. Apresentação: Paciente do sexo feminino, 16 anos, com antecedente de drogadição compareceu ao PS-ISCMSP encaminhada de outro serviço devido a quatro episódios de crises convulsivas generalizadas tônico-clônicas associadas a déficit motor à direita no oitavo pós operatório de parto cesáreo. Durante a admissão no pronto socorro apresentou episódio de crise parcial motora. Sem relato de cefaleia e vômitos. Ao exame apresentava-se sonolenta, fala e linguagem preservadas, orientada em tempo e espaço, força muscular GV à esquerda e GIII à direita, pares cranianos sem alterações , sem rigidez de nuca. FC: 84bpm; PA: 110x70 mmHg. Prescrito Fenitoína e Diazepam. Solicitados exames laboratoriais gerais e TC de crânio, punção liquórica, introdução de carbamazepina e coleta de amostras de sangue para realização de sorologias. Manteve-se observação neurológica e cuidados intensivos para tratar a causa de base (Sepse). Durante os dois dias de internação, a paciente não apresentou alterações no padrão de exame físico neurológico, mostrando-se sonolenta, pouco colaborativa com o exame e mantendo-se afebril, normocárdica e normotensa. Discussão: A Hipótese diagnóstica de PRES foi feita antes da Ressonância Magnética de Crânio, baseada na historia clinica. Foi realizada ressonância nuclear magnética (RNM) de crânio, para confirmação TROMBOEMBOLISMO PULMONAR CRÔNICO HIPERTENSIVO: RELATO DE UM CASO COM INDICAÇÃO DE TRATAMENTO CIRÚRGICO Elisabeth de Albuquerque Cavalcanti Callegaro, Stephanie Yuri Torres Ogata, Gabriela Lima Ramos, Edson Braga de Souza Júnior, Afonso Celso Pereira, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: O Tromboembolismo Pulmonar Crônico Hipertensivo (TEPCH) é um quadro de hipertensão pulmonar observado após um período de três meses depois de pelo menos um episódio de embolia de pulmão (TEP). Ocorre em 4% dos pacientes após um evento de TEP, sendo o tratamento mais efetivo a tromboendarterectomia pulmonar. Motivo da Comunicação: descrever o caso de um paciente com TEPCH em que foi realizado tratamento cirúrgico uma vez que este apresenta menor mortalidade em relação ao clínico. Apresentação: JPA, sexo masculino, 30 anos, com história de TEP diagnosticado há quatro meses com persistência de dispnéia durante todo este período. Feita a hipótese de TEPCH sendo realizado tromboendarterectomia pulmonar. Discussão: o TEPCH é uma situação com alta morbi-mortalidade se optado por tratamento clínico, sendo então a tromboendarterectomia o tratamento de escolha. No entanto por se tratar de um procedimento cirúrgico com grandes complicações faz-se necessário pesar o risco-benefício individual. Bibliografia consultada: · · · Fedullo PF, Auger WR, Kerr KM, Rubin LJ. Chronic thromboembolic pulmonar hypertension. N Engl J Med. 2001;345:1465-72. Hipertensão pulmonar tromboembólica. J Bras Pneumol. 2005; 31 (suppl.2):S28-S31. Mehta S, Helmersen D, Provencher S, Hirani N, Rubens FD, De Perrot M, et al. Diagnostic evaluation and management of 15 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. diagnostica de PRES, em que demostrou-se padrão de imagem compatível. No caso em estudo, foi conveniente afastar dois grandes diagnósticos diferenciais associados à gestação: A síndrome da vasoconstrição reversível puerperal e a Síndrome HELLP. A síndrome da vasoconstrição reversível puerperal pode se assemelhar com Síndrome PRES, pois eventualmente causa crises epilépticas e gera imagens na ressonância magnética características de edema vasogênico. Entretanto pode ser diferenciada pelo quadro clínico. O diagnóstico de Síndrome HELLP pode ser afastado, pois nos exames laboratoriais não se evidenciaram hemólise, nem plaquetopenia ou aumento de enzimas hepáticas, tríade clássica dessa síndrome. O conhecimento sobre a Síndrome PRES é fundamental para o médico, pois essa síndrome pode ser diagnóstico diferencial de outras doenças que envolvem os diversos sistemas orgânicos. Por isso, o médico ao suspeitar do diagnóstico de PRES deve saber conduzir inicialmente o caso até que o doente seja encaminhado ao especialista. Deve-se ressaltar também que a hipertensão arterial não é condição obrigatória para o diagnóstico dessa doença, embora seja comum em grande parte dos casos. por objetivo relatar caso de TEP, com sobrecarga de VD ao ecocardiograma e elevação de troponina na entrada do Serviço de Emergência, em que se optou por trombólise. Apresentação: I.S.F., 64 anos, sexo feminino, deu entrada no Serviço de Emergência com quadro compatível com TEP e trombose venosa profunda de membro inferior esquerdo confirmada por ultrassonografia com Doppler. O eletrocardiograma apresentava taquicardia sinusal e padrão S1Q3T3, além de inversão de ondas T de V1 a V4. Realizada angiotomografia computadorizada de tórax que mostrava extenso TEP acometendo as artérias pulmonares principais. Foi realizado ecocardiograma no primeiro dia de internação da paciente que evidenciou sobrecarga de ventrículo direito. Apresentava troponina I de 1,6 mg/L. Optou-se pela realização de trombólise por 72h. O estudo ecocardiográfico seriado mostrou melhora progressiva da função de VD até a normalização após 14 dias do início da trombólise. Recebeu alta hospitalar no 27º dia de internação em uso de O2 domiciliar e anticoagulação com warfarina. Discussão: Estudos apontam que pacientes que apresentavam sobrecarga de VD à ecocardiografia apresentam risco de evoluírem com hipotensão e choque, principalmente quando se apresentam com elevação de troponina I à entrada. Em estudos comparando trombólise e anticoagulação observou-se melhora na motilidade da parede do VD pela ecocardiografia após 24h do início do tratamento associado a redução de mortalidade, recorrência dos sintomas e sangramento. O caso relatado neste trabalho ilustra paciente com diagnóstico de TEP submaciço, com importante disfunção de VD ao ecocardiograma, trombo extenso acometendo ramos pulmonares principais bilateralmente, eletrocardiograma mostrando sobrecarga de VD e elevação de Troponina I, evidenciando sofrimento miocárdico. Apesar de se encontrar normotensa, evidências apontam um risco de desfecho desfavorável superior ao risco de sangramento com uso de trombolíticos, que resultaram em recuperação da função de VD, reduzindo o risco de evolução a hipotensão e choque. Bibliografia consultada: · Hinchey J, Chaves C, Appignani B, Breen J, Pao L, Wang A, et al. A reversible posterior leukoencephalopathy syndrome. N Engl J Med. 1996; 334:494-500. INDICAÇÃO DE TROMBÓLISE EM TROMBOEMBOLISMO PULMONAR SUBMACIÇO: RELATO DE CASO Alisson Paulino Trevizol, Amanda Hiromi Abe, Fernanda Saldiva Veit, Isa Albuquerque Sato, Jairo Montemor Augusto Silva, Edson Braga de Souza Junior, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: O Tromboembolismo Pulmonar é classificado em maciço (associado à instabilidade hemodinânica ou pressão sistólica menor do que 90 mmHg ou brusca redução da pressão sistólica superior a 40 mmHg), submaciço (paciente normotenso com evidência de sobrecarga de ventrículo direito (VD)) ou não maciço (normotenso sem sobrecarga de VD). O TEP submaciço e não maciço são hemodinamicamente estáveis. Trombólise é recomendada classicamente para pacientes com TEP maciço. No entanto, há controvérsias quanto ao benefício da indicação de trombólise no TEP submaciço. Motivo da comunicação: O presente trabalho tem Bibliografia consultada: · · 16 Mookadam F, Jiamsripong P, Goel R, Warsame TA, Emani UR, Khandheria BK.Critical appraisal on the utility of echocardiography in the management of acute pulmonary embolism. Cardiol Rev. 2010; 18:29-37. Zhou Y, Shi H, Wang Y, Kumar AR, Chi B, Han P. Assessment of correlation between CT angiographic clot load score, pulmonary perfusion defect score and global right ventricular function with dual-source CT for acute pulmonar embolism. Br J Radiol. 2012; 85:972-9. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. LEPTOSPIROSE: A IMPORTÂNCIA DE RECONHECER A ZOONOSE MAIS COMUM DO MUNDO ABSCESSO PULMONAR EM MULHER JOVEM IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO Larissa Kallas Curiati, Crislaine de Lima Silva, Tayane Maruca Magalhães, Edson Braga de Souza Júnior, Afonso Celso Pereira, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Camila Sayuri Horita Alves da Silva, Isabella Bispo dos Santos Silva Costa, Pablo Leonardo Traete, Nelson Henrique Fantin Fundão, Rodrigo Antônio Carvalho de Melo Lima, Irineu Francisco Delfino Silva Massaia Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A leptospirose é uma doença febril aguda, de distribuição mundial, caracterizada por vasculite generalizada e cujo principal reservatório é o rato. Segundo a OMS, é a zoonose mais comum no mundo, sendo de grande importância social e econômica. Motivo da Comunicação: Relataremos um caso de leptospirose com apresentação clínica típica. Relato de Caso: M.C.R.M., 35 anos, sexo feminino, natural e procedente da São Paulo, garçonete, sem antecedentes pessoais. Procurou o Serviço de Emergência com quadro de cefaléia, adinamia e mialgia há cerca de 5 dias. Há dois dias da entrada, evoluiu com piora da mialgia, principalmente em panturrilhas dificultando a deambulação, icterícia, náuseas, vômitos e coloração alaranjada da urina. Baseado no quadro clínico, exames laboratoriais e epidemiologia da paciente, foi feita a hipótese diagnóstica de leptospirose, iniciada antibioticoterapia precoce com penicilina cristalina e colhida sorologia para leptospirose, cujo resultado foi positivo. Discussão: A leptospirose apresenta formas clínicas variadas desde assintomáticas até sua manifestação mais grave, conhecida como síndrome de Weil, como no caso relatado. Devido à importância sócio-econômica e potencial letalidade, suspeita de qualquer forma clínica deve ser tratada com antibioticoterapia precoce e notificada no SINAN, a fim de reduzir a morbimortalidade e os altos custos hospitalares. Fundamentos: Abscesso pulmonar é definido pela necrose do parênquima pulmonar causado por quadros infecciosos, sendo mais frequente em homens e idosos. A aspiração é a causa mais comum, sendo os principais fatores de risco: intoxicação, disfagia, uso abusivo de drogas e alcoolismo, epilepsia, disfunção bulbar, doença periodontal e anestesia geral. Os principais agentes são bactérias anaeróbicas e o quadro clínico na maioria das vezes mostra-se como sintomas indolentes, por períodos de semanas a meses. A antibioticoterapia padrão é clindamicina ou associações de betalactâmicos e inibidores das betalactamases. Motivo da comunicação: Relato de caso de paciente com abscesso pulmonar do sexo feminino, jovem, sem fatores de risco conhecidos, de evolução rápida e história atípica, realizando tratamento clínico com boa evolução e alta hospitalar precoce. Apresentação: R.M.P.E., feminino, 19 anos, casada, natural da Bolívia, sem comorbidades, admitida no pronto socorro com queixa de queda do estado geral, tosse produtiva com expectoração amarelo-esverdeada, dispnéia e febre aferida de 39 – 39,5°C há 5 dias. Negava dor torácica, perda de peso ou vômica. Encontrava-se descorada, hipotensa, taquicárdica, taquidispnéica, à ausculta pulmonar apresentava estertores crepitantes em terço superior de hemitórax direito. Exames laboratoriais da entrada mostravam anemia normocítica e normocrômica, leucocitose e prova inflamatória aumentada. Radiografia de tórax evidenciou imagem cavitária em ápice pulmonar à direita com nível hidroaéreo, sugestiva de abscesso pulmonar, confirmada pela tomografia de tórax, sendo instituído antibioticoterapia empírica com ceftriaxone e metronidazol. Realizado broncoscopia com lavado que mostrou Staphylococcus coagulase negativa superior a 10.000UFC/ml e cultura positiva para candida sp., com pesquisa de BAAR negativa. A sorologia para HIV mostrou-se negativa. Foi avaliada pela equipe da buco-maxilo-facial que descartou lesões odontológicas. Realizou tratamento intrahospitalar por 7 dias, recebendo alta, em bom estado geral, com antibioticoterapia oral por mais 8 semanas. Discussão: Geralmente quadros mais agudos, como apresentado pela paciente, estão associados à Bibliografia consultada: · · · Day N. Epidemiology, microbiology and diagnosis of leptospirosis. [on line]. UpToDate. Available from: http://www. uptodate.com/contents/epidemiology-microbiology-clinicalmanifestations-and-diagnosis-of-leptospirosis [12 May 2013]. Day N. Treatment and prevention of leptospirosis. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate.com/contents/epidemiology-microbiology-clinical-manifestations-anddiagnosis-of-leptospirosis [12 May 2013]. São Paulo (Estado). Secretaria do Estado da Saúde. Coordenadoria de Controle de Doenças. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Verão, estação das chuvas, das enchentes e também da leptospirose. [on line]. Informe Técnico. Disponível em: ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/zoo/ Lepto13_informe.pdf [8 abr 2013]. 17 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. infecção por aeróbios. No entanto, tendem a apresentar desfecho dramático, evolução que não ocorreu neste caso. O papel da broncoscopia com lavagem broncoalveolar no diagnóstico e drenagem do abscesso pulmonar é controverso, já que a positividade é baixa. Neste caso, sua importância se deu na exclusão de infecção por micobactéria, dada a epidemiologia da paciente. A duração do tratamento não é padronizada, mas em geral institui-se a duração mínima de três a seis semanas, podendo ser prolongado de acordo com a evolução clínica e radiológica do paciente. laturas proximais de cintura pélvica e escapular, sem acometimento de musculatura respiratória. No LCR havia discreta dissociação proteíno-citológica e eletromiografia sugestiva de SGB. A hipótese diagnóstica foi SGB e indicada plasmaférese. O paciente evoluiu com piora da força motora da musculatura proximal escapular, mas após quatro sessões de plasmaférese apresentou melhora do quadro. Discussão: Em revisão de literatura, através da Pubmed foram verificados 56 casos com apresentação de início em membro superior. A SGB com início assimétrico e comprometendo um membro é rara sendo um exemplo da dificuldade que pode haver em se fazer seu diagnóstico no Serviço de Emergência. Por isso, um exame físico detalhado com avaliação da força motora e reflexos motores pode auxiliar nos casos de queixas atípicas. Conclusão: O conhecimento de possíveis variações de apresentação da SGB é importante para que esta seja considerada um diagnóstico diferencial nesses casos. Bibliografia consultada: · · · · · · Bartlett JG, Gorbach SL. Lung abscess and necrotizing pneumonia. In: Gorbach SL, Bartlett JG, Blacklow NR, editors. Infectious diseases. Philadelphia: W.B. Saunders Company; 1992. p.518-22. Braunwald E, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Longo DL, Jameson JL, editors. Harrison medicina interna. 17ª. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill do Brasil; 2009. 2v. Gorbach SL, Bartlett JG. Anaerobic infections. 1. N Engl J Med. 1974a; 290:1177-84. Gorbach SL, Bartlett JG. Anaerobic infections (second of three parts). N Engl J Med. 1974b; 290:1237-45. Gorbach SL, Bartlett JG. Anaerobic infections (third of three parts). N Engl J Med. 1974c; 290:1289-94. Monteiro R, Alfaro TM, Correia L, Simão A, Carvalho A, Nascimento JN. Monteiro R. Abscesso pulmonar e empiema torácico: análise retrospectiva num Serviço de Medina Interna. Acta Med Port. 2011; 24(S2):229-40. Bibliografia consultada: · · · SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ COM INÍCIO ATÍPICO POR MONOPARESIA BRAQUIAL DISTAL: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA · · Stephanie Ondracek Lemouche, Ana Beatriz Ayroza Galvão Ribeiro Gomes, Gabriela Suemi Shimizu, Ibsen Tadeu Damiani, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri · Galassi G, Girolami F, Nobile-Orazio E, Funakoshi K, Ariatti A, Odaka M. Acute hand weakness as a regional variant of Guillain–Barre’ syndrome. Eur J Neurol. 2009, 16: e49. Kalita J, Misra UK, Das M. Neurophysiological criteria in the diagnosis of different clinical types of Guillain–Barre syndrome. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2008; 79:289–93. Sanvito WL. Síndromes neurológicas. 3ª. ed. São Paulo: Atheneu; 2008. 614p. Sejvar JJ, Kohl KS, Gidudu J, Amato A, Bakshi N, Baxter R, et al. Guillain–Barre syndrome and Fisher syndrome: case definitions and guidelines for collection, analysis, and presentation of immunization safety data. Vaccine. 2011; 29:599–612. Sheridan JM, Smith D. Atypical Guillain-Barré in the Emergency Department. West J Emerg Med. 2010; 11:80-2. Yuki N, Hartung HP. Guillain-Barré Syndrome. N Engl J Med. 2012; 366:2294-304. Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Introdução: A Síndrome de Guillain Barré (SGB) é caracterizada por déficits motores simétricos, abolição dos reflexos profundos, parestesias, alteração de sensibilidade e dissociação proteíno-citológica no LCR. Relato de Caso: Paciente, sexo masculino, 34 anos, procurou o serviço de Emergência com queixa de perda de força súbita em mão direita iniciada em polegar havia quatro dias. Referia progressão para perda de força em mão esquerda, membro inferior esquerdo distal e dor em membros inferiores à locomoção. Há duas semanas apresentara pico febril associado a aumento da frequência de evacuações. Ao exame se encontrava em bom estado geral, afebril, com tetraparesia flácida assimétrica. Evolução e Exames: O paciente evoluiu com comprometimento de membro inferior direito, muscu- POLISEROSITE TUBERCULOSA, MARCADOR TUMORAL CA 125: RELATO DE CASO Érika Gabrielle Pinheiro Ximenes, Verônica Reche Rodrigues Gaudino, Thiago Eidy Makimoto, Carlos Alexandre de Almeida Rodrigues, Cristiano Torres da Silva, Almeida, Joaquim Antônio da Fonseca, Maria Elisa Magliari Ruffolo Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Introdução: A poliserosite tuberculosa é relativamente rara, porém sua incidência tem aumentado ao longo dos anos. Pode acometer qualquer idade, existindo predomínio discreto no sexo feminino. Seus sinais e sintomas, assim como sua relação com o aumento do marcador tumoral CA 125 acabam simu- 18 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. lando neoplasias ginecológicas. Caso Clínico: J.G.S., 28 anos, feminino, branca, solteira, auxiliar administrativa, natural de Taubaté-SP, procedente de São Paulo-SP, G0P0A0, com antecedente de hipertensão arterial sistêmica, em uso de enalapril 10mg/dia. A partir de maio/2013 passou a apresentar dor abdominal epigástrica e em hipogastro, em cólica, de forte intensidade, que aliviava ao uso de analgésicos comuns, associada à perda ponderal de 3kg e a aumento progressivo do volume abdominal. USG de abdome evidenciou ascite moderada/volumosa e formação sólido/cística na região anexial direita. Inicialmente, foi internada para investigação para câncer de ovário, com pesquisa de CA 125= 353U/mL (normal até 35U/mL). RNM de abdome e pelve com espessamento de peritônio parietal com impregnação de contraste e espessamento nodular de grande omento (sugestivos de doença granulomatosa), útero e ovários sem alterações. Realizada paracentese diagnóstica com citometria total: 1350; eritrócitos: 1230; diferencial: 91% linfócitos, 8% neutrófilos e 1% eosinófilos; amilase: 50; proteínas totais: 5,4; albumina: 3,1; glicose: 60; pH: 7,1; ADA: 77; GASA: 0,6, gram e cultura: sem crescimento bacteriano. Sorologias para HIV, sífilis, hepatite B e C não reagentes. TC de tórax: derrame pleural pequeno bilateral. Diante dos resultados, foram descartadas causas ginecológicas e diagnosticado poliserosite tuberculosa. Recebe tratamento específico com esquema RIPE desde 30/05/13, com melhora clínica importante, com aumento de peso, sem dor e diminuição do volume abdominal. Discussão: O caso relatado suscita razoável preocupação com relação ao diagnóstico diferencial com carcinoma ovariano, em vista dos achados combinados de formação heterogênea anexial direita com elevação do CA 125 sérico. Em casos de tuberculose abdominal, exames de imagem de abdome podem mostrar um variado espectro de alterações morfológicas que podem mimetizar outras doenças, inclusive tumores ginecológicos, sendo imperativo sua exclusão diagnóstica. IMPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DA DIFERENCIAÇÃO ENTRE CELULITE ORBITÁRIA E PERIORBITÁRIA Ana Carolina Mayor de Carvalho, Beatrice Mussio Fornazier Volpini, Ingrid Cardoso Couto, Ricardo Cantarim Inácio, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Introdução: Celulite periorbitária ou pré-septal atinge de forma aguda os tecidos palpebrais na região anterior ao septo orbitário; caso tal processo ultrapasse os limites deste septo, a condição passa a ser considerada como celulite orbitária ou pós-septal. Tais condições devem ser reconhecidas e tratadas precocemente devido à gravidade das potenciais complicações relacionadas ao acometimento pós-septal, tais como abscesso subperiosteal, abscesso orbital, trombose do seio cavernoso, meningite e encefalite. Descrição do Caso: Paciente do sexo feminino, 40 anos, auxiliar de limpeza, sem comorbidades, refere que, há 2 dias da internação, apresentou epigastralgia e vômitos. Há um dia da internação evoluiu com prurido e ardência em região frontal direita e, ao acordar no dia seguinte, apresentava edema periorbitário bilateral e em hemi-face direita, com secreção ocular purulenta. Ao exame físico apresentava-se febril, comFC: 130 bpm, FR: 40 rpm e normotensa. Apresentava intenso edema em hemi-face direita e periocular bilateralmente, que impossibilitava a abertura ocular à direita. Presença de secreção intra e peri-ocular purulenta abundante. Sem visualização de porta de entrada (Figura1). Os exames laboratoriais revelaram leucocitose de 19.540/UL com neutrofilia (5% bastões/ 89 % segmen- Bibliografia consultada: · · · · Bankier AA, Herold CJ. Abdominal tuberculosis mimicking a gynecologic tumor. AJR Am J Roentgenol. 1993; 161:211-2. Bastani B, Shariatzadeh MR, Dehdashti F. Tuberculous peritonitis – Report of 30 cases and review of the literature. Q J Med. 1985; 221:549-57. Marshall JB. Tuberculosis of the gastrointestinal tract and peritoneum. Am J Gastroenterol. 1993; 88:989-99. Nistal de Paz F, Herrero Fernandez B, Perez Simon R, Fernández Pérez E, Nistal de Paz C, Ortoll Battle P, et al. Pelvic peritoneal tuberculosis simulating ovarian carcinoma: report of three cases with elevation of the CA 125. Am J Gastroenterol. 1996; 91:16601. Figura 1. Aspecto na Internação hospitalar 19 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. tados) e PCR de 25,6 mg/dL. A hipótese diagnóstica foi de celulite peri-orbitária e instituiu-se tratamento com oxacilina e gentamicina. A TC de face não evidenciou comprometimento do compartimento pós-septal ou proptose significativa. Foram também introduzidas hidrocortisona, loratadina e anti-coagulação plena. A hemocultura e a cultura de secreção ocular apresentaram crescimento de Staphylococcuscoagulase negativo (multi sensível). Após 14 dias de antibioticoterapia, a paciente apresentava piora dos exames laboratoriais e picos subfebris. Foi optada pela troca do antibiótico para piperacilina-tazobactam recebendo alta após o 7º dia com melhora. Ver quadro evolutivo: Figuras 2, 3 e 4 Discussão: Os sinais clínicos da celulite pré-septal incluem: edema periorbitário, hiperemia conjuntival e dor. Esta geralmente tem seu início associado a um quadro de sinusite aguda, podendo também surgir após trauma, picada de insetos, conjuntivites e blefarites. A celulite orbitária pode abranger além de edema/eritema palpebral, motilidade ocular diminuída, Figura 4: Aspecto na alta hospitalar dor ocular, diplopia, proptose e quemose. Ela ocorre secundariamente por extensão da infecção de tecidos vizinhos, trauma e,menos frequentemente, por via hematogênica. Devido a possibilidade de complicações locais, esses pacientes tem indicação de investigação com exame de imagem. As indicações de TC e internação hospitalar estão listadas nas tabelas 1 e 2, respectivamente. Tabela 1 Indicações de TC Situações em que a avaliação completa do olho está impossibilitada por causa do edema importante; Proptose importante, oftalmoplegia, deterioração da acuidade visual ou da visibilidade para cores e edema periorbital bilateral; Sintomas centrais; Sem melhora ou deterioração após 24h de início do tratamento; Oscilação pirética que não melhora em 36h. Figura 2: 4º dia de tratamento Devido a gravidade do edema que impossibilitava o exame ocular, foi realizada TC de face, que mostrou apenas acometimento pré-septal . Os critérios de internação apresentados pela paciente foram: edema importante e sinais de acometimento sistêmico. Tabela 2 Indicação de internação hospitalar Edema periorbital extenso Redução dos reflexos oculares Diplopia ou oftalmoplegia Impossibilidade de avaliaçãoocular completa Figura 3: 10º dia de tratamento 20 Proptose Comprometimento sistêmico Redução da acuidade visual Sinais e sintomas de comprometimento SNC Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. O tratamento instituído foi oxacilina e gentamicina objetivando cobrir os principais agentes, que são Strepotococcus eS. aureus. Outras opções terapêuticas são penicilinas anti-Estafilocócicas, cefalosporinas, clindamicina ou sulfametoxazol-trimetoprim, quando não se suspeita de participação de S. aureus MRSA. Existem evidências de que metronidazol deve ser associado quando há acometimento pós-septal, pela possibilidade de infecção por anaeróbios. Culturas de aspirado ocular ou secreção ocular são frequentemente contaminações e se correlacionam apenas em 2 e 10%, respectivamente, com a hemocultura ou a cultura de abscesso. Atribuímos o resultado das culturas (positivas para S. coagulase negativo) a uma contaminação, sendo, então, mantida a antibioticoterapia. Posteriormente, essa terapia foi substituída por piperacilina-tazobactam por piora dos exames laboratoriais e picos subfebris. Alguns dados do caso impossibilitam descartar a hipótese de um componente alérgico. São eles: profissão, início abrupto do quadro, relação com o uso de medicações sintomáticas, prurido, eritema e edema periocular bilateral. Portanto, foi associado ao seu tratamento, hidrocortisona e loratadina. A anti-coagulação está indicada quando há odiagnóstico de trombose de seio cavernoso. No caso acimafoi instituída devido à gravidade do caso. Conclusões: A celulite periorbitária é uma doença potencialmente grave, que deve ser tratada imediatamente. Devem ser investigadas portas de entrada e afastar o acometimento pós-septal com suas possíveis complicações, como abscessos e trombose de seio cavernoso. O antibiótico deve ser iniciado o mais precoce possível e devem ser aventados os diagnósticos diferenciais. PIOMIOSITE TROPICAL: ACHADOS CLÍNICOS, RADIOLÓGICOS E ANÁTOMO-PATOLÓGICOS: RELATO DE CASO Renan Santos Feitosa, Rodrigo Kiwan Lee, Helvécio de Resende Urbano Neto, Augusto Shimohakoishi, Afonso Pereira, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A Piomiosite Tropical (PT) é uma infecção bacteriana subaguda do músculo esquelético, que se caracteriza pelo acometimento difuso, formação de abscessos ou por processo mionecrótico progressivo. Qualquer grupo muscular esquelético pode ser atingido, isolada ou concomitantemente a outros, geralmente causada pelo Staphylococcus aureus multissensível. Acredita-se que a infecção do músculo ocorra após bacteremia favorecida por uma porta de entrada como traumatismo prévio, estresse muscular durante o exercício físico, infecções parasitária, bacteriana ou viral prévias. A ressonância magnética é “padrão ouro” para o diagnóstico em qualquer fase da doença. O tratamento deve ser realizado com antibióticos para a bactéria causadora da doença, com drenagem e debridamento amplo. A cultura do tecido afetado sempre deve ser realizada para melhor direcionamento da antibioticoterapia. Motivo da comunicação: Relatar um caso de apresentação clínica típica e ilustrativa da doença, através de imagens evolutivas radiológicas e anátomo-patológica, destacando a gravidade e a necessidade de se realizar precocemente o diagnóstico e o tratamento desta afecção. Apresentação: Homem de 41 anos, natural do Peru, sem comorbidades prévias, procurou o Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo com queixa de febre há 15 dias associada à dor e fraqueza muscular inicialmente em coxa esquerda, acometendo em seguida a coxa direita, e queda do estado geral há 10 dias. Referia tratamento de infecção urinária com Levofloxacino, nos primeiros 7 dias, por disúria e febre. Na admissão apresentava-se febril (38oC axilar), taquicárdico, com dor à palpação e hiperemia em faces internas das coxas e dor à flexão-extensão dos quadris. Exames laboratoriais com aumento do PCR (15,6mg/dL) e leucocitose (19,6 mil/uL). TC com coleções volumosas em musculatura adutora de ambas as coxas. O paciente ficou internado durante 21 dias, recebendo nesse período tratamento com oxacilina e gentamicina. Foi submetido a dois procedimentos cirúrgicos para drenagem dos abscessos. A cultura da secreção identificou Staphylococcus aureus multisenssível e o anatomopatológico de músculo inflamação do Bibliografia consultada: · · · · Dryden MS. Complicated skin and soft tissue infection. J Antimicrob Chemother. 