manual de transfusão hospitalar e complicação transfusional

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manual de transfusão hospitalar e complicação transfusional
MANUAL DE TRANSFUSÃO HOSPITALAR E COMPLICAÇÃO TRANSFUSIONAL
___________________________________________________________
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE – SESA
CENTRO DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DO PARANÁ
HEMEPAR
MANUAL DE TRANSFUSÃO
HOSPITALAR E COMPLICAÇÃO
TRANSFUSIONAL
Curitiba
2013
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Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná - Hemepar
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MANUAL DE TRANSFUSÃO HOSPITALAR E COMPLICAÇÃO TRANSFUSIONAL
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ÍNDICE
Página
1 – Hemocomponentes, Indicações e Dose....................................................................................3
2 – Transfusão em Pediatria...........................................................................................................6
3 – Solicitação de Sangue...............................................................................................................9
4 – Encaminhamento do Pedido de Sangue ao Hemepar.............................................................12
5 – Encaminhamento do Sangue ao Hospital................................................................................12
6 – Transfusão..............................................................................................................................13
7 – Armazenamento e Prazo de Validade de Hemocomponentes no Hospital..............................16
8 – Devolução de Hemocomponentes ao Hemepar......................................................................16
9 – Reações Transfusionais..........................................................................................................17
10 – Preenchimento da Ficha de Investigação de Incidentes Transfusionais (FIIT)......................20
11 – Livro de Registros..................................................................................................................23
12 – Em caso de dúvidas..............................................................................................................23
13 – Protocolos em anexo.............................................................................................................24
14 – Fluxograma............................................................................................................................33
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MANUAL DE TRANSFUSÃO HOSPITALAR E COMPLICAÇÃO TRANSFUSIONAL
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1- HEMOCOMPONENTES, INDICAÇÕES E DOSE
1.1 Sangue total: A cada doação são coletados 450 (± 50) mL de sangue total. Cada
coleta pode ser desdobrada em:
* 1 unidade de Concentrado de Hemácias.
* 1 unidade de Concentrado de Plaquetas.
* 1 unidade de Plasma.
* 1 unidade de Crioprecipitado.
Assim são beneficiados, potencialmente, pelo menos quatro pacientes.
1.2 Concentrado de hemácias (CH): são os eritrócitos que permanecem na bolsa, após
a centrifugação e o plasma extraído para uma bolsa-satélite.
Os concentrados de hemácias devem ter hematócrito entre 50% a 80%, conforme a
substância preservadora.
Sobrevida conforme solução preservativa: 21 dias (CPD) 35 dias (CPDA-1) a 42 dias
(SAG-Manitol).
Volume aproximado: 280 mL ± 50 mL.
Indicação criteriosa e individual: Fator determinante é o estado hemodinâmico do
paciente. Aumento da massa eritrocitária em anemias sintomáticas (ver Tabela 1 –
Classificação de Baskett).
Situações especiais (evitar transfusão):
* Anemia por perda sangüínea crônica, responde bem ao ferro (oral ou parenteral).
* Anemia por Insuficiência Renal Crônica, responde à eritropoetina.
* Anemia Hemolítica Constitucional (Doença Falciforme, Talassemias etc), não
valorizar somente os valores de Hb e Ht.
* Anemia Hemolítica Auto Imune em geral não se encontra CH compatível e todo
sangue transfundido será hemolisado. Indicado imunossupressão (corticoterapia)
imediata. Transfusão somente em risco de vida, com CH filtrados e fracionados. Solicitar
acompanhamento de um médico Hematologista/Hemoterapeuta.
Dose: 1 unidade eleva a Hb em 1g/dL (adulto de 70 kg).
Todos os componentes eritrocitários devem ser armazenados à temperatura de 4 ± 2 ºC.
Tabela 1 - Classificação de Baskett (1990) – baseada na perda sangüínea aguda
Classe I
Classe II
Classe III
Classe IV
Perda sangüínea –
Porcentagem (%) do
volume
Pressão Arterial:
Sistólica
Diastólica
Pulso (Batimentos/
minutos)
Enchimento capilar
Freqüência Respiratória
(ipm)
Fluxo urinário (ml/h)
Extremidades
Estado mental
> 40
< 15
15 – 30
30 – 40
Inalterada
Inalterada
Normal
Elevada
Baixa
Baixa
Muito baixa
Indetectável
Leve taquicardia
100 – 120
120
> 120
Normal
Lento (> 2s)
Lento (> 2s)
Indetectável
> 30
20 – 30
Taquipnéia (>20)
Taquipnéia (>20)
> 30
Normais
20 – 30
Pálidas
Alerta
Ansioso, agressivo
10 – 20
Pálidas
Ansioso,
agressivo,
sonolento
1 – 10
Pálidas e frias
Sonolento,
confuso,
inconsciente
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OBSERVAÇÃO: Pacientes renais crônicos, talassêmicos e falciformes, que poderão
entrar em esquema de transfusão crônica e de vir a desenvolver anticorpos antieritrocitários, devem ser fenotipados preferencialmente antes da primeira
transfusão e então receber apenas receber concentrados de hemácias fenotipados.
1.3 Concentrado de hemácias lavadas: são os eritrócitos obtidos após a retirada do
plasma e de cerca de 80% dos leucócitos. É utilizado quando há necessidade de prevenir
reações a proteínas plasmáticas.
1.4 Concentrado de hemácias filtradas (CHF): são os eritrócitos obtidos após a retirada
de aproximadamente 99,9% dos leucócitos, com a utilização de filtros de leucorredução.
É utilizado quando há necessidade de prevenir reações a componentes leucocitários.
Pode ser indicado após 2° episódio de Reação Transfusional Febril Não Hemolítica
(RTFNH) para diminuir a possibilidade de aloimunização a antígenos leucocitários e do
sistema HLA e na profilaxia da contaminação por CMV em imunossuprimidos CMVnegativos.
1.5 Concentrado de hemácias irradiadas: para reduzir o risco de Doença Enxerto
Contra Hospedeiro (DECH) deve-se irradiar os hemocomponentes celulares que se
destinam a:
• Transfusão intra-uterina.
• Exosanguíneo-transfusão, obrigatoriamente, quando houver transfusão intrauterina prévia.
• Recém-nascidos prematuros (inferior a 28 semanas) e/ou de baixo peso (1.200g).
• Portadores de imunodeficiências congênitas graves.
• Pós transplante de medula óssea autólogo ou alogênico.
• Pós transplante com células de cordão umbilical.
• Pacientes tratados com análogos da purina, fludarabina, cladribine,
deoxicoformicina.
• Receptor de transplante de coração ou pulmão.
• Portadores de linfomas, leucemia mielóide aguda e anemia aplástica em uso de
imunossupressor.
• Quando o receptor for parente de primeiro grau com o doador.
1.6 Plasma fresco (PF): é o plasma separado de uma unidade de sangue total por
centrifugação e totalmente congelado até 8 horas depois da coleta, o qual mantém
preservados os fatores de coagulação, inclusive os lábeis, além de outras proteínas
plasmáticas.
Indicações:
* Deficiências dos fatores de coagulação, congênita ou adquirida (quando não se tem
produto industrializado).
* Hemorragias por Doenças Hepáticas.
* Sangramento intenso pelo uso de anticoagulante oral (dicumarínicos warfarin).
* Coagulação Intravascular Disseminada (CID).
* Púrpura Trombocitopênica Trombótica (P.T.T.) e Síndrome Hemolítico Urêmica.
Dose: 10 a 20 mL/kg /dia.
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OBSERVAÇÕES:
 É contraindicado para expansão da volemia, reposição de albumina, suporte
nutricional e tratamento de imunodeficiências.
 É proibido, pelo Ministério da Saúde, a utilização regular de Plasma em
pacientes Hemofílicos, pois atualmente existem hemoderivados específicos para
estes.