2010; 65(Suppl. 3):iii35-44. Goodyear PWA, Firth A L, Strachan D R, Dudley M. Periorbital swelling: the important distinction between allergy and infection. Emerg Med J. 2004; 21: 240–2. Howe L, Jones N.S. Guidelines for the management of periorbital cellulitis/abscess. Clin. Otolaryngol Allied Sci. 2004; 29:725–8. Potter NJ, Brown CL, McNab AA, Ting SY. Orbital cellulitis: medical and surgical management. J Clin Experiment Ophthalmol. [periodical on line]. 2011; [cited 2 Feb 2013]. S2:001. Available from: http://omicsonline.org/orbital-cellulitismedical-and-surgical-management-2155-9570.S2-001.pdf 21 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. tecido, confirmando o diagnóstico. O paciente recebeu alta após resolução completa do quadro. Discussão: A PT é uma moléstia ímpar em se tratando de processo infeccioso grave com acometimento do aparelho muscular. Durante o atendimento, o paciente se encontrava na fase II (supurativa) da doença, que ocorre de 10 a 21 dias do início dos sintomas, na qual há definição da musculatura envolvida e identificação dos abscessos. O tratamento consiste na introdução imediata de antibióticos, associado à abordagem cirúrgica para drenagem dos abscessos e debridamento dos tecidos desvitalizados. O prognóstico é bastante favorável em pacientes sem comorbidades graves e que recebem o tratamento imediato e adequado na fase inicial da doença, como foi o caso do nosso paciente, que mesmo chegando com quadro infeccioso grave em ambas as coxas, evoluiu de maneira totalmente satisfatória, graças ao tratamento clínico (antibioticoterapia) e cirúrgico (desbridamento) precoce. deve ser valorizado, devido às sequelas causadas e ao elevado risco de mortalidade associado. Motivo da comunicação: Relatar um caso de apresentação clínica atípica e ilustrativa da doença que evidenciou uma de suas possíveis repercussões renais. Apresentação: Mulher de 28 anos, natural e procedente de São Paulo, deu entrada no Pronto Socorro Central do Hospital Central da Santa Casa de São Paulo com quadro de dispneia e dor pleurítica ventilatório-dependente há cerca de cinco dias, com piora há dois dias. Há cerca de três meses iniciou quadro de lesões eritematosas em membros inferiores associado à febre, evoluindo a cerca de dois meses com edema de membros inferiores e oligúria. Na admissão negava disúria, hematúria ou patologia renal prévia. Referia antecedente de comunicação interventricular (CIV), acompanhada pela equipe médica da pediatria da instituição desde os três meses de idade. Fazia uso regular de digoxina e carvedilol. Negava cirurgia cardíaca, uso de drogas injetáveis, etilismo e tabagismo. Mãe referia também internação prévia há onze dias, em outro serviço, para tratamento de pneumonia e infecção do trato urinário, quando foi detectada alteração da função renal, ficando internada por seis dias para compensação do quadro infeccioso, recebendo alta hospitalar em uso de ciprofloxacino e carvedilol. Após cinco dias de sua alta, paciente procurou o pronto socorro de nosso serviço devido à nova descompensação clínica.No exame físico de entrada apresentava-se em regular estado geral, prostrada, hipocorada, moderadamente desidratada, afebril, acianótica, anictérica, PA de 110/60 mmHg, FC 94 bpm, FR 26 irpm, presença de baqueteamento digital e saturação periférica O2 de 89%; bulhas eram rítmicas normofonéticas com sopro sistólico 3+/6+ panfocal; murmúrios vesiculares presentes bilateralmente e diminuídos em bases, com estertores crepitantes em ambas as bases pulmonares; o abdome não mostrava anormalidades; extremidades com boa perfusão periférica, edema 3+/6+ em membros inferiores (MMII), presença de lesões eritematosas, regulares em dorso das mãos medindo cerca de um a cinco milímetros, equimose e lesões eritematosas em MMII com bordas regulares de diversos tamanhos, de coloração rubra. O ecocardiogramacom Doppler mostrou presença de CIV com shunt de ventrículo esquerdo para ventrículo direito, derrame pericárdico discreto, derrame pleural esquerdo e lesões vegetantes na valva aórtica medindo 15x11mm. Exames laboratoriais da admissão revelaram alteração da função renal com uréia de 161 mg/100ml e creatinina de 3,8 mg/dl, o exame de urina mostrou aspecto turvo, proteína 1,0 g/L, nitrito negativo, leucocitúria 500/mcL, hemoglobinúria, sedimentoscopia com raras células epiteliais, cilindros granulosos, grânulos de urato amorfo e dismorfismo Bibliografia consultada: · · · Al-Najar M, Obeidat F, Ajlouni J, Mithqal A, Hadidy A. Primary extensive pyomyositis in an immunocompetent patient: case report and literature review. Clin Rheumatol. 2010;29:1469-72. Ticse R, Melgarejo W, Fuentes-Dávila A, Ortíz J, Zegarra J. Presentación atípica de piomiositis tropical difusa de psoas por Staphylococcus aureus meticilino resistente. Rev Peru Med Exp Salud Publica. 2012; 29:135-8. Villamil-Cajoto I, Maceiras-Pan F, Villacián-Vicedo MJ. Piomiositis: presentación de 17 casos en niños y adultos. Rev Med Chile. 2006 ; 134:31-8. MANIFESTAÇÕES RENAIS NA ENDOCARDITE INFECCIOSA: RELATO DE CASO Leandro Duil Kim, Henrique Alkalay Helber, Aron Augusto Jorge, Jose Henrique de Carvalho Basilio, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Fundamentos. A endocardite infecciosa (EI) é o acometimento infeccioso do endotélio cardíaco, tendo como lesão fundamental a formação de uma vegetação causada, na maioria das vezes, por bactérias ou fungos. Geralmente, a infecção se dá sobre o endocárdio valvar, mas pode atingir outras estruturas, como o endocárdio das comunicações interventriculares, grandes vasos e próteses valvares. A incidência varia entre os países, sendo em torno de 3-10/100.000 pessoas ano, aumentando com a idade e afetando mais homens do que mulheres. Essa doença inicia-se por uma bacteremia e os pacientes podem apresentar complicações cardíacas, sistêmicas, imunes e vasculares. Dentre as complicações sistêmicas, o comprometimento renal 22 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. · eritrocitário negativo; dosagens de complementos séricos (C3 e C4) eram normais; fração de excreção de uréia 46,7%. O ultrassom (USG) de vias urinárias evidenciou sinais de nefropatia parenquimatosa incipiente, sem imagem sugestiva de abscesso renal. Após três dias da internação, a paciente foi transferida para a UTI devido piora progressiva da função renal,apesar da melhora do quadro infeccioso, tendo sido indicado tratamento dialítico. No 68o dia, a paciente recebeu alta hospitalar com recuperação total da função renal. Discussão: As manifestações renais na endocardite geralmente ocorrem de três formas: formação de abscesso ou infarto renal pela liberação de êmbolos sépticos, glomerulonefrite pós-infecciosa mediada por imunocomplexos e insuficiência renal aguda induzida por drogas causando nefrite intersticial aguda ou necrose tubular aguda (NTA). Cerca de um terço dos pacientes com endocardite infecciosa cursam com algum grau de acometimento renal, sendo que os principais fatores de risco são idade avançada (maior que 75 anos) e infecção por Staphylococcus aureus. A mortalidade hospitalar nesse grupo oscila entre 20 e 36% dos casos. O infarto decorrente de êmbolos sépticos constitui dois terços dos casos de lesão renal. Atualmente, abscesso renal é uma complicação infrequente nestes casos, devido à indicação precoce de terapia antibiótica. Em relação à glomerulonefrite, tanto os achados histológicos quanto clínicos assemelham-se a glomerulonefrite pós-estreptocócicas. A glomerulonefrite rapidamente progressiva pode acontecer, porém é rara nestes casos.A nefrite intersticial aguda geralmente constitui uma complicação da terapia antimicrobiana, com destaque aos beta-lactâmicos, frequentemente utilizados na EI. A necrose tubular aguda geralmente associa-se ao uso de aminoglicosídeos e à hipoperfusão renal decorrente de um quadro séptico. Diante da história clínica descrita, exame físico e exames complementares sugere-se um quadro de componente misto por NTA e infarto renal, compatíveis com a proteinúria, hematúria, valores de fração de excreção de uréia e densidade urinária obtidas. Dessa forma podemos excluir as hipóteses de abscesso renal e glomerulonefrites devido à normalidade dos complementos, ausência de cavitação ao ultrassom e dismorfismo eritrocitário, e história incompatível com nefrite medicamentosa, uma vez que paciente já apresentava insuficiência renal antes da internação. INFLUÊNCIA DO DIABETES SOBRE A ANTIAGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA POR ÁCIDO ACETILSALICÍLICO NA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO Aron Augusto Jorge, Henrique Alkalay Helber, Helvécio de Resende Urbano Neto, Leonardo Oliveira Rodrigues de Almeida, Rafael Paterno Castello Dias Carneiro, Rubens José Gagliardi Serviço de Neurologia da Santa Casa de São Paulo. Setor de Doenças Cerebrovasculares Fundamentos: Os antiagregantes plaquetários têm papel definido na prevenção e no tratamento do acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) e o ácido acetilsalicílico (AAS) permanece como droga de primeira escolha. Estudos sugerem que certos grupos de pacientes, como os que apresentam diabetes, têm maior resistência à antiagregação plaquetária com AAS. Possíveis mecanismos para a redução da capacidade do AAS de proteger contra oclusões intravasculares em pacientes diabéticos incluem: hiperglicemia, hiperlipidemia e subdoses de AAS, particularmente em relação à alteração do turnover plaquetário que esses pacientes apresentam. Apesar da terapia antiplaquetária, os pacientes diabéticos permanecem em risco aumentado de eventos isquêmicos recorrentes em comparação aos não diabéticos. Objetivo: Analisar a influência do diabetes na antiagregação com AAS em diferentes doses, em pacientes com AVCi prévio. Método: Trata-se de um estudo prospectivo, unicêntrico, intervencionista e com duração de dois anos. Selecionamos aleatoriamente pacientes com AVCi aterotrombótico prévio acompanhando-os mensalmente através da curva de agregação plaquetária (CAP) – exame que indica antiagregação, in vitro, quando os marcadores ADP e adrenalina são menores que 70%. Sob prescrição inicial de 100mg/dia de AAS, caso o paciente não antiagregasse aumentava-se a dose para 200mg/dia com posterior reavaliação a partir da CAP, e, caso ainda mantivesse níveis de normoagregação era novamente reavaliado com dose de 300mg/dia. Comparou-se os dados de agregação plaquetária entre os pacientes com e sem diabetes através do teste qui quadrado. Foram excluídos pacientes que não fizeram uso regular do AAS ou não retornaram às consultas. Casuística: Foram selecionados 64 pacientes, 16 foram excluídos por irregularidade no seguimento. Dos 48 restantes, 21 eram diabéticos e 27 não diabéticos. Bibliografia consultada: · · · Rossert J A, Fischer E A. Acute interstitial nephritis. In: Johnson RJ, Feehally J, eds. Comprehensive clinical nephrology. 2nd ed. London: Mosby; 2003. p.769–77. Carmo G. Endocardite infecciosa: uma visão actual sobre uma “velha doença’. Rev Port Cir Cardiotorac Vasc. 2005; 12:79-85. Karchmer AW, Endocardite infecciosa. In: Libby P, Bonow RO, Mann DL, Zipes DP. Braunwald tratado de doenças cardiovasculares. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010. v.2, p.1713-33. Sampaio RO, Acorsi TAD, Tarasoutchi F. Profilaxia de endocardite infecciosa. Einstein: Educ Contin Saúde. 2008; 6:191-3. 23 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Resultados: Dentre os diabéticos, 7, 8 e 6 pacientes antiagregaram para as doses 100, 200 e 300mg/dia de AAS, respectivamente. No grupo dos não diabéticos, 19, 5 e 3 pacientes antiagregaram para as mesmas doses supracitadas, respectivamente. Ao confrontarmos os dados entre os grupos para as três doses de AAS obtemos um resultado estatisticamente significante (p=0,037). TROMBOEMBOLISMO PULMONAR COMO DOENÇA SUB DIAGNOSTICADA Patrícia Nalin de Lucena, Luciana Neiva de Miranda, José Carlos Bruno Gianella Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Introdução: Os sintomas, sinais e dados laboratoriais do Tromboembolismo pulmonar (TEP) não são específicos e mimetizam várias doenças. Esta entidade é pouco reconhecida pelos médicos em geral. Estima-se que mais de 90% das mortes por TEP ocorrem em pacientes que não foram tratados porque o diagnóstico não foi estabelecido. Dessa forma, apresentamos um caso clínico que ressalta a importância de considerar o TEP como uma hipótese diagnóstica em pacientes com fatores de risco para doenças trombóticas. Relato do caso: Paciente feminino, 87 anos, admitida na emergência do Hospital Municipal São Luiz Gonzaga com dispneia há 7 dias com piora na admissão, relatava melhora da dispneia ao repouso. Paciente com história clínica de hipertensão sedentarismo. Ao exame hipocorada, acianótica, bulhas normo fonéticas e rítmicas sem sopros, frequência cardíaca: 98 bpm, pressão arterial130x78 mmHg, murmúrio vesicular fisiológico, frequência respiratória: 20 ipm, saturação O2: 94% emar ambiente, sem empastamento de panturrilhas, sem cianose de extremidades . ECG evidenciou s1q3t3. Laboratorial hemoglobina: 9,2 mg/dL, hematócrito: 29,2%, plaquetas: 172.000/mm3, leucócitostotais: 9.200/mm3, tempo de protrombina : 13,7segundos, atividade de protrombina: 75%, RNI: 1,18, tempo de tromboplastina parcial: 45 segundos, ureia: 24 mg/dL, creatinina: 1,6 mg/ dL d-dímero 2349 μg/L . RX de tórax: elevação de hemicúpula e velamento de seio costofrênico à direita. Paciente recebeu heparina não fracionada como tratamento do suposto TEP. Ultrassom Doppler de membros inferiores 15/02/13: trombose desde o terço médio da veia femoral, Veia poplitea, tibiais posteriores e fibular caracterizada por material hipoecogênico preenchem do sua luz, parcialmente compressíveis e com fluxo filiforme ao Doppler . Sinais de trombose venosa profunda no membro inferior direito. Tomografia de tórax 15/02/13 denotou areas de aprisionamento aereonos lobos inferiores consolidações sub pleurais nos segmentos anterior do lobo superior esquerdo e superior do lobo inferior, aspecto de halo invertido compatível com áreas de infarto pulmonar. Após o diagnóstico, a heparina foi mantida por sete dias e iniciada anti coagulação oral. Discussão: Os principais fatores de risco para o tromboembolismo venoso são: trauma não cirúrgico e cirúrgico; idade maior que 40 anos; tromboembo- Discussão e Conclusão: Desconsideramos no presente estudo outros fatores confundidores como tabagismo, dislipidemia, plaquetometria e peso. A Hipertensão Arterial foi avaliada um estudo transversal anterior e não mostrou influência sobre a antiagregação. No presente estudo, a maioria dos pacientes sem diabetes atinge níveis satisfatórios pela CAP com doses baixas de AAS (100mg/dia); já os pacientes com diabetes necessitam de doses maiores que 100 quando comparados a somatória dos pacientes que precisaram aumentar a dose para 200 ou 300mg/dia de AAS para antiagregação desejada (IC 95% 0,2467 – 0,9096). Portanto, este achado reforça a hipótese de que os pacientes com AVCi prévio aterotrombótico, que têm diabetes, possuem maior resistência ao AAS, sugerindo a necessidade de dosagens terapêuticas maiores que 100mg/dia. Entretanto, sempre que possível, deve-se fazer o seguimento com exames marcadores de agregação plaquetária como a CAP para definir a dose ideal para cada paciente. Bibliografia consultada: · · · · Airee A, Draper HM, Finks SW. Aspirin resistance: disparities and clinical implications. Pharmacotherapy. 2008; 28:999-1018. Colwell JA, American Diabetes Association. Aspirin therapy in diabetes. Diabetes Care. 2004;27 (Suppl 1):S72-3. Falavigna A, Weschenfelder RF. Uso dos antiagregantes plaquetários no acidente vascular encefálico isquêmico. Rev Bras Neurol. 37:23-8. Jorge AA, Helber HA, Urbano HR, Olival GS, Gagliardi RJ. Influência do diabetes e da hipertensão arterial na antiagregação plaquetária por ácido acetilsalicílico na prevenção secundária do acidente vascular cerebral isquêmico. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2012; 57:120-2. 24 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA COM ACOMETIMENTO MIOCÁRDICO: RELATO DE CASO Juliana Teixeira Dall’ Agnol, Alessadra Evangelista Munhoz Comenalli, Vitor Sobreira Santos, Marcos Felipe Donini Souza Dias Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Serviço de Cardiologia da Santa Casa de São Paulo Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: O diagnóstico de precoce de Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) é importante, visto que a doença responde bem a plasmaférese, vale ressaltar que antes da plasmaférese a morbi-mortalidade da PTT era de 90%. Motivo: Relatar um caso de PTT no Serviço da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCM-SP), em que paciente evoluiu com PTT e acometimento miocárdico importante. Apresentação: JBL, feminina, 49 anos, sem co-morbidades prévias, etilista de ½ garrafa de bebida alcóolica destilada/semana há 20 anos, deu estrada no Pronto Socorro Central com quadro de epigastralgia há 1 mês associada a dispnéia e palpitação, há 3 dias iniciou quadro de febre não aferida, sem outros sinais localizatórios, procurou um AMA da região, sendo prescrito norfloxacino. Devido manutenção do quadro febril, paciente procurou o Pronto-Socorro Central da ISCMSP em abril de 2013. Ao exame físico, paciente apresentava-se hipocorada, taquipnéica (FR:40 irpm), taquicárdica (FC:120 bpm)afebri, PA:80x60mmHg, ausculta respiratória com estertores creptantes em base esquerda, ausculta cardíaca com bulhas cardíacas hipofonéticas, com ritmo cardíacoregular, exame abdominal sem alterações, extremidades frias, pulsos filiformes. Realizou eletrocardiograma que evidenciou BRE, infra desnivelamento me parede inferior e dorsal., radiografia de toráx com congestão pulmonar, aumento da área cardíaca e cisurite. Paciente evolui com insuficiência respiratória aguda, optado por intubação orotraqueal, seguindo a investigação do foco infeccioso, solicitado culturas e introduzido ceftriaxone, empiricamente. Realizado ecocardiograma com contratilidade segmenta preservada, função sistólica do ventrículo esquerdo preservada com fração de ejeção de 61%, função sistólica do ventrículo direito preservada, com aumento do átrio esquerdo, sem trombos ou vegetações. Exames laboratoriais evidenciaram hemoglobina 11,8g/dL, leucócitos 8,22mil, bastões12%, neutrófilos de 43%, plaquetas de 39 mil, creatinina 1,1, uréia 39, troponina 11,56. Optado por realizar estratificação invasiva para síndrome coronariana aguda, encaminhado a paciente para o lismo venoso prévio; imobilização; doença maligna, insuficiência cardíaca; infarto do miocárdio; paralisia de membros inferiores; obesidade; veias varicosas; estrogênio; parto; doença pulmonar obstrutiva crônica. O TEP é uma doença comum e potencialmente fatal, tendo uma mortalidade de aproximadamente 30%. O diagnóstico é difícil de obter. O diagnóstico precoce e a instituição imediata da terapêutica são essenciais na diminuição da morbimortalidade desta entidade. Bibliografia consultada: · · · Dalen JE. Pulmonary embolism: what have we learned since Virchow? Natural history, pathophysiology, and diagnosis. Chest. 2002; 122:1440-56. Task Force on Pulmonary Embolism, European Society of Cardiology. Guidelines on diagnosis and management of acute pulmonary embolism. Eur Heart J. 2000; 21:1301-36 Volschan A, Caramelli B, Gottschall CAM, Blacher C, Casagrande EL, Lucio EA, et al. Diretriz de embolia pulmonar. Arq Bras Cardiol. 2004; 83(supl.1):1-8. 25 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. cinecoronarioangiografia, exame sem alterações. Optado então por repetir o ecocardiograma, por suspeita de miocardite, que evidenciou aumento discreto do átrio esquerdo, comprometimento discreto da função sistólica do ventrículo esquerdo (fração de ejeção de 52%), função sistólica do ventrículo direito preservada. Disfunção diastólica moderada. Paciente mantêm-se hipotensa, taquicárdica, febril, optado por troca de antibioticoterapia por piperaciclina + tazobactam. Discussão: Em 75% dos casos é identificada uma causa para a síndrome, sendo as anormalidades hematológicas, sobretudo as desordens mieloproliferativas, as causas mais comuns. Na falha da terapêutica inicial do paciente o transplante hepático deve ser considerado. Um estudo europeu em 248 pacientes de 51 centros mostrou uma sobrevida após transplante de 76% em um ano, 71% após cinco anos e 68% após cinco anos do transplante. A recorrência da síndrome após o transplante é pouco descrita na literatura. Conclusões: O caso descrito apresenta relevância clinica pelo falo de uma paciente jovem com diagnóstico há menos de seis meses de Síndrome de Budd-Chiari, apresentando complicações graves e preditoras de prognóstico ruim, ter sido submetida a transplante em centro de referência e apresentar evolução favorável até o presente momento, apontando a importância do diagnóstico precoce e terapêutica adequada na evolução clínica dos pacientes. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA SUBAGUDA SECUNDÁRIA À INFECÇÃO POR VÍRUS EPSTEINBARR : RELATO DE CASO Alessandra Evangelista Munhoz Comenalli, Pedro Campelo Neto Anderson Simabuco Kohatsu, Bruno Brandao Pavan, Fernanda Bourroul Villela Pedras, Perla Oliveira Schultz Serviço de Gastroenterologia da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: Insuficiência hepática aguda (IHA) é definida como síndrome sistêmica, que tem como características principais a presença de coagulopatia (INR >1,5), e alteração mental (encefalopatia hepática), devido à deteriorização da função hepática, em pacientes sem hepatopatia prévia, e com evolução do quadro em um período menor que 26 semanas. Motivo da comunicação: Discutir caso de IHA induzida por EBV. Método: Relato de caso. Caso clínico: 51 anos, sexo feminino, portadora de hipertensão arterial sistêmica, em uso de metildopa 500mg/dia e hidroclorotiazida 25 mg/dia há cerca de um ano. Iniciou quadro de astenia, icterícia, colúria, acolia, náuseas e perda ponderal de aproximadamente 10 kg há 4 meses. Negava febre ou outros sintomas. Ao exame encontrava-se em bom estado geral, consciente e orientada, ictérica (2+/4+), ausência de estigmas de hepatopatia crônica ou flapping, sem alterações ao exame abdominal. Hb=14, leuco=6.300, seg=65,4%, AST=4623, ALT=1780, BT=17,8, BD=10,9, Cr=1,0, Ur=37, MELD de 20, Child-Pugh B. Investigação para hepatite auto-imune, doença de Wilson, hepatites infecciosas, foram negativas, exceto por sorologia para EBV IgM positivo. Solicitado então PCR qualitativo para EBV que veio detectado, IgG com avidez de 95%. Iniciadas medidas de suporte clínico e contactada a equipe de transplante hepático, visto que atingiu os Critérios da King’sCollege, mas a paciente evoluiu com piora progressiva da função hepática e renal, encefalopatia hepática grau III, coagulopatia, ascite, associado à pneumonia nosocomial, atingindo MELD 43 e Child-Pugh C. Evoluiu a óbito após 25 dias de internação devido a hemorragias múltiplas. Discussão: A classificação para a IHA baseia-se no tempo de instalação da icterícia, dividindo-se em: hiperaguda (<7 dias), aguda (7 a 21 dias) e subaguda (21 dias a 26 semanas). A evolução para o coma é mais comum em quadros agudos ou hiperagudos, enquanto falência renal e hipertensão portal são mais frequentes em casos subagudos. A etiologia é variada, sendo infecções virais e hepatites induzidas por drogas as causas mais comuns em adultos. A causa é estabelecida em cerca de 60 a 80% dos casos, sendo importante pra Bibliografia consultada: · · · · · · Clavien PA, Petrowsky H, DeOliveira ML, Graf R. Strategies for safer liver surgery and partial liver transplantation. N Engl J Med. 2007; 356:1545-59. Ginès P, Cárdenas A, Arroyo V, Rodés J. Management of cirrhosis and ascites. N Engl J Med. 2004; 350:1646-54. Janssen HL, Garcia-Pagan JC, Elias E, Mentha G, Hadengue A, Valla DC, et al. Budd-Chiari syndrome: a review by an expert panel. J Hepatol. 2003; 38:364-71. Menon KV, Shah V, Kamath PS. The Budd-Chiari syndrome. N Engl J Med. 2004;350:578-85. Mentha G, Giostra E, Majno PE, Bechstein WO, Neuhaus P, O’Grady J, et al. Liver transplantation for Budd-Chiari syndrome: A European study on 248 patients from 51 centres. J Hepatol. 2006; 44:520-8. Scully RE, Mark EJ, Mcnelly WF, Ebeling SH. Case records of the Massachusetts General Hospital. Weekly Clinicopathological Exercises. Case 12-1996. An 18-year old woman with hepatomegaly and ascites. N Engl J Med. 1996; 334:1045-51. 26 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. condução do caso e estabelecimento do prognostico. O EBV é o principal agente infeccioso da mononucleose, normalmente assintomático em infecções latentes em adultos. Pode afetar praticamente qualquer órgão. Esplenomegalia ocorre em aproximadamente 50% dos casos, mas icterícia e hepatomegalia são incomuns. A infecção subaguda por EBV é rara e apresenta febre, linfonodomegalia e hepatoesplenomegalia associados a provas de função hepática alteradas e citopenias. Não há tratamento específico para o vírus, visto que o aciclovir não promove cura ou beneficio sobre a infecção latente, sendo realizado apenas medicação sintomática O prognóstico na maioria das vezes é bom, sem complicações tardias, com o desenvolvimento de imunidade duradoura. Conclusão: A infecção por EBV é comum na população geral, e geralmente evolui com quadro de hepatite leve, mas raramente pode evoluir para IHA e nesse caso o risco de mortalidade é de 85%, caso não seja indicado o transplante hepático precocemente. Uma vez definido o diagnóstico da hepatopatia, medidas de suporte devem ser imediatamente iniciadas, com monitorização intensiva do paciente. fluxo coronário, reduzindo consideravelmente a morbimortalidade por doenças cardiovasculares. Tanto a fístula de artéria coronária quanto a ponte miocárdica podem causar dor torácica anginosa, estando a ponte inclusive relacionada a alguns casos de infarto agudo do miocárdio. A ponte miocárdica caracteriza-se pela presença de feixes miocárdicos que cruzam ou envolvem um segmento de artéria coronária. Já a fístula é uma anomalia congênita ou adquirida em que há comunicação anormal entre uma ou mais coronárias com as câmaras cardíacas ou a artéria pulmonar. Motivo da comunicação: A dor torácica anginosa nem sempre tem etiologia obstrutiva aterosclerótica, fazendo-se importante seus diagnósticos diferenciais como, por exemplo, as fístulas coronário-ventriculares e a ponte miocárdica costuma ser assintomáticas. Apresentação: Paciente de 72 anos, foi trazida ao pronto socorro referindo dor retroesternal súbita com início há três horas, em aperto, de forte intensidade, contínua, com irradiação para nuca e parestesia de face em lado esquerdo e mãos, sem fatores de melhora ou piora, acompanhada de cefaléia e sudorese intensa. Ao exame físico encontrava-se em regular estado geral, contactuante e orientada com ausculta cardíaca com bulhas rítmicas, normofonéticas em dois tempos sem sopros, frequência cardíaca de 72 batimentos por minuto, pressão arterial de 130x80mmHg, sem outras alterações. Foi realizado eletrocardiograma que apresentava supra de segmento ST em derivações V2, V3 e V4. Ao exame de coronarioangiografia foi evidenciado ponte miocárdica de artéria descendente anterior e microfístulas em coronária esquerda que drenavam para ventrículo esquerdo. Não apresentou elevação de enzimas cardíacas. Discussão: O achado incidental de ponte miocárdica associada a fístulas coronário-ventriculares não apresenta nenhum relato publicado na literatura. O mecanismo pelo qual a ponte miocárdica levaria à dor é ainda controverso. Durante a sístole pode ocorrer obliteração da coronária acometida, havendo interrupção do fluxo sanguíneo, mas torna-se contraditório ao analisarmos que a perfusão miocárdica ocorra durante a diástole. Sendo assim outras hipóteses tornam-se possíveis: uma alteração estrutural da musculatura lisa da ponte causaria um retardamento do relaxamento da coronária; ou ainda, a alteração causaria um processo inflamatório constante na região, gerando um vasoespasmo. Já as fístulas geralmente causam déficit na irrigação cardíaca pelo “roubo de fluxo” que ela promove ao desviar o sangue diretamente das coronárias para as câmaras cardíacas. Bibliografia consultada: · · · · · · Aronson MD, Auwaerter PG. Infectious mononucleosis in adults and adolescents. [on line]. UpToDate. Available from: http:// www.uptodate.com/contents/infectious-mononucleosis-in-adults-and-adolescents. [26 Feb 2013]. Gill RQ, Sterling RK. Acute liver failure. J Clin Gastroenterol. 2011; 33:191-8. Goldberg E, Chopra S. Acute liver failure in adults: etiology, clinical and diagnosis. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate.com/contents/acute-liver-failure-in-adults-etiology-clinical-manifestations-and-diagnosis [23 Feb 2013]. Lee WM, Stravitz RT, Larson AM. Introduction to the revised American Association for the Study of Liver Diseases Position Paper on acute liver Failure 2011. Hepatology. 2012; 55:965-7. Sullivan JL. Clinical manifestations and treatment of Epstein-Barr virus infection. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate.com/contents/infectious-mononucleosis-in-adults-and-adolescents. [26 Feb 2013]. Sullivan JL, Luzuriaga K. Virology of Epstein-Barr virus. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate.com/ contents/virology-of-epstein-barr-virus [26 Feb 2013]. PONTE MIOCÁRDICA ASSOCIADO À FÍSTULA CORONARIANA COMO POSSÍVEL CAUSA DE DOR TORÁCICA ANGINOSA Priscila Marcondes Biancalana, Mauricio Karakida Hashimoto, Fabricio Langella, Leonardo Honorato Cheng, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Bibliografia consultada: · Fundamentos: O diagnóstico precoce de doença coronária obstrutiva permite a rápida restauração do 27 Bastos LC, Cunha CLP. Anormalidades cineangiocoronariográficas em pacientes com isquemia miocárdica à cintilografia Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. · · perfusional e coronárias sem lesões obstrutivas: Estudo descritivo. Rev Bras Cardiol Invasiva. 2007; 15:52-60. Ishikawa Y, Akasaka Y, Suzuki K, Fujiwara M, Ogawa T, Yamazaki K, et al. Anatomic properties of myocardial bridge predisposing to myocardial infarction. Circulation. 2009; 120:376-83. Mendonça RM, Bandeira RL, Fonseca FJS, Macedo Filho R. Fístula Coronariana para ventrículo esquerdo: diagnóstico por tomografia computadorizada. Arq Bras Cardiol. 2011; 97:e82-e85. tics e Symptoms. Foram selecionadas 24 publicações das quais 12 abordavam o tema cuidados paliativos na emergência e um tratava do assunto aplicado à Unidade de Terapia Intensiva. Resultados: A implantação de serviço de cuidados paliativos num setor de emergência é dificultada por alguns fatores. Estudos mostraram que a falta de acesso aos registros anteriores dos pacientes e ausência de uma equipe de cuidados paliativos em tempo integral no setor seriam as maiores barreiras para a integração dos cuidados paliativos na emergência, segundo os médicos emergencistas. Um estudo realizado com 228 residentes dos serviços de residência médica de Nova Iorque apontou que 70% dos clínicos entrevistados concordaram com a necessidade de formação em CP para o médico emergencista. Neste estudo, citaram-se como barreiras para a implantação dos CP na emergência a necessidade de se realizar diagnóstico precoce e iniciar a terapêutica da doença aguda em detrimento de uma melhor avaliação da situação global do paciente. Em um estudo retrospectivo observacional foi realizada a comparação de 314 idosos internados em dois centros médicos. O grupo que recebeu cuidados paliativos possuía um índice de internação em UTI menor que o grupo em cuidados habituais, além de apresentar uma redução de custos diários de $ 230 e reduzir os gastos com materiais médicos em $ 98. Quando comparados os custos com farmácia, não houve diferença significativa entre ambos. Estudo recente realizado com 151 pacientes portadores de câncer de pulmão em fase metastática, comparou um grupo em cuidados paliativos com outro em cuidados convencionais. Os resultados encontram-se na Tabela 1. Conclusão: Com base nos artigos encontrados, ressalta-se a importância das equipes de cuidados paliativos no setor de emergência, visto que a adoção deste tipo de atenção permite reduzir custos com internação, tempo de hospitalização, conflitos familiares e processos médicos. O treinamento em cuidados paliativos por médi- CUIDADOS PALIATIVOS NO SETOR DE EMERGÊNCIA: REVISÃO DE LITERATURA Guilherme Guardia Mattar, Ivan Henrique da Silveira Bueno Piotto, Tiago Valois, Vanessa Souza Santana, Guilherme Hideo Sakemi, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A OMS estima que 4,5 milhões de pacientes morram anualmente sem receber tratamento adequado da dor e outras causas de sofrimento durante a terminalidade da vida. A maioria desses pacientes apresenta baixas rendas e encontra - se em países em desenvolvimento. Na última década, a medicina de emergência tem assumido papel central na abordagem dos cuidados paliativos - CP. Objetivos: Este artigo tem por objetivos melhorar a qualidade dos cuidados paliativos no Setor de Emergência, bem como, contribuir com informações às equipes de saúde sobre o tema, identificar empecilhos à aplicação desses cuidados, avaliar os impactos sobre a qualidade de vida dos pacientes e sobre os custos com internações. Métodos: Este artigo é produto da experiência do setor de emergência da Santa Casa de São Paulo e da revisão bibliográfica realizada nas bibliotecas eletrônicas PubMed, Scielo e LILACS de artigos científicos publicados no período de 1994 a 2013. Na busca, foram utilizados os seguintes descritores: Palliative Care, Emergency Department Care, Risk Factors, Therapeu- Tabela 1 Estudo realizado com 151 pacientes portadores de câncer de pulmão não pequenas células metastático. Massachusetts General Hospital. 2006-2009 Cuidados Paliativos precoces combinados ao Tratamento Oncológico Tratamento Oncológico P Tratamento agressivo no final da vida 33% 54% 0,05 Sobrevida 11,6 meses 8,9 meses 0,02 Incidência de depressão 16% 38% 0,01 91,5 0,03 Qualidade de vida (0-136) 98 28 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. cos emergencistas, a formação de uma equipe especializada em cuidados paliativos e o contato contínuo dos graduandos em Medicina com o tema poderiam suprir as dificuldades de implantação dessa modalidade de atenção nos serviços de emergência do país, inclusive, no Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo. Discussão: A endocardite infecciosa é uma doença grave causada por bactérias ou fungos, sendo os agentes mais comuns: streptococo oral e grupo D, S. pneumoniae, estreptococo b-hemolítico, Staphylococcus aureus, enterococo, bactérias gram negativas.Pode ser predisposta por uso de drogas endovenosas, manipulação dentária, uso de cateteres ou presença de próteses valvares. O diagnóstico é baseado nos critérios de Duke e inclui a presença de nova lesão valvar, evento embólico, sepse, hematúria, glomerulonefrite, febre, hemocultura positiva, manifestações cutâneas (Osler, Janeway) ou oftálmicas (Roth), presença de vegetações valvares. O tratamento tem duração de 4 a 6 semanas, associada à troca valvar. Para estreptococo, S. pneumoniae e estreptococos b-hemolíticos é indicada a penicilina G, amoxicilina, ceftriaxone ou vancomicina. Para S. aureus indica-se oxacilina ou vancomicina associada a gentamicina. Quando em válvula protética recomenda-se a troca da válvula. Para enterococo utiliza-se penicilina, ampicilina ou vancomicina associada à gentamicina. Para bactérias gram negativas do grupo HACEK utiliza-se ceftriaxone. Para os casos de fungos opta-se por anfotericina. Bibliografia consultada: · · · · · Lamba S, DeSandre PL, Todd KH, Bryant EN, Chan GK, Grudzen CR, et al. Integration of palliative care into emergency medicine: the Improving Palliative Care in Emergency Medicine (IPAL-EM) collaboration. J Emerg Med. 2014; 46:264-70. Lamba S, Nagurka R, Zielinski A, Scott SR. Palliative care provision in the emergency department: barriers reported by emergency physicians. J Palliat Med. 2013; 16:143-7. Quest TE, Chan GK, Derse A, Stone S, Todd KH, Zalenski R. Palliative care in emergency medicine: past, present, and future. J Palliat Med. 2012; 15:1076-81. Von Gunten CF, Mullan P, Nelesen RA, Soskins M, Savoia M, Bucholz G, et al Development and evaluation of a palliative medicine curriculum for third-year medical students. J Palliat Med. 2012; 15:1198-217. Yang HB, Nelesen RA, Montross LP, Whitmore SM, Ferris FD. Comparison of international medical graduates with US medical students and residents after a four-week course in palliative medicine: a pilot study. J Palliat Med. 2013; 16:471-7. Bibliografia consultada: · ENDOCARDITE INFECCIOSA · Ana Luiza Trevizani Ticly, Anna Paula Molinari Nardi, Denise Moura Miranda, Ricardo Cantarim Inácio, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri · Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A endocardite infecciosa é uma infecção que acomete as válvulas cardíacas e apresenta alto risco de morbidade e mortalidade. O seu prognóstico depende de rápido diagnóstico, tratamento efetivo e reconhecimento precoce das suas complicações. Objetivo: Relato de caso de paciente com endocardite infecciosa que tem como objetivo ressaltar as causas e as conseqüências do diagnóstico tardio. Apresentação: Paciente sexo masculino, 79 anos, com hipertensão arterial sistêmica, hepatopatia alcoólica, insuficiência renal crônica dialítica há 2 anos encaminhado de clínica de hemodiálise com toxemia, hipotensão e infecção de permicath, com hemocultura positiva para Staphylococcus aureus em tratamento com ceftazidima por 10 dias. Apresentou parada cardiorrespiratória por 15 minutos sendo intubado e iniciado droga vasoativa. Paciente evoluiu com febre, petéquias, nódulos de Osler e manchas de Janeway. O permicath foi retirado e introduzido vancomicina e meropenem. Ecocardiograma transtorácico com ausência de trombos ou vegetações. Instituído o diagnóstico de endocardite infecciosa e mantido antibiótico. · · Gutierrez P, Calderaro D, Caramelli B. Endocardite infecciosa. Rev Assoc Med Bras. 2004; 50:118-9. Sexton DJ. Diagnostic approach to infective endocarditis. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate.com/ contents/clinical-manifestations-and-diagnosis-of-infective-endocarditis [10 Jun 2012]. Sexton DJ. Epidemiology, risk factors and microbiology of infective endocarditis. [on line]. UpToDate. Available from: http:// www.uptodate.com/contents/epidemiology-risk-factors-and-microbiology-of-infective-endocarditis [10 Jun 2012]. Sexton DJ. Infective endocarditis: historical and Duke criteria. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate. com/contents/infective-endocarditis-historical-and-duke-criteria [13 Jun 2012]. Spelman D, Sexton DJ. Complications and outcome of infective endocarditis. [on line]. UpToDate. Available from: http:// www.uptodate.com/contents/complications-and-outcome-of-infective-endocarditis SÍNDROME DE WOLFF PARKINSON WHITE INTERMITENTE: RELATO DE CASO Denise Moura Miranda, Ana Luiza Trevizani Ticly, Anna Paula Molinari Nardi, Vanessa Silva Suller Garcia, Carolina Bassoli Azevedo Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Louis Wolff, John Parkinson e Paul Dudley White, em 1930, descreveram uma síndrome eletrocardiográfica, que consiste em um bloqueio de ramo funcional e intervalo P-R curto, com episódios frequentes de taquicardia paroxística. 29 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Objetivo: Documentar o diagnóstico precoce a fim de evitar morte súbita, consequência da Síndrome de Wolff Parkinson White. Pacientes assintomáticos apresentam um risco de 0,1% ao ano de apresentarem morte súbita enquanto em pacientes graves esse risco aumenta para 0,56% ao ano. Relato do caso: Paciente sexo masculino, 43 anos, natural da Bahia e procedente de Guarulhos, ajudante de pedreiro, ex-tabagista e hipertenso, refere início súbito de palpitações em Fevereiro/2013, ao repouso, associado a mal estar e dispnéia. Evoluiu com piora da dispnéia e edema de membros inferiores. Realizado ECG com taquicardia supraventricular por via anômala em VE (RP’ maior que 70ms e P’ negativa em V5 e V6). Submetido à cardioversão elétrica, com ECG apresentando sinais de pré-excitação (PR curto e onda Delta). Mantém palpitações esporádicas auto-limitadas. Em programação de radioablação. Discussão: A síndrome de Wolff Parkinson White é caracterizada por despolarização ventricular precoce durante condução do estímulo elétrico do átrio para o ventrículo, através de uma ou mais vias acessórias. É a mais frequente do grupo das síndromes de pré-excitação e possui prevalência de 0,1 a 0,3% na população geral, com 60 a 70% dos casos sem qualquer evidência de cardiopatia. A incidência é maior em homens com distribuição bimodal quanto à idade, sendo mais frequente no primeiro ano de vida e na adolescência. Os portadores dessa síndrome apresentam duas vias alternativas de condução para chegar ao ventrículo durante o ritmo sinusal: a via normal passa pelo NAV (Nó atrioventricular) e a via anômala, conhecida como feixe de Kent (conexões compostas por fibras de miocárdio não pertencentes ao sistema de condução normal, mas capazes de conduzir o estímulo elétrico). O estímulo sinusal que passa pela via acessória ativa o ventrículo de forma precoce, levando a um espessamento no ramo ascendente do QRS (onda delta). Uma parte do ventrículo é excitada de uma forma anômala e prematura enquanto o outro caminho natural através do NAV (o feixe de Hiss e seus ramos) estimula o resto do ventrículo, tornando-se responsável pela parte final na configuração do QRS. As taquicardias paroxísticas supraventriculares são as mais frequentes, apresentando-se no eletrocardiograma como taquicardias de QRS estreito (<0,12s) e intervalo RR regular. No estudo eletrofisiológico invasivo são introduzidos cateteres com eletrodos multipolares pelo sistema venoso e/ou arterial para registrar a atividade elétrica cardíaca bem como eliminar as taquicardias mediante aplicação de radiofrequência sobre a área do endocárdio relacionado ao circuito reentrante da arritmia. É um procedimento seguro e empregado com fins curativos em 98% dos casos com sucesso. Referências Bibliográficas · · · · · Giraldo IS, Paredes AM, Ramirez MM, Rojo Bustamante E, Sánchez GA, Sánchez M. Síndromes de pre-excitación cardíaca y su relación com la fibrilación auricular. Arch Med. 2008; 8:63-74. Krawczuk VC, Oliva N, Berg MMR. Tratamiento del Síndrome de Wolff Parkinson White. Rev Postgrado Cátedra Med. 2007; 168:19-25. Lloret R, Silva Neto O, Nishimura AI, Kusnir C, Murakami D, Pedra R, et al. Síndrome de Wolff-Parkinson-White e morte súbita. Rev Fac Ciênc Méd Sorocaba. 2010; 12:21-5. Paola AMV, Melo WDS, Gondim FAA, Hara VM. Síndrome de Wolff-Parkinson-White e outras anomalias de condução. In: Porto CC. Doenças do coração: prevenção e tratamento. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p.350-3. Pappone C, Manguso F, Santinelli R, Vicedomini G, Sala S, Paglino G, et al. Radiofrequency ablation in children with asymptomatic Wolff-Parkinson-White syndrome. N Engl J Med. 2004; 351:1197-205. REATIVAÇÃO CLÍNICA DE NEUROCISTICERCOSE NA VIGÊNCIA DO USO DE INTERFERON PEGUILADO (PEG-INF) E RIBAVIRINA EM PACIENTE COM HEPATITE C (HCV): RELATO DE CASO Thatja C. S. Britto, Felipe B. Ferreira, Kelly C. Santos, Pricila PA. Barros, Priscilane A. Giacomin, Cassia L. Moura, Mariana P. Pacheco, Bruno B. Pavan, Julio C. Silva, Andrea Viera, Paulo Eugênio de Araújo C. Brant, Perla Oliveira Schulz, Roberto Gomes da Silva Jr. Serviço de Gastroenterologia da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A hepatite C é uma das principais causas de hepatopatia crônica, com cerca de 3% da população mundial infectada. O tratamento tem como objetivo resposta virológica sustentada, aumento da expectativa e qualidade de vida, e redução da evolução para insuficiência hepática; como indicações pacientes com sinais clínicos/ecográficos de cirrose, manifestações extrahepáticas ou com atividade periportal, lobular e fibrose (Classificação METAVIR ou ISHAK). Motivo da Comunicação: Relatar caso de reativação de neurocisticercose durante tratamento antiviral para HCV. Apresentação: Paciente C.M.S, 72 anos, sexo feminino, branca, natural e residente de Piracicaba – SP. Iniciou acompanhamento ambulatorial em nosso serviço em 05/2004, com diagnóstico de hepatite C, genótipo 1B e METAVIR A1F1, mantendo seguimento clínico. Em 04/2010, realizou nova biópsia hepática, com METAVIR A1F2; tendo sido indicado tratamento com PEG-INF α2B 80 mcg/semana e ribavirina 1g/ dia, após rastreio infeccioso. Iniciou tratamento em 07/2010, e na sétima semana apresentou crise convulsiva tônico clônica generalizada (CCTCG), seguida 30 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. de queda da própria altura; quando procurou pronto socorro de outro serviço recebendo diagnóstico de hemorragia intraparenquimatosa sem conduta neurocirúrgica e suspenso terapia antiviral. Retornou em consulta ambulatorial, com orientação de manter suspenso o tratamento antiviral, solicitação de exames de imagem e avaliação da neurologia. Em tomografia de crânio se observou microcalcificações difusas sem captação após contraste. Optado pela neurologia por introduzir lamotrigina. Paciente evoluiu sem novos episódios de CCTCG, mantendo acompanhamento ambulatorial com a Hepatologia e Neurologia. Discussão: Nos pacientes em tratamento para HCV, sempre avaliar resposta terapêutica, assim como eventos adversos que levem à interrupção do mesmo. No caso descrito, a paciente apresentava neurocisticercose em uma forma tida como residual (granular calcificada), que por provável efeito imunomodulador dos antivirais evoluiu com processo inflamatório e reativação clínica, com necessidade da suspensão do tratamento para HCV. Porém, mais estudos serão necessários para avaliar esta real associação, visto que em literatura existem diversas hipóteses para reativação da neurocisticercose, como edema cerebral resultante da morte do parasita, liberação de antígenos insolúveis e inacessíveis a partir de cisticercos mortos desencadeando resposta inflamatória e resposta imunomediada de forma cruzada por outros agentes. o trato gastrointestinal, sendo 50% dos casos com localização íleocolônica. Quando há acometimento isolado ou concomitante do apêndice cecal pode haver dificuldade para estabelecer diagnóstico diferencial com apendicite aguda, sendo esta última a principal causa de afecção abdominal cirúrgica não obstétrica na gestação. Motivo da Comunicação: Relatar caso de doença de crohn mimetizando apendicite aguda complicada em paciente gestante. Apresentação: Paciente G.B.O.G, 32 anos, sexo feminino, branca, natural de Vitória da Conquista – BA e residente em Osasco – SP. Submetida em 11/2012 à apendicectomia devido quadro de dor abdominal intensa em fossa ilíaca direita; na ocasião estava gestante, evoluindo com trabalho de parto prematuro, parto normal e óbito fetal. No 5º mês de pós operatório evoluiu com saída de secreção em local de cicatriz cirúrgica, que se manteve sem resolução, e veio encaminhada ao nosso serviço em 06/2013, com a mesma queixa (Figura 1).Realizado enterografia por tomografia computadorizada, que evidenciou espessamento segmentares de alças entéricas, intercalados com segmentos normais, espessamento de íleo terminal se estendendo cerca de 6cm até a válvula íleocecal, ceco com calibre reduzido, coleção líquida com focos gasosos de permeio na pelve superior à esquerda que apresenta trajeto fistuloso até a pele da fossa ilíaca direita (extensão de aproximadamente 7cm) e aparente comunicação desta coleção com segmento de alça ileal espessada. Optado por realizar laparotomia exploradora, que confirmou o achado no exame de imagem, mostrando fístula em íleo terminal, lesão inflamatória e espessamento jejunal a 30cm do Treitz, sendo realizado ileocolectomia direita e ressecção em cunha de lesão inflamatória. Discussão: Apesar de a apendicite aguda ser a principal causa de afecção abdominal cirúrgica não obstétrica na gestação, sempre considerar possíveis diagnósticos diferenciais. Como no caso descrito, em que o diagnóstico definitivo foi doença de crohn de início não habitual. Bibliografia consultada: · · · Maehara T. Neuroimaging of epilepsy. Neuropathology. 2007;27:585-93. McHutchison JG, Lawitz EJ, Shiffman ML, Muir AJ, Galler GW, McCone J, et al. Peginterferon alfa-2b or alfa-2a with ribavirin for treatment of hepatitis C infection. N Engl J Med. 2009;361:580-93. National Institutes of Health. Consensus Development Conference Statement: Management of Hepatitis C 2002. Gastroenterology. 2002; 123:2082-99. DOENÇA DE CROHN MIMETIZANDO APENDICITE AGUDA COMPLICADA EM PACIENTE GESTANTE: RELATO DE CASO Bibliografia consultada: · Kelly C. Santos, Thatja C. S. Britto, Felipe B. Ferreira, Pricila P A. Barros, Priscilane A. Giacomin, Cassia L. Moura, Mariana P. Pacheco, Bruno B. Pavan, Julio C. Silva, Andrea Viera, Paulo Eugênio de Araújo C. Brant, Perla Oliveira Schulz, Roberto Gomes da Silva Jr. · Serviço de Gastroenterologia da Santa Casa de São Paulo · Fundamentos: A doença de Crohn é caracterizada por inflamação transmural, que pode envolver todo 31 Lichtenstein GR, Hanauer SB, Sandborn WJ, Practice Parameters Committee of American College of Gastroenterology. Management of Crohn’s disease in adults. Am J Gastroenterol. 2009; 104:465-83. Schwartz DA, Loftus EV Jr, Tremaine WJ, Panaccione R, Harmsen WS, Zinsmeister AR, et al. The natural history of fistulizing Crohn’s disease in Olmsted County, Minnesota. Gastroentero logy. 2002; 122:875-80. Tamir IL, Bongard FS, Klein SR. Acute appendicitis in the pregnant patient. Am J Surg. 1990; 160: 571-5. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. NEOPLASIA DE PRÓSTATA DE RÁPIDA EVOLUÇÃO EM PACIENTE JOVEM UTILIZANDO TERAPIA BIOLÓGICA: RELATO DE CASO LESÃO DE CROHN METASTÁTICO TRATADA CIRURGICAMENTE: RELATO DE CASO Felipe B. Ferreira, Kelly C. Santos, Thatja C. S. Britto, Pricila P A. Barros, Priscilane A. Giacomin, Cassia L. Moura, Mariana P. Pacheco, Bruno B. Pavan, Julio C. Silva, Andrea Viera, Paulo Eugênio de Araújo C. Brant, Perla Oliveira Schulz, Roberto Gomes da Silva Jr. Kelly C. Santos, Thatja C. S. Britto, Felipe B. Ferreira, Pricila P A. Barros, Priscilane A. Giacomin, Cassia L. Moura, Mariana P. Pacheco, Bruno B. Pavan, Julio C. Silva, Andrea Viera, Paulo E. Brant, Perla Oliveira Schulz, Roberto Gomes da Silva Jr. Serviço de Gastroenterologia da Santa Casa de São Paulo Serviço de Gastroenterologia da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A Doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória caracterizada por acometimento focal, assimétrica, transmural e multissistemica. 