1.7 Concentrado de plaquetas (CP): O concentrado de plaquetas é uma suspensão de
plaquetas em plasma, preparado mediante dupla centrifugação de uma unidade de
sangue total. O CP unitário obtido a partir do sangue total contém aproximadamente 5,5 X
1010 plaquetas em 50-60 mL de plasma. Já as unidades obtidas por aférese contêm, pelo
menos, 3,0 x 10¹¹ plaquetas em 200-300 mL de plasma (correspondente a 6-8 U de CP
unitários).
Indicações:
- Transfusão profilática:
* Quando não há sangramento.
* Plaquetas < 10.000u/mL.
* Plaquetas < 20.000u/mL associado à infecção, coagulopatia ou indicação de
procedimento invasivo. Em RN devido ao risco de sangramento SNC.
- Indicação absoluta:
* Leucemias Agudas, particularmente a LMA-M3.
- Transfusão terapêutica:
* Plaquetopenia (independente do valor) com sangramento.
- Situações especiais:
* Transfusão de CP Rh positivo em paciente Rh negativo (meninas e mulheres em
idade fértil), recomenda-se fazer imunoglobulina anti D.
* Dengue hemorrágica - CP somente diante de hemorragia SNC.
Contra-indicações:
* Púrpura Trombocitopênica Trombótica (P.T.T.),
* Síndrome Hemolítica Urêmica,
* Síndrome Hellp (H = hemólise, EL = enzimas hepáticas elevadas, LP = baixa
contagem de plaquetas),
* Púrpura Pós transfusional,
* Púrpura Trombocitopênica Imunológica (P.T.I.).
Dose: 1 unidade para cada 7 a 10 kg de peso do paciente.
1.8 Concentrado de plaquetas lavadas: é o concentrado de plaquetas obtido através da
retirada do plasma. É utilizado quando há necessidade de prevenir reações a proteínas
plasmáticas.
1.9 Concentrado de plaquetas filtradas: é o concentrado de plaquetas das quais foram
retirados, por filtração, mais de 99,9% dos leucócitos originalmente presentes nos
componentes.
1.10 Concentrado de plaquetas irradiadas: seguem as mesmas indicações para
concentrado de hemácias irradiados, além de receptor de concentrado de plaquetas HLA
compatíveis.
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1.11 Crioprecipitado: é a parte insolúvel do plasma, obtido através do método de
congelamento rápido, descongelamento e centrifugação do plasma. É rico em fator VIII:c
(atividade pró-coagulante), Fator VIII:Vwf (Fator von Willebrand), Fibrinogênio, Fator XIII e
Fibronectina.
Indicações:
* Hipofibrinogenemia congênita ou adquirida (<100 mg/dL)
* Disfibrinogenemia
* Deficiência de Fator VIII,
* Transfusões maciças,
* Coagulação intravascular disseminada (CID)
* Deficiências congênitas (Doença de von Willebrand na falta do fator específico).
Dose: cada unidade aumentará o fibrinogênio em 5-10 mg/dL em um adulto médio, na
ausência de grandes sangramentos ou de consumo excessivo de fibrinogênio.
Cuidados especiais:
* Deve-se ter cuidado na administração de grandes quantidades de crioprecipitado,
devendo-se monitorar os níveis de fibrinogênio (do paciente), devido ao risco de
tromboembolismo.
* Atualmente existem produtos industrializados específicos para a deficiência de
Fator VIII (Hemofilia A) e F VIII:vW(D.von Willebrand)
1.12 Aférese: procedimento para obtenção de hemocomponentes específicos através de
processo automatizado, onde ocorre a separação dos componentes sanguíneos,
selecionando-se o componente solicitado e devolvendo-se o restante ao doador. O
processo é realizado em equipamento específico com kits estéreis e descartáveis.
2- TRANSFUSÃO EM PEDIATRIA
Recém-nascido (RN): até 28 dias de vida
RN pré-termo (RNPT): nascido até o último dia da 37a semana de gestação
2.1 Sangue total (ST)
Reconstituído pela combinação de uma unidade de CH com uma unidade compatível de
PFC.
Indicações: Exosanguíneo transfusão para doença hemolítica do feto e do recémnascido e hiperbilirrubenemia com risco de kernicterus.
Dose: Duas trocas de volemia removem cerca de 85% das hemácias e 25-45% da
bilirrubina sérica. RN a termo: 2 x 85 mL/kg (160 mL/kg) e RNPT: 2 x 100 mL/kg (200
mL/kg).
2.2 Concentrado de Hemácias (CH)
Para os pacientes com mais de 4 meses de vida as orientações para transfusão de
hemácias seguem as mesmas diretrizes para os adultos e devem se basear em sinais e
sintomas e não somente em exames laboratoriais.
* Para RN só utilizar hemocomponentes coletados há menos de 5 (cinco) dias.
* RN < 1.200 g de peso deve-se utilizar hemoderivados leucorreduzidos ou não reagentes
para CMV (irradiados).
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2.2.1 Indicações de transfusão de CH em pacientes < 4 meses de idade
A. Hb < 7g/dL com baixa contagem de reticulócitos e sintomas de anemia (taquicardia,
taquipnéia, paciente “sugando mal”).
B. Hb < 10g/dL e o paciente:
• Com <35% de O 2 em capacete (hood).
• Com catéter de O 2 nasal.
• Sob Pressão Aérea Positiva Contínua (CPAP) / Ventilação Controlada Intermitente
(VMI) com ventilação mecânica com P média <6cm H 2 O.
• Apnéia significativa ou bradicardia (>6 episódios em 12 horas ou 2 episódios em
24 horas, necessitando ventilação por máscara ou bolsa, em uso de doses
terapêuticas de metilxantinas).
• Taquicardia significativa ou taquipnéia (FC > 180 batimentos/min por 24h. FR > 80
irpm por 24h).
• Ganho reduzido de peso (ganho < 10g/dia por 4 dias, recebendo ≥ 100kcal/kg/dia.
C. Hb < 12 g/dL e o paciente:
• Sob capacete (hood) de O 2 >35%.
• Com CPAP/VMI com P média ≥ 6 a 8 cm H 2 O.
D. Hb < 15 g/dL e o paciente:
• Sob oxigenação de membrana extracorpórea.
• Com cardiopatia congênita cianótica.
2.2.2 Indicações de transfusão de CH em pacientes > 4 meses de idade
A. Perda sanguínea aguda ≥ 15% da volemia total.
B. Hb < 8g/dL com sintomas de anemia.
C. Anemia pré-operatória significativa sem outras terapêuticas corretivas disponíveis.
D. Hb < 13 g/dL e paciente com:
• Doença pulmonar grave.
• Oxigenação de membrana extra corpórea (ECMO).
Dose: 10 a 15 mL/kg de peso. Tempo habitual de administração de 2 horas, não
devendo exceder 4 horas de infusão.
2.3 Concentrado de Plaquetas (CP)
A contagem de plaquetas do RN é a mesma da criança e do adulto. O RN a termo
dificilmente sangra se plaquetas > 20 x 109/L, já o RNPT necessita de um parâmetro mais
alto, especialmente nos primeiros dias de vida, quando é maior o risco de hemorragia
periventricular. Em geral o número de plaquetas de 50 x 109/L é considerado hemostático,
a menos que o paciente apresente alguma doença de base.
2.3.1 Indicação de transfusão de plaquetas em pacientes > 4 meses
A. Manter a contagem de plaquetas ≥ 100.000/mm³ para sangramentos em SNC ou
preparo de cirurgia de SNC.
B. Manter a contagem de plaquetas ≥ 50.000/mm³ se sangramento ativo ou se for
submetido a grande cirurgia.
C. Transfusões profiláticas para pacientes com plaquetas < 10.000/mm³.
2.3.2 Indicação de transfusão de plaquetas no RN
A. Contagem de plaquetas < 10.000/mm³ com falha de produção.
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B. Contagem de plaquetas < 30.000/mm³.
C. Contagem de plaquetas < 50.000/mm³ em RNPT doente:
• Com sangramento ativo.
• Submetidos a procedimentos invasivos e com falha de produção.