5 Na fisiopatogenia tem-se fatores genéticos e microbióticos envolvidos. Além disso, há manifestações extra-intestinais (MEI) que ocorrem em 40% dos casos.1,6 25% dos pacientes tem mais que uma MEI.6 Uma das manifestações mais raras é denominada de lesão metastática do Crohn (MC). Essa é classicamente reconhecida como uma lesão dérmica estéril sem nenhuma solução de continuidade com o intestino. Motivo da Comunicação: relatar lesão extra-intestinal rara da DC e tratamento não convencional. Apresentação: Masculino, 45, com DC há 5 anos, que após abandono do tratamento fez quadro de abdômen agudo inflatório perfuraritivo. Realizada cirurgia corretiva e colostomia. No acompanhamento precoce apareceram fístulas entero-cutâneas e lesão sub-costal a esquerda sem comunicação com o trato intestinal. Feito tratamento com azatioprina e mesalazina com recuperação completa do quadro geral e normalização do hábito intestinal. As fistulas (3) foram reabordadas cirurgicamente permanecendo somente uma. Frente à lesao sub-costal foi optado inicialmente por observação. Como houve resolução completa da atividade de mucosa e a lesao perpetuava, foi indicada a cirurgia. Feita a ressecção da lesão e o anatomopatológico mostrou lesão inflamatória purulenta com degeneração do arco costal em contato intimo. Não havia nenhuma comunicação com órgãos profundos e todas as culturas foram negativas. Discussão: Como exposto anteriormente, vários outros órgãos podem ser acometidos pela DC. No caso da pele, o eritema nodoso (EN) e o pioderma gangrenoso são os mais comuns.6 O MC pode variar de placas, a pápula, a nódulos, a ulceras e a lesões semelhantes à erisipela.3 É uma lesão por vezes supurativa, porém sempre inflamatória e sem agente infeccioso primário.2,7 A MC localiza-se principalmente nas regiões de dobra, como a axila 4, e membros inferiores. Sua analise pela anatomia patológica geralmente revela granulomas não caseosos esparços, agregados de Fundamentos: Os inibidores de fatores de necrose tumoral representam um importante avanço no tratamento de diversas afecções incluindo artrite reumatóide, psoríase, espondilopatias soronegativas e doença inflamatória intestinal. O uso de terapia biológica em pacientes com Doença de Crohn e indicado quando há intolerância ou falha de resposta à terapia convencional, na doença moderada ou grave, na doença fistulizante , dentre outras. Porém o uso da medicação expõe o paciente ao maior risco de infecções oportunistas, indução de autoimunidade e neoplasias. Motivo da Comunicação: Relatar caso de neoplasia de próstata de rápida evolução em paciente jovem em uso de terapia biológica. Apresentação: Paciente masculino, 44 anos, com diagnostico de Doença de Crohn em 2006. Iniciou terapia biológica após 2 anos do diagnóstico, e apesar da terapia otimizada evoluiu com fístula anorretal. Em vigência de Infliximab há 5 anos, paciente evoluiu com lombociatalgia, parestesia de membros inferiores, hematúria e perda ponderal. Apesar de ausência de fatores de risco e histórico familiar, prosseguido investigação com diagnóstico de Adenocarcinoma acinal usual de próstata avançado com lesões secundárias disseminadas. Optado por suspensão de terapia biológica Discussão: O caso acima nos permite questionar se a terapia biológica teria contribuindo no desenvolvimento de neoplasia de próstata em paciente jovem sem nenhum fator de risco e histórico familiar. Bibliografia consultada: · · Lichtenstein GR, Hanauer SB, Sandborn WJ, Practice Parameters Committee of American College of Gastroenterology. Management of Crohn’s disease in adults. Am J Gastroenterol. 2009; 104:465-83. Schwartz DA, Loftus EV Jr, Tremaine WJ, Panaccione R, Harmsen WS, Zinsmeister AR,et al. The natural history of fistulizing Crohn’s disease in Olmsted County, Minnesota. Gastroenterology. 2002; 122:875-80. 32 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. células gigantes multinucleados irregulares e presença de linfocitos e eosinófilos é a histologia mais típica.2 Pacientes com DC são mais acometidos quando comparados com os com Retocolite.2 O tratamento descrito em literatura é o controle da doença de base. Não há trabalhos que comparem os tratamentos, no entanto o uso de corticóides na fase aguda e anti-TNF e Tiopurinas na manutenção, são boas alternativas. No caso exposto, apesar das manifestações clínicas importantes do paciente o controle intestinal foi alcançado apenas com Mesalazina, Azatioprina e uso do corticóide na fase inicial da doença. E apesar do habito intestinal e colonoscopia demonstrarem tal resposta, o paciente mantinha a lesao sub-costal. Ao ser abordado cirurgicamente foi visto um acometimento ainda mais raro, que é a degeneração ósseas que estava em contato íntimo com a lesão. O procedimento transcorreu sem intercorrências. Após seis meses da abordagem o paciente não tem qualquer sinal novo de atividade da doença. DHGNA e a neoplasia colorretal têm fatores de risco em comum, trabalhos indicam que estágios precoces de esteatose hepática (EH) já promoveriam um microambiente favorável ao desenvolvimento de metástases hepáticas de neoplasias colorretais (MCR). Objetivo: avaliar a associação de DHGNA com neoplasias malignas primárias e secundárias do fígado (NMPSF), comparando as prevalências nos diferentes tipos histológicos de tumores. Casuística e Métodos: Estudo retrospectivo de 120 casos de NMPSF incluídos no banco de dados do Departamento de Anatomia Patológica, de janeiro de 2007 a dezembro de 2011. As amostras foram avaliadas quanto à presença de fatores de risco para DHGNA, e quanto à presença de EH, EHNA e fibrose hepática (FH). Foi quantificada a associação dos fatores de risco com EH, EHNA e FH. Os pacientes foram divididos em grupos de cada neoplasia e respectivos grupos-controles, contendo as demais neoplasias. Resultados: No grupo total não houve diferença de associação de EH em relação à população geral (34,2% X 30%, intervalo de confiança - 95%IC- 25,843,4). Avaliando por neoplasia, a EH foi mais prevalente no grupo-MCR (odds-ratio-OR=3,92; 95%IC 1,2-9,57; p =0,001), mas não no grupo-CHC (OR= 0,60; 95%IC 0,15-2,22; p =0,406) ou no grupo-colangioCA (OR= 0,70; 95%IC 0,14-3,15; p = 0,613). Houve maior prevalência de FH no grupo-CHC (OR= 3,50; 95%IC 0,96-13,88; p = 0,032), mas não no MCR ou no colangioCA (OR= 0,47; 95%IC 0,20-1,09; p = 0,053 e OR= 1,85; 95%IC 0,45-8,05; p = 0,343, respectivamente). Não houve casos de EHNA em nenhum dos três tipos de tumores, mas sim nos seus controles (p =0,552; 1,000 e 1,000, respectivamente). Ao avaliarmos a relação da presença de EH, FH e EHNA com os fatores de risco, não foi observada associação estatisticamente significante em nenhuma das neoplasias estudadas. Conclusão: Houve associação estatística de DHGNA com MCR no grupo estudado, mas não com CHC ou colangioCA. Bibliografia consultada: · · · · Balsamo F, Fraga JBP, Moreno WD, Formiga GJ. Doença de Crohn metastática para axila. Rev Bras Coloproctol. 2007; 27: 89-92. Danese S, Semeraro S, Papa A, Roberto I, Scaldaferri F, Fedeli G, et al.Extraintestinal manifestations in inflammatory Bowel disease. World J Gastroenterol 2005;11:7227-36. Goral V. Rare and new extraintestinal complication of ulcerative colitis: nasal septal perforation. Inflamm Bowel Dis. 2012;18:E397-8. Huang BL, Chandra S, Shih DQ. Skin manifestations of inflammatory bowel disease. Front Physiol. 2012;3:13. ASSOCIAÇÃO DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA COM NEOPLASIAS MALIGNAS DO FÍGADO: EXPERIÊNCIA NA IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO Perla Oliveira Schulz, Maria de Fátima Araújo Nascimento, Andrea Vieira, Luiz Arnaldo Szutan Bibliografia consultada: · Serviço de Gastroenterologia da Santa Casa de São Paulo e Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo · Introdução: A prevalência da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) vem aumentando no mundo. Estudos demonstraram a associação de carcinoma hepatocelular (CHC) e colangiocarcinoma (colangioCA) com esteatohepatite não alcoólica (EHNA) cirrótica, mas não é definido se tais neoplasias têm risco aumentado em não cirróticos. Como a · 33 Chagas AL, Kikuchi LOO, Oliveira CPMS, Vezozzo DCP, Mello ES, Oliveira AC, et al. Does hepatocellular carcinoma in nonalcoholic steatohepatitis exist in cirrhotic and non-cirrhotic patients? Braz J Med Biol Res. 2009; 42:958-62. Reddy SK, Hyder O, Marsh JW, Sotiropoulos GC, Paul A, Alexandrescu S, et al. Prevalence of nonalcoholic steatohepatitis among patients with resectable intrahepatic cholangiocarcinoma. J Gastrointest Surg. 2013; 17:748-55. VanSaun MN, Lee IK, Washington MK, Matrisian L, Gorden DL. High fat diet induced hepatic steatosis establishes a permissive microenvironment for colorectal metastases and promotes primary dysplasia in a murine model. Am J Pathol. 2009; 175:35564. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. usualmente está associada a demais doenças autoimunes, sendo as mais classicamente associadas tireoidopatias, vitiligo e DM tipo 1. O Tratamento com reposição de vitamina B12 é mantido por toda a vida no caso de AP. PANCITOPENIA EM MULHER JOVEM, RELATO DE CASO DE ANEMIA PERNICIOSA Adriana Hepner, Thais Fischer, Guilherme Hideo Sakemi, Renato Moraes Alves Fabbri Bibliografia consultada: Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo · Fundamentos: A Anemia Perniciosa (AP) caracteriza-se por uma gastrite autoimune, resultante da destruição das células parietais gástricas, com conseqüente ausência de fator intrínseco (FI) para se ligar à vitamina B12 (cianocobalamina) adquirida pela dieta. O complexo FI-Cbl se liga a receptores específicos no íleo terminal para permitir a absorção da vitamina. A AP ocorre mais comumente em indivíduos de idade avançada e é a principal causa de deficiência de vitamina B12. Está também bastante associada a outras doenças autoimunes. Motivo da comunicação: Relato de caso de AP em paciente jovem, com apresentação da doença atípica. Apresentação: M.S.S.C, feminino, 25 anos, solteira, natural de São Paulo, sem comorbidades, habita com gatos e cachorros. Paciente com queixa de diarréia sem produtos patológicos há 10 meses, hematomas espontâneos em membros há seis meses, há dois meses síndrome consumptiva e sensação febril. Há sete dias, internação em outro serviço, na qual tratou pneumonia com ceftriaxone e metronidazol e recebeu cinco hemoconcentrados-sic. Exames iniciais realizados no outro serviço: Hb 5,3g/dl plaquetas 58.000/uL e BRT 7,0mg/dL, BI 6,4mg/dL. Na admissão regular estado geral, emagrecida, com hematomas em membros inferiores. Hb 9,7g/dL, VCM 89fL, RDW 22%, leucócitos 2690/ul, plaq 15.000/uL, BRT 1,1mg/dL, DHL 8337U/L, coagulograma normal, culturas e sorologias negativas. Ultrassom de abdomem total sugestivo de hepatoesplenomegalia. Até o momento, os principais diagnósticos diferenciais eram processo inflamatório/ infeccioso e neoplásico. Foi solicitada avaliação da Hematologia devido à persistência da pancitopenia. O mielograma realizado sugeriu megaloblastose. Solicitado, então, endoscopia digestiva alta e colonoscopia, com laudos compatíveis com atrofia de mucosa gástrica e colite erosiva, respectivamente. A dosagem de acido metilmalônico e homocisteína elevados corroboraram a hipótese de deficiência de vitamina B12². Iniciada reposição parenteral de vitamina B12 e após um mês, Hb 13,8g/dL Ht 41,7% leuc 3500/uL plaq 207.000/uL. Entretanto, a paciente mantinha queixas de diarréia e foi iniciada investigação para síndrome disabsortiva de origem autoimune, como a doença celíaca. Discussão: Geralmente, a apresentação de AP ocorre em idade mais avançada, média de acometimento entre 70 e 80 anos. Em pacientes mais jovens, · · Braunwald E, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Longo DL, Jameson JL, editors. Harrison medicina interna. 17ª. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill do Brasil; 2009. 2v. Schrier SL. Etiology and clinical manifestations of vitamin B12 and folate deficiency. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate.com/contents/etiology-and-clinicalmanifestations-of-vitamin-b12-and-folate-deficiency. [12 May 2013]. Stabler SP. Clinical practice. Vitamin B12 deficiency. N Engl J Med. 2013; 368:149-60. MENINGITE DE MOLLARET Anna Paula Molinari Nardi, Carolina Bassoli, Francisco Tomaz Meneses de Oliveira, Ibsen Thadeo Damiani, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo A Meningite de Mollaret foi descrita primeiramente por Pierre Mollaret, em 1944. É uma forma de meningite asséptica, rara, de incidência desconhecida, que não deixa sequelas neurológicas. Como critérios diagnósticos, apresenta episódios recorrentes de cefaléia, meningismo e febre; pleocitose no líquor com células “endoteliais grandes”, e episódios separados por períodos assintomáticos com duração de semanas a meses com remissão espontânea dos sinais e sintomas e sem agente etiológico detectável. Objetivo: Apresentar um caso raro de Meningite de Mollaret associado a alterações de exame de neuroimagem. Relato de caso: G.S.S., dezoito anos, deu entrada com quadro clínico de febre, cefaléia intensa, parestesia em membro superior direito e hemiface à direita, sonolento e com afasia de expressão que se instalou após crise tônico-clônica generalizada. Antecedentes pessoais: epilepsia, em uso de fenobarbital 100mg/dia há cerca de dois anos, iniciada após o primeiro episódio de meningite viral. Apresentou cinco episódios de meningite com características semelhantes ao evento atual, com cefaléia intensa, meningismo e febre. Foi submetido a punções lombares, sempre apresentando pleocitose linfomonocitária, hiperproteinorraquia e glicorraquia normal. O período livre de crises durava semanas a meses. Em uma das internações foi identificada sorologia pra Herpes 1,2 - IgM positivo. Necessitou de internação hospitalar com tratamento com aciclovir em duas ocasiões e, nas demais, obteve remissão es- 34 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. pontânea dos sintomas. A RM de encéfalo, feita neste último episódio, evidenciou hipersinal e realce meníngeo difuso, sugestivo de carcinomatose meníngea. Durante a internação atual, foi realizada nova punção liquórica, que evidenciou: 50 células (72% linfócitos, 25%linfócitos, 2% monócitos, 1% neutrófilos), 929 mg/ dL proteínas, Glicose 77 mg/dL , Lactato 25 mg/dL. Foram introduzidos Aciclovir e Carbamazepina (em substituição ao Fenobarbital). O paciente evoluiu com melhora clínica e aguarda biópsia estereotáxica. Discussão: A meningite de Mollaret é uma doença rara, por vezes associada à etiologia viral. Neste relato de caso, o paciente apresentou sucessivos episódios de meningite, preenchendo critérios para este diagnóstico e com sorologia positiva para HSV 1 e 2, entretanto, a RM de crânio demonstrou alterações significativas. A fisiopatologia da meningite recorrente de Mollaret permanece por ser esclarecida. Quando a infecção é por HSV, este permanece latente em gânglios sensoriais. A reativação e consequentes manifestações clínicas dependem do local de latência, do tipo de vírus e da imunocompetência do hospedeiro. Numa abordagem inicial, devem ser pesquisadas causas virais, Lúpus, outras colagenoses e tumores intracranianos. A identificação precoce desta entidade evita a realização desnecessária de investigação extensa em cada episódio. uma distribuição bimodal da doença, com picos aos 30 e aos 70 anos. O acometimento do tórax é bastante comum tanto na doença inicial como nos casos de recorrência. Linfonodos em quaisquer cadeias podem estar acometidos, porém comumente os linfonodos mediastinais superiores estão envolvidos. O acometimento hilar pode ser bilateral, porém é geralmente assimétrico. Motivo da Comunicação: Atentar quanto aos diagnósticos diferenciais de tumores de mediastino anterior. Relacionar o quadro clínico, exame de imagem e anatomopatológico. Apresentação: V.L.P., sexo feminino, 28 anos, branca, auxiliar administrativa, natural de São Paulo – SP, sem comorbidades e vícios, referia há 5 meses prurido corporal e há 1 mês tosse seca e dispnéia. Negava febre, perda ponderal e sudorese noturna. Sem alterações ao exame físico, com ausência de linfonodos palpáveis nas cadeias cervicais e supraclaviculares. RX tórax: massa volumosa de limites bem definidos de localização central. TC tórax: volumosa formação expansiva centrada no mediastino anterior com atenuação de partes moles, realce heterogêneo pelo meio de contraste iodado, medindo 17,7x13,6x8,5cm. Tal formação determina compressão sobre os vasos de base posterior e compressão do parênquima pulmonar adjacente à direita (LS/LM).Realizou mediastinotomia para diagnóstico e no anatomopatologico foram observadas células reticulares, eosinófilos e células de Reed-Sternberg (sugestivas de LH). A imunohistoquímica confirmou tal diagnóstico. Discussão: Os diagnósticos diferenciais de massas do mediastino anterior incluem linfoma, tumores císticos, tumores tímicos, tumores de células germinativas etumoresmesenquimais.LH pode ocorrer em qualquer faixa etária, sendo mais comum na idade adulta jovem, dos 15 aos 40 anos. No tórax, tende a envolver principalmente o mediastino anterior, mas pode afetar todos os linfonodos torácicos. Sua mortalidade foi reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 70 devido aos avanços do tratamento. Bibliografia consultada: · · · · · · Abramson RC, Morawetz RB, Schlitt M. Multiple complications from an intracranial epidermoid cyst: case report and literature review. Neurosurgery. 1989; 24:574-8. Ahmed I, Auguste K, Vachhrajani S, Dirks P, Drake J, Rutka J. Neurosurgical management of intracranial epidermoid tumors in children. J Neurosurg Pediat. 2009; 4:91-6. Caldarelli M, Massimi L, Kondageski C, Di Rocco C. Intracranial midline dermoid and epidermoid cysts in children. J Neurosurg. 2004; 100(5 Suppl Pediatrics):473-80. Gao B, Yang J, Zhuang S, Deng Y, Yang W, Yu Y et al. Mollaret Meningitis associated with an intraspinal epidermoid cyst. Pediatrics. 2007; 120:e220-4. Michos AG, Syriopoulou VP, Hadjichristodoulou C, Daikos GL, Lagona E, Douridas P, et al. Aseptic meningitis in children: analysis of 506 cases. PLoS One. 2007; 2:e674. Pearce J. Mollaret´s meningitis. Eur Neurol. 2008; 60: 316-7. Bibliografia consultada: · LINFOMA DE HODGKIN · Thalita Domingues Mendes, Victor Abrão Zeppini, Bárbara Santana d’Avila Melo, Jorge Ethel Filho · Serviço de Pneumologia da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: Tumores de mediastino representam cerca de 3% dos tumores do toráx, e praticamente 50% ocorrem no mediastino anterior. O Linfoma de Hodgkin (LH) corresponde a 20-40% dos linfomas. Há · 35 Bigni R. Linfoma de Hodgkin. [on line]. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer (INCA); 1996-2014. Disponível em: http:// www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=458 [23 abr 2013]. Kim JH, Goo JM, Lee HJ, Chung MJ, Jung SI, et al. Cystic tumors in the anterior mediastinum. Radiologic-pathological correlation. J Comput Assist Tomogr. 2003; 27:714-23. Lymphoma Research Foundation. Hodgkin lymphoma (HL). [on line]. New York; 2012. Available from: http://www.lymphoma.org/site/pp.asp?c=bkLTKaOQLmK8E&b=6300137 [10 Mar 2013]. Silva CIS, Muller NL. Doenças linfoproliferativas. In: Silva CIS, D’ippolito G, Rocha A, editores. Tórax. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010. p. 557-9. (Série Colégio Brasileiro de Radiologia. Diagnóstico Por Imagem). Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. grau importante, A função sistólica do VE esta diminuída com FE: 0.28, estimativa de pressão sistólica da artéria pulmonar: 33mmhg. Holter em ritmo sinusal, extrassístoles supraventricular raras e ventriculares frequentes, taquicardia ventricular não sustentada. Optado por introduzir amiodarona e após implante de marcapasso. Discussão: A cardiomiopatia hipertrófica tem como critério a hipertrofia ventricular esquerda com espessamento de parede de 15mm ou mais. Diagnosticada através de história clínica, exame físico e história familiar. Eletrocardiograma de doze derivações e ecocardiograma. Na progressão da doença, destacam-se o desenvolvimento de arritmias ventriculares e supraventriculares (destaque para a fibrilação atrial), insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais e morte súbita. O tratamento baseia-se nos betabloqueadores, disopiramida, miomectomia cirúrgica, ablação com álcool do septo, marca-passo de duas câmaras e transplante cardíaco. CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM PACIENTE JOVEM Thaís Roberta Ura Garcia, Yngrid Dieguez Ferreira, Camila Fiorese de Lima, Bruna Cremona Furtado Cordeiro Marinho, Tatiana Caldeira Pontes, Julia Mota Leite Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Introdução: A Cardiomiopatia Hipertrófica é uma doença cardíaca de caráter genético autossômico dominante e manifestação clínica variada, caracterizada anatomicamente por hipertrofia ventricular na ausência de doenças cardíacas ou sistêmicas que possam justificá-la. Na progressão da doença, destacam-se o desenvolvimento de arritmias ventriculares e supraventriculares (destaque para a fibrilação atrial), insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais e morte súbita. Objetivo: Descrever o caso clínico de um paciente jovem portador de cardiomiopatia hipertrófica que evolui com AVC, ilustrando a dificuldade diagnóstica. Relato de Caso: S.F.A, 45 anos, branco, natural de São Paulo e casado. Testemunha de Jeová e vigia. Deu entrada no serviço com quadro de desorientação ao acordar. Familiares relatam que paciente estava lúcido e orientado antes de dormir. Pela manhã apresentava-se confuso e com dificuldade para falar. Em investigação de diversos aparelhos, de alterado, queixava-se de cefaleia frequente nos últimos dias, desorientação há um dia e assimetria facial. Ex-tabagista,nega etilismo e uso de drogas. Antecedentes pessoais de hérnia de hiato, esofagite de refluxo e hemorroidas. Antecedentes familiares: Pai falecido por SIDA e mãe câncer uterino. Ao exame físico paciente em regular estado geral, desidratado1+/4+, afebril e taquipneico, ACV: BRNF em dois tempos sem sopros FC:96bpm e PA:120/60mmhg , aparelhos respiratórios e digestivos dentro da normalidade e extremidades livres. Desorientado em tempo e espaço, desvio de rima à direita, ptose palpebral à esquerda e hemiplegia completa à esquerda. Exames laboratoriais normais, inclusive líquor e sorologias. Tomografia de Crânio evidenciou isquemia recente fronto – parietal direita. Ultrassonografia do sistema carotídeo dentro da normalidade, Rx de tórax, área cardíaca aumentada em região ventricular esquerda, sem condensações. Eletrocardiograma com extrassístoles ventriculares frequentes. Cinecoronariografia e ventriculografia evidenciou, artérias coronárias sem lesões obstrutivas, ventrículo esquerdo com disfunção sistólica severa às custas de hipocinesia severa difusa. Ecocardiografia : Exame realizado em ritmo sinusal com extra-sistoles, aumento importante de AE/VE e discreto de VD, hipertrofia miocárdica excêntrica de Bibliografia consultada: · · Maron BJ. Hypertrophic cardiomyopathy: a systematic review. JAMA. 2002; 287:1308-20. Teare D. Asymmetrical hypertrophy of the heart in young adults. Br Heart J. 1958; 20:1-8. PSORÍASE GUTATA DESENCADEADA POR ESTREPTOCOCCIA: RELATO DE CASO Júlia Mota Leite, Maria Carolina Manfredini, Denise Moura Miranda, Anna Paula Molinari Nardi, Thaís Ura Garcia Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Introdução: A psoríase gutata (PG) é uma doença inflamatória, com curso flutuante e componente genético importante. Doença autoimune mediada por células T contra antígenos estreptocócicos nas tonsilas palatinas e que posteriormente apresentarão reação cruzada com determinantes da queratina na pele. Apresenta-se como lesão pápulo-descamativa da pele, geralmente redondas, circunscritas, em região de tronco e membros, acometendo crianças e adultos jovens, principalmente. Objetivo: Este caso visa relatar a associação pouco frequente da manifestação de psoríase gutata desencadeada por estreptococcia. Caso Clínico: JSP, 19 anos, feminina, com quadro súbito de lesões papulares em membros superiores e inferiores há 1 mês, associadas a odinofagia e febre não aferida. Após 10 dias, as lesões progrediram para face e apresentou lesão mucosa anal e vaginal com característica vegetante, acompanhada de corrimento amarelado 36 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. de odor fétido. Apresentava antecedentes pessoais de drogadição e tabagismo, sem história de promiscuidade ou DST.Ao EF apresentava lesões disseminadas em face, tronco e membros, pápulo-eritematosas, não coalescentes, não pruriginosas, poupando palma das mãos e planta dos pés; lesão vegetante em vagina e região perianal; e na oroscopia placa branco acinzentada bilateralmente associado a hiperemia em pilar amigdaliano. Os exames laboratoriais demonstraram leucocitose de 12000, 16 bastões, PCR aumentado (22,8), ASLO elevado (568) e VDRL reagente 1/128. Recebeu antibioticoterapia com penicilina cristalina e clindamicina e posteriormente penicilina benzatina e aciclovir por herpes genital. Biopsia de pele com resultado inconclusivo. Discussão: A associação entre infecção estreptocócica de vias respiratórias e PG tem sido demonstrada em vários estudos. Estudos demonstram que 84% dos pacientes com PG desenvolveram quadro após infecção estreptocóccica de vias aéreas superiores. A psoríase é uma doença inflamatória auto-imune mais frequente em crianças e adulto jovens, de curso flutuante, caracterizada por lesões cutâneas pápulo-descamativas, circunscritas e arredondadas, geralmente na região de tronco e membros. Doença autoimune mediada por células T contra antígenos estreptocócicos nas tonsilas palatinas e que posteriormente apresentam reação cruzada com determinantes da queratina na pele. Estudos demonstram títulos de ASLO aumentado em 54,5% dos pacientes com psoríase contra 7,3% do restante da população. Não há evidências de que o curso da doença seja alterado pela antibioticoterapia. Tonsilectomia é recomendada apenas nas infecções estreptocócicas recorrentes. É importante fazer diagnóstico diferencial com sífilis secundária, doença infectocontagiosa, transmitida por via sexual e verticalmente, cujas lesões apresentam características semelhantes ao da PG, porém, são confluentes e acometem regiões palmares e plantares de forma bem característica. DESAFIOS DO DIAGNÓSTICO DE ANEMIA NO IDOSO Rodolfo Delfini Cançado, Miton Luiz Gorzoni, Carlos Sérgio Chiattone Serviço de Hematologia e Hemoterapia da Santa Casa de São Paulo Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Introdução: O envelhecimento populacional, que ocorre de maneira vertiginosa desde o início do século XX nos países desenvolvidos e a partir dos anos 60 no Brasil, trouxe um dos maiores desafios para a saúde pública contemporânea. No Brasil, no período de 1960 a 2002, o número de pessoas com mais de 60 anos aumentou 500%, passando de 3 para 14 milhões e estima-se que alcançará 32 milhões em 2020. De maneira geral, a presença de pelo menos uma condição crônica ocorre em 45% da população e em mais de 80% dos idosos, e a metade de todos estes indivíduos apresenta a ocorrência simultânea de múltiplas doenças ou condições médicas numa mesma pessoa, definida como multimorbidade. O maior impacto das condições crônicas na saúde do idoso é o prejuízo funcional para a realização de suas atividades cotidianas de vida. Nesse sentido, a saúde não deve ou não pode mais ser medida pela presença ou não de doenças, mas sim pelo grau de preservação da capacidade funcional, determinando então um envelhecimento bem ou mal sucedido. Anemia: Definição, Epidemiologia e Implicações Clínicas no Idoso Anemia é a alteração hematológica mais comu mente encontrada na prática médica e definida como um sinal ou manifestação de doença subjacente, e não como entidade clínica em si mesma. Isto quer dizer que a anemia não representa um diagnóstico definitivo e, sim, um achado laboratorial que demanda criteriosa investigação diagnóstica – detalhada história clínica e exame físico, seguidos da utilização de exames laboratoriais apropriados. Esta prática permite, na maioria dos casos, o diagnóstico correto da causa de anemia, possibilitando, portanto, tratamento adequado. Há mais de uma década, vários estudos clínicos vêm chamando a atenção da importância da anemia como fator independente de pior prognóstico em relação ao paciente bem como de pior prognóstico em relação à doença, ou seja, está associada com maiores taxas de morbidade e mortalidade, pior qualidade de vidae piores resultados em relação ao tratamento clínico, cirúrgico, quimioterápico e/ou radioterápico. Portanto, trata-se de uma condição patológica séria, passível de tratamento, e não deve, ou não Bibliografia consultada: · · · England RJ, Strachan DR, Knight LC. Streptococcal tonsillitis and its association with psoriasis: a review. Clin Otolaryngol Allied Sci. 1997; 22:532-5. Robinson JH, Atherton MC, Goodacre JA, Pinkney M, Weightman H, Kehoe MA. Mapping T-cell epitopes in group A streptococcal type 5 M protein. Infect Immun. 1991;59:4324-31. Valdimarsson H, Baker BS, Jónsdóttir I, Powles A, Fry L. Psoriasis: a T-cell-mediated autoimmune disease induced by streptococcal superantigens? Immunol Today. 1995;16:145-9. 37 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. pode, ser vista simplesmente como um parâmetro laboratorial anormal. Do ponto de vista fisiopatológico, o estado de anemia é decorrente da redução do número de hemácias ou da concentração da hemoglobina (Hb) circulante que, independentemente da sua causa, provoca diminuição da oxigenação tecidual consequente à menor capacidade de transporte de oxigênio (O2) aos tecidos. Segundo os critérios propostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), anemia é definida laboratorialmente como Hb menor do que 13 g/dl para o gênero masculino e de 12 g/dl para as mulheres. A anemia é uma condição comum no idoso e, geralmente, multifatorial. Segundo a OMS, a prevalência de anemia nos idosos é de 23,9% e essa taxa aumenta com a idade (podendo chegar a 60% em pessoas com mais de 80 anos) e com a presença de comorbidades como diabetis mellitus, insuficiência cardíaca, doença cardiovascular, doenças inflamatórias e neoplásicas. Embora o declínio da Hb tenha sido, no passado, considerado uma consequência normal de envelhecimento, as evidências acumuladas demonstram que a presença de anemia nas pessoas idosas reflete algum grau de comprometimento ou agravo à saúde e aumento da vulnerabilidade para desfechos adversos. Nesse contexto e, particularmente no idoso, a presença de anemia não deve ser considerada como consequência inevitável do envelhecimento e, desta forma, o diagnóstico e a investigação etiológica da anemia merecem interesse especial porque pode ser potencialmente reversível com o tratamento apropriado, o que pode também retardar ou prevenir morbidades relacionadas ao envelhecimento. Redução do nível de Hb, mesmo que discreta (por exemplo, de 0,5 g/dl), pode trazer grande impacto deletério no idoso. Anemia no idoso está associada ao aumento da mortalidade, à dependência funcional, a anormalidades neurológicas e psiquiátricas, quedas, alterações cérebro-vasculares e cardiovasculares. Apesar dos fatos mencionados anteriormente, a anemia ainda é frequentemente subdiagnosticada, subvalorizada e subtratada ou tratada inapropriadamente. identificação da(s) causa(s) por meio de investigação laboratorial apropriada, que resultará no direciona mento do tratamento específico para cada situação. De maneira geral, a suspeita diagnóstica de anemia hemolítica se baseia na presença de anemia associada a quadro de icterícia e esplenomegalia. Nos casos agudos pode-se observar presença de sintomas e sinais de descompensação cardíaca, enquanto nas anemias crônicas são mais comuns sintomas e sinais relacionados à hemólise, tais como: icterícia, hemoglobinúria/ hemossiderinúria,colecistite crônica calculosa e úlcera de membros inferiores. Independentemente do tipo de anemia hemolítica, o diagnóstico inicial fundamenta-se na presença de destruição celular (aumento dos níveis de desidrogenase láctica – DHL), aumento do catabolismo de hemoglobina (elevação dos níveis de bilirrubina indireta), diminuição da haptoglobina e no esforço regenerativo da medula óssea (reticulocitose e hiperplasia eritróide). Quadro 1 Classificação Morfológica das Anemias Anemia microcítica (VCM < 80 fl) Anemia ferropriva Talassemias Anemia de doença crônica (por exemplo: artrite reumatóide) Anemia sideroblástica Intoxicação por chumbo Anemia normocítica (VCM entre 80 e 100 fl) Perda de sangue Doença primária da medula óssea Alteração na célula-tronco hematopoética (por exemplo: anemia aplástica, aplasia pura de série vermelha) Causa extrínseca à medula óssea (por exemplo: medula óssea infiltrada por células metastáticas) Anemias hemolíticas Anemia de doença crônica ou Anemia da inflamação Anemia da doença renal crônica Anemia carencial por deficiência combinada Anemia macrocítica (VCM > 100 fl) Anemia megaloblástica (por exemplo: deficiência de vitamina B 12 ou de ácido fólico) Classificação morfológica das anemias A classificação morfológica das anemias é a mais utilizada na prática clínica por auxiliar o médico na conduta a ser seguida (Quadro 1). Os Quadros 2, 3 e 4 apresentam o diagnóstico diferencial das anemias microcíticas, as principais causas de anemia macrocítica e a classificação das anemias hemolíticas, respectivamente. Uma vez identificado o mecanismo etiológico que ocasionou a anemia, o próximo passo consiste na Anemia induzida por droga (por exemplo: hidroxiuréia, zidovudina, metotrexato) Secundária à doença clonal (por exemplo: síndrome mielodisplásica) Uso crônico e excessivo de bebida alcoólica Hepatopatias VCM = volume corpuscular médio; fl = fentolitros 38 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Quadro 2 Diagnóstico Diferencial das Anemias Microcíticas Anemia Talassemia Anemia de Anemia Ferropriva Beta Menor Doença Crônica Sideroblástica Variável Intoxicação por Chumbo IST dim nl dim nl ou dim Aum Ferritina dim nl ou aum nl ou aum aum Nl % de sideroblastos na MO nl ou dim nl ou aum nl aum (em anel) nl (em anel) Depósito de ferro na MO dim nl ou aum nl ou aum aum Nl IST=índice de saturação de transferrina; MO=medula óssea; dim=diminuído; nl=normal; aum=aumentado Quadro 3. Quadro 4. Causas de Anemia Macrocítica Classificação das Anemias Hemolíticas Anemia megaloblástica Defeito intrínseco aos glóbulos vermelhos Deficiência de vitamina B12 Baixa ingestão: vegetarianos Baixa absorção: gastrectomia/gastroplastia, gastrite atrófica, deficiência de fator intrínseco, doenças intestinais Hereditário Defeitos da membrana eritrocítária Esferocitose hereditária Eliptocitose hereditária Piropoiquilocitose hereditária Defeitos enzimáticos Deficiência de glicose-6-fosfodiesterase (G6PD) Deficiência de piruvatoquinase Deficiência de glutationa-redutase Distúrbios das hemoglobinas (hemoglobinopatias) Doenças falciformes Talassemias Adquirido Hemoglobinúria paroxística noturna Deficiência de ácido fólico Baixa ingestão: alcoolismo, idosos Baixa absorção: gastrectomia/gastroplastia, doenças intestinais Requerimento metabólico aumentado: gestação, hipertireoidismo, doença hemolítica crônica, dermatite esfoliativa Perdas: diálise Outras causas de anemia macrocítica Defeito extrínseco aos glóbulos vermelhos Medicamentosa Omeprazol, metformina,hidroxiuréia, metotrexato, pirimetamina, trimetropina, zivozudina, fluorouracil, óxido nitroso e etanol Hereditário Deficiência de lecitina-colesterol aciltransferase Abetalipoproteinemia Adquirido Imunomediado Agentes químicos e físicos Doença renal ou hepática Anemias microangiopáticas Hiperesplenismo Doenças da medula óssea Síndrome mielodisplásica Mieloma múltiplo Anemia aplástica Aplasia pura de série vermelha Anemia diseritropoiética congênita Outras doenças Hipotireoidismo Doença hepática disso, a contagem de reticulócitos é um parâmetro que auxilia na diferenciação entre anemia por diminuição da produção e por aumento da destruição, já que reflete a habilidade de a medula óssea responder ao estímulo anêmico. Uma correta avaliação laboratorial inicial frente ao paciente idoso com anemia inclui os seguintes exames: hemograma e contagem de reticulócitos; dosagem de ferro sérico, capacidade total de ligação de ferro e ferritina sérica (para avaliação do status de ferro do organismo); uréia, creatinina e clearance de creatinina (para avaliação da função renal), proteína C reativa, dosagem de vitamina B12 e de folato, sobretudo quando há macrocitose e/ou a descrição de presença de Diagnóstico Laboratorial Inicial A avaliação do hemograma completo é fundamental para a continuidade da investigação etiológica, já que, de maneira geral, a classificação morfológica tem se mostrado uma ferramenta importante no diagnóstico diferencial das anemias, embora seja apenas o ponto de partida da investigação e não esteja isenta de falhas. A análise do esfregaço do sangue periférico é parte integrante e essencial do eritrograma, pois permite a verificação de anormalidades morfológicas específicas, que, de outro modo, não seriam percebidas. Além 39 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. neutrófilos hipersegmentados no sangue periférico; dosagem de eritropoietina (sempre que possível), eletroforese de proteínas (para investigação de gamopatias monoclonais como o mieloma múltiplo). A presença de bicitopenia ou pancitopenia, geralmente sinaliza a necessidade de investigação da medula óssea por meio do mielograma ou biópsia com o intuito de se afastar doenças como síndrome mielodisplásica, condição muito frequente no idoso. A maioria das situações de anemia no idoso tem causa definida e as três causas hematológicas mais frequentes de anemia nesta população que, portanto, daremos ênfase neste capítulo, são: anemia ferropriva (AFe), anemia de doença crônica ou anemia da inflamação e anemia megaloblástica secundária à deficiência de vitamina B12. a mucosa intestinal atua como barreira, impedindo a absorção do metal, e a proporção absorvida diminui significativamente. Os sais ferrosos administrados por via oral são rapidamente absorvidos, devendo ser ingeridos, de preferência, com o estômago vazio, ou uma hora antes das refeições, ou entre as refeições ou antes de dormir, horário de maior produção de ácido gástrico. Apesar da elevada eficácia e da efetividade dos compostos com sal ferroso, eles estão associados à elevada frequência de efeitos adversos (EA) que pode chegar a 40%, sendo os mais frequentes: náusea, vômito, gosto metálico, epigastralgia, dispepsia, desconforto abdominal, diarreia, obstipação. Esses EA determinam menor tolerância, pior adesão ao tratamento e, consequentemente, piores resultados. Entretanto, o sulfato ferroso é o composto disponível aos pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As principais medidas práticas para minimizar os EA e melhorar a adesão ao tratamento com sais ferrosos são: fracionar a dose total diária em duas ou três tomadas; orientar o paciente para que tome o medicamento durante ou após as refeições, sendo que, neste caso, a diminuição da absorção poderá ser compensada pelo aumento da adesão ao tratamento; administrar doses menores, ou 50% da dose preconizada ou, por exemplo, começar com apenas uma dose diária, aumentando-as gradativamente, de acordo com a tolerância de cada paciente. Os sais férricos, como, por exemplo, a ferripolimaltose, podem ser administrados durante ou após a refeição. Eles apresentam menor incidência de EA, proporcionando maior adesão ao tratamento e melhores resultados. Pacientes idosos são mais vulneráveis aos EA quando a administração oral de ferro é feita na dose comumente indicada; nesses casos, doses inferiores, até mesmo de 15 mg de ferro elementar por dia, podem ser efetivas, sobretudo devido à menor ocorrência de EA. A adequada orientação dos pacientes quanto aos possíveis EA, a aderência e a duração do tratamento são fundamentais para o sucesso terapêutico. Tratamento Da Anemia Ferropriva (Afe) O diagnóstico laboratorial de AFe pode ser confirmado quando observamos: Hb menor que o limite inferior de normalidade associado ao IST < 20% e ferritina sérica < 30 ng/ml. O tratamento da anemia ferropênica consiste da orientação nutricional, administração oral ou parenteral de compostos com ferro e, eventualmente, transfusão de hemácias. A identificação e a correção, quando possível, da causa — ou causas — que levou à anemia, associadas à reposição do ferro, na dose correta e por tempo adequado, resultam na sua correção e, consequentemente, confirmam o diagnóstico. Embora o idoso tenha maior tendência à anemia, sua presença, via de regra, não deve ser atribuída à idade; por isso, tratar a anemia sem identificar sua causa pode significar a perda da oportunidade de se diagnosticar uma doença subjacente maligna em fase ainda potencialmente curável. Ferro por Via Oral O melhor meio de reposição de ferro é por via oral, e a dose terapêutica recomendada é de 2 a 5 mg/ kg/dia por um período suficiente para normalizar os valores da Hb- de um a dois meses - e restaurar os estoques normais de ferro do organismo - de dois a seis meses ou até obter ferritina sérica maior que 50 ng/ml.Portanto, a duração do tratamento varia amplamente, dependendo da intensidade da deficiência de ferro e de sua causa. É importante o médico ter ciência da quantidade exata de ferro elementar que prescreveu para o paciente, pois ela varia consideravelmente de acordo com o composto utilizado ou disponível. Na prática, a dose preconizada para indivíduos adultos é de 150 a 200 mg de ferro elementar por dia, não sendo recomendável a administração de doses diárias superiores a 200 mg, pois, nesse caso, Tratamento da Anemia de Doença Crônica (ADC) ADC é uma síndrome clínica caracterizada pelo desenvolvimento de anemia em pacientes com doença infecciosa, inflamatória ou neoplásica. Esta síndrome tem como aspecto peculiar a presença de anemia associada à diminuição da concentração do ferro sérico e do IST e, paradoxalmente, ferritina sérica e quantidade do ferro medular normal ou aumentada. ADC caracteriza-se por anemia associada a um processo inflamatório [evidência clínica ou biológica, como proteína C reativa (PCR) >1-5 mg/l], com valores de ferritina> 100 ng/ml e IST < 20%. 40 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Via de regra, valores de ferritina abaixo de 30 ng/ ml são característicos de deficiência de ferro e valores acima de 100 ng/ml são contrários a este diagnóstico, mesmo na presença de inflamação. Valores de ferritina entre 30 e 100 µg/l devem ser interpretados com cautela na vigência de estado inflamatório, infeccioso ou neoplásico porque podem ocultar a deficiência de ferro associada. Nestas situações clínicas, a história clínica detalhada, exame físico e a dosagem de PCR são de grande valia. O tratamento da ADC consiste do tratamento da doença de base, da reposição de ferro, preferencialmente, via endovenosa; administração de eritropoietina e, eventualmente, transfusão de hemácias. Em virtude do quadro inflamatório que caracteriza a ADC, a administração de ferro oral é pouco efetiva na maioria dos casos. Na última década, inúmeros estudos clínicos têm demonstrado o excelente perfil de segurança e a eficácia dos novos compostos com ferro para uso IV, ou seja, normalização mais rápida da Hb e dos estoques de ferro em relação ao ferro via oral (4-6 semanas versus 12-24 semanas, respectivamente), em diversas especialidades, tais como: cirurgia, gastroenterologia, ginecologia e obstetrícia, nefrologia, cardiologia, cirurgia, hematologia, hemoterapia e oncologia. O uso de ferro IV se sobrepõe aos problemas de intolerância gastrointestinal, malabsorção intestinal, lentidão da resposta e abandono do tratamento associados ao ferro oral. Além disso, a deficiência funcional de ferro – associado à ADC – cujo tratamento muitas vezes não é eficaz com o ferro oral, responde favoravelmente à administração de ferro IV. A eritropoetina (EPO) humana é um polipeptídeo de 165 amino-ácidos sintetizado principalmente pelas células peritubulares do interstício renal em resposta à redução do hematócrito, hipoxemia e/ou aumento da afinidade da Hb pelo oxigênio; que tem como principal função regular a atividade eritropoética. A expressão gênica da EPO é regulada por vários fatores de transcrição, entre os quais se destaca a via do fator induzido por hipóxia (HIF- hypoxiainduciblefactor) que é ativada em reposta à hipóxia. A EPO estimula a eritropoese pela inibição da apoptose bem como pelo estímulo à proliferação e maturação dos precursores eritropoéticos. A intensidade desta resposta depende da dose de EPO administrada, da presença de doença inflamatória e/ ou sistêmica concomitante e da disponibilidade de outras substratos necessários para a ação da EPO e indispensáveis à eritropoese, tais como: ferro, vitamina B12 e ácido fólico. A taxa de resposta favorável à EPO varia entre 7396% e pode ser confirmada pelo aumento da contagem dos reticulócitos (que é máxima em torno de 7-10 dias), aumento significativo da Hb e/ou correção da anemia (em 2-6 semanas). Em geral, utiliza-se a dose de 150-300 U/Kg de EPO (alfa ou beta) ou 30.000-40.000 U via subcutânea uma vez por semana, variando desde uma única dose até seis doses. O uso de EPO deve ser reservado aos pacientes com anemia moderada à grave, e, como a melhor resposta à EPO depende de quantidades normais de ferro de depósito, recomenda-se iniciar este medicamento sempre após o paciente ter recebido pelo menos 600 mg de ferro elementar, preferencialmente, por via IV. É importante salientar que, tanto para homens como para mulheres, a concentração-alvo de hemoglobina é de 12,0 g/dL, e este valor não deve ser excedido. Tal advertência está fundamentada em estudos que mostram que a manutenção inadivertida da Hb acima de 12 g/dl pelo uso de AEE está associado com maior risco de hipertensão arterial, evento tromboembólico e cardiovascular agudo, e de mortalidade. Quando administrada conforme as recomendações indicadas em bula, o tratamento com EPO é seguro e eficaz, garantindo aos pacientes melhora ou correção da anemia, redução da necessidade transfusional e melhora na qualidade de vida. A transfusão alogênica de hemácias (TAH) é uma opção terapêutica rápida e eficaz no reestabelecimento dos valores fisiológicos da Hb e normalização da capacidade de transporte de O2, especialmente útil no contexto de anemia grave e/ou hemorragia ativa, sobretudo em pacientes com doença cardiovascular. Entretanto, a TAH está associada ao aumento de complicações clínicas – infecção, tromboembolismo venoso e arterial, maior tempo de hospitalização, pior prognóstico, e como fator preditor independente de aumento de mortalidade. Além disto, apesar dos avanços incontestáveis quanto à melhoria da qualidade do sangue e da prática transfusional, a TAH continua sendo um procedimento de risco associado a complicações previsíveis e, algumas vezes, imprevisíveis. Na prática, os dados científicos disponíveis apóiam que o valor de Hb indicativo de transfusão (“gatilho” transfusional) em pacientes normovolêmicos seja em torno de 7 g/dl (estratégia transfusional restritiva) para aqueles sem DCV e menor que 10 g/ dl para aqueles com DCV e/ou com alteração hemodinâmica, sangramento ativo e intenso, e septicemia. Portanto, como para todo procedimento de risco, a TAH não deveria ser um recurso terapêutico de emprego universal e, muitas vezes, duvidoso, mas, sim, deveria ser uma opção terapêutica reservada para os casos mais graves e, especialmente em situações agudas, nas quais o risco de possível complicação clínica grave superaria os riscos inerentes ao procedimento transfusional. 41 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. doença sistêmica combinada. É importante salientar que a deficiência de cobalamina é causa de demência senil potencialmente reversível se reconhecida em tempo hábil e tratada de forma adequada. As alterações do sangue periférico e da medula óssea decorrentes da falta de ácido fólico e de vitamina B12 são indistinguíveis (megaloblastose), mas só a deficiência de vitamina B12 pode causaralterações neurológicas graves, até mesmo irreversíveis, mesmo antes do aparecimento de anemia. AM caracteriza-se pelahiperplasia eritróide com a presença de megaloblastos e metamielócitos gigantes (Tempka-Braun) à aspiração da medula óssea; são células grandes com núcleo imaturo e citoplasma já em hemoglobinizaçáo, isto é, com assincronia núcleo-citoplasmática. Os eritrócitos mostram anisopoiquilocitose acentuada, com macroovalocitose e, em casos graves, pontilhado basófilo, corpos de Howell-Jolly e anéis de Cabot; eritroblastos com núcleo megaloblástico podem ser vistos no sangue periférico. A contagem absoluta de reticulócitos é baixa. O sinal mais precoce de megaloblastose é o aparecimento no sangue periférico de neutrófilos hipersegmentados definidos quando o núcleo de mais de 5% dos neutrófilos tem mais de cinco lóbulos. Mesmo que haja a coexistência de deficiência de ferro, os neutrófilos hipersegmentadospesistem no sangue periférico e os metamielócitos e bastonetes gigantes, na medula óssea. Observa-se aumento da bilirrubina indireta, do ferro sérico e da ferritina. A DHL encontra-se marcamente elevada, normalmente entre 1000 e 5000 U/L, podendo chegar a 10.000 U/l. A avaliação do trato gastrointestinal alto detecta a presença de gastrite atrófica e acloridria na maioria dos pacientes. A presença de pancitopenia com reticulocitopenia, comum na AM grave, exige o diagnóstico diferencial com anemia aplástica e leucemia mielóide aguda. Algumas drogas antineoplásicas, particularmente antagonistas dos folatos e hidroxiuréia, podem induzir alterações megaloblásticas. Os achados laboratoriais diagnósticos incluem: evidência de deficiência sérica e tecidual de cobalamina; presença de anticorpos séricos dirigidos às células parietais, em 90% dos casos; anticorpos séricos dirigidos ao fator intrínseco, específicos para anemia perniciosa, em 60% dos casos; gastrina sérica elevada. A dosagem de vitamina B12 sérica é especialmente importante no diagnóstico da neuropatia secundária à deficiência desta vitamina, que pode ocorrer mesmo na falta de manifestações hematológicas evidentes. Tanto o ácido metilmalônico como a homocisteína séricos estão aumentados na deficiência de cobalamina e auxiliam na confirmação diagnóstica. A homocisteína também aumenta na deficiência de folato. Anemia Megaloblástica por Deficiência de Vitamina B12(Cobalamina) Anemia megaloblástica (AM) compreende um grupo de doenças caracterizadas por pelo retardo de maturação do núcleo das células hematopoéticas decorrente da insuficiência da síntese de DNA por bloqueio da conversão de monofosfato de uridina para monofosfato de timidina. AM tem como principal aspecto a eritropoese ineficaz, ou seja, a destruição intramedular de precursores eritropoéticos. O mesmo fenômeno também ocorre nas séries granulocítica e megacariocítica, o que justifica, além de anemia, a presença de leucopenia e plaquetopenia. O protótipo de AM é a anemia perniciosa, uma deficiência de vitamina B12 (cobalamina) decorrente da falta de fator intrínseco, necessário à sua absorção, e comum em pessoas idosas. Na maioria dos casos, a primeira indicação do diagnóstico de AM costuma ser o achado do índice hematimétrico VCM aumentado (geralmente entre 100 e 150 fl,), independentemente da presença ou ausência de anemia. Há outras condições que causam macrocitose além da AM, incluindo a síndrome mielodisplásica, mieloma múltiplo, anemia aplástica, gravidez, uso excessivo de bebidas alcoólicas, doença hepática, hipotireoidismo e reticulocitose secundária à hemólise ou hemorragia, entretanto, em nenhum desses casos o VCM costuma exceder 110 fl. AM caracteriza-se por anemia de início insidioso e, quando se intensifica, é comum sintomas como: fraqueza, palpitação, dispnéia e disfunção neurocognitiva. A pele adquire uma tonalidade amarelo-limão pela palidez associada à icterícia leve. Pode ocorrer atrofia das papilas linguais, com língua lisa e vermelha. A vitamina B12atua como cofator na síntesede metionina e tetrahidrofolato. A metioninaémetabolizada em 5-adenosilmetionina, substâncianecessária para a metilação dos fosfolípides dabainha de mielina. As principais manifestações neurológicas do paciente com AM são: degeneração combinada subaguda da medula, polineuropatia periférica, neuropatia óptica e alteraçõesneuropsiquiátricas. A deficiência de cobalamina pode ocasionar sonolência, perversão do gosto, do cheiro e da visão; perda da memória, confusão, mudança de personalidade, parestesia, ataxia, demência ou psicose, impotência, incontinência urinária e fecal, convulsões, movimentos coreiformes e atetóides. Ao exame físico, é comum a constatação de alterações neurológicas como: sinal de Romberg, marcha atáxica, abolição da sensibilidade cinético-postural, aboliçãoda sensibilidade vibratória, sensação parestésica nas mãos e atrofia do nervo óptico. Sem tratamento adequado, a doença pode progredir à ataxia espástica, por desmielinização das colunas posteriores e laterais da medula espinal, denominada 42 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. O tratamento consiste na administração intramuscular de cianocobalamina ou hidroxicobalamina em doses suficientes para a repleção dos estoques e suprir as necessidades diárias. Recomenda-se o uso de 1000 µg diários por 10 a 14 dias, depois semanalmente até a normalização da hemoglobina e mensal ou bimensal até a correção da(s) causa(s) que determinaram a doença ou por toda a vida. As alterações megaloblásticas da medula óssea desaparecem após 12 horas do início do tratamento. A melhora dos sintomas já se inicia após a primeira dose de cobalamina, com notável sensação de bem-estar; a reticulocitose é máxima entre 7-10 dias e a Hb normaliza-se em um a dois meses. As contagens de leucócitos e plaquetas normalizam-se em poucos dias, mas os neutrófilos segmentados persistem por 10 a 14 dias. A bilirrubina, o ferro sérico, e a DHL caem rapidamente. O tratamento pode desencadear hipopotassemia grave e, portanto, o potássio deve ser monitorizado e a reposição instituída, se necessária. A falta de uma resposta clínica e hematológica óbvia exige imediata reavaliação dos dados e a reconsideração do diagnóstico. A neuropatia associada à deficiência de vitamina B12 pode ser desencadeada ou agravada quando faz-se a reposição de folato de modo equivocado. Desta forma, a deficiência de cobalamina deve ser sempre excluída antes de se pensar na administração isolada de ácido fólico. Se houver forte suspeita clínica de AM por deficiência de vitamina B12, o tratamento deve ser instituído, independentemente dos testes laboratoriais, sobretudo se houver manifestações neurológicas. Transfusão de hemácias pode ser necessária se o quadro clínico, em decorrências de hipóxia tecidual, exigir imediata melhora da anemia, sobretudo quando a Hb estiver abaixo de 7 g/dl ou em idosos com Hbabaixo de 9 g/dl e disfunção cardíaca, pulmonar, insuficiência coronariana e/ou instabilidade hemodinâmica. · · · · · · · INFECÇÃO PELO CITOMEGALOVÍRUS EM PACIENTE SUBMETIDO A TRANSPLANTE RENAL: RELATO DE CASO Matheus Teodoro de Queiroz, Cícera da Silva Bento Serviço de Nefrologia Médica da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: O citomegalovírus (CMV) é um vírus do grupo herpes, que causa latência após a infecção primária e pode reativar a replicação nas situações de redução da vigilância imunológica como, por exemplo, em indivíduos transplantados de órgãos. A infecção ativa pelo citomegalovírus (CMV) é uma das complicações mais freqüentes após a realização de transplante renal, com freqüência entre 50 e 90%. A detecção de anticorpos anti-CMV e seu isolamento clássico em fibroblastos permanecem como as mais importantes formas de comprovação diagnóstica da infecção pelo CMV após transplantes de órgãos. A morbimortalidade é maior quando ocorre infecção primária, intermediária na reinfecção e muito menor na reativação de uma cepa latente. Há fortes evidências implicando o próprio enxerto como fonte carreadora de vírus causando infecções primárias e reinfecções exógenas. Ao replicar no paciente imunologicamente comprometido, o CMV pode modular a resposta imune e colaborar para o desencadeamento de problemas clínicos mais complicados do que aqueles observados nos indivíduos imunocompetentes. Essa relevância clínica já foi demostrada há vários anos, desde que se iniciaram os primeiros experimentos com transplantes e, dessa forma, muitos recursos diagnósticos já foram desenvolvidos e o arsenal terapêutico específico para o tratamento da doença causada pelo CMV não param de crescer. Conclusões · A anemia é uma condição comum no idoso, mas não deve ser considerada como consequência inevitável do envelhecimento. · O diagnóstico e a investigação etiológica da anemia no idoso merecem interesse especial, pois, além da anemia ser passível de tratamento na maioria das vezes, o seu tratamento apropriado é capaz de prevenir, diminuir ou retardar morbidades relacionadas ao envelhecimento e diminuir a taxa de mortalidade. Bibliografia consultada: · Educ Program. 