2.3.3 Indicação de transfusão de plaquetas em crianças
A. Contagem de plaquetas entre 5.000 e 10.000/mm3 com falha de produção.
B. Contagem de plaquetas <30.000/mm3 em RN com falha de produção.
C. Contagem de plaquetas <50.000/mm3 em RNPT estáveis:
• Com sangramento ativo.
• Submetidos a procedimentos invasivos e com falta de produção.
D. Contagem de plaquetas <100.000/mm3 em RNPT doentes:
• Com sangramento ativo.
• Submetidos a procedimentos invasivos e com CIVD.
2.3.4 Indicação de transfusão de plaquetas em pacientes com contagens plaquetárias
normais
A. Sangramento ativo em associação com defeito qualitativo das plaquetas.
B. Sangramento excessivo e inexplicável em paciente a ser submetido ao bypass
cardiopulmonar.
C. Paciente em ECMO:
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• Com plaquetas <100.000/ mm x 10 /L.
• Com alta contagem de plaquetas e sangrando.
2.3.5 Seleção de Concentrado de Plaquetas
A. Compatibilidade ABO/RhD: sempre que possível as plaquetas devem ser ABO e RhD
idênticas ao receptor. O uso de plaquetas ABO incompatíveis é aceitável para as
crianças maiores de 2 anos. Já as menores devem receber plaquetas ABO
compatíveis sempre que possível, devido à sua pequena volemia. Plaquetas do grupo
“O” devem ser evitadas tanto quanto possível.
B. Leucorredução: as indicações específicas do uso de plaquetas desleucocitadas em
Pediatria seguem os mesmos critérios estabelecidos para hemácias.
C. Irradiação: plaquetas transfundidas in utero para tratar trombocitopenia aloimune e
transfusões de plaquetas, após o nascimento, em pacientes que receberam
transfusões intra-uterinas devem ser irradiadas. Entretanto, não é necessário irradiar
plaquetas para prematuros ou RN a termo, a menos que elas sejam de doador
aparentado de 1° ou 2° grau ou RN de peso inferior a 1200g.
2.4 Plasma Fresco Congelado (PFC)
2.4.1 Indicações
A. Terapia de reposição em pacientes com sangramento ou que serão submetidos a
procedimento invasivo.
B. Quando fatores específicos da coagulação não são disponíveis, incluindo, mas não
limitando a antitrombina III, deficiência de proteína C, ou S, FII, FV, FX e FXI.
C. Tempo de Protrombina (PT) e/ou Tempo de Tromboplastina Parcial (TTPA) = 1,5x o
valor do controle para a idade em pacientes com sangramento ou que serão
submetidos a procedimento invasivo.
D. Durante plasmaférese terapêutica, quando há indicação de PFC.
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E. Reversão do warfarin em situações de emergência, tais como antes de
procedimentos invasivos com sangramento ativo.
2.4.2 Dose e administração
A dose inicial de 10 – 15mL/kg promove um aumento de 15 a 20% dos níveis de fatores
da coagulação sob condições favoráveis de recuperação.
2.5 Crioprecipitado
2.5.1 Indicações
A. Hipofibrinogenemia e disfibrinogenemia com sangramento ativo ou na realização de
procedimentos invasivos.
B. Deficiência de FXIII com sangramento ou em procedimentos invasivos na
indisponibilidade do concentrado de FXIII.
C. Doença de von Willebrand com sangramento ativo ou antes de procedimento invasivo
apenas se vasopressina é contra-indicada e se o concentrado de FvW não é
disponível
2.5.2 Dose e modo de administração
A. Em pacientes menores de 2 anos, uma única dose de crioprecipitado, como dose
padrão, é suficiente para atingir o efeito hemostático.
B. A dose habitual é de 1 a 2 unidades/10kg de peso. Esta aumenta o fibrinogênio de
aproximadamente 60 a 100mg/dL. Deve ser administrado em até 4 horas.
3- SOLICITAÇÃO DE SANGUE
•
•
Toda transfusão de sangue ou componentes deverá ser prescrita por um médico, e
deve ser registrada no prontuário médico do paciente.
É obrigatório que fique registrado no prontuário, os números de origem dos
hemocomponentes transfundidos, com a data e o horário em que a transfusão foi
realizada, bem como os sinais vitais do paciente.
3.1 Preenchimento da Requisição de Transfusão
O médico responsável pela transfusão deverá preencher todos os campos destinados às
informações referentes ao Hospital e ao paciente, em 02 (duas) vias, as quais deverão
ser enviadas com a amostra ao Hemepar, que reterá a 1ª via e devolverá a 2ª via ao
hospital, juntamente com os hemocomponentes.
Campo Informações do Paciente: Preencher com o nome completo do paciente,
nome da mãe, município de origem, peso, sexo, data de nascimento, hospital, n.º do
registro/ prontuário, localização (enfermaria e leito) do paciente no hospital, categoria
de internação (SUS/PARTICULAR/CONVÊNIO) e n.º AIH.
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Campo Solicitação do Hospital: Informar as quantidades do(s) hemocomponente(s)
solicitado(s) em número de unidades ou mililitros.
Campo Hospital Informações: Preencher com o diagnóstico do paciente, indicação
clínica, ABO/Rh(D), resultado dos exames: VG ou Hb, contagem de plaquetas e tipo de
transfusão (programada, não urgente, urgente ou de extrema urgência), se o paciente já
recebeu transfusão anterior, data da transfusão, assinatura do médico (COM CARIMBO),
data da solicitação e hora.
3.2 Coleta da amostra de sangue do paciente
3.2.1 - Identificação da amostra
Identificar um tubo de heparina sódica de 6 mL (tampa azul escuro ou verde - fornecido
pelo Hemepar) com etiqueta fornecida pelo Hemepar contendo as seguintes informações:
- Nome completo do paciente
- Data de nascimento
- Nome do hospital
- Data da coleta
- Número do registro do paciente no hospital.
- Nome do funcionário que realizou a coleta.
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Modelo da etiqueta para tubo de coleta (fornecida pelo Hemepar):
Paciente: ________________________________________
Data nascimento: ___/___/____
Hospital: ________________________________________
Data da coleta: ___/___/____
N° Registro Paciente:_______________________________
Funcionário: ____________________________________
3.2.2 - Coleta da amostra
Coletar 6 mL de sangue em tubo de heparina sódica (tampa azul escuro ou verde).
OBSERVAÇÕES:
 O Banco de Sangue poderá solicitar nova amostra de sangue para exames
complementares, se necessário.
 Não serão aceitas amostras de sangue enviadas em seringa.
 Amostras com identificação ilegível ou incompleta serão recusadas.
 Sempre que houver necessidade de uma nova transfusão de sangue após 24 horas
da primeira transfusão, enviar nova amostra de sangue do paciente.
 Jamais encaminhar amostra de sangue coletada com EDTA.
 O não cumprimento das instruções para coleta de amostra poderá interferir nos
resultados dos testes pré-transfusionais.
3.3 Coleta de amostra para atendimento pediátrico (crianças):
3.3.1 Identificação da amostra de sangue
Identificar um tubo de heparina sódica de 6 mL (tampa azul escuro ou verde - fornecido
pelo Hemepar), contendo as seguintes informações:
- Nome completo do paciente (criança)
- Data de nascimento
- Nome do hospital
- Data da coleta
- Número do registro do paciente no hospital
- Nome do funcionário que realizou a coleta
3.3.2 Coleta da Amostra
Coletar no mínimo 2 ml de sangue.
3.4 Coleta da amostra para atendimento de recém-nascido (RN)
No caso de crianças até 4 meses de idade sempre coletar amostra de sangue da criança
e da mãe, seguindo estas orientações:
3.4.1 Identificação da amostra da mãe
Identificar tubo de heparina sódica de 6 mL (tampa azul escuro ou verde, fornecido pelo
Hemepar), contendo as seguintes informações:
- Nome completo da mãe do recém-nascido.
- Nome do hospital
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-
Data da coleta
Nome do funcionário que realizou a coleta
3.4.2 Coleta da amostra da Mãe
Coletar 6 mL de sangue em tubo de heparina sódica (tampa azul escuro ou verde).
3.4.3 Identificação da amostra da criança (RN)
Identificar um tubo de heparina sódica (tampa azul escuro ou verde - fornecido pelo
Hemepar), contendo as seguintes informações:
- Nome completo do paciente (criança)
- Data de nascimento
- Nome do hospital
- Data da coleta
- Número do registro do paciente no hospital
- Nome do funcionário que realizou a coleta
3.4.4 Coleta da amostra da Criança (RN)
Coletar no mínimo 2 ml de sangue.
Observações:
 Na impossibilidade de localizar a mãe para a coleta de amostra de sangue da
mesma, o médico responsável pelo paciente deverá entrar em contato com o
Bioquímico do Setor de Estoque do Hemepar . Neste caso, o médico deverá assinar
o documento de Ciência e Autorização do Médico Solicitante (conforme protocolo no
verso da RT).
 Anotar sempre o peso da criança na Requisição de Transfusão.
 Nas unidades pediátricas o sangue será enviado em equipo pediátrico para permitir o
micro gotejamento.
4- ENCAMINHAMENTO DO PEDIDO DE SANGUE AO HEMEPAR
É de responsabilidade do Hospital encaminhar ao Hemepar - Divisão de Produção, a
amostra de sangue do paciente e RT, acondicionada em caixa térmica de poliuretano,
devidamente fechada, sob os cuidados de um funcionário do Hospital.
No ato do recebimento da RT e amostra de sangue pelo Hemepar, os dados serão
conferidos. Qualquer irregularidade deverá ser corrigida pelo hospital.
Jamais encaminhar a amostra de sangue diretamente sobre o gelo. Proteger com
papelão.
5- ENCAMINHAMENTO DO SANGUE AO HOSPITAL
É, também, de responsabilidade do hospital transportar o hemocomponente liberado
pelo Hemepar, em caixa térmica de poliuretano, fechada, sob os cuidados de um
funcionário do hospital. O transporte do Hemepar até o hospital deverá ser feito no menor
tempo possível.
PROCEDIMENTOS PARA TRANSPORTE DE SANGUE E HEMOCOMPONENTES
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•
•
•
•
•
•
•
Selecionar a caixa transportadora
e quantidade de substância resfriadora
compatível com a quantidade de bolsas a serem transportadas; (figura 1)
Colocar a metade da substância resfriadora no fundo da caixa e no caso de
transporte de ST (Sangue Total) ou CH (Concentrado de Hemácias) cobrir com
camada isolante;
Acondicionar as bolsas e o termômetro com o sensor em contato com as mesmas;
No caso de ST ou CH cobrir com outra camada isolante;
Colocar o restante da substância resfriadora;
Preencher o protocolo de Controle de Temperatura no Transporte aos Hospitais;
Fechar a caixa.
Observações
• O gelo reutilizável (gelox) deverá estar completamente congelado;
• Os termômetros devem ser armazenados em temperatura semelhante à de
transporte, ou seja, para transportar CP (Concentrado de Plaquetas) deverão
estar armazenados entre 20 e 24°C e para transportar CH deverão estar entre 2 e
6°C;
O termômetro deverá ser zerado antes de fechar a caixa.
OBS: O funcionário do Hospital deverá confirmar o recebimento dos hemocomponentes,
assinando no campo da RT específico para este fim, e anotar data e hora do
recebimento.
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6 – TRANSFUSÃO
6.1 Registros
 O hospital deverá registrar a transfusão das bolsas em livro próprio para este fim onde
deve constar data, n.º de ordem, nome completo do paciente, n.º de registro no
hospital (prontuário), tipagem ABO e RH do paciente, hemocomponente liberado, n.º
de SUS e volume. Este livro deve ser registrado na Vigilância Sanitária.
 O hospital deverá registrar no prontuário os números e a origem dos
hemocomponentes transfundidos, bem como a data e horário em que a transfusão foi
liberada:
Hemocomponente:
Data:
N.º SUS de doação:
Hora
Início
Final
Responsável pela instalação
Legenda:


PA = Pressão arterial
PA
P = Pulso
P
T
T = Temperatura
O preenchimento do Boletim Mensal de Transfusão Sangüínea (BMTS) é de
responsabilidade do Hospital, bem como o seu envio ao Serviço de Vigilância
Sanitária de acordo com o cronograma preestabelecido.
Para realizar este procedimento o hospital deverá entrar em contato com o Serviço de
Vigilância Sanitária Municipal.
6.2 Materiais utilizados para o procedimento transfusional
 Scalp 21,23 (criança) , 19 (adulto)
 Equipo de transfusão com filtro (poros entre 170 e 260 micra), estéril, apirogênico, e
descartável. Para transfusão de CH e PF deve ser trocado a cada bolsa. Para
transfusão de CP pode-se utilizar um equipo a cada 6 CP.
 Garrote
 Álcool etílico a 70%
 Bolas de algodão
 Esparadrapo
 Suporte para bolsa de sangue
 Talas para imobilização do braço se necessário
6.3 Cuidados ao iniciar a transfusão
1) As transfusões deverão ser realizadas por médico ou profissional de saúde
legalmente habilitado para tal, isto é, só podem ser realizadas em local que haja
pelo menos um médico presente, que possa intervir em casos de reações ou
complicações.
2) Conferir os dados da bolsa do hemocomponente, que é acompanhada de um Cartão
de Identificação do Receptor preso à bolsa de sangue, o qual deverá ser mantido até
o final da transfusão.
3) Certificar-se de que a bolsa em questão destina-se realmente ao paciente e que
todas as informações estão em conformidade. Imediatamente antes da
transfusão, deve-se verificar com especial atenção a identidade do receptor,
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perguntando-lhe (ou a seu acompanhante) o seu nome completo. Se não for
possível, conferir com a identificação no bracelete. A identificação do receptor
que consta da bolsa deve ser conferida com a identificação do paciente. Anotar
na prescrição: conferido e instalado.
4) Em caso de discrepância, não iniciar a transfusão e contatar imediatamente com o
Hemepar.
5) Em centros cirúrgicos, berçários e UTI neonatais deve haver pulseiras ou braceletes
identificando os pacientes, de modo a minimizar as chances de troca de sangue.
6) Verificar se a bolsa a ser transfundida encontra-se em temperatura ambiente antes de
instalar a transfusão. Recomenda-se que o hemocomponente permaneça entre 20º C
e 24ºC, por 30 minutos antes da transfusão. As demais bolsas deverão ficar
armazenadas em refrigerador (+2ºC a + 6ºC) até que sejam utilizadas, exceto
concentrado de plaquetas, que deverão permanecer entre 20 e 24°C.
7) Cuidar para não violar a bolsa e sua identificação. O sistema deverá permanecer
íntegro até o término da transfusão.
8) É terminantemente proibida a adição de quaisquer substâncias ou medicamentos ao
concentrado de hemácias (CH) ou outro hemocomponente, ou sua infusão
concomitante pela mesma linha que a do sangue.
9) Conservar o Cartão de Identificação do Receptor afixado na bolsa até o final da
transfusão, em seguida, arquivá-lo no prontuário do paciente.
10) Verificar os dados vitais antes de iniciar o processo de transfusão. Se estes foram
verificados há mais de 30 minutos, verificar novamente e registrar no prontuário.
11) Puncionar um acesso venoso com scalp 19 ou 21, controlar o gotejamento prescrito
pelo médico e permanecer junto ao paciente durante os primeiros 15 minutos.
Observá-lo durante todo o período da transfusão. Se o paciente já recebeu transfusão
de algum hemocomponente e tiver história de qualquer tipo de reação, observá-lo com
maior rigor.
12) Preferir, sempre que possível, transfundir no período diurno.
13) Atentar para sinais de Reação Transfusional. Em caso positivo adotar as condutas do
ítem 9.4.
14) Assinar e carimbar o término da evolução transfusional. Anotar dados vitais do
paciente.
15) Colar etiqueta referente ao hemocomponente no prontuário do paciente.
16) Concluída a transfusão, recolher a bolsa e descartar em lixo hospitalar.