2010; 2010:338-47. Cançado RD, Chiattone CS. Anemia ferropênica no adulto: causas, diagnóstico e tratamento. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010; 32:240-6. Cançado RD, Lobo C, Friedrich JR. Tratamento da anemia ferropriva com ferro via oral. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010a; 32(supl.2):114-20. Cançado RD, Lobo C, Friedrich JR. Tratamento da anemia ferropriva com ferro via parenteral. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010b; 32(suppl.2):121-8. Grotto HZW. Interpretação clínica do hemograma. São Paulo: Atheneu; 2009. 143p. [Série Lopes AC, Grotto HZW eds. Clínica Médica e Arte]. Grotto HZW. Diagnóstico laboratorial da deficiência de ferro. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010; 32:22-8. Gualandro SFM, Hojaij NHSL, Jacob Filho W. Deficiência de ferro no idoso. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010; 32 (Supl.2):5761. Vicari P, Figueiredo MS. Diagnóstico diferencial da deficiência de ferro. Rev Bras Hematol Hemoter. 2010; 32:29-31. Auerbach M, Ballard H. Clinical use of intravenous iron: administration, efficacy and safety. Hematology Am Soc Hematol 43 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Motivo da Comunicação: Relatar um caso de infecção pelo Citomegalovírus em paciente transplantado (imunossuprimido). Apresentação: Paciente M.I.S., do sexo feminino, 56 anos, natural e procedente de São Paulo/SP, com antecedentes pessoais de HAS; DM; IAM prévio (2010); transplante renal, doador falecido (18/03/10); internação prévia 22/04 - 31/05/13 devido diarréia por CMV e 13/06 – 02/07/13 devido necrose asséptica de cabeça de fêmur; em uso de micofenolato 720mg/ dia, ciclosporina 150mg/dia, prednisona 10mg/dia, e outras medicações. Iniciou com quadro de náuseas, inapetência, dor abdominal difusa e diarréia volumosa há 03 dias; no dia 12/07/13 deu entrada em nosso serviço para investigação. Paciente desidratada e prostrada realizou exames que evidenciaram PCR CMV positivo e antigenemia CMV de 16/300.000. Iniciado tratamento com ganciclovir (10mg/Kg/ dia), persistindo com diarréia nós 3 primeiros dias de internação, evolui com melhora dos sintomas após. Exames (16/07/13) PCR CMV e antigenemia negativos. Iniciado no dia 22/07 com Ciprofloxacina (500mg VO 12/12hrs) devido a Urocultura com Pseudomonas do dia 17/07. Persistindo com melhora clinica e laboratorial, colhido novo PCR e antigenemia no dia 23/07, novamente negativo. Decidido manter paciente recebendo antibiótico EV (ganciclovir) por 21 dias e alta após. Discussão: A disseminação do CMV no sangue ocorre durante a infecção ativa e a viremia tem sido reconhecida como o principal fator de risco para a progressão da doença clínica. A detecção do DNA do citomegalovírus por captura híbrida permite resultados objetivos, com alta sensibilidade (95%) e especificidade de 87%, quando comparada à cultura de células, anteriormente considerada gold standard no diagnóstico dessa infecção. A doença pode evoluir para um quadro grave em pacientes imunossuprimidos, como transplantados de medula óssea ou órgãos como coração e rins; pacientes em tratamento com corticóides e aidéticos. O CMV é o agente infeccioso mais freqüente em transplantados de órgãos, afetando pelo menos dois terços desses indivíduos, não importando se o órgão transplantado é rim, medula óssea, fígado, coração, coração-pulmão ou pâncreas-rim. As razões para essa alta prevalência de infecção são devidas a duas importantes peculiaridades do CMV: capacidade de permanecer latente por longo período e à propriedade de reativar-se sob certas condições especiais. Os mais potentes ativadores do CMV em estado latente são o uso de terapia imunossupressora e a rejeição do órgão transplantado. Nestes casos, o diagnóstico precoce é de grande importância e muitas vezes de difícil realização. A pesquisa de antigenemia demonstra a preseça da proteína pp65 do citomegalovírus nas células polimorfonucleares circulantes do sangue. Esta proteína é um antígeno precoce, que aparece no início da replicação viral e, quando presente nos polimorfonucleares, indica infecção com replicação viral. Quanto ao tratamento, o ganciclovir é o antiviral mais freqüentemente utilizado; pelo fato da absorção oral ser limitada, esta via não deve ser utilizada para o tratamento de pacientes com infecção pelo CMV no trato gastrointestinal. A terapia da escolha é ganciclovir intravenoso por 3 semanas. Em suma, o número de infecções e reinfecções por CMV em pacientes imunodeprimidos, esta cada vez mais prevalente, e sempre que alertado a possibilidade, investigação e tratamento adequados, devem ser realizados. Bibliografia consultada: · · · · · Essa S, Raghupathy P, Pacsa AS, El-Shazly A, Said T, Azizieh F. Th1-type cytokines production is decreased in kidney transplant recipients with active cytomegalovirus infection. J Med Virol. 2000; 60:223-9. Lesprit P, Scieux C, Lemann M, Carbonelle E, Modai J, Molina JM. Use of the cytomegalovirus antigenemia assay for the rapid diagnosis of primary CMV infection in hospitalized adults. Clin Infect Dis. 1998; 26:646-50. Machida U, Kami M, Fukui T, Kazuyama Y, Kinoshita M, Tanaka Y, et al. Real Time automated PCR for early dianosis and monitoring of cytomegalovirus infection after bone marrow transplantation. J Clin Microbiol. 2000; 38:2536-4. Nazzari C, Gaeta A, Lazzarini M, Castelli TD, Mancini C. Multiplex polymerase chain reaction for the evaluation of cytomegalovirus DNA load in organ transplant recipients. J Med Virol. 2000;61:251-8. Satou J, Funato T, Satoh N, Abe Y, Ishii KK, Sasaki T, Kaku M. Quantitative PCR determination of human cytomegalovirus in blood cells. J Clin Lab Anal.2001;15:122-6. PERFIL DOS PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE TABAGISMO DA SANTA CASA DE SÃO PAULO. COMPARAÇÃO DE DUAS POPULAÇÕES: POLICIAIS MILITARES E CIVIS Igor Bastos Polonio, Tatiana Saruhashi, Camila Matsuura Endo, Karina Kiso, Maria Luiza Migotto, Maira Ponciano Sgavioli, Roberto Stirbulov Serviço de Pneumologia da Santa Casa de São Paulo Introdução: O tabagismo é problema de saúde pública. Estima-se que 20 % da população seja tabagista. Utilizando estes dados para a Polícia Militar do Estado de São Paulo, estima-se 30000 fumantes. A Santa Casa possui um programa para tratamento de tabagismo entre os Policiais. Tem o objetivo, além do tratamento dos policiais, capacitação de equipes 44 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. de saúde da PM para ampliar o programa em todo o estado de São Paulo. Objetivos: Comparar duas populações de tabagistas, os da Polícia Militar e os pacientes da Santa Casa (civis). Foram comparados quanto a dados demográficos, índice de abstinência nas 4 primeiras semanas, ganho de peso, escala de dependência de Fagerström, cigarros fumados por dia, medicações utilizadas, co-morbidades e ansiedade e depressão ( escala de ansiedade e depressão para hospital geral). Resultados: No total, dados completos foram obtidos de 205 pacientes da Santa Casa de São Paulo e 208 pacientes da Polícia Militar. Na Santa Casa foram 146 mulheres e 59 homens e na Polícia Militar 143 homens e 65 mulheres. O número de homens na PM foi significativamente maior do que na Santa Casa. Os pacientes da Santa Casa foram mais velhos do que os da PM (mediana 54 anos x 41 anos—p < 0,05). Os pacientes da PM tiveram maior índice de abstinência em 4 semanas que na Santa Casa (75 % x 52% ---p< 0,05). Além disso pararam em nível significativamente maior nas primeiras 2 semanas que os pacientes da Santa Casa (p < 0,05). Os homens da PM, pararam de fumar de maneira mais significativa do que os homens da Santa Casa. Não houve diferenças significativas de abstinência entre as mulheres da Santa Casa e da PM. Em relação as drogas utilizadas, não houve diferença significativa entre o índice de abstinência entre as drogas, nos dois grupos. A droga mais utilizada foi o adesivo de nicotina, seguidos de vareniclina e bupropiona + adesivo de nicotina. O nível de dependência mensurado pela escala de Fagerström foi semelhante entre os dois grupos, no entanto, os policiais fumam mais cigarros por dia do que os pacientes da Santa Casa (mediana 30 cig/dia PM x 20 cig/dia Santa Casa –p < 0,05). O ganho de peso foi 0,8 kg na Santa Casa (p<0,05) e 1 kg na PM (p<0,05). Os pacientes da Santa Casa apresentaram mais co-morbidades que os da PM. Os pacientes da Santa Casa apresentaram maior grau de ansiedade e depressão que os pacientes da policia militar. Conclusão: Houve maior abstinência em 4 semanas na PM do que na Santa Casa. Maior número de homens na PM. Não houve diferença de abstinência entre as drogas utilizadas. O ganho de peso foi significativo nos dois grupos. O maior nível de abstinência na PM foi maior devido a maior abstinência entre os homens. Os policiais fumam mais cigarros do que os pacientes da Santa Casa. Os pacientes da Santa Casa apresentam mais co-morbidades que os da PM. A diferença de abstinência apresentada provavelmente deveu-se à maior motivação pessoal dos policiais, já que os mesmos foram voluntários a comparecer no programa. Bibliografia Consultada: · · · · · · Jahnke S, Haddock K, Poston WS, Hoffman KM , Hughey J, Lando HA. A qualitative analysis of the tobacco control climate in the US Military. Nicotine Tob Res. 2010; 12:88-95. Keinan-Boker L, Enav T, Rozentraub T, Shohat T. Changes in smoking habits of smokers under bombing by rockets. J Public Health (Oxf). 2011; 33:55-62. Klesges RC, Sherrill-Mittleman D, Ebbert JO, Talcott GW, DeBon M. Tobacco use harm reduction, elimination, and escalation in a large military cohort. Am J Public Health. 2010; 100: 2487-92. Polonio IB. Aqui se fuma! Aqui se para! [E-book]. São Paulo: Saraiva; 2014. World Health Organization. Policy recommendations for smoking cessation and treatment of tobacco dependence. Tools for public health. [on line]. Geneva: World Health Organization; 2003. 76p. (Advancing tobacco control in the 21st century) Available from: http://www.who.int/tobacco/resources/ publications/tobacco_dependence/en/ [3 Feb 2013]. Zaborowski DE, Dedert EA, Straits-Troster K, Lee S, Wilson SM, Calhoun PS, et al. Public health clinical demonstration project for smoking cessation in american veterans who served since September 11, 2001. J Addict Med. 2011; 5:79-83. SÍNDROME DE EISENMENGER EM IDOSO DEVIDO À COMUNICAÇÃO INTERATRIAL SEIO VENOSO Gabriela Cordon Martines, Gabriela Alves dos Santos, Flávia Cristina Navarro, Igor Bastos Polonio Serviço de Pneumologia da Santa Casa de São Paulo Introdução: A Síndrome de Eisenmenger (SE) é definida como a presença de resistência vascular pulmonar aumentada associada a fluxo sanguíneo intracardíaco invertido (pulmonar-sistêmico) ou bidirecional, e saturação de oxigênio baixa com ou sem cianose. Ela representa forma avançada de hipertensão arterial pulmonar associada a cardiopatias congênitas. Pacientes com SE sobrevivem até a terceira ou quarta décadas de vida, além de baixa qualidade de vida em conseqüência da falha progressiva da função cardíaca e pulmonar. Este artigo objetiva relatar um caso inusitado e raro Comunicação Interatrial seio venoso com evolução para Síndrome de Eisenmenger em paciente idoso e discutir as dificuldades de seu diagnóstico na prática clínica. Relato de Caso: J.L.S., sexo masculino, 87 anos, em acompanhamento no Ambulatório de Hipertensão Pulmonar da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo há seis anos, devido à dispnéia progressiva aos esforços desde os 80 anos de idade. Aos 81 anos, durante a investigação da dispnéia realizada por Unidade Básica de Saúde, realizou Tomografia Computadorizada (TC) de tórax que mostrou dilatação da artéria pulmonar e de seus ramos, assim como ecodopplercardiograma transtorácico que evidenciou PSAP de 76 mmHg, sugerindo Hipertensão 45 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Tabela 1 Resultados pressóricos do cateterismo cardíaco direito, em mmHg. Pulmonar. Assim, foi encaminhado a nosso ambulatório de Hipertensão Pulmonar. No início do acompanhamento apresentava dispnéia importante aos esforços, em Classe Funcional IV da NYHA (New York Heart Association), além de desdobramento fixo de segunda bulha cardíaca em foco pulmonar. Entretanto o paciente perdeu acompanhamento no ambulatório, retornou apenas cinco anos depois, aos 86 anos, já em uso de oxigênio domiciliar devido à evolução da dispnéia. Procedeu-se a investigação com a realização de novo ecodoplercardiograma transtorácico, que mostrou aumento importante das câmaras direitas, septo interventricular achatado com prejuízo de seu relaxamento, ventrículo esquerdo rechaçado devido a aumento do ventrículo direito e movimento paradoxal do septo interventricular. No entanto, ventrículo esquerdo possuía miocárdio de espessura normal e função sistólica preservada. Apresentava tronco de artéria pulmonar dilatado, TAPSE (Tricuspid annular Plane Systolic Excursion) de 0,9 (normal >1,6), indicativa de disfunção sistólica de ventrículo direito, e Pressão Sistólica de Artéria Pulmonar (PSAP) de 95mmHg, sinais que sugeriam Hipertensão Pulmonar (HP) grave. Nova TC de tórax indicou cardiomegalia às custas de câmaras direitas, com dilatação do tronco da artéria pulmonar, bem como de seus ramos principais e subsegmentares, sem sinais de trombose, também sugestiva de Hipertensão Pulmonar. (Figura 1) S D1 D2 M AD – – – 12 VD 90 – 20 – TP 90 30 – 52 CP – – – 30 AD: átrio direito; VD: ventrículo direito; TP: tronco da artéria pulmonar; CP: capilar pulmonar; D1: início da diástole; D2: diástole final; M: média. Tabela 2 Resultados pressóricos do cateterismo cardíaco esquerdo, em mmHg. S D1 S2 M VE 130 – 20 – AO 130 60 – 94 VE: ventrículo esquerdo; AO: aorta; D1: início da diástole; S2: final da diástole; M: média. patias, doenças cardíacas, TEP crônico, esquistossomose e doenças do tecido conectivo, paciente permanecia sem diagnóstico etiológico da doença. No mesmo ano, paciente sofreu um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico e, no intuito de definir a origem do êmbolo, foi realizado Ecocardiograma Congênito, com resultado inusitado: o paciente apresentava Comunicação Interatrial (CIA) do tipo seio venoso superior com shunt bidirecional ao estudo Doppler, medindo 12mm. Dessa forma, chegou-se ao diagnóstico de Síndrome de Eisenmenger secundária à CIA do tipo seio venoso. Paciente evoluiu sem sequelas da isquemia cerebral e foi iniciada terapia para anticoagulação e mantido o tratamento da HAP. Atualmente, aos 87 anos, paciente segue estável, em uso de oxigênio domiciliar, Bosentana, Warfarina, Sinvastatina, com controle da dispnéia e com Classe Funcional I da NYHA. Discussão: O presente relato trata do caso de um paciente idoso, diagnosticado com Síndrome de Eisenmenger secundária à CIA do tipo seio venoso aos 87 anos de idade. Sabe-se que a incidência de cardiopatias congênitas é de oito para cada 1000 nascidos vivos sendo 10% destas as CIAs. O tipo seio venoso é encontrado em 2-12% das CIAs e corresponde à comunicação inter-atrial fora da fossa oval com conexão à veia cava anômala com ou sem drenagem venosa pulmonar anômala associada. Os pacientes com CIA são assintomáticos durante a infância; a maioria desenvolve sintomas por volta Figura 1. Imagens de tomografia computadorizada com cardiomegalia importante às custas de câmaras direita (a), e janela para mediatino a nível de tronco pulmonar com aumento de seu diâmetro (B). Realizado cateterismo cardíaco, para confirmação diagnóstica de Hipertensão Pulmonar, com os seguintes resultados. (Tabelas 1 e 2). Feito o diagnóstico de Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), foi iniciado tratamento com Sildenafil, porém paciente evoluiu com reação alérgica cutânea a este fármaco, sendo substituído por Bosentana. Excluídas diversas causas de HAP como pneumo- 46 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Figura 1. Imagem do ecocardiograma transtorácico com importante dilatação das câmaras cardíacas direitas (A); septo interventricular abaulando ventrículo esquerdo, diminuindo sua luz durante diástole (B); comunicação interatrial seio venoso superior, medindo 12 mm (C); shunt bidirecional ao estudo Doppler no CIA seio venoso (D). dos 40 anos, como fadiga, dispnéia aos esforços e arritmia, tendo a cianose como característica pouco comum, o que atrasa o diagnóstico. Em conseqüência, 34% dos pacientes com CIA sem tratamento cirúrgico desenvolvem HAP e 17% evoluem com a Síndrome de Eisenmenger, complicações diretamente relacionadas à idade do paciente e ao tempo a que os pulmões e coração estão submetidos à sobrecarga de volume. Pacientes com SE sobrevivem até a terceira ou quarta décadas de vida, com redução média de sobrevida de 20 anos em comparação com a população saudável, além de baixa qualidade de vida em conseqüência da falha progressiva da função cardíaca. Em se tratando especificamente de CIA do tipo seio venoso, os graus de HAP e de complicações são três vezes maiores que os demais subtipos, além de ocorrer em indivíduos mais jovens, demonstrando a avidade desta cardiopatia congênita, que apresenta morbidade e mortalidade significativas. Nosso paciente, ao alcançar 87 anos de idade, superou em muito a expectativa de vida dos indivíduos com CIA seio venoso, principalmente tendo desenvolvido uma complicação tão limitante como a Síndrome de Eisenmenger. O diagnóstico de cardiopatias congênitas tem sido realizado muito precocemente na faixa etária pediátrica, porém, em geral, o diagnóstico do CIA seio venoso é mais difícil e requer técnicas de imagem de maior precisão. Em adultos, o ecocardiograma transesofágico era considerado o padrão-ouro, entretanto é invasivo e apresenta falhas. Atualmente a angiotomografia e a imagem por ressonância magnética (MRI) cardiovascular são de maior acurácia, pois mostram o defeito anatômico com particularidade. Indo ao encontro da literatura, nosso caso exemplifica muito bem a dificuldade diagnóstica desta cardiopatia congênita, visto que foram realizados dois ecocardiogramas sem que o diagnóstico da CIA tenha sido feito. O método diagnóstico da HP é o cateterismo cardíaco direito, que aponta pressão arterial pulmonar média (PAPm) ≥ 25 mmHg e pressão do capilar pulmonar (PoAP) ≤ 15mmHg. Alguns pacientes com HP secundária ao coração esquerdo podem desenvolver Pressão Arterial Pulmonar desproporcional à elevação da PoAP, isto é, com Gradiente Transpulmonar (GTP)≥12mmHg. Em nosso caso, o paciente apresentou PAMm de 52mmHg, e PoAP de 30 mmHg. Apresenta também GTP de 32mmHg, o que denota componente pós capilar na Hipertensão Pulmonar deste paciente, provavelmente em decorrência em decorrência da 47 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. restrição diastólica de ventrículo esquerdo, que é doença comum em idosos, e também possivelmente secundária à Hipertensão Pulmonar (HP). Isso ocorre, pois, na HP grave, o septo interventricular durante a diástole se projeta para o ventrículo esquerdo, como forma de aumentar o volume do ventrículo direito para acomodar o excesso de volume sanguíneo nessa câmara. Esse processo culmina na restrição diastólica do ventrículo esquerdo, pelo aumento do ventrículo direito. Pelos valores do cateterismo cardíaco percebe-se que o paciente apresenta componente pós-capilar na Hipertensão pulmonar, porém, devido à clínica do paciente com baixa saturação de oxigênio e à sua classe funcional grave, optamos por tratar o paciente como Hipertensão Arterial Pulmonar, de causa pré-capilar, apesar de isso ser controverso na literatura. Isso acabou trazendo ótimos resultados clínicos para o paciente, com melhora importante da classe funcional e da dispnéia, o que reforça nossa hipótese de HAP pré-capilar. Aqui, cabe a discussão de que em muitos casos, a mensuração da PoAP é prejudicada em razão da dilatação do tronco da artéria pulmonar que estes pacientes apresentam, o que dificulta a impactação do balão do cateter de Swan-Ganz, e superestima o valor da PoAP. Sendo assim, sugerimos a realização concomitante do cateterismo cardíaco direito, para mensurar a pressão do capilar pulmonar, diretamente na diástole do ventrículo esquerdo. Em levantamento de literatura do PubMed, encontramos indexados apenas dois casos de pacientes idosos com CIA Seio Venoso, ambos abaixo de 80 anos: um paciente do sexo masculino de 68 anos na Romênia, que apresentava Síndrome de Eisenmenger associada à cardiopatia, e outro do sexo feminino, de 64 anos, em Taiwan, porém sem ter desenvolvido Síndrome de Eisenmenger [14,15]. Isso reforça a raridade de nosso caso, em que o diagnóstico destas patologias foi feito apenas aos 87 anos. Até nosso conhecimento este paciente é o de maior sobrevida com estas patologias de conhecimento da literatura mundial. Conclusão: O presente relato trata do caso de um paciente idoso, diagnosticado com Síndrome de Eisenmenger secundária à CIA do tipo seio venoso aos 87 anos de idade, com queixa inespecífica de dispnéias aos esforços. A dificuldade diagnóstica encontra-se na ampla faixa etária em que os sintomas podem aparecer, além desses sitomas estarem presentes em inúmeros diagnósticos diferenciais em adultos. Além disso, o ecocardiograma transesofágico apresenta falhas, o que retardou o diagnóstico do paciente. Vale ressaltar a sobrevida alcançada pelo paciente e início dos sintomas em uma idade muito além da esperada, mesmo na vigência de complicações, como a Síndrome de Eisemenger. Bibliografia consultada: · · · · · · Boeren K, De Bruecker Y, Roosen J, Perdieus D. Sinus venosus ASD. Images in clinical radiology. JBR–BTR. 2011; 94:301. D’Alto M, Mahadevan VS. Pulmonary arterial hypertension associated with congenital heart disease. Eur Respir Rev. 2012; 21:328-37. Guazzi M, Galiè N. Pulmonary hypertension in left heart disease. Eur Respir Rev. 2012; 21:338-46. Gulati GS, Hoey ETD, Gopalan D, Agrawal BSK, Screaton NJ. Sinus venosus atrial defects in adults: Utility of Cardiovascular MRI in resolving this diagnostic dilemma. Heart Lung Circ. 2010; 19:615–9. Hubatsch M, Pal K, Zoltan P, Bocicor A, Ene L. A rare cause of pulmonary arterial hypertension diagnosed in an elderly patient. Pneumologia. 