6.4 Tempo máximo para transfusão
Hemocomponente
Tempo de Transfusão
Uma bolsa de Concentrado de Hemácias ou Máximo de 4 horas
Plasma Fresco
Crioprecipitado (Crio)
Concentrado de Plaquetas (CP)
Até 30 minutos, independente do n.º de
unidades
Até 2 horas, independente do n.º de unidades
 O tempo máximo de transfusão é de 04 (quatro) horas, para evitar contaminação
bacteriana. Após esse período, suspender a transfusão, comunicar o médico, anotar no
prontuário a quantidade transfundida e desprezar a bolsa. Para não ocorrer perda de
hemocomponente por tempo excedente, acompanhar o gotejamento rigorosamente.
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 Homogeneizar manualmente, com delicadeza, em períodos alternados a bolsa de
Concentrado de Hemácias, que está sendo transfundida, pois durante a transfusão o
gotejamento tende a diminuir gradativamente devido ao depósito das hemácias na saída
do equipo.
6.5 Transfusão em casos de emergência
 Emergência absoluta.
Na absoluta impossibilidade de coletar amostra do paciente para testes prétransfusionais, o médico responsável pela transfusão deverá encaminhar a Requisição de
Transfusão ao banco de sangue acompanhado de um Termo de Responsabilidade (de
próprio punho) para informar que se trata de situação de risco de vida para o paciente.
Este Termo de Responsabilidade poderá ser escrito na própria RT, no campo
“Observação”. Deverão constar assinatura e o carimbo do médico solicitante.
 Necessidade de Transfusão Urgente.
O médico responsável pela transfusão deverá encaminhar RT e amostra de sangue do
paciente ao Hemepar; podendo através de contato telefônico reforçar a liberação do
sangue com urgência.
6.6 Transfusões de caráter especial
6.6.1 AUTOTRANSFUSÃO ou TRANSFUSÃO AUTÓLOGA é aquela em que a bolsa de
sangue coletada é dirigida ao próprio doador-paciente.
O médico deverá preencher uma RT, citando no campo “Observação”:
AUTOTRANSFUSÃO.
A enfermagem encaminhará a RT junto com uma amostra de sangue do paciente, colhido
como de rotina.
O Hemepar realizará todos os testes pré-transfusionais de rotina.
Em caso de Auto-transfusão com sorologia positiva:
O hemocomponente será liberado com
a CIÊNCIA DE AUTOTRANSFUSÃOSOROLOGIA REAGENTE (conforme modelo anexo), que será previamente encaminhado
(duas vias) para ser assinado pelo médico solicitante e devolução de uma via ao
Hemepar. A outra via deverá ser arquivada no prontuário do paciente.
6.6.2 TRANSFUSÃO DOMICILIAR
Quando existir uma contra indicação formal ao translado do paciente a uma instituição
assistencial, a transfusão poderá ser realizada em domicílio, desde que seja
encaminhada RT e o termo de responsabilidade de transfusão domiciliar (em anexo). É
obrigatória a presença de um médico durante todo o transcurso do ato transfusional.
6.6.3 SANGRIA
Para pacientes internados nos hospitais da rede pública ou privada, o hospital deve se
responsabilizar pela aquisição das bolsas, pelo procedimento e descarte das bolsas em
lixo infectante.
7 - ARMAZENAMENTO E PRAZO DE VALIDADE DE HEMOCOMPONENTES NO
HOSPITAL
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HEMOCOMPONENTES
CONDIÇÕES
E
TEMPERATURA
DE
ARMAZENAMENTO
Concentrado de Hemácias (CH)  +2 a +6º C, podendo ficar até 24 horas em
refrigerador,
com temperatura controlada, no
hospital
Concentrado de Plaquetas (CP)  +20 a +24ºC  até 2 horas
Plasma Fresco (PF)
 Descongelado  6 horas a T.A. e até 24 horas em
refrigerador
 -20º C ou inferior, podendo ficar até 24 horas em
Plasma Fresco (PF) congelado
freezer, com temperatura controlada, no hospital
Crioprecipitado (Crio)
Descongelado  USO IMEDIATO
Concentrado
de
Hemácias  +2 a +6º C, podendo ficar até 24 horas em
refrigerador,
com temperatura controlada, no
FILTRADAS/LAVADAS (CHF /
hospital
CHL)
 Em temperatura ambiente: 4 horas
 +2 a +6º C, podendo ficar até 24 horas em
Fracionamento Pediátrico
refrigerador,
com temperatura controlada, no
hospital
 Em equipo pediátrico: 4 horas após o fracionamento
 Em temperatura ambiente: 4 horas
OBSERVAÇÕES
 As temperaturas dos refrigeradores deverão ser medidas e registradas a cada 4 horas,
rigorosamente. Qualquer falha ou irregularidade, entrar em contato com a Divisão de
Produção do Hemepar.
 Os diferentes prazos de validade dos hemocomponentes armazenados no hospital
e no Hemepar se devem aos equipamentos próprios para armazenamento de sangue
existentes neste.
8 - DEVOLUÇÃO DE HEMOCOMPONENTES AO HEMEPAR
Os hemocomponentes não utilizados deverão ser devolvidos ao Hemepar em 24 horas
acompanhados do Cartão de Identificação do Receptor, informando o motivo da
devolução, podendo este prazo ser prorrogado em caso de comunicação por parte do
hospital, dependendo da condição do paciente. Para isso o hospital deverá manter
geladeira para uso exclusivo do sangue, a qual deverá ter temperatura controlada através
de termômetro e mapa de registro de temperatura com leitura a intervalos
preestabelecidos (4 em 4 horas).
As seguintes orientações deverão ser observadas no acondicionamento do sangue para
o transporte:
•
Concentrado de Hemácias (CH), Plasma Fresco (PF) descongelado e
crioprecipitado (CRIO) descongelado
Colocar gelo reciclável (tipo “Gelox”) no fundo da caixa e isolar as bolsas com
papelão. Nunca transportar as bolsas de CH em contato direto com o gelo.
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•
Concentrado de Plaquetas (CP)
Colocar as bolsas de plaquetas na caixa sem “Gelox”, observando-se a manutenção
da temperatura entre 20 – 24°C, exceto em dias muitos quentes, quando pode-se
colocar uma unidade pequena de “Gelox”, isolando muito bem as bolsas com papelão.
OBSERVAÇÕES:

Utilizar aproximadamente 0,5 kg de gelo reciclável (1 gelox médio) para cada 2
bolsas de CH e/ou de PF descongelado.

CP : No verão utilizar uma unidade pequena de “gelox” para até 15 bolsas de CP
(isolados por papelão).
9 - REAÇÕES TRANSFUSIONAIS
9.1 Definição
A reação transfusional é toda e qualquer intercorrência que ocorra como conseqüência da
transfusão sangüínea, durante ou após a sua administração.
9.2 Classificação
As reações transfusionais podem ser classificadas em imediatas (até 24 horas da
transfusão) ou tardias (após 24 horas da transfusão), imunológicas e não-imunológicas,
conforme apresentado na Tabela 2.
TABELA 2: Principais reações transfusionais
IMEDIATA
TARDIA
IMUNE
Reação febril não-hemolítica (RFNH)
Reação hemolítica aguda (RHA)
Reação alérgica (leve, moderada, grave)
TRALI (injúria pulmonar relacionada à transfusão)
IMUNE
Aloimunização eritrocitária
Aloimunização HLA
Reação enxerto x hospedeiro
Púrpura pós transfusional
Imunomodulação
NÃO-IMUNE
Sobrecarga volêmica
Contaminação bacteriana
Hipotensão por inibidor da ECA
Hemólise não-imune
Hipocalcemia
Embolia aérea
Hipotermia
NÃO-IMUNE
Hemossiderose
Doenças infecciosas
9.3 Sinais e sintomas
A ocorrência destas reações pode associar-se a um ou mais dos seguintes sinais e
sintomas como:
a) Febre com ou sem calafrios (definida como elevação de 1°C na temperatura
corpórea), associada à transfusão.
b) Calafrios com ou sem febre.
c) Dor no local da infusão, torácica ou abdominal.
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d)
e)
f)
g)
Alterações agudas na pressão arterial, tanto hipertensão como hipotensão.
Alterações respiratórias como: dispnéia, taquipnéia, hipóxia, sibilos.
Alterações cutâneas como: prurido, urticária, edema localizado ou generalizado
Náusea, com ou sem vômitos.
A ocorrência de choque em combinação com febre, tremores, hipotensão e/ou falência
cardíaca de alto débito sugere contaminação bacteriana, podendo também acompanhar o
quadro de hemólise aguda. A falência circulatória, sem febre e/ou calafrios, pode ser o
dado mais importante de anafilaxia. A alteração na coloração da urina pode ser o primeiro
sinal de hemólise no paciente anestesiado.
9.4 Conduta Clínica
Qualquer anormalidade havida com o paciente que possa ser atribuída à transfusão do
hemocomponente fornecido, deverá ser comunicada imediatamente ao Hemepar, para
fins de investigação e preenchimento da ficha de notificação de Complicação
Transfusional, conforme estabelecida na RDC 153, de 14/06/2004 da Anvisa/MS.
O médico, a enfermeira e/ou o técnico/auxiliar de enfermagem que instalou a transfusão,
são os responsáveis pelo reconhecimento dos sinais e sintomas decorrentes de
complicações transfusionais e pela imediata comunicação à Divisão de Produção do
Hemepar.
QUANDO HOUVER SUSPEITA DE COMPLICAÇÃO TRANSFUSIONAL, as seguintes
ações deverão ser desencadeadas junto ao leito do paciente:
1.
2.
3.
4.
Interromper imediatamente a transfusão.
Manter acesso venosos com salina a 0,9%
Verificar sinais vitais e observar o estado cardiorrespiratório.
Examinar cuidadosamente todas as etiquetas, rótulos e registros, conferindo
novamente os dados do paciente com os dados da unidade de sangue ou
componente em uso.
5. Avaliar se ocorreu a reação e classificá-la, a fim de adequar a conduta específica.
6. Avaliar a possibilidade de reação hemolítica, TRALI, anafilaxia e sepse relacionada à
transfusão, situações nas quais são necessárias condutas de urgência.
7. Coletar amostra pós transfusional (com heparina) e encaminhar imediatamente
(junto com item 9) ao Hemepar.
8. Preencher Relatório de Complicação Transfusional (modelo anexo).
9. Encaminhar imediatamente ao Hemepar a bolsa contendo o restante do
hemocomponente, mesmo que vazia com a etiqueta de identificação da bolsa
afixada na mesma, e com o equipo de transfusão, dentro de caixa térmica e o
Relatório de Complicação Transfusional, tomando o cuidado de não contaminar o
produto quando desta manipulação. Novos testes serão realizados no Hemocentro.
10. Na entrega da amostra pós- transfusional, do protocolo e hemocomponente, será
fornecido pelo Hemepar, um “Kit” contendo 2 frascos para hemocultura do paciente,
sendo um para pesquisa de bactérias não aeróbias (tampa dourada) e outro para
bactérias aeróbias (tampa azul).
11. A inoculação da amostra de sangue do paciente nos 2 frascos de hemocultura deve
ser realizada e encaminhada imediatamente ao Hemepar, seguindo as instruções
contidas no item 10.8.
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12. O hospital receberá, em nome do Diretor Clínico, o resultado dos exames realizados
nas amostras de sangue pré e pós transfusionais do paciente, bem como das
hemoculturas. Os resultados deverão ser avaliados pelo médico assistente e em
seguida transcritos no prontuário do paciente e no Livro de Registro de Complicações
Transfusionais, bem como o parecer do médico.
NOTA: As amostras devem ser colhidas preferencialmente de outro acesso que não
aquele utilizado para a transfusão.
TABELA 3: Resumo das reações transfusionais imediatas
Reação
RHA
RFNH
RA
Leve ou
moderada
Grave
(Anáfilática)
TRALI
Sobrecarga
volêmica
Sinais/Sintomas
Febre, Tremores,
Calafrios,
Hipotensão,
Taquicardia, Dor
(tórax, local da
infusão, abdome,
flancos),
Hemoglobinúria, I.
Renal e CID
Febre (≥1°C),
Calafrios, Tremores
Prurido, Urticária,
Eritema, Pápulas,
Tosse, Rouquidão,
Dispnéia, Sibilos,
Náuseas e vômitos,
Hipotensão e
choque
Prurido, Urticária,
Eritema, Pápulas,
Rouquidão, Tosse,
Broncoespasmo,
Hipotensão e
Choque
Qualquer
insufiociência
respiratória aguda
relacionada à
transfusão (até 6
horas após). Febre
Dispnéia, cianose,
Taquicardia,
Hipertensão, Edema
Pulmonar
Contaminação Tremores intensos
Bacteriana
Calafrios
Febre alta
Choque
Incidência
1:38.000
1:70.000
Conduta Laboratorial
Enviar amostra para
o Banco de Sangue;
repetir testes
imunohematológicos
, cultura do
componente e do
receptor
Conduta Clínica
Hidratação (manter
diurese 100ml/h).
Cuidados de terapia
intensiva.
Prevenção
Seguir
rigorosamente
todas as normas
preconizadas desde
a coleta até a
transfusão.
Variável 0,5 – Afastar hemólise e
1%
contaminação
bacteriana. Enviar
amostras para o
Banco de Sangue;
repetir testes
imunohematológicos
, cultura da bolsa e
receptor
1 – 3%
Não se aplica
Antipiréticos no caso
de calafrios
intensos.
Meperidina
Pré-medicação com
antipiréticos.
Produtos
desleucocitados
para casos
recorrentes.
A maioria das
reações é benigna e
pode cessar sem
tratamento. Antihistamínicos.
Nada até prémedicar com antihistamínicos. Se
RA leve pode
reinstalar o
componente.
1:20.000
1:50.000
Dosar Anticorpo anti- Instituir cuidados de
IgA
terapia intensiva
(epinefrina, antihistamínicos,
corticosteróide)
Compunentes
celulares lavados
ou deficientes em
IgA.
1:5.000 –
190.000
transfusões
Afastra sobrecarga
Suporte respiratório
de volume, RHA e
contaminação
bacteriana.
RX tórax
Ecocardiograma
Pesquisa de Ac
antileucocitário
doador e/ou receptor
RX Tórax
Suporte de O2 e
diuréticos
Não há
unanimidade. Evitar
uso de plasma
feminino e
relacionado.
Afastar hemólise
Cultura do
componente e do
receptor
Seguir
rigorosamente
todas as normas
preconizadas desde
a coleta até a
transfusão.
<1%
Variável
1:3.000 –
1:123.000
Instituir cuidados de
terapia intensiva.
Antibiótico de amplo
espectro.
Aliquotar o
hemocomponente
Diurético prévio.
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Hipotensão
por inibidor
da ECA
Hipotensão, rubor.
Ausência de febre,
calafrios ou
tremores.
Desconhecida
Não se aplica
Suspender o
inibidor.
Terapia de suporte
se necessário.
Henólise
Não-Imune
Oligossintomática.
Atenção à presença
de hemoglobinúria e
hemoglobinemia
Desconhecida
Inspeção visual do
plasma e urina do
paciente. TAD
negativo
Terapia de suporte
se necessário.
Hipocalcemia
Parestesia, tetania,
arritmia
Desconhecida
Dosar cálcio iônico
ECG com aumento
de intervalo QT
Utilizar componente
filtrado no
laboratório.
Investigar o uso de
ECA
Seguri
rigorosamente
todas as normas
preconizadas da
coleta à transfusão.
Monitorização dos
níveis de cálcio em
quem recebe
transfusão maciça.
Infusão lenta de
cálcio com
monitorização
periódica dos níveis
séricos
Embolia
Dispnéia e cianose
Rara
Não se aplica
Deitar o paciente em Não utilizar infusão
Aérea
súbita, dor, tosse,
decúbito lateral
sob pressão se
hipotensão, arritmia
esquerdo, com as
sistema aberto.
cardíaca
pernas acima do
tronco e da cabeça
Desconhecida
Hipotermia
Desconforto,
Não se aplica
Diminuir o tempo de Aquecer o
calafrios, queda da
infusão
hemocomponente
temperatura, arritmia
(GV ou PF) se
Aquecimento dos
cardíaca e
previsto acima de
glóbulos vermelhos
sangramento por
15ml/kg/hora por
e/ou plasma.
alteração da
Terapia conforme as mais de 30 min.
hemostasia
intercorrências
RHA: Reação hemolítica aguda; RFNH: Reação febril não-hemolítica; RA: Reação alérgica; TRALI: Transfusion Related
Lung Injury (Lesão aguda pulmonar relacionada à transfusão, ou edema pulmonar agudo não-cardiogênico)
10 - PRENCHIMENTO DA NOTIFICAÇÃO DE REAÇÃO TRANSFUSIONAL

ATENÇÃO: A Notificação de Reação Transfusional deve ficar disponível a todos
os funcionários, em local de fácil acesso e conhecimento de todos.
10.1 Notificação
Preencher nome do hospital, data de notificação e tipo de incidente, se imediato ou
tardio.
10.2 Identificação
1. Paciente: preencher nome completo do paciente, sem abreviações e sem omitir
nomes/sobrenomes
2. Data de nascimento
3. Número de prontuário
4. CPF
5. Sexo
6. Diagnóstico: preencher conforme consta na Requisição de Transfusão (RT).
OBS: Conferir os dados do Cartão do receptor preso à bolsa, com os dados do
paciente.
10.3 História Transfusional
Preencher com a indicação da transfusão, se há transfusões anteriores e história de
incidentes transfusionais prévios.
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10.4 Hemocomponentes relacionáveis com a notificação
1. Hemocomponente: especificar qual o hemocomponente causador da complicação
transfusional: (CH, PF, CP, CHF, Crio...)
2. Número de doação: copiar o número de doação que se encontra no canto superior
esquerdo da etiqueta de código de barras.
3. Número do SUS: copiar o número do SUS, que se encontra no canto inferior direito da
etiqueta de código de barras.
4. Marca e lote da bolsa: informação a ser registrada no Hemocentro
5. Preencher a data e hora de ocorrência do incidente transfusional
6. Sinais vitais:
• P.A.: anotar a pressão máxima e mínima, verificada logo após a retirada da bolsa do
hemocomponente.
• Temperatura: anotar o valor da temperatura axilar, verificada após a retirada da bolsa
do hemocomponente.
• Pulso e respiração.
10.5 Manifestações clínicas/laboratoriais do incidente transfusional
Anotar com um “x” as manifestações apresentadas pelo paciente:
CALAFRIOS
NÁUSEAS
DOR LOMBAR
CHOQUE
FEBRE
CIANOSE
CIVD
DISPNÉIA
EDEMA AGUDO DE PULMÃO (TRALI)
HIPERTENSÃO
OUTROS ESPECIFICAR:
HEMOGLOBINÚRIA
ICTERÍCIA
URTICÁRIA
VÔMITOS
TAQUICARDIA
10.6 Identificação do responsável pelas informações
Preencher com o nome do responsável pelo preenchimento do protocolo, assinatura e
carimbo.
10.7 Conduta clínica adotada
Anote neste espaço, os procedimentos realizados: suspensão da transfusão, medicação
e outros. Neste campo é necessário preencher o nome do médico responsável pela
conduta clínica adotada, assinatura e carimbo.
10.8 Encaminhar ao Hemepar, a hemocultura do paciente pós reação transfusional
10.8.1 Anotar o nome do paciente, hospital e hora da coleta a etiqueta do frasco onde
tem o desenho de uma cama de leito, nos 2 frascos. Se utilizar etiqueta de identificação
do hospital, NÃO colá-la sobre o código de barrra dos frascos.
10.8.2 Tirar a tampa (lacre) dos dois frascos e fazer a desinfecção da borracha com
álcool a 70%.
10.8.3 Realizar a antissepsia das mãos e usar luvas de procedimentos.
10.8.4 Realizar a antissepsia do local de punção com álcool 70% por 30 segundos.
10.8.5 Não tocar o local de punção após a antissepsia.
10.8.6 Preferencialmente não coletar amostra através de cateter instalado.
10.8.7 Coletar 16 a 20 ml de sangue e transferir de 5 a 7 ml, primeiro para o frasco
anaeróbico (tampa amarela) (Objetivo: evitar a entrada de ar no frasco anaeróbico).
10.8.8 Depois transferir de 8 a 10 ml restantes para o frasco aeróbico (tampa azul)
10.8.9 Homogeneizar os frascos, mantendo-os em temperatura ambiente. Não colocar
em estufa, nem em geladeira.
10.8.10 Não retirar as etiquetas dos frascos de hemocultura.
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10.8.11 Encaminhar imediatamente ao HEMEPAR (Divisão de Produção – aos cuidados
do farmacêutico Bioquímico de plantão e/ou Controle de Qualidade de
Hemocomponentes).
10.9 Encaminhar para o Hemepar a bolsa do hemocomponente causador da
Complicação Transfusional e uma amostra de sangue do paciente, colhido com heparina,
pós- reação transfusional, juntamente com o protocolo preenchido.
10.10 No HEMEPAR: verificar se os dados do Cartão de Identificação estão
concordantes com os dados da bolsa e do paciente, e realizar os seguintes testes:
EXAMES IMUNOHEMATOLÓGICOS – AMOSTRA PACIENTE
Pré-transfusional
ABO/Rh
PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES
ANTICORPO(S) IDENTIFICADO(S)
PROVA DE COMPATIBILIDADE
AUTO-CONTROLE
COOMBS DIRETO
ELUATO
ANTICORPO(S) IDENTIFICADO(S) NO ELUATO
EXAMES IMUNOHEMATOLÓGICOS – AMOSTRA BOLSA
Pré-transfusional
ABO/Rh
TESTE DE HEMÓLISE: positivo negativo inconclusivo não realizou ignorado
CRESCIMENTO BACTERIANO: positivo
MICROORGANISMO(S) ISOLADO(S):
HEMOCULTURA
AMOSTRA PACIENTE
negativo inconclusivo não realizou
Pós-transfusional
Pós-transfusional
ignorado
AMOSTRA BOLSA
CRESCIMENTO BACTERIANO: positivo negativo inconclusivo não realizou ignorado
MICROORGANISMO(S) ISOLADO(S):
INSPEÇÃO VISUAL DA BOLSA: NORMAL ANORMAL NÃO REALIZADA/DISPONÍVEL
TIPO DE ANORMALIDADE:
A hemocultura da bolsa deverá ser realizada independente do tipo de reação
apresentada pelo paciente. A bolsa do hemocomponente deverá ser devolvida em
condições para realizar este exame, isto é, deve estar corretamente fechada, para não
haver contaminação externa. Nos casos em que a bolsa é devolvida pingando, ou se for
verificado que houve contaminação do meio externo, a cultura não será realizada.
Após a liberação de todos os resultados, o Hemepar deverá notificar o hospital dos
resultados obtidos.
10.11 Recebimento da Complicação Transfusional no Hemepar - Realização dos
testes
O funcionário que receber o hemocomponente e a Ficha de Investigação de Incidentes
Transfusionais deve conferir os dados, condições da bolsa, colocar seu nome no campo
“Recebimento da Reação Transfusional no Hemepar; “Funcionário”, com assinatura e
carimbo, data e horário.
O funcionário que realizar os testes deverá anotar seu nome, data, hora da realização
dos mesmos, e resultados encontrados. O mesmo ocorre para os resultados de
hemocultura.
O médico hematologista fará avaliação dos resultados e definirá a conduta a ser adotada
nas próximas transfusões.
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Em seguida, o Hemepar encaminhará ao Diretor Clínico do hospital, uma carta
juntamente com o resultado dos testes realizados e conclusões, a qual deverá ser
transcrita pela Enfermagem, no Livro de Registro de Reações Transfusionais e arquivado
no prontuário do paciente.