2010; 59:164-9. Kasner M, Westermann D, Steendijk P, Dröse S, Poller W, Schultheiss H, et al. Left ventricular dysfunction induced by nonsevere idiopathic pulmonary arterial hypertension. A pressure–volume relationship study. Am J Respir Crit Care Med. 2012; 186:181–9. SÍNDROME DE PANCOAST: RELATO DE CASO Fábio M. Guidetti, Tatiana Zecchini Muniz, Rafael J Pereira Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Introdução: A síndrome de Pancoast é definida pelo conjunto de sinais e sintomas secundários ao acometimento da pleura parietal, primeiro e segundo arcos costais e corpos vertebrais adjacentes, primeiro e segundo nervos torácicos, plexo braquial, cadeia simpática paravertebral e gânglio simpático cervical por uma neoplasia inserida no sulco superior do tórax. Expressa-se clinicamente por dor no ombro e face dorsal do braço ipsilateral acometido, dormência do cotovelo e antebraço, evoluindo com fraqueza e hipotrofia muscular, inclusive com atrofia de quarto e quinto quirodáctilos. Quando o gânglio simpático cervical está comprometido, associam-se Síndrome de Pancoast e de Claude-Bernard-Horner. Esta última se manifesta clinicamente por miose, ptose palpebral, enoftalmia e anidrose homolateral. A grande maioria dos casos é portadora de um carcinoma brônquico de não pequenas células, dos subtipos epidermóide e adenocarcinoma. Tem evolução lenta e é raro apresentar metástases à distância. Sua incidência é de aproximadamente 4%. Seu diagnóstico confunde-se com o de outras doenças do sistema respiratório como tuberculose, micoses pulmonares e síndrome do ombro doloroso. É comum haver atraso no seu diagnóstico em até um ano, a partir do início dos sintomas. Apresentação do caso: Homem branco, 68 anos, ex-tabagista (150 maços/ano), etilista durante 50 anos, tratado de tuberculose pulmonar há cerca de um ano (término tratamento em agosto de 2012), 48 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. inicia quadro de dor em ombro esquerdo e parede torácica posterior. A dor é ventilatório-dependente e piora com movimentos do membro superior esquerdo. Conjuntamente, refere constipação intestinal há 30 dias, hiporexia, perda ponderal de 6kg em 30 dias, edema de região cervical esquerda, aumento do volume abdominal e anidrose do hemitoráx esquerdo. Estava em uso de tramadol. O exame físico inicial mostrou telangiectasias em abdôme, ptose palpebral esquerda, arritmia cardíaca com várias extrassístoles, níveis pressóricos de 150/100 mmHg, frequência cardíaca de 90 bpm, murmúrio vesicular diminuído, frequência respiratória de 20 rpm. PPD não reator. Radiologia torácica evidenciava massa de limites regulares no sulco superior esquerdo do tórax, com acometimento de vértebras e arcos costais adjacentes. Broncofibroscopia não identificou lesões. Cintilografia óssea com gálio mostrou acometimento de arco costal inferior direito e vértebras torácicas. Tomografia de tórax confirmou massa em ápice pulmonar esquerdo. Submetido à punção biópsia transtorácica, cujo resultado histopatológico mostrou tratar-se de carcinoma espinocelular de origem pulmonar. Evoluiu durante a internação com dor importante na área do comprometimento tumoral, sendo avaliado e prescrito diariamente pelo grupo da dor. O serviço de oncologia indicou radioterapia paliativa antiálgica (16 sessões) e, na sequência, quimioterapia com cisplatina e vinorelbina. Discussão e motivo da comunicação: Os exames de imagem habitualmente utilizados para o diagnóstico da doença são radiografia, tomografia de tórax além de ressonância nuclear magnética. Mesmo com a evolução das técnicas de aquisição de imagem por tomografia computadorizada, com melhora na detecção e avaliação do crescimento tumoral, extensão da infiltração da parede torácica e envolvimento mediastinal, a ressonância magnética de tórax continua sendo o melhor exame para a avaliação dos tumores do sulco superior. A ressonância magnética de tórax incrementa a avaliação do acometimento dos sistemas nervoso e vascular. O diagnóstico definitivo necessita de confirmação da malignidade e geralmente é realizado através da biópsia transtorácica guiada por tomografia, sendo esse o método de escolha com baixos índices de complicações. Resumo: Apresentamos paciente com o diagnóstico de síndrome de Pancoast e Claude-Bernard-Horner concomitantes, cujo diagnóstico histopatológico presenciou um carcinoma espinocelular de pulmão. Esta apresentação de uma neoplasia pulmonar, embora pouco frequente, deve sempre ser lembrada como diagnóstico diferencial em casos de síndrome dolorosa envolvendo o plexo braquial na presença de imagens radiológicas suspeitas no ápice de pulmão. Bibliografia consultada: · · · · Arcasoy SM, Jett JR. Superior pulmonary sulcus tumors and Pancoast’s syndrome. N Engl J Med. 1997; 337:1370-6. Hansen HH (editor). Textbook on lung cancer. The International Association for the Study of Lung Cancer. Denmark: Martin Dunitz; 2000. 442p. Silveira IC. O pulmão na prática médica: sintoma, diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: EPUB; 2000. 672p. Zamboni M, Carvalho WR, editores. Câncer de pulmão. São Paulo: Atheneu; 2005. 308p. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DE MIOCARDITE AGUDO/SUBAGUDA EM PACIENTE JOVEM ATENDIDO EM PRONTO-SOCORRO: RELATO DE CASO Rafael M. Camacho, Irineu Francisco Delfino Silva Massaia Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Introdução: Miocardite se caracteriza pela presença de uma resposta inflamatória do miocárdio, frequentemente em decorrência de uma agressão infecciosa primaria em outro sitio. O processo inflamatório pode acometer outras estruturas do coração, mais comumente o pericárdio. (pericardite). Objetivo: Descrever as abordagens diagnóstica e terapêutica empregadas durante a avaliação de um paciente com queixa dispneia e historia clinica sugestiva de miocardite aguda. Confirmação diagnóstica por cintilografia miocárdica para ontinuidade de tratamento ambulatorial. Discussão: O agente agressor mais frequente é o infeccioso, mas a miocardite pode também ser secundária a agressões pelo sistema imunológico, como na miocardite periparto, por radioterapia ou por quimioterapia. Entre os agentes infecciosos, o mais comum é o viral, principalmente os enterovírus. O agente agressor mais frequente é o infeccioso, mas a miocardite pode também ser secundária a agressões pelo sistema imunológico, como na miocardite periparto, por radioterapia ou por quimioterapia. Entre os agentes infecciosos, o mais comum é o viral, principalmente os enterovírus. Entre estes, o coxsackie do tipo B é o mais comum, sendo responsável por cerca de 50% dos casos. Outros diferentes tipos de vírus, como o adenovírus, citomegalovírus, Epstein-Barr vírus, parvovírus B19, entre outros, têm sido frequentemente implicados. Entretanto, os estudos clínicos mostram uma grande variabilidade e, em sua maioria, baixa positividade na identificação dos vírus. Outras causas de miocardite são muito menos comuns e incluem a infecção pelo HIV, ifteria, doença de Chagas, dengue, doença de Lyme e, mais raramente, a miocardite de células gigantes, de etiologia desconhecida. Infecções 49 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. virais do trato gastrintestinal e respiratório podem envolver o coração em até 5% dos pacientes. Sabe-se que 10% dos pacientes que desenvolvem miocardite evoluem para cardiomiopatia dilatada com alto risco para morte súbita. O grau de suspeita clinica aumenta na presença de história de doença viral prévia e na ausência de doença cardíaca preexistente, associadas ou não ao aparecimento súbito de arritmias ou distúrbio de condução cardíaca; na presença de aumento da área cardíaca ou sintomas de insuficiência cardíaca congestiva sem causa aparente. Caso Clínico: Homem J.F.T., 38 anos, natural e procedente do interior da Bahia, zona endêmica de Doença de Chagas, casado, autônomo Atendido no serviço de emergência da ISCMSP com queixa de dispneia aos médios esforços e dispneia paroxística noturna de inicio há seis meses. Ex-tabagista leve (três anos-maço), ex etilista social (2L fermentado uma vez por semana) deu entrada no serviço com historia de há duas semanas com intensificação da dispneia, ortopneia, edema de membros inferiores associado a dor abdominal. Referindo tosse com expectoração purulenta no período de evolução há dois meses (sic). Apresentava a entrada taquidispneia, taquicardia, ausculta pulmonar com crepitação bibasal, terceira bulha em ritmo de galope B3+ com sopro sistólico, perfusão periférica diminuída, pulsos cheios porem extremidades frias, turgencia jugular acentuada, refluxo hepatojugular positivo. Realizado Ecodopplercardiograma (FE: 18%), enzima cardíaca (Troponina:16 mg/L) e sorologia negativa para Trypanosoma Cruzi. Considerações finais: Complicações concomitantes e inerentes á evolução de um quadro de miocardite aguda, são possíveis e devem ser consideradas mesmo que as mesmas sejam não usuais e que causem acometimento tanto de estruturas adjacentes ao miocárdio como órgãos a distancia, o que condiciona a miocardite em si um processo inflamatório sistêmico. AS MUITAS E IMPREVISÍVEIS FACES DO CARCINOMA RENAL DE CÉLULAS CLARAS Daniel Yuiti Kuwashima, Daniela Marinho Tridente, Fernanda Bourroul Villela Pedras, Guilherme Hideo Sakemi, Sandra Regina Schwarzwälder Sprovieri Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: Os tumores renais representam cerca de 2-3% de todos os tumores, sendo 75 a 85% carcinomas de células claras. Sua incidência vem crescendo com o passar dos anos e acomete principalmente indivíduos entre a sexta e a oitava década de vida, com média de idade de diagnóstico aos 64 anos de idade. As diversas síndromes paraneoplásicas relacionadas a este tumor podem estar presentes em até 40% dos casos e, ao nosso conhecimento, não existe estatística estabelecida para a correlação com diarréia. Objetivo: Estudar um caso de carcinoma renal de células claras e sua incomum associação a um quadro de diarréia de difícil controle. Apresentação: Homem de 42 anos, sem residência fixa, deu entrada com perda de peso de 12 quilos em 4 meses e quadro de diarréia líquida há três meses com piora há duas semanas, sem produtos patológicos, associado à dor lombar. Era tabagista, etilista e possuia seqüela de poliomielite em MID. Apresentava grande massa abdominal palpável à esquerda, sinal de Giordano positivo bilateralmente. Exames de imagem evidenciaram massa heterogênea em hilo renal esquerdo, de limites imprecisos, que se estendia ao restante do abdôme. Foi realizada biópsia guiada por tomografia que, revelou tratar-se de carcinoma de células claras. Devido ao estágio avançado do tumor, a abordagem cirúrgica foi descartada, optando-se pelo tratamento imunoterápico ambulatorialmente, com Sorafenibe. Discussão: O quadro clínico do carcinoma renal de células claras varia desde pacientes assintomáticos, a sintomas múltiplos e evolução imprevisível, tendo a capacidade de mimetizar varias outras doenças. Cerca de 20% dos pacientes abrem o quadro com alguma síndrome paraneoplásica e a diarréia crônica, como manifestação desta neoplasia, foi descrita em apenas dois outros casos no mundo. Nesses relatos o diagnóstico foi incidental através de exames de imagem, após terem sido excluídas as causas mais frequentes, com melhora do quadro apenas após tratamento cirúrgico. Bibliografia consultada: · · · · · Dec GW Jr, Palacios IF, Fallon JT, Aretz HT, Mills J, Lee DC, et al. Active myocarditis in the spectrum of acute dilated cardiomyopathies. Clinical features, histologic correlates, and clinical outcome. N Engl J Med. 1985; 312:885-90. Dec GW Jr, Waldman H, Southern J, Fallon JT, Hutter AM Jr, Palacios I. Viral myocarditis mimicking acute myocardial infarction. J Am Coll Cardiol. 1992; 20:85-9. Feldman AM, McNamara D. Myocarditis. N Engl J Med. 2000; 343:1388-98. Schwaiger A, Umlauft F, Weyrer K, Larcher C, Lyons J, Mühlberger V, et al. Detection of enteroviral ribonucleic acid in myocardial biopsies from patients ith idiopathic dilated cardiomyopathy by polymerase chain reaction. Am Heart J. 1993; 26:406-10. Schettino CDS, Martelo S, Deus F, Vargas A, Paschoal M, Tassi E, et al. Diagnóstico clínico e radiológico da miocardite agudae uma complicação não usual. Rev SOCERJ. 2008; 21:338-44. Bibliografia consultada: · · 50 Atkins MB. Clinical manifestations evaluation, and staging of renal cell carcinoma. [on line]. UpToDate. Available from: http://www.uptodate.com/contents/clinical-manifestations-evaluation-and-staging-of-renal-cell-carcinoma [10 Feb 2013]. Atkins MB, Choueiri TK. Epidemiology, pathology, and pathogenesis os renal cell carcinoma. [on line]. UpToDate. Available Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. · · · from: http://www.uptodate.com/contents/epidemiology-pathology-and-pathogenesis-of-renal-cell-carcinoma [05 Jan 2013]. Benítez Roldán A, González López C, Torres Olivera F, Vallejo Benítez A, Pellicer Bautista F, Herrerías Gutiérrez JM. Diarrhea syndrome and renal cell carcinoma. Rev Esp Enferm Dig. 2008; 100:505-6. Chataut CP, Ramesh KC, Mullane M, Firfer BL, Shah BK. Diarrhea as the presenting symptom of renal cell carcinoma. Acta Oncol. 2011; 50:732-3. Palapattu GS, Kristo B, Radfer J. Paraneoplastic syndrome in urologic malignancy: the many faces of renal cell carcinoma. Rev Urol. 2022; 4:163-70. frequentes crises de diarreia de 05-10 evacuações por dia com eventual presença de muco. Realiza endoscopia em 2005 com colite inespecífica e ileíte regional, sendo tratada na época para Doença de Crohn com mesalazina e corticoide com melhora parcial das fezes. Em 2009 evolui com piora da frequência dos episódios de pneumonia vindo a apresentar 04 episódios em 06 meses com duas internações no período. É encaminhada para o ambulatório da imunologia onde é evidenciado déficit acentuado de IgA, IgM e IgG. Feito o diagnóstico de imunodeficiência comum variável éiniciado em novembro de 2010 o uso de gamaglobulina EV a cada 28 dias, paciente segue em acompanhamento ambulatorial desde então. Discussão: O diagnóstico da IDCV é feito pela história clínica compatível e a dosagem de imunoglobulinas séricas. Já o tratamento é realizado com imunoglobulina EV a cada três ou quatro semanas, além do uso concomitante de antibióticos quando necessário. IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL: RELATO DE CASO Pablo Duarte Lima, Daniela Souto Barros, Vinicius Andreoli Schoeps, Karina Moraes Kiso Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A Imunodeficiência comum variável (IDCV) é uma dasimunodeficiências primárias mais comuns associada à deficiência de anticorpos. Pacientes com esta enfermidade apresentam quadros recorrentes de infecção do trato respiratório, doença inflamatória crônica do trato gastrintestinal, tumores e doenças autoimunes. Acredita - se que este quadro clínico, bem como a hipogamaglobulinemia, possam estar associados com alterações do quadro funcional de diferentes tipos leucocitários, perfil de citocinas e defeitos moleculares distintos. A revisão literária demonstra a presença de gruposde pacientes com IDCV com alterações no número e/ou função em diferentes células como linfócitos B, T, NK e células dendríticas. As disfunções observadas incluem déficit na apresentação de antígenos, na ativação linfocitária, morte celular e polarização para uma resposta Th1. A complexidade das interações envolvidas na IDCV e os defeitos relacionados com a ativação dos linfócitos T, incluindo a polarização para uma resposta Th1 contribuem para a síntese diminuída de citocinas Th2, prejuízo da resposta celular e mediada por anticorpos. Motivo da Comunicação: O estudo desta enfermidade oferece oportunidade única para a compreensão do funcionamento do sistema imune. Afora este fenômeno, o entendimento destes mecanismos possibilita a instalação de terapêutica fundamentada em bases científicas sólidas, possibilitando melhora na qualidade de vida e significativo aumento da sobrevida destes pacientes. Apresentação: KCSAS, mulher, 36 anos, branca, casada, do lar. Relato de internações anuais por pneumonia desde os 15 anos, progride aos 29 anos com Bibliografia consultada: · · · Errante PR, Condino-Neto A. Imunodeficiência comum variável: revisão da literatura. Rev Bras Alergia Imunopatol. 2008; 31:10-8. Rosen FS, Cooper MD, Wedgwood RJ. The primary immunodeficiencies. N Engl J Med. 1995; 333:431-40. Wood P, Stanworth S, Burton J, Jones A, Peckham DG, Green T, et al. UK Primary Immunodeficiency Network. Recognition, clinical diagnosis and management of patients with primary antibody deficiencies: a systematic review. Clin Exp Immunol. 2007; 149:410-23. SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA: RELATO DE CASO Paula Maarques Ienaga, Natasha Marques Luz, Lilian Cristina Abdalla Rosinha, Yvoty Alves dos Santos Sens Serviço de Nefrologia da Santa Casa de São Paulo A Síndrome hemolítico-urêmica é doença rara e definida pela tríade de insuficiência renal aguda, anemia hemolítica microangiopática e trombocitopenia. Classicamente a SHU é dividida em duas apresentações: forma típica, mais comum em crianças, com pródromos de diarreia sanguinolenta causada por bactérias produtoras de toxina Shiga; forma atípica (SHUa), que pode ser familial ou esporádica, esta última desencadeada por HIV, câncer, transplante de órgãos, gravidez, drogas, entre outros. Objetivo: Relatar o caso de paciente com provável SHUa esporádica, frizando a importância do diagnóstico precoce e discutir as perspectivas terapêuticas. Caso Clínico: Paciente do sexo feminino, 27 anos, hipertensa crônica, com história de parto cesárea em 51 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. outro serviço com 26 semanas de gestação por elevação dos níveis pressóricos (170x120), cefaléia, náusea e escotomas. Nos exames laboratoriais apresentava anemia, plaquetopenia e aumento de DHL e enzimas hepáticas. Pós-parto apresentou sangramento abdominal sendo realizada laparotomia exploradora para controle da hemorragia. Durante evolução apresentou insuficiência renal aguda. Feita a hipótese de SHU, paciente foi transferida para o HCSCMSP onde foram realizadas sessões de plasmaférese e hemodiálise. Houve melhora da contagem de plaquetas, queda dos níveis de DHL, mas persistência da insuficiência renal aguda. Paciente permanece em hemodiálise em acompanhamento com a Nefrologia. Discussão: SHU atípica primária é uma doença inflamatória genética, crônica e progressiva, onde há desregulação do complemento e consequente microangiopatia trombótica (MAT) e risco de complicações clínicas sistêmicas em diversos órgãos. Embora a plasmaférese possa controlar a plaquetopenia, a desregulação do complemento e os processos de MAT subjacentes tendem a persistir. Doença renal terminal ou a morte ocorre em 33 a 40% dos pacientes durante a primeira manifestação clínica da SHUa, e em até 65% dentro de um ano após diagnóstico. Estudos recentes sugerem que o eculizumab, com ação inibitória no complemento, é eficaz em pacientes com SHUa, e a intervenção precoce está associada a um maior benefício clínico. Conclusão: Atentar-se ao diagnóstico de SHUa para o inicio precoce da terapia. Recentemente tem sido proposto que o eculizumab melhora o desfecho clinico de pacientes acometidos pela doença. DEMÊNCIA, UMA DAS COMPLICAÇÕES DE CIRURGIAS COM CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREAS Verônica Reche Rodrigues Gaudino, Carlos Alexandre de Almeida Rodrigues, Thiago Eidy Makimoto, Cristiano Torres da Silva, Joaquim Antônio da Fonseca Almeida, Maria Elisa Magliari Ruffolo Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo A utilização de circulação extracorpórea durante cirurgias de revascularização miocárdica induz a resposta inflamatória sistêmica ativando o sistema complemento e liberando mediadores inflamatórios. Alterações na permeabilidade vascular e diminuição na pressão oncótica são responsáveis por complicações pós-operatórias imediatas. Os órgãos mais frequentemente acometidos são: pulmões, coração e sistema nervoso central. O derrame pleural é relatado como o mais frequente. As microembolias e baixa perfusão cerebral podem precipitar uma cascata de eventos bioquímicos celulares. As complicações neurológicas determinam taxas de sobrevida e produzem grande impacto na qualidade de vida do paciente e de sua família. Os fatores de risco para o surgimento de alterações orgânicas no pós-operatório são: idade do paciente, sexo, história médica, medicação pré-operatória e fatores de risco intraoperatórios. Cirurgias superiores a 210 minutos são consideradas um fator de risco importante para complicações pulmonares, possivelmente pelas reações inflamatórias desencadeadas pelo próprio ato cirúrgico. O objetivo deste relato é apresentar complicações clínicas decorrentes de cirurgias com circulação extracorpórea. M. R. S., 70 anos, masculino, médico, diabético, hipertenso com neoplasia de cólon ressecada há 12 anos. Há dois anos realizou cirurgia de revascularização miocárdica com circulação extracorpórea. Desde então, referia desconforto respiratório progressivo, queda do estado geral, hiporexia e emagrecimento de 10 kg em 6 meses. Além disso, seus familiares relatavam quadro compatível com déficit cognitivo progressivo. Durante a investigação constatou-se derrame pleural bilateral de padrão exsudativo, negativo para células neoplásicas. Foram realizadas duas biópsias pleurais: processo inflamatório crônico inespecífico. Colonoscopia normal. RNM de crânio: hipotrofia do hipocampo sugerindo demência degenerativa. Trata-se de um paciente idoso, com fatores de risco prévio que foi submetido à revascularização miocárdica e evoluiu com alteração cognitiva e derrame pleural crônico. O quadro demencial pode ocorrer por uma vulnerabilidade seletiva à hipóxia prolongada em de- Bibliografia consultada: · · · · Caprioli J, Noris M, Brioschi S, Pianetti G, Castelletti F, Bettinaglio P, et al. International Registry of Recurrent and Familial HUS/TTP. Genetics of HUS: the impact of MCP, CFH, andIF mutations on clinical presentation, response to treatment, and outcome. Blood. 2006; 108:1267-79. Legendre CM, Licht C, Muus P, Greenbaum LA, Babu S, Bedrosian C, et al. Terminal complement inhibitor eculizumab in atypical hemolytic-uremic syndrome. N Engl J Med. 2013; 368:2169-81. Loirat C, Garnier A, Sellier-Leclerc AL, Kwon T. Plasmatherapy in atypical hemolytic uremic syndrome. Semin Thromb Hemost. 2010; 36:673-81. Noris M, Remuzzi G. Atypical hemolytic-uremic syndrome. N Engl J Med 2009; 361:1676-87. 52 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. e comorbidades associadas. O déficit cognitivo é multifatorial, incluindo lesão isquêmica microembólica, hipoperfusão, e outros fatores decorrentes da cirurgia de grande porte. Existem evidências que apontam um declínio cognitivo entre o 1º e 5º ano após a cirurgia. O aumento da prevalência de doença cerebrovascular, portanto, demonstra uma somação de fatores intra operatórios com comorbidades que compartilham da mesma fisiopatologia. Segundo Selnes e McKhann, apenas as alterações cognitivas a curto prazo parecem estar diretamente relacionado com o uso de circulação extracorpórea. No entanto, as alterações a curto e a longo prazo tem sido associadas a comorbidades, desencadeadas pela cirurgia com extracorpórea. O derrame pleural possivelmente é secundário a alterações inflamatórias sistêmicas e lesões de vasos, principalmente linfáticos, com diminuição do retorno venoso, principalmente de caráter exsudativo. Ressalta-se a importância do conhecimento das complicações que podem surgir em decorrência da utilização de circulação extracorpórea. Somente estudos prospectivos poderão ajudar a esclarecer melhor esta relação e permitir o surgimento de técnicas capazes de reduzir a incidência e a extensão das lesões. Figura 1. Presença de derrame pleural no Raio-X. Bibliografia consultada: · · · · · Figuras 2. Corte tomográfico mostrando acentuado derrame pleural bilateral. Barbosa, NF, Cardinelli DM, Ercole FF. Determinantes de complicações neurológicas no uso da circulação extracorpórea (CEC). Arq Bras Cardiol. 2010; 95:151-7. Ortiz LDN, Schaan CW, Leguisamo CP, Tremarin K, Mattos WLLD, Kalil RAK, et al. Incidência de complicações pulmonares na cirurgia de revascularização do miocárdio. Arq Bras Cardiol. 2010; 95:442-7. Rocha MMG, Barros Filho NE. Correlação entre uso de circulação extracorpórea, tempo de internação e complicações pulmonares pós-revascularização do miocárdio. Rev Fisioter Saúde Funcional (Fortaleza). 2012; 1:18-23. Soares GMT, Ferreira DCS, Gonçalves MPC, Alves TGS, David FL, Henriques KMC, et al. Prevalência das principais complicações pós-operatórias em cirurgias cardíacas. Rev Bras Cardiol. 2011; 24:139-46. Torrati GF, Dantas RAS. Circulação extracorpórea e complicações no período pós-operatório imediato de cirurgias cardíacas. Acta Paul Enferm. 2012; 25:340-5. MENINGITE TUBERCULOSA: UM DESAFIO NO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO terminados núcleos neuronais do tronco encefálico. A entrega inadequada de oxigênio induz à morte celular por falta de energia e à modulação de uma resposta excitotóxica pelas células parcialmente perfundidas. No estado final, há vasoconstrição, oclusão de vasos e, desta forma, piora da isquemia. Seja a curto ou longo prazo, alterações cognitivas podem ocorrer após à revascularização miocárdica, podendo ser parcialmente explicadas pela idade avançada dos pacientes Pedro Paulo Zanella do Amaral Campos, Gustavo Bittar Cunha, Giselle Burlamaqui Klautau, José Flavio Castelluccio Serviço de Infectologia da Santa Casa de São Paulo Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Neurotuberculose (NTB) é a forma clínica mais grave das infecções causadas pelo Mycobacterium 53 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. tuberculosis, ocorre em 5 a 10% dos casos de TB extrapulmonar e em 3% dos casos de TB em não infectados pelo HIV (2). Em 2012 foram confirmados 227 casos de meningotuberculose (MTB) no Brasil e 47 casos de MTB associada à forma pulmonar, todos em não infectados pelo HIV. Estudos em países emergentes revelam taxas de letalidade entre 44%-69%. Objetivo: Discutir a dificuldade do isolamento do Mycobacterium tuberculosis no líquor (LCR) na MTB através dos métodos microbiológicos usuais na forma de um relato de caso. Caso Clínico: Mulher, 41 anos, admitida no Pronto Socorro da ISCMSP, com cefaléia occipital há três dias, acompanhada de náuseas e vômitos, sem febre. Há 1 dia síncope, seguida de confusão mental. TC de crânio sem alterações. LCR com 138 células 64% linfócitos, 26% neutrófilos, 10% monócitos, proteinorraquia 150 mg/dl, glicorraquia 26 mg/dL, Cl 116 mEq/L (VR 120 -130). Bacterioscopia, tinta da china e látex para bactérias e fungos negativos. Com hipótese de MTB iniciado esquema básico para TB com Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida, Etambutol e corticosteróides. Radiografia de tórax: opacidade em campos pulmonares superiores e velamento do seio costofrênico esquerdo. TC de tórax compatível com TB pulmonar (Fig.1) e Ressonância Magnética com impregnação anômala pelo contraste no espaço subaracnoídeo da convexidade parietal direita e da cisterna intrapeduncular que pode estar relacionado a processo inflamatório/infeccioso da leptomeninge. A pesquisa direta do BAAR e a cultura para micobactéria no LCR e no lavado bronco-alveolar foram negativas. O diagnóstico foi confirmado pela positividade do PCR em tempo real para MTB no LCR. res são paucibacilares, a pesquisa do BAAR é pouco sensível na MTB (sensibilidade: 10-20%) (4,5). Já a cultura apresenta alto valor preditivo positivo, mas baixo valor preditivo negativo e sensibilidade menor que 50%, além da demora do resultado. Os pacientes que mais se beneficiam do PCR são aqueles que não isolaram o agente através da pesquisa do BAAR. O PCR no LCR é método rápido, apresenta sensibilidade 71-94% e especificidade de 88-100%. Uma recente meta-análise revelou sensibilidade da Adenosina Deaminase (ADA) de 79% (0,75-0,83) e especificidade 91% (0,89-0,93). Outros métodos estão sendo avaliados no LCR: IGRA (Interferon-Gamma Release Assays) isoladamente com valor preditivo positivo de 90% (8) ou em associação com ADA e/ou PCR, podem contribuir para o diagnóstico. Conclusão: Pela dificuldade do isolamento do agente na MTB através dos métodos microbiológicos usuais, novos ensaios clínicos randomizados devem ser realizados para validar os novos métodos diagnósticos. Bibliografia consultada: · · · · · Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Indicadores de morbidade. D.2.2. Taxa de incidência de tuberculose. [on line]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm. exe?idb2012/d0202.def [23 fev 2013]. Cherian A, Thomas SV. Central nervous system tuberculosis. Afr Health Sci. 2011; 11:116-27. Ho J, Marais BJ, Gilbert GL, Ralph AP. Diagnosing tuberculous meningitis – have we mande any progress? Trop Med Int Health. 