10.12 Dados do Livro de Registro de Complicação Transfusional
1. Data da Complicação
2. Horário do início da transfusão
3. Nome do paciente
4. Nome do médico
5. Número do prontuário
6. Identificação da bolsa : iniciais do doador, n° de doação, n° SUS, ABO, Rh, PAI,
validade, tipo de hemocomponente.
7. Aspecto visual da bolsa (ver hemólise, coágulo, integridade)
8. Sinais e sintomas observados
9. Nome do responsável pelo reconhecimento dos sinais e sintomas
10. Procedimentos adotados: relatar seqüência histórica
11. Resultados dos exames realizados:
• Na amostra de sangue pré-transfusional do paciente
• Na amostra de sangue pós-transfusional do paciente
• Na bolsa do hemocomponente
12. Parecer do médico.
11 - LIVROS DE REGISTROS
As Agências Transfusionais que realizam os testes pré-transfusionais, estocam, e
transfundem hemocomponentes deverão possuir um Livro de Registro de Entrada de
Hemocomponentes, um Livro de Registro de Liberação de Sangue e um Livro de Registro
de Complicações Transfusionais.
As Agências Transfusionais que somente transfundem, deverão possuir Livro de Registro
de Liberação de Sangue (modelo em anexo) e um Livro de Registro de Complicações
Transfusionais.
12 - EM CASOS DE DÚVIDAS
Contatar o Hemepar – Travessa João Prosdócimo, 145
Fone: (041) 3281-4000
Divisão de Produção - Farmacêuticos de plantão 24 horas, sábados, domingos e feriados.
13 – PROTOCOLOS EM ANEXO
13.1. Modelo da Requisição de Transfusão.
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13.2. Protocolo para Auto-Transfusão com sorologia reagente.
ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ – SESA
SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO DE SISTEMAS DE SAÚDE – SGS
CENTRO DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DO PARANÁ - HEMEPAR
CIÊNCIA DE AUTOTRANSFUSÃO – SOROLOGIA REAGENTE
INICIAIS__/__
Rev. 00
Pág.___/___
Ao Dr.__________________________________________________________________
Hospital:________________________________________________________________
Informamos que o paciente:_________________________________________________
N.º prontuário ___________, foi submetido à auto-doação no Hemepar para cirurgia.
Dentre os exames sorológicos realizados, apresentou sorologia reagente para
_________________________, não contra-indicando a utilização do hemocomponente
para uso exclusivo ao paciente.
Em momento oportuno recomendamos a marcação de uma consulta no Ambulatório de
Sorologia do HEMEPAR através do telefone: 3281-4000, para que tais exames sejam
repetidos.
Curitiba, _____de ___________de_______
.......................................................
Paulo Roberto Hatschbach
Diretor do Hemepar
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13.3. Termo de Responsabilidade Transfusão Domiciliar
ESTADO
DO DO
PARANÁ
ESTADO
PARANÁ
SECRETARIA
DE ESTADO
DA DA
SAÚDE
DODO
PARANÁ
– SESA
SECRETARIA
DE ESTADO
SAÚDE
PARANÁ
– SESA
SUPERINTENDÊNCIA
DE
GESTÃO
DE
SISTEMAS
DE
SAÚDE
– SGS
SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO DE SISTEMAS DE SAÚDE
– SGS
CENTRO
DEDE
HEMATOLOGIA
E HEMOTERAPIA
DO PARANÁ
- HEMEPAR
CENTRO
HEMATOLOGIA
E HEMOTERAPIA
DO PARANÁ
- HEMEPAR
TERMO
DE RESPONSABILIDADE
TRANSFUSÃO
TERMO
DE RESPONSABILIDADE
TRANSFUSÃODOMICILIAR
DOMICILIAR
INICIAIS__/__
Rev. 00
Pág.___/___
Eu, DR. (a):______________________________________________________________
CRM:______________ responsabilizo-me pela retirada, transporte e instalação domiciliar
do(s) hemocomponente(s):
Hemocomponente
RT
n.º
N.º doação
_____________________
N.º SUS
a
ser(em)
instalado(s)
no(a)
paciente________________________________________________________________
___________________________________________. Responsabilizo-me também pelas
demais intercorrências que possam haver durante e após o procedimento transfusional.
Estou ciente que para transfusão em domicílio é necessário a presença contínua do
médico responsável, de materiais e medicamentos disponíveis para atendimento de
situação de emergência decorrentes do ato transfusional, conforme Normas do Ministério
da Saúde.
Curitiba,_______ de ________________ de__________
Assinatura / Carimbo do Médico solicitante
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13.4. Notificação de Reação Transfusional
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13.5. Modelo de Livro de Registro de Liberação de Sangue.
LIVRO DE REGISTRO DE TRANSFUSÃO
DATA
N.º
ORDEM
NOME COMPLETO
DO RECEPTOR
N.º PRONT
TIPAGEM
ABO
Rh
HEMOCOMP
N.º DOAÇÃO
N.º SUS
VOL.
13.6. Modelo para Prontuário.
PRONTUÁRIO
HEMOCOMPONENTE:
DATA:
ETIQUETA SUS:
HORA
INÍCIO
FINAL
RESPONSÁVEL PELA INSTALAÇÃO
PA
P
T
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Secretário de Estado da Saúde
MICHELE CAPUTO NETO
Diretor Geral – Secretaria Estadual de Saúde
RENÉ JOSÉ MOREIRA DOS SANTOS
Diretor do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná - HEMEPAR
PAULO ROBERTO HATSCHBACH
Equipe de elaboração:
Bioq. ALEXANDRA MITIRU WATANABE
Bioq. ELVIRA ROSA PEREIRA HENRIQUES FOLDA
Enf. SUSANA HELENA GAI MERCER
Equipe de revisão:
Bioq. ADRIANA ARAUJO BUCHMANN
Bioq. ALEXANDRA MITIRU WATANABE
Bioq. ANALIA MARIA BRECKENFELD MACHADO
Bioq. CAROLINE LUISE PROCHASKA
Dra. EDNA KAKITANI CARBONI
Bioq. ELVIRA ROSA PEREIRA HENRIQUES FOLDA
Bioq. MARIA FERNANDA SCHABERT FERREIRA LINKE
Bioq. MARIA MARTA DE ABREU FERREIRA
Bioq. PAULO ROBERTO HATSCHBACH
Enf. SUSANA HELENA GAI MERCER
Este manual foi revisado e atualizado em julho de 2013, com base no Manual de Procedimentos elaborado em 1999, e
na Portaria MS 1353/11 de 13 de junho de 2011.
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COMPLICAÇÃO TRANSFUSIONAL - FLUXOGRAMA



HOSPITAL:
Interromper a transfusão
Manter o acesso venoso
Conferir etiquetas, rótulos e registros


HOSPITAL:
Coletar amostra pós transfusional
Preencher relatório de complicação transfusional
HOSPITAL:
Encaminhar para o Hemepar:
 Bolsa de sangue
 Amostra de sangue do paciente pós transfusional
 Relatório de complicação transfusional
HEMEPAR:
Repetição dos testes pré transfusionais
Realização dos testes pós transfusionais
Hemocultura da bolsa
Fornecimento ao hospital do Kit
para hemocultura do paciente
HOSPITAL:
Coleta e inoculação da
hemocultura do paciente e
devolução imediata ao Hemepar
HEMEPAR
Encaminhamento ao setor de C.Q DVPRO da
hemocultura do paciente e da bolsa.
HEMEPAR
Encaminhamento ao hematologista do Hemepar
os resultados para o exames pré e pós
transfusionais do paciente
HEMEPAR
Encaminhamento ao hematologista do
Hemepar o resultado das hemoculturas do
paciente e da bolsa
HEMEPAR
Encaminhamento ao hospital de ofício com os resultados dos exames
realizados e a conclusão do hematologista.
HOSPITAL:
Avaliação do médico assistente e transcrição dos resultados dos exames no
prontuário do paciente e no Livro de Registro de Complicações Transfusionais do
hospital.
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