2013; 18:783-93. Takahashi T, Tamura M, Takasu T. The PCR-Based Diagnosis of Central Nervous System Tuberculosis: Up to Date. Tuberc Res Treat. 2012; 2012:1-17. Xu HB, Jiang RH, Li L, Sha W, Xiao HP. Diagnostic value of adenosine deaminase in cerebrospinal fluid for tuberculous meningitis: a meta-analysis. Int J Tuberc Lung Dis. 2010; 14:13827. CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA: ANTICORPOS ANTINUCLEAR E ANTIMITOCONDRIAL NEGATIVOS Thaís Rodrigues da Cunha Fischer, Adriana Hepner, José Henrique Basílio, Renato Alves Fabbri Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: Cirrose biliar primária (CBP) é uma doença colestática crônica caracterizada por uma destruição granulomatosa, linfócito T-mediada dos pequenos ductos biliares intralobulares. Motivo da comunicação: Relatar um caso clinico de CBP com auto-anti corpos negativos. Caso Clinico: G.N.R, feminino, 47 anos, casada, natural e procedente de São Paulo, auxiliar de cozinha, Fig.1: TC de Torax: Múltiplos nódulos centrolobulares com aspecto de ‘’árvore em brotamento’’, predominando nos campos superiores e posteriores de ambos os pulmões. Discussão: Devido à alta morbimortalidade e a dificuldade do diagnóstico microbiológico, o tratamento deve ser prontamente instituído após a suspeita clínica e análise do LCR. Como as infecções extrapulmona- 54 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. Figura 1. Colangioressonância, plano coronal, evidenciando dilatação do colédoco, sem evidência do potno obstrutivo. Figura 2. Sequência ponderada em T2, no plano axial, evidenciando sinais de hepatopatia crônica e edema peri-portal. católica. Queixase duração: “coceira, olhosamarelos e dor abdominal ” flutuante,há 8 meses. Ao exame físico bom estado geral, ictérica +++/4, flapping negativo; aparelho cardio-vascular e pulmonar sem alterações; abdomen: sem dor a palpação, sem visceromegalias, macicez móvel ausente. Frente ao caso foi feita a hipótese de síndrome colestática. Proseguiu-se a investigação com exames laboratoriais e de imagem. Descreve-se os exames laboratoriais alterados: AST: 1911; ALT: 899; FA:1460; DHL:788; GGT: 97; ALB: 2,8 ; BT: 34,4 (BD: 16,1/ BI:18,3); TP: 21,3 (INR: 1,62); TTPA: 43,4; Ferritina: 1019; Fe:200; capacidade total de ligação da transferrina: 78; eletroforese de proteinas com pico em gama-globulina. Foram feitas sorologias para Hepatite A, B e C; HIV; toxoplasmose; citomegalovirus; Epstein-Barr; rubéola; sífilis não reagentes, bem como foram feitos a pesquisa de auto-anticorpos que também foram não reagentes (anticoprto anti-nuclear -ANA; anti-mitocondria - AMA; anti-musculoliso; anti- LKM;).Continuou-se o rastreio através de exames de imagens.Ressonância nuclear magnética (RNM) do abdome: sinais de hepatopatia crônica associada a dilatação do colédoco sem a caracterização do fator obstrutivo, pesquisa férrica negativa; Ecoendoscopia: sem microcálculos. Realizada a biópsia hepatica cujo anatomo-patológico evidenciou CBP, estadio2. Tratamento proposto: ácido urso desoxicólico. Discussão: O caso relatado de CBP tratava-se de uma mulher, parda de 47 anos. O sexo e a idade corroboram com os dados da literatura. Em relação aos sintomas, o prurido cutâneo é sintoma mais característico da CBP - 50% dos pacientes ao diagnóstico. No diagnóstico de CBP, citadoacima, observou-se negatividade de auto-anticorpos, com elucidação diagnóstica por exames de imagem e histopatologia, caracterizan- do uma excessão na literatura. Odiagnóstico de CBP namaioria dos doentes se dá pela presença do AMA positivo (90%) e ANA positivo (70%) associado a uma síndrome colestática. Em apenas 10% dos casos, o AMA é negativo. Bibliografia consultada: · · · · Kaplan MM. Primary biliary cirrhosis. N Engl J Med. 1996. 335:1570-80. Kumagi T, Heathcote EJ. Primary biliary cirrhosis. Orphanet J Rare Dis. 2008: 3:1-17. Lindor KD, Gershwin ME, Poupon R, Bergasa NV, Heathcote EJ. Primary biliary cirrhosis. Hepatology. 2009; 50: 291-308. Muratori L, Granito A, Muratori P, Pappas G, Bianchi FB. Antimitochondrial antibodies and other antibodies in primary biliary cirrhosis: diagnostic and prognostic value. Clin Liver Dis. 2008; 12:261-76. CRIPTOCOCOSE DISSEMINADA EM PACIENTE COM SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA Thais Chang Valente, Priscilla Nunes Ortiz, Amanda Hiromi Abe, Renata Diniz Jacques Gonçalves, Tomás Zecchini Barrese, Karine Simone Polonio, Maria Elisa Rufollo Magliari, Joaquim Antonio da Fonseca Almeida Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Fundamentos: A criptococose pode aparecer como primeira infecção oportunista nos pacientes com SIDA (síndrome da imunodeficiência adquirida), ocorrendo em 4,4% dos casos no Brasil. O agente apresenta tropismo pelo sistema nervoso central sendo este o local mais acometido, seguido 55 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. pelo pulmão. Raramente observam-se lesões cutâneas, apenas em cerca de 5 a 15% dos casos e geralmente é um marcador de doença disseminada. Nesses casos, diversas manifestações clínicas podem ocorrer. Dentre estas têm sido observado com frequência, lesões que podem se assemelhar às do molusco contagioso, apresentando uma lesão papulosa ou maculopapular com centro umbilicado ou ulcerado. Motivo da Comunicação: O objetivo desse trabalho é apresentar um caso de criptococose disseminada com apresentação cutânea exuberante como manifestação inicial de paciente com SIDA previamente não diagnosticada. Relato de Caso: C.F.S., 40 anos, natural e procedente de São Paulo, casada. Apresentava lesões de pele pruriginosas em face, dorso, membros inferiores e superiores de aparecimento há um ano e meio, associado aodinofagia, queda do estado geral e febre. Refere história de contato com pombos e duas internações por pneumonia no mesmo período. As lesões caracterizavam-se por pápulas eritematosas, algumas umbilicadas e com centro necrótico (FIGURAS 1 e 2). Além das lesões, a paciente apresentava monilíase oral e linfonodomegalia generalizada, leve taquipnéia, sem alterações da ausculta pulmonar e cardíaca. Ao exame micológico direto evidenciou-se estrutura fúngicaleveduriforme sugestiva de criptococo. Constatou-se HIV positivo com CD4 de 1 e látex positivo para criptococose. Foi internada para investigar criptococose disseminada e iniciar tratamento com Anfotericina B e fluconazol, pela indisponibilidade de fluocitosina no Brasil. Evidenciou-se acometimento pulmonar, através de TC de tórax (FIGURA 3) e broncoscopia com biópsia, sem acometimento de SNC. A paciente evoluiu com insuficiência renal como complicação do tratamento, e acabou apresentando dispneia súbita, indo a óbito por Edema Agudo de Pulmão Hipertensivo. À necrop- Figura 2. Lesões cutâneas em membros superiores, tronco e face. Figura 1. Lesões cutâneas em membro superior esquerdo. Figura 3. 56 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. sia evidenciou-se também acometimento esplênico e confirmado a ausência de comprometimento do SNC. Discussão:Criptococose disseminada é definida pelo acometimento de pelo menos dois sítios não contíguos ou evidência de carga elevada de fungo determinada por títulos de antígenos de criptococo. Geralmente a presença de criptococose disseminada cutânea esta associado com a forma disseminada da doença, sendo recomendada a investigação de outros sítios acometidos assim como realizado com a paciente. Curiosamente, apesar da presença de lesões cutâneas de grande exuberância, não se evidenciou acometimento de SNC, o que costuma ocorrer nos casos de criptococose disseminada. O tratamento de escolha para a Criptococose disseminada é a Anfotericina B associada a fluocitosina, no entanto, no Brasil essa medicação não está disponível. Preferiu-se então associar fluconazol, devido à ausência da medicação de escolha. hepatogástrica, periportal, peripancreática, periesplênica, portocaval, sendo a maior delas com 7,1x5,1 cm. Índice esplênico de 2300. Optado por realizar biópsia de medula óssea, que demonstrou infiltração linfocitária, com marcadores CD20 e CD45 positivos, CD3, CD23, CD5 e ciclina D1 negativos. Reação imuno-histoquímica demonstrando linfócitos BCD20+ Bibliografia consultada: · · · · Dinato SLM, Dinato MM, Nakanishi CP, Almeida JRP, Romiti N. Disseminated cutaneous cryptococcosis in a patient with AIDS. Rev Inst Med Trop S Paulo. 2006; 48:353-8. Grupo do Consenso em Criptococose. Consenso em criptococose. Rev Soc Bras Med Trop. 2008; 41:524-44. Pappalardo MCSM, Melhem MSC. Cryptococcosis: a review of the Brazilian experience for the disease. Rev Inst Med Trop S Paulo. 2003; 45:299-305. Perfect JR, Dismukes WE, Dromer F, Goldman DL, Graybill JR, Hamill RJ, et al. Clinical practice guidelines for the management of cryptococcal disease: 2010 update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2010; 50:291-322. Medula óssea hipercelular com linfocitose intercelular ESPLENOMEGALIA COM LINFOCITOSE: LINFOMA ESPLÊNICO COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Discussão: Esplenomegalia é um achado importante ao exame físico, e quando associado ao quadro clínico, abre um leque de diagnósticos diferencias que devem ser considerados. A hiperplasia esplênica pode ocorrer em casos de anemias, (Falciforme, Esferocitose, Talassemias) seja por intensa atividade hemolítica ou devido eritropoiese extramedular. Infecções geram estímulo antigênico, levando a esplenomegalia. Portanto, não podemos deixar de pesquisar causas como infecção pelo EBV (síndrome de mononucleose) e as síndromes mono-like. O HIV+ e até mesmo a Endocardite podem ser causas de esplenomegalia. Ainda devido à hiperplasia imune, temos a Malária, doença aguda febril regional. Outras duas causas importantes no Brasil e com epidemiologia clara, são a Leishmaniose visceral (Calazar) e a Esquistossomose. Hipertensão portal e suas causas levam à esplenomegalia por congestão. Outros diagnósticos diferenciais de esplenomegalia incluem as infiltrações esplênicas: tumores primários e metastáticos do baço, doenças Larissa Novaes Paganini, Suzana de França R. Gonzaga, Ivan Rondelli, José Henrique de Carvalho Basilio, Renato Moraes Alves Fabbri Departamento de Medicina da Santa Casa de São Paulo Descrição do caso: Paciente feminina, 30 anos, sem antecedentes, com queixa de dor abdominal em fossa ilíaca esquerda há cerca de 10 dias da entrada e surgimento de massa palpável no hipocôndrio esquerdo, associado a um episódio de febre e emagrecimento de 4 Kg em dois meses. Ao exame físico, apresentava baço palpável até fossa ilíaca esquerda. Não apresentava linfonodomegalias periféricas. Exames de admissão revelavam: Hb 10,7, leucocitose de 26010, com 86% de linfócitos, plaquetas 127000. USG abdome: linfonodomegalias peripancreáticas e em hilo hepático, bem como esplenomegalia. Sorologias EBV +, HCV +. TC abdome e tórax: linfonodomegalias difusas, 57 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. de depósito e as neoplasias hematológicas. Diante de tantas possibilidades, o achado de linfocitose no exame laboratorial nos chama atenção para algumas entidades e a história clínica da paciente em questão nos remete a um quadro hematológico. As Leucemias mais associadas a esplenomegalia de grande monta são a LMC e a tricoleucemia. Policitemia Vera, Metaplasia Mielóide Agnogênica e trombocitemia essencial são síndromes mieloproliferativas também associadas. Os linfomas são um grupo heterogêneo de doenças causadas por linfócitos malignos que usualmente se acumulam nos linfonodos e ocasionalmente podem invadir o sangue periférico ou infiltrar órgãos. O linfoma esplênico da zona marginal (LEZM) é uma neoplasia de células B que envolve o manto e a zona marginal no baço, linfonodos do hilo esplênico, medula óssea e sangue periférico. Em adultos, corresponde a menos de 2% dos Linfomas não Hodgkin, (LNH) havendo uma clara relação com o estímulo antigênico pelo vírus HCV. A clínica compreende esplenomegalia, sem linfonodomegalias periféricas, associa-se a linfocitose e sintomas gerais são infrequentes. É um diagnóstico de exclusão frente aos LNH mais comuns, não havendo marcadores específicos, porém são CD5, CD10, CD23 e ciclina D1 negativos. Bibliografia consultada: · · · 58 Armitage JO, Mauch PM, Harris NL, Coiffier B, Dalla-Favera R. Non-Hodgkin lymphomas. 2nd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2010. 672p. Goldman L, Schafer AI, editors. Goldman’s Cecil medicine. 24th ed. Philadelphia: Saunders; 2012. 2672p. Longo D, Fauci A, Kasper D, Hauser S, Jameson J, Loscalzo J. Harrison`s principles of internal medicine. 18th ed. New York: McGraw-Hill; 2012. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO DEPARTAMENTO DE MEDICINA / CLÍNICA MÉDICA EM 2013 59 CONDUTAS EM CLÍNICA MÉDICA Editores Carlos Alberto da Conceição Lima Zied Rasslan ISBN: 9788538805007 Páginas: 1.264 Formato: 17,5 x 25 cm Edição: 1ª edição Ano de lançamento: 2014 Condutas em Clínica Médica é livro que bem espelha o admirável desenvolvimento conquistado pela tradicional Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, nos campos de ensino e de assistência médica, isso nesta obra que envolve como um todo o seu Departamento de Medicina/Clínica Médica. Esse Departamento, estruturado nos anos 1962/1963, desde então caracterizou-se pela abrangência de pacientes portadores das mais diversas doenças, sob os mais diferentes graus de acometimento. E é essa rica experiência, alicerçada no dia a dia da prática clínica e no seu ensino, também com base na vasta experiência didática, que ora chega às mãos do leitor. Conheça nossos lançamentos! www.atheneu.com.br Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 61 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 62 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 63 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 64 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 65 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 66 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 67 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 68 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 69 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 70 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 71 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 72 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 73 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 74 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. 22ª Jornada do Departamento de Medicina: produção científica, atividades assistenciais e de ensino - 2013. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2014; 59 (supl. 2): 1-76. 75 Instruções aos Autores 1.A Revista Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, ISSN 0101-6067; ISSN 1809-3019 (on-line), fundada em 1954, é uma publicação quadrimestral, com a finalidade de publicar a produção científica dos Hospitais e da Faculdade da Santa Casa e as publicações de outras Instituições. Cada artigo ou trabalho entregue à publicação será submetido à prévia avaliação de dois (2) revisores indicados pelos Editores, mantendo-se sigilosa a identidade do(s) autor(es) e revisor(es).Os comentários serão devolvidos aos autores para modificações no texto ou justificativas de sua manutenção. Somente após aprovação final dos editores e revisores, os trabalhos serão encaminhados para publicação. O Conselho Editorial se reserva o direito de não se responsabilizar pelas afirmações ou opiniões inseridas nos artigos publicados. 2. Os artigos deverão ser destinados exclusivamente à Revista Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, não será permitida a sua apresentação simultânea a outro periódico, desta forma, o artigo enviado deverá ser acompanhado de carta assinada por todos os autores, autorizando sua publicação, declarando que o mesmo é inédito e que não foi, ou está sendo submetido à publicação em outro periódico, transferindo os direitos autorais à Revista, sendo vedada a reprodução parcial ou total dos mesmos, em qualquer meio de divulgação, impresso ou eletrônico, sem a autorização prévia do Editor Chefe da Revista. A Revista receberá artigos no idioma português, espanhol e inglês. INFORMAÇÕES GERAIS: - Declaração de Conflito de Interesse, quando pertinente. A Declaração de Conflito de Interesses, segundo Resolução do Conselho Federal de Medicina n° 1595/2000, veda que em artigo científico seja feita promoção ou propaganda de quaisquer produtos ou equipamentos comerciais - Deverá constar a carta ou número do protocolo da aprovação do estudo envolvendo seres humanos ou animais, pelo CEP da Instituição onde foi realizado o trabalho - Informações sobre eventuais fontes de auxílio à pesquisa - Os ensaios clínicos submetidos à publicação devem ter o registro em uma base de dados de ensaios clínicos. A Revista “Arquivos Médicos” adota a exigência do Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) (http://www. ensaiosclinicos.gov.br/) ou do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (ICMJE) (http://www.icmje.org/clin_trialup.htm) de registro prévio dos ensaios clínicos (estudos experimentais randomizados) em plataforma que atenda os critérios elaborados pelas duas organizações citadas. O número do registro do ensaio clínico deverá constar em Materiais e Métodos. - Os autores serão notificados do andamento do artigo até a sua conclusão final. A Revista aceitará publicações de caráter clínico ou experimental como Artigo original, Ensaios Clínicos, Artigo de atualização, Artigo de revisão, Relato de caso, Artigo histórico, Editorial, Carta ao Editor, Resumos de trabalhos científicos 3. PREPARO DO ARTIGO: Os trabalhos enviados para publicação deverão obedecer os seguintes critérios: - Cada artigo deve conter de 1 a 10 laudas, incluindo ilustrações e tabelas, referências bibliográficas, fonte Times New Roman, corpo 12 e espaço duplo; - Cada artigo deverá ser acompanhado de 01(cópia) e um CD, sendo: 01 cópia com a página de identificação, contendo: a) título do artigo, em português (ou espanhol) e inglês, que deverá ser conciso, porém informativo; b) nome completo de cada autor e afiliação institucional; c) nome do Departamento e Instituição aos quais o trabalho deve ser atribuído; d) nome, endereço, fax e e@mail do autor responsável e a quem deve ser encaminhada correspondência; e) Declaração isenção e de conflito de interesse; f) artigo que envolva pesquisa com seres humanos ou animais, deverá constar carta ou número do protocolo de aprovação do trabalho pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Instituição em que o trabalho foi realizado; g) para os artigos de pesquisa clínica, a afirmação de que todos os sujeitos envolvidos estão de acordo e que consentiram a realização da pesquisa e a divulgação de seus resultados de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde; h) Pesquisa de levantamento de prontuários ou documentos de uma Instituição deverá ter a menção da aprovação do CEP fontes de auxílio à pesquisa; g) Fontes de Auxílio à pesquisa - Resumo: O Resumo não excederá a 250 palavras para os artigos originais, deve ser feito na forma estruturada com: Objetivo, Métodos, Resultados e Conclusões. Para as demais categorias, o resumo não deve ser estruturado. Artigo histórico não deve ser feito resumo. - Abstract: Versão em língua inglesa, correspondente ao Resumo. - Descritores/Keywords: Descritores (ao final do resumo), Key Words (ao final do Abstract), no máximo 6 (seis), seguindo-se o DECS – Descritores em Ciências da Saúde (BIREME). ARTIGO ORIGINAL: Trabalho destinado a divulgar resultados de pesquisa original inédita, de aspectos experimentais ou observacionais, inclui análise descritiva ou interferências de dados próprios. Estão incluídos nesta categoria os ensaios clínicos. Constará das seguintes seções: Resumo, Abstract, Introdução, Material e Métodos (Deverá constar a carta ou número do protocolo da aprovação do estudo envolvendo seres humanos ou animais, pelo CEP da Instituição onde foi realizado o trabalho; descrever a metodologia estatística empregada), Resultados, Discussão, Agradecimentos e Referências bibliográficas. ARTIGO DE REVISÃO: Trabalho que constitui de avaliação crítica e sistemática da literatura sobre um assunto específico referente a trabalhos já publicados anteriormente em periódicos científicos. Constará das seguintes seções: Resumo, Abstract, Introdução; Conclusão, Referências bibliográficas 76 ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO: Trabalho destinado a descrever informações atuais sobre tema de interesse para determinada especialidade, uma nova técnica ou método. Constará das seguintes seções: Resumo, Abstract, Introdução (breve histórico do tema; estado atual de conhecimento e as razões do trabalho, métodos de estudo), Conclusão, Referências bibliográficas EDITORIAL: Uma declaração de opiniões, crenças e políticas do editor de uma revista. Matérias de responsabilidade dos Editores da Revista, estes, poderão convidar uma autoridade para escrevê-lo. Limite de duas páginas. RELATO DE CASO: Trabalho que apresenta dados descritivos de um ou mais casos clínicos, explorando um método ou problemas através de um exemplo. Os relatos de casos aceitos para publicação serão de grande interesse ou raros. Constará das seguintes seções: Introdução (breve histórico do tema), descrição do caso, Discussão, Comentários finais e referências bibliográficas ARTIGO HISTÓRICO: Relato ou descrição de eventos ou circunstâncias significantes referentes a um determinado campo de estudo. CARTA AO EDITOR: Destinada a comentários de leitores sobre os artigos publicados anteriormente na revista, expressando concordância ou não sobre o assunto abordado. Os autores do artigo citado serão convidados a responder. RESUMOS (TRABALHOS CIENTÍFICOS – PIBIC/CNPq, Eventos Científicos, etc.): Dependendo da quantidade deste material, será publicado em suplementos. CITAÇÃO DE AUTORES: Deve ser obrigatória no corpo do texto. No sistema numérico, proposto pelos editores de periódicos científicos internacionais denominado “Vancouver Style”, as citações são indicadas numericamente na seqüência que aparecem no texto. - Citação Numérica: as citações são indicadas numericamente em expoente ou sobrescrito, entre parênteses, seguindo a sequência numérica das citações, na sequência que aparecem no texto.Quando houver mais de uma citação no parágrafo, as citações são indicadas no meio ou no final do texto, citando-se o número de cada uma das citações; se forem sequenciais, deverão ser separadas por hífen; se forem aleatórias, deverão ser separadas por vírgula. Ex: O papel dos enterococos é polêmico(1-5) embora se saiba que E.coli e B.fragilis contribuam ... Diversos estudos sugerem que um escore de mais de 10 pontos representa uma doença grave(3,7,10,25). 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: As referências serão baseadas no formato denominado “Vancouver Style”, os títulos de periódicos deverão ser abreviados de acordo com o “List of Journal Indexed Medicus, da National Library of Medicine”, devem constar apenas as citadas no texto e ordenadas de acordo com a citação numérica. Para todas as referências citar até seis autores, acima de sis, citar os seis primeiros seguidos da expressão et al. EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: LIVRO NO TODO Piato S. Urgências em obstetrícia. São Paulo: Artes Médicas; 2004. 437p. CAPITULOS OU PARTES DE LIVROS Andrade OVB, Coates V, Corrêa MM, Ribeiro Neto JPM, Medeiros EB, Brezolin NL, et al. Tubulopatias crônicas. In: Toporovski J, Mello VR, Perrone HC, Martini Filho D. Nefrologia pediátrica. São Paulo: Sarvier; 1991. p.299-326. ARTIGOS DE PERIÓDICOS Malheiros CA, Rodrigues FCM, Rahal F. Câncer gástrico e metástases. Operar?. Rev Assoc Med Bras. 2001; 47:95-6. TESE Alonso FJ F. Sífilis adquirida na infância. Tese (Mestrado). São Paulo: Escola Paulista de Medicina; 1984. EVENTOS CIENTÍFICOS (CONGRESSOS, SEMINÁRIOS, SIMPÓSIOS, ETC) Coates MVG. Evolução histórica da medicina do adolescente. In: 1º Congresso Nacional. A Saúde do Adolescente, 1991; Rio de Janeiro. Conferência. Rio de Janeiro: Academia Nacional de Medicina; 1991. p. 24-7. AUTORES CORPORATIVOS (ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS, ASSOCIAÇÕES, ETC.) Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação de Saúde da Criança e do Adolescente. Tratamento de pneumonia em hospitais de pequeno e médio porte. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 1997. DOCUMENTOS EM SUPORTE ELETRÔNICO ARTIGOS DE PERIÓDICOS (ON LINE) Murade ECM, Hungria Neto JS, Avanzi O. Estudo da relação e da importância entre a semiologia clínica, tomografia axial computadorizada e eletroneuromiografia nas radiculopatias lombares. Acta Ortop Bras. [periódico online] 2002; [citado 18 maio 2004] ; 10:18-25. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-78522002000400003&lng=pt&nrm=iso 5. A solicitação de separatas de artigos já publicados será atendida mediante prévio contato com o Conselho Editorial da Revista Envio dos artigos · Os artigos deverão ser encaminhados para: Revista Arquivos Médicos Coordenação Editorial/Técnica Biblioteca - FCMSCSP Rua Dr. Cesário Mota Jr, 61, 2º andar – São Paulo – SP A/C.: Sonia Regina Fernandes Arevalo / Sabia Hussein Mustafa Fones (11) 3367.7735 – 3367.7815 e@mail: